Capítulo 16

Antes de nos despedirmos, tia Zete me convidou para um churrasco que teria no dia seguinte e eu, claro, aceitei.  Cheguei em casa e depois de ficar um bom tempo à toa, assistindo novela com a minha mãe e contando para ela como foi o passeio, eu decidi mandar uma foto para Luan. Foto minha, com Laura e tia Zete. 

"Passei a tarde com essas lindas aí"

"Uia! Disso eu não sabia... Minhas mulheres ❤️"

"Suas?"

"Uhum... Me conta, como foi a tarde de vocês?" 

Ficamos conversando por um tempo e eu decidi não falar sobre minha conversa com Laura. Pelo menos não daquele jeito, por mensagens. Fui dormir mexida, refletindo sobre tudo. 

Luan's POV.

Depois que Tatá foi embora, eu esperei um pouco para falar com ela e mandar a foto que eu havia tirado nossa. Mas quando fiz isso, nossa conversa não teve mais fim. No outro dia eu teria que passar a tarde no estúdio, mas lembrei que era dia da Laura ficar comigo. Não podia desmarcar com Dudu, estávamos resolvendo uma música e era urgente. Ou seja, liguei para minha mãe, perguntando se Laura podia ficar lá. Como sempre, ela disse que não tinha nenhum problema e que ia adorar. Busquei Laura e a deixei na casa dos meus pais, explicando o motivo daquilo. Ela entendeu, adorava ficar com os avós e com a tia. 

Não demorei muito ali e parti para o estúdio, não voltaria tão cedo. Já de tardinha, meu celular tocou, atrapalhando uma conversa e eu fiquei irritado ao ver que era Isabel. O que ela queria? 

 - Alô.

 - Oi, Luan. 

 - Oi, Isabel. O que foi? 

 - Você é um desnaturado mesmo, não é?! 

 - Eu? Por quê? - me afastei dos meninos. 

 - A Laura passa dias sem te ver e quando é o dia, você inventa tudo pra não ficar com a menina.

 - Isabel, não começa. Eu não podia faltar.

 - Mas podia faltar com a menina? Largar ela na casa dos seus pais? 

 - Não larguei minha filha na casa de qualquer um, são meus pais. Eles cuidam dela melhor do que eu!

 - Mas ela precisa de você, e não deles. 

 - Olha, você não tem que encher meu saco só porque não gosta da minha mãe. A Laura ama eles, você não tem o direito de intervir. 

 - Não liguei pra te encher o saco, liguei pra te lembrar o quanto você é irresponsável, e, que um dia eu vou cansar disso.

 - Ah, vai cansar? Vai cansar como? 

 - Te proibindo de ver a Laura.

 - Acontece que você não fez ela com o dedo, não tem esse direito. Olha Isabel, você tá me atrapalhando, eu tô cansado dessas conversinhas...

 - Eu tenho outra coisa pra falar com você. 

 - O quê?

 - A Laura me ligou falando que foi pro shopping com a Marizete. - deve ter sido por isso que ela descobriu. 

 - E?

 - Elas foram acompanhadas... 

 - Com a Bruna? Isabel, aonde você quer chegar?

 - Com a "Tatá". - falou com desprezo. - Tanara Accioly, pra ser mais exata. Ela não é aquela sua ex namorada, Luan? - respirei fundo. - Laura veio citar ela hoje! Disse que ela arrumou ela, comprou roupas... E citou da viagem que você levou minha filha. Você levou sua ex namorada? Nas minhas costas? 

 - Não preciso fazer nada nas suas costas, porque eu não te devo satisfação. É a Tatá sim... 

 - Aquela que você quase morre depois da separação? 

 - Com que direito você acha que pode tocar nesse assunto? 

 - Descrevendo a tal "Tatá" e tudo que ela já fez com a minha filha, sem ao menos eu saber, ela falou que ela é namorada do "tio Felipe". Pode me explicar? Eu não entendi... Sua ex namoradinha, noiva do seu melhor amigo, viajando com a sua família e indo pro shopping com a sua mãe e a sua filha... Confuso demais. 

 - Isabel, eu não tenho que te explicar nada. Eu não tenho nada com a Tanara, somos apenas ex namorados! Ela está noiva sim e conheceu a Laura, se gostaram... As nossas famílias são amigas, você sabe. Só por isso viajamos juntos! - bufei.

 - Hum... E o Felipe tá sabendo disso?

 - Não sei. Está tudo bem, não vem jogar seu veneno.

 - Veneno? Por quê? Só porque eu acompanhei sua vida antes de assumir a Laura e percebia o quanto vocês dois se gostavam? Agora ela tá... noiva. - riu, debochando da minha cara. 

 - Você não tem nada a ver com isso.

 - O que eu posso te dizer? Um sinto muito? - continuou com o deboche e eu desliguei na sua cara, irritado. 

Isabel sempre inventava tudo para ouvir minha voz e sempre me ameaçava com a história de me proibir de ver a Laura. Ela acha que só porque é mãe, pode? Claro que não. Eu conseguia sair do sério. E tudo só piorou quando ela falou de Tanara e Felipe. Como eu fui transar com isso? O pior de tudo era que eu nunca me livraria dela por completo. 

Meu celular apitou e eu sorri, ao ver uma foto da minha mãe com as minhas meninas. Tatá me enviou. Elas saíram mesmo juntas? Por quê? Questionei isso e ela foi me contando. Infelizmente tive que encerrar a conversa porque os meninos me esperavam e ela entendeu. 

Saí tarde do estúdio e resolvi deixar Laura dormir lá mesmo. Não queria acorda-lá. Liguei para minha mãe e ela me avisou que havia convidado Tatá para o churrasco que estávamos preparando para o dia seguinte, com um ar de esperta. Será que ela desconfiava? Não, impossível. Estávamos sendo muito discretos! Fiquei feliz em saber que ela iria. 

Fui dormir com os pensamentos nela e acordei assustado com o horário. Tinha que buscar a Laura! E então, depois de analisar, tive uma ideia melhor. Dispensei Marina naquele dia, avisando que passaria o dia na casa dos meus pais. Fazia tempo que eu não fazia isso, seria bom. Afinal, eu já iria mais tarde para fazer o churrasco mesmo. 

Me arrumei e fui, fazendo uma surpresa para todos. Laura pulou em mim e começou a contar o que aprontaram no shopping. Encheram a mimada de roupas e eu ria, imaginando ser coisa da Dona Tanara. Almoçamos juntos e assim o tempo foi passando...

O horário do churrasco chegou e nossos amigos foram chegando, enquanto eu preparava a carne. Laura estava com a Xumba, já que eu estava "ocupado" e bebendo. Bruna convidou umas amigas também e minha atenção só foi totalmente focada em uma convidada especial. Tanara havia chegado. Disfarcei meu sorriso idiota e deixei ela cumprimentar todos, para poder ir falar com ela. Tinha que tomar cuidado com os olhares atentos de todos sobre nós dois. A vi falando com Laura e minha mãe e depois se juntou a Micaella e Sorocaba. Elas tinham ficado amigas e numa oportunidade, eu me aproximei. 

 - Oi. - sussurrei no seu ouvido, a assustando. 

 - Ai, seu besta. Que susto. - me lançou um sorriso lindo. 

 - Estava esperando o momento certo para falar com você. 

 - Chegou. - sorriu de novo.

 - Finalmente, pra mim demorou anos. - brinquei, a fazendo rir de novo. - Está linda, pra variar. 

 - Você adora me deixar sem graça. 

 - Eu adoro te elogiar, e também, te deixar sem graça. Você sem graça fica mais linda ainda! Meu Deus! O que eu faço com essa menina? 

 - Você está lindo demais hoje também.  - riu, natural.

 - Queria te dar um beijo, posso? 

 - Claro que não? - cerrou os olhos em mim, como se fosse óbvio. Fiz bico, abaixando a cabeça. 

 - Faz só dois dias que não nos vemos, deixa de ser bobo. 

 - Dois dias é muito tempo...

 - É um curto tempo perto do que já passamos. Como foi lá no estúdio ontem? 

 - Foi ótimo... E sua tarde com a minha filha? Gostou de torrar meu dinheiro?

 - Olha, fique sabendo que foi ideia dela. 

 - Ah, claro... - ironizei. 

 - É sério, Loli. Ela que viu a gente comprando e quis. 

 - Mas isso também é culpa sua! Agora a menina só quer ser você. Instagram, foto da roupa... Bolsa, sapato, chapéu, óculos! Essa pirralha só tem 5 anos, ela não era assim.

 - Ela já é uma mocinha, seu velho. Tem que se arrumar mesmo!

 - Daqui a pouco ela vai fazer um canal pro YouTube, um blog... - brinquei, a fazendo rir novamente. 

 - Eu ajudo ela em tudo. Sabe o que ela me falou, Loli?

 - O quê?

 - Que você nunca teve uma namorada porque é da mãe dela. Se você arranjar, ela não vai gostar porque a mãe dela fala que qualquer namorada vai ser uma madrasta má. Vão casar e ela vai deixar de ter duas casas. 

 - A Laura falou isso? - me espantei.

 - Falou... 

 - Nossa, eu tô...

 - Ela é criança, normal que queira que os pais fiquem juntos.

 - Não, não tem essa! Eu não gosto da Isabel e nós nunca vamos ficar juntos. 

 - Não é bem isso que sua filha acha.

 - Ela é uma criança, Tatá. Não liga pro que ela diz.

 - Relaxa, Loli... - sorriu de lado e eu me segurei para não lhe puxar para um abraço, um beijo. Ficamos ali conversando, não tinha ninguém nos "vigiando" e isso nos deixava mais à vontade. Estava tudo perfeito, até eu avistar Felipe ali e mudar minha expressão.

 - O que foi? - Tatá perguntou, sorrindo desentendida.

 - Não me falou que tinha feito as pazes com o Felipe.

 - Mas eu não fiz, estamos sem nos falar.

 - E o que ele tá fazendo aqui? - falei, apontando disfarçadamente. Ela olhou na mesma direção e ficou surpresa da mesma forma. - Eu não convidei ele. - disse firme, emburrado. 

Tanara's POV.

Fui para o churrasco e avistei Luan de longe, soltando um sorrisinho. Cumprimentei todos e depois fiquei conversando com Mica e Sorocaba. O casamento deles estavam muito perto e eles estavam ansiosos, me deixando encantada com os olhares apaixonados e verdadeiros que eles trocavam. Fiquei um momento quieta e fui surpreendida por Luan, me dando um leve susto. Ficamos conversando, até sermos atrapalhados pela inusitada presença de Felipe. Luan não tinha o convidado e eu não estava falando com ele. Qual a explicação? 

 - Atrapalho? - Felipe se aproximou, com um sorriso sem graça. 

 - Claro que não, cara. - Luan sorriu falso. 

 - Bruninha me avisou do churrasco, e eu nem vinha... Mas soube que ela também tinha convidado minha noiva..

 - Oi, amor. - veio me beijar, mas eu desviei. 

 - Oi, Felipe. - respondi seca. Então Dona Marizete me convidou de propósito? 

 - Posso conversar com você ali? - Felipe perguntou, vendo que Luan não sairia. Luan me olhou sério e eu não vi outra alternativa...

 - Pode. Com licença, Luan... - sorri, esperando que ele me entendesse. Saí na frente e Felipe me seguiu. Paramos num lugar mais reservado e cruzei os braços, esperando o que ele tinha pra falar.

 - Já dei o tempo que você pediu... Até entendi você não ter respondido o áudio. 

 - Que áudio? Só não atendi suas ligações! 

 - O meu áudio, que eu mandei anteontem de manhã... - não era o dia que eu estava na casa do Luan? Mas, eu não vi áudio nenhum! - Você reproduziu e só respondeu um "me dá um tempo, Felipe...", não foi? - não acredito! Luan!

 - Foi, foi...

 - Me perdoa, amor? Por favor? Eu não fiz por mal, eu juro que nunca mais te pressiono a nada! 

 - Fê...

 - Eu tô tão arrependido, minha princesa... Olha, eu...

 - Felipe, calma. Deixa eu falar! Eu perdôo, está tudo bem. - sorri amarelo e ele me lançou um sorriso gigante, me puxando para um abraço e me roubando um selinho em seguida. 

Passamos o churrasco assim, juntos. De vez em quando percebia os olhares tristes de Luan e tentava entender o porquê dele ter apagado o áudio e respondido por mim. É a minha privacidade, ele não pode fazer isso. Depois de um bom tempo sem me deixar sozinha, Felipe se afastou afirmando que voltaria logo.

 - Fizeram as pazes? - Luan apareceu me assustando mais uma vez. 

 - Aí, Luan...

 - Tá feliz? Me abandonou ali...

 - Não te abandonei.

 - Ah, não?

 - Ele é meu noivo, não podia dar um não. 

 - É, ele é seu noivo. Não pode dar um não e quando deu, ele não aceitou e te forçou...

 - Eu me abri com você, confiei, pra você passar na minha cara? 

 - Não. Mas você é muito... - bufou. - Já perdoou mesmo né?! Ele não para de te abraçar...

 - Perdoei, Luan. Não estou mais com tanta raiva dele!

 - Hum... Fico muito feliz.

 - Deixa de ser cínico! Ele mandou um áudio pra mim e você apagou, e ainda se passou por mim.

 - Como você sabe disso?

 - Ele falou.

 - Ele falou que eu fiz isso?

 - Não, mas falou que mandou. Eu não sou idiota, foi no dia que eu estava no seu apartamento. 

 - Não confirmo nada. - deu de ombros. 

 - Opa, que oportunidade boa ver vocês dois aqui! - Felipe nos atrapalhou, ou melhor, nos assustou. Chega de sustos naquela noite, pelo amor de Deus! 

 - Oportunidade boa pra quê? - sorri nervosa e Luan sorriu amarelo. Sorriso amarelo e mais falso que uma nota de 3 reais. 

 - Pra contar a novidade! - meu noivo sorriu. 

 - Novidade? - Luan indagou. 

 - Sim! Como eu e Tatá brigamos justo no dia que íamos marcar a data do casamento... - disse e Luan me olhou desentendido. Eu devolvi um olhar igual. Não fazia a mínima ideia do que ele falaria! - Eu pensei e decidi não deixar isso pra depois.

 - Como assim, Felipe? - perguntei.

 - Eu marquei o casamento sozinho, amor. O dia mais feliz da nossa vida já está marcado. - beijou meu rosto, com um sorriso enorme. Luan me olhou mais sério do que nunca e eu não conseguia falar nada, nervosa e surpresa. 

3º e último da maratona. Gostaram da experiência? Nunca tinha feito e nossa, é cansativo... Mas bom! Mereço muitos comentários, né?! O que será desses dois? Ihhh, garanto que os próximos oh... Beijos, meus amores!