sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Capítulo 70 - Você faz o jogo que a mágoa te ordena.

''Dizem que o mundo gira. Se gira, tudo, em certo momento, voltará para o lugar de onde saiu. E então, os déjà vu's se tornam frequentes. Nos vemos nas mesmas situações tempos depois. Ou, forjamos elas, achando que elas serão tão especiais como foram quando inéditas. Às vezes dá certo, às vezes nos arrependemos de ter revivido aquilo. Se fosse diferente não estragaria a vez original. Se fosse diferente não traria nostalgia. Se fosse diferente, doeria menos. Se fosse diferente, não lembraria o momento feliz e não daria a angústia de: podia ter sido feliz de novo."

Luan's POV.

— Oi, maquiadora mais linda do Brasil.
— Você falou isso na frente da câmera. – Carolina disse envergonhada.
— Qual o problema?
— O Hugo vai postar isso no canal dele. Não sei, a Tatá pode não gostar.
— Eu só te elogiei.
— Ela não é ciumenta?
— Mais ou menos.
— É, ela vai entender que foi com respeito.
— E se não tiver sido com respeito?
— Luan... – falou arredia.
— Carol... – disse, no mesmo tom, chegando mais perto.
— A sua esposa. – advertiu.
— Ela não vai saber, né? – cheguei ainda mais perto, colocando a mão em sua cintura. Ela não disse nada. — E um beijo não mata ninguém.
— É, né? – concordou, sorrindo. — Mas...
— Não tem essa de mas, gatinha... É só um beijo e, se você quiser dormir comigo... pode ser mais que um beijo.
— Vão desconfiar. Vai chegar no ouvido da sua esposa, eu não quero perder meu emprego.
— Eu não vou te demitir. Ela não manda em mim. E, óbvio, ela não vai saber. – sorri, tentando passar segurança. — Topa?
— Tenho medo. – disse, quase entregue. Seria um joguinho?
— É só você não espalhar, uai. Depende de você. E você vai ficar quietinha, certo? – dei um beijinho na sua bochecha, cafajeste. Comecei a morder toda aquela extensão. — Um beijinho só. Se não gostar, eu devolvo... – ela gargalhou. E finalmente, cedeu.

Senti algo estranho. Não era um beijo ruim, mas não era um dos melhores. Caprichei, peguei com jeito, nos lugares certos, mas não era a mesma coisa. Ela, depois de um tempo, começou a ficar mais assanhada, pegar em mais lugares, tentando melhorar aquele beijo. Ela não conseguia. Repito, muito estranho.

— Bom. – ela proferiu, rouca. Estava com a cabeça no meu pescoço, se escondendo. — Muito bom. – voltou a me beijar, com saliência. Ela tinha fogo, desejo, era gostosa, mas ainda não era bom.
— Dorme comigo? – convidei.
— Claro. – voltou a me beijar. Estava entregue, completamente solta, safada. Estávamos em um cantinho reservado, ninguém nos veria.
   
                                  •

— Bem-vinda. – falei, quando chegamos no quarto do hotel. Dei um selinho na sua boca, a puxando.
— Hum... – disse, já iniciando um beijo. Ela tinha pressa e eu não sei se conseguiria tão rápido assim.

A puxei para cama e ali ficamos nos beijando, trocando carícias. Ela sempre investia, cheia de tesão. Colocava minha mão nas suas parte mais íntimas do corpo, me instigando. Então passei a me sentir sufocado. O problema não era ela ser apressada. O problema era eu precisar de um tempo para ensinar ao meu corpo como é amar outra mulher que não seja Tanara. Isso certamente levaria um tempo. Mas tudo bem, vai rolar, está tudo bem.

Nao. Não rolou. Eu imaginava Tanara me observando ou entrando naquele quarto. Eu imaginava até mesmo seu choro, seu drama. Eu me sentia o maior pecador, o pior homem. Meu Deus como eu podia ter pena de alguém tão sem caráter? Alguém que me usou?

Não, Luan. Você não vai broxar.

Merda, ele não subia.

Não se animava, não achava o tesão.

Fiquei muito nervoso. Com vergonha também, devo exaltar. Ela já estava percebendo. O que eu faria? Desistiria? Mandava embora? Continuei beijando.

— Não tá dando. – falei, impaciente.
— O que foi?
— Não consigo me concentrar, hum, em você.
— Relaxa. – subiu em cima de mim, tentando, é, fazer meu pau subir. Ela sabia que eu estava pensando em outra e insistia, sem querer mostrar a indignação.

Trair a pessoa que você ama é muito difícil. Não... dá, entendem? Não acontece. 

— Não, não... É que... – gaguejei, nervoso. — Carol, espera. – peguei em seus braços e a afastei. — Eu tô me separando, tá difícil... Quero fazer, mas é difícil, entende?  Eu não consigo, desculpa. – senti ela murchar, enquanto me olhava. Porém, pouco tempo depois, se recompôs.
— Sabia que você não trairia ela. Você é muito apaixonado. – sorriu de lado, sem graça, constatando o que eu já sabia.
— Me desculpa mesmo, quem sabe uma próxima? – senti meu rosto queimar.
— Só não quero que você me demita.
— Eu já garanti que não.
— Então quando você se separar de vez e conseguir esquecer ela, você me procura. Eu gostei bastante.

20 minutos depois.

— Isso, Rober. Tenho que ir embora agora. Porque é preciso. Preciso ver a Tanara... É, sim. Quando ele poder sair, a gente sai. Anda logo. Avisa todo mundo. Tchau.

Sim, eu queria ir embora. Me sentia sujo, o traidor (mesmo sabendo de toda essa verdade). Sentia que estava me traindo, traindo meus sentimentos e desejos. Eu não conseguia ser assim, infiel comigo mesmo. Já tinha entendido por que era estranho, por que a porra do meu pau não subiu. Porque não era ela. Não era a merda daquela mulher.

Me senti, mais uma vez, um fracassado, um fraco, trouxa, um broxa, um apaixonado idiota. Não estava triste, estava com raiva. Dela e de mim.

Para piorar, ao chegar em casa, ela não estava. Nem Joca, nem Marina. Todos haviam saído e no closet vestígios de malas arrumadas há pouco tempo, pela bagunça.

— Onde você está, Tanara? – indaguei, assim que ela atendeu o telefone.
— Onde você está, Luan? Lembrou que eu existo?
— Não muda de assunto, sem dramas por hoje. – minha voz saiu áspera.
— Tô... hum... em um compromisso.
— Vem pra casa! Nunca vi sair tanto. – bufei. — Pra quê tanto trabalho? Eu já não te dou tudo que precisa?
— Você bebeu?
— Vem pra casa. Agora.
— Agora não dá.
— Agora, Tanara.
— Eu não posso abandonar tudo só por você. – falou, marrenta.
— Mas eu posso, né? Eu tô te esperando.
— Vai buscar o João.
— Pra quê pegou o menino pra criar se não fica com ele? Só trabalha, que saco!

Tanara's POV.

Luan me ligou bêbado, raivoso e durante aquela tortura em Fortaleza. Graças a Deus, naquelas alturas, já estava com a minha avó. Fiquei em êxtase com a acusação de Erick. Discutimos um pouco mais; ele me acusava de ser uma interesseira e eu me defendia, já sabendo de onde essa história surgiu. Claro que foi meu tio. Como ele pôde ser tão mau caráter com a própria sobrinha? Que até então, ele considerava filha. Não bastou ele criar isso, ele saiu espalhando. Eu estava tão indignada, com tanto nojo dos dois... Saí correndo praticamente. Alexandre veio atrás e eu expliquei que tinha que contar tudo para vovó antes que ele continuasse com as ameaças. Eu não aguentaria. Tinha que cortar pela raiz.

Prestes a confessar tudo para Dona Fátima, Luan liga, atrapalhando e me desencorajando.

Meu marido exigia que eu voltasse para casa, de forma bem grosseira. Disse que eu não cuidava do João, nem da casa e nem dele. Que chegou em casa e não encontrou ninguém e, para finalizar, me mandou pegar o primeiro voo para São Paulo. Ele nem sabia aonde eu estava, mas  não insistiu na cidade, só enfatizou minha volta. Não contei que estava em Fortaleza, ele iria surtar.

Um dos combinados era ir só com ele. Não que eu seja mandada por ele, mas nós dois já não estamos lá essas coisas... não queria piorar. E além do mais, Luan do jeito que é, iria querer saber o motivo. Disse que estava viajando a trabalho, e para minha tranquilidade, ele acreditou.

Sim, não o contrariei. Estava tão nervosa, com tanto medo, que aceitei aquela proposta. Mesmo o achando possessivo. Ele estava diferente e eu também. E, talvez, sua indiferença seja por eu estar diferente. Me entendem? Com toda essa confusão, acabei deixando Luan um pouco de lado. O medo, o receio de o perder, me fazia ficar arredia.

Estou chegando em casa agora, horas depois da ligação. Não toquei campainha, entrei direto. Ouvi risadas vindo da cozinha e logo as identifiquei. João, Laura, Marina e o meu amor. Mas, espera, o que a Marina está fazendo aqui depois das seis? O que Laura estava fazendo ali? Era dia da mãe dela.

— Cheguei! – alertei, na porta da cozinha. Laura correu para meu colo, animada.
— Ei, Tatá. – Joca falou, quando lhe dei um beijo na testa para cumprimentar.
— Oi, meu amor. – cheguei perto do meu marido, sorrindo. Ele retribuiu, antes de me dar um beijo.
— Oi, Tatá. – falou, depois do beijo.
— Oi, Marina. – coloquei Laura no colo, para lhe dar um abraço. – O que você está fazendo aqui nessas horas?
— Ela vai ficar com eles, amor. Vamos jantar fora. Busquei a Laura e o dia todo fui deles, agora sou eu. – piscou o olho e Marina riu da forma galanteadora que ele disse.
— Nós dois? – falei, com o coração ardendo de felicidade.
— Sim. – ele riu da minha alegria, de forma estranha. Debochada. Pela minha pergunta eloquente. – Você tem que se arrumar logo, hein? Demora um eternidade. – me abraçou de lado, carinhoso.
— Demora mesmo. – Joca também reclamou e eu mostrei língua.

Foi tudo muito corrido. Luan se arrumou junto comigo, fazendo brincadeiras. Ele estava lindo, pouco mais caprichado do que o normal. Tentei me vestir a altura. Estávamos bons o suficiente. Nem extravagantes e nem simples. Medida certa. Luan também estava romântico, brincalhão, de bom humor, sorridente, meu. Nem parecia aquele Luan de dias atrás e nossa, realmente devia ser o DVD. Pois, agora, eu me sinto a mulher mais amada do mundo.

Quando saímos de casa, antes de entrar no carro, ele me deu uma rosa amarela, um beijo na testa e disse eu te amo. Abriu a porta, cavalheiro, carinhoso. Marina e Laura assistia tudo suspirando. Eu estava me sentindo uma princesa. O que deu nele?

— Você está linda. – me elogiou.
— Você está maravilhoso.
— Estava com muita saudade de você, minha linda. – dividia a atenção entre mim e o volante.
— Você foi arrogante comigo, Loli. Por bons dias.
— Me desculpa, vai? Era a correria...
— Mas era o nosso aniversário. Eu fiz o jantar, me preparei toda... você chegou de manhã e bêbado, nem lembrou. Perdeu toda a magia.
— Você não vai lembrar isso e estragar esse momento lindo, vai?
— Não, não!

Ele voltou com suas brincadeiras e eu me esqueci daquele episódio chato do nosso casamento. Quando chegamos no restaurante, meu coração dava pulos. Primeiro: foi o restaurante da nossa primeira transa. Não. O que nos levou a ela, né? Depois, lá em casa. Isso foi um motivo de suspiro pra mim. Magia, amor, o início de tudo. Como ele me deixava boba!

Ele fez questão de abrir a porta para mim, do mesmo jeito da primeira vez. E ali, ganhei mais uma flor e um beijo na testa.

Entramos de mãos dadas, sorrindo. Não sei ele, mas meu sorriso ia de orelha a orelha. Luan, por mais romântico que fosse, nunca chegava a ser assim. Ao extremo.

— Vinho? – sugeriu, me olhando.
— Vinho. – ele chamou o garçom e fez o pedido. Ficamos um tempo abraçados de lado em silêncio. — Loli?
— Fala, minha linda.
— É impressão minha ou você está recriando o nosso primeiro jantar? Há exatos cinco anos?
— Eu? – falou desentendido. — Claro que não. Como eu iria te trazer para comemorar seis meses de casamento no restaurante onde foi o começo de tudo? Não faz sentido.
— Você está atrasado, mas continua sendo o melhor. – beijei sua bochecha.
— Eu tô fazendo isso tudo e você me dá um beijo na bochecha? Ingrata. – brincou, procurando minha boca.

Acho que a única coisa diferente que aconteceu nesse jantar é que agora estávamos juntos e não tinha aquele joguinho de sedução. Naquele dia não quisemos comer. A paixão era tanta que nem fome sentimos. Mas, dessa vez, sim. Prato de entrada, prato principal, sobremesa e vinho. Com a gente era assim: sempre muito vinho. Ah, e entre tudo isso, postei uma foto nossa.

tataccioly Amor e vinho. Sempre. 🍷❤ @luansantana 



cestrellap Mas é muito amor em uma foto só! ❤ @luansantana @hugogloss




— Dança comigo, Tatá? – perguntou, depois de boas conversas. Luan realmente só podia estar bebado para me pedir aquilo. Havia uma banda e meu Deus, o local estava lotado. Casais dançavam sem se importar com nada e ele queria que fôssemos um deles.
— Danço. – ele pegou minha mão, e beijou. Levantamos. Do nada, surgiu mais uma flor, que ele pôs no meu cabelo todo desajeitado, estabanado. Eu ria.

A música era lenta, gostosa. Ele ficava me cheirando, abraçando, beijando minha testa, olho, bochecha, pescoço. Repetiu 'eu te amo' algumas vezes, com a voz rouca, meio embargada. Mas não era choro, ele disse ser... Ele não disse. Só disfarçou, rindo. E eu já entendi tudo. Loli era sentimental, sensível e eu o amava com todas as minhas forças.

— Não sabia que minha mulher é uma forrozeira!
— Cearense, queridinho! Cê tá pensando o quê?
— Tô pensando que você fica ainda mais gostosa dançando forró. – cochichou no meu ouvido, me fazendo gargalhar. — Sou sortudo, né?!
— Por quê?
— Porque eu tô dançando com a mais linda daqui e, pra melhorar, a que mais dançar.
— Quase uma dançarina do aviões, hum?
— Mas só pode dançar comigo. É muito imoral, só pode comigo.
— Forró é imoral, Luan Rafael?
— Amor do céu olha que absurdo! Nossas coxas juntinhas assim, corpo colado, mão na bunda...
— Mão na cintura, seu sem vergonha.
— O trem tem que ficar roçando.
— Para com isso, palhaço. Tô parecendo uma retardada rindo desse tanto!
— Você ri lindo, amor.
— E você definitivamente não nasceu pro forró, não pode ser esposo de uma cearense. – ele dançava todo torto, e não sabia nem "dois pra cá" e "dois pra lá".
— Não posso ser seu Luan Safadão?
— Pode, mas em outros aspectos.
— Também não quero mais dançar. Tô nem aí se o Safadão sabe dançar, eu sou vesgo e mesmo assim tenho mais fãs.
— O que tem a ver, seu louco?
— Você acha que eu sou vesgo?
— Só um pouquinho. Mas é charmoso.
— Cê acha?
— Eu acho.
— Hum... vamos sair daqui então, pra eu te mostrar mais do meu charme. – sussurrou no meu ouvido e um garçom olhou rindo pra gente. A expressão corporal de Luan deixava claro que ele falava sacanagens no meu ouvido. Pagamos a conta e o Luan deu uma gorjeta ótima pro garçom. Ríamos de alguma coisa aleatória, até eu lembrar da foto que eu vi.

— Amor.
— Hum.
— Você chamou aquela maquiadora no show que teve no Rio, ontem?
A Carolina?
— É.
Chamei.
— Vi a foto que ela postou. Você tava com a mão na barriga dela, pra quê isso?
— Você não vai implicar com uma mão, né?!
— Uma mão muito desnecessária, hum?
— Foi só pra foto. Não vai ter ciúmes da menina, né?!
— Menina? Ela é uma velha.
— Foi modo de dizer, Tatá.
— Tá nervoso por quê?
— Eu não tô nervoso.
— Tá sim! E ela colocou: num sei o que amor na foto. Que intimidade é essa?
— Você é fica mais linda quando não dá crises de ciúmes, sabia?
— Eu tô de olho em você. Conheço o tipo dessazinha. – disse emburrada e ele me puxou para um beijo. — Olha pra frente, menino! Você tá dirigindo! – repreendi. Estávamos no caminho de um motel. Sim, motel. Ele disse que queria mais privacidade e eu concordei, afinal, Marina estava com as crianças. Tudo parecia novamente pra gente e ele me arrancava gargalhadas com seus comentários retardados. Já tínhamos feito de tudo na noite, então só nos restou ir direto ao ponto. Eu estava com uma lingerie linda (sempre ando bem preparada) que pareceu o agradar bastante. Tivemos simplesmente a noite mais louca do nosso casamento, quase superando a nossa lua de mel. Meu Deus, ele estava um fogo... aproveitamos como se fosse a nossa última noite, hum? Aproveitamos pra valer, se é que me entendem. Uau, uau e uau.

— Acordou? – Luan comentou, me observando de longe. Nós dormimos ali.
— Bom dia, meu amor. – sorri, sonolenta.
— Bom dia.
— Vou tomar banho, quero tomar café com os meninos.
— Eu também. – assentiu. Levantei, deixei um beijo no seu peito desnudo e fui para o banheiro. Felicidade não cabia no meu peito.

— Tá pronta?
— Tô. Vamos?
— Antes eu quero conversar com você. É melhor que não seja na nossa casa.
— O que foi?
— Você sabe.
— Não sei, amor.
— Não percebeu que eu estava frio com você?
— Percebi, mas era o DVD, não era?
— Tanara, quando eu, cuidadoso como sempre fui, ia te tratar mal por causa de um DVD? Um DVD que você participou, aliás.
— Muita coisa, sei lá. Você podia descontar em qualquer um.
— Não foi isso.
— O que foi, então? Eu fiz alguma coisa?
— Você fez várias coisas. – riu, irônico. Cadê o Luan de ontem?
— Se for minha ausência, você sabe que eu estou tentando melhorar. São muitos compromissos e eu não gosto de recusar. Mas claro que eu amo minha família, não dá pra comparar.
— Você ama sua família?
— Claro que eu amo, amor! Tá louco?
— Então sua família se resume no João Guilherme.
— Não tô entendendo!
— Porque a mim, Tanara, eu já sei que você não ama. – sorriu cínico. O quê?

Foi a última noite de amor da gente. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Capítulo 69 - A ferro e fogo.

Tanara's POV. 

— Papai, acorda. – Laura cutucava Luan pela décima vez. Ele estava numa ressaca robusta e não atendia os chamados da filha. — Tatá disse que vamos pro shopping. 
— Vão, meu amor. Vão lá que o papai vai ficar dormindo. – a ignorou, virando.
— Papai! – Laura reclamou.
— Laura, deixa seu pai, tá?! Vamos nós três. 
— Mas ele tem que ir, Tatá!
— Mas ele tá doente, meu amor. 
— Doente de quê? 
— Coisa de adulto. Vamos com a Tatá? Deixa ele aí. 
— Tá bom. – ela saiu, desconsolada. Terminei de me arrumar e fomos, nós três; eu, João e ela. 

Luan havia chegado de manhã e não lembrou do nosso mêsversário de casamento. Isso me chateou bastante. Nem viu a mesa, o jantar, o que eu preparei. Marina tirou tudo enquanto eu relatava o que havia acontecido, muitíssimo chateada. Mas ele não tinha culpa, eu sabia. O voo atrasou. 

— João foi comprar soverte com a Laura. – suspirei.
— Não fica assim, amiga. Infelizmente não deu certo.
— Ele nem lembrou, Bru. 
— Ele é esquecido. 
— Ele chegou bêbado!
— Você sabe que o Pi ama álcool e sempre que dá, ele bebe. No jatinho mesmo. Pra desestressar! 
— Eu sei, mas, tô tão chateada. 
— Não fica, sério. 
— É, ele sempre foi maravilhoso.
— Foi só essa vez.
— Você acha que eu devo comentar sobre?
— Comenta! Fala o que fez, ele vai ficar arrependido. 
— Vou fazer isso, então. Obrigada, Bru!
— Imagina, Tatá! Qualquer coisa estou aqui, você sabe. 
— Os meninos estão voltando. Vou desligar, beijo.
— Beijo! – encerrei a ligação. João Guilherme distraiu a Laura e ela esqueceu a decepção no shopping. O que devia ser uma tarde de família, foi uma tarde com o Luan Rafael desmaiado em casa. 

— Melhorou? 
— Que horas são?
— Mais especificamente dez da noite. 
— Caralho!
— Sim. 
— Eu dormi tudo isso?
— Ressaca é assim mesmo, né?!
— Tô com fome. 
— Eu e as crianças comemos no shopping. Mas a Marina fez almoço e se você quiser, posso preparar algo.
— Não, valeu. – levantou, estranho.
— Você sabe que dia foi ontem?
— Hum?
— Completamos seis meses de casados. – disse, triste. 
— Ah, foi?
— Poxa, amor, você esqueceu.
— É, né?! Fazer o quê! – deu de ombros e eu arregalei os olhos. O que estava acontecendo? 
— Luan, eu preparei um jantar pra você e você chegou bêbado, de manhã!
— Não sei se você sabe, mas eu trabalho. E não tive culpa do voo ter sido tão tarde. Liga e reclama com o Assis, com o Léo. E outra, eu tô produzindo um DVD, não tô com cabeça pra ficar lembrando de muita coisa. Reutilizou a comida pelo menos? É pecado estragar. – advertiu e saiu, me deixando boquiaberta. 

Luan's POV.

— E aí? Deu tudo certo?
— Sobre?
— Ela sentiu cheiro de mulher?
— Não. – encostei o antebraço na parede e a testa no antebraço. — Mas que cheiro, né?! Nem comi.
— Mas ficou.
— Não, Douglas, nem fiquei.
— Você nem beijou ela? 
— Nem isso. 
— Caralho, vei, como tu é mole!
— Mole? A gente tava indo pro motel e o Testa ficou me ligando, aquele chato. 
— Vacilo, era gostosa demais.
— Eu sou muito otário.
— Mas você não teve culpa.
— Não por isso. Eu cheguei de manhã e ela tava dormindo no sofá. Tava morto de bêbado, cara. 
— Você é um cachaceiro! 
— Fiz merda. Fui abraçar ela. 
— Por quê? 
— Sei lá! Vi ela no sofá e fui tentar levar pro nosso quarto. Imbecil.
— Sabe o que eu acho? Que mesmo que o Rober não tivesse ligado e atrapalhado, você não conseguiria trair.
— Qual é, tá me chamando de broxa? 
— Não, tô chamando você de apaixonado. Você é louco pela Tanara. 
— Isso já mudou. 
— Fala que tá com nojo dela, que tá com ódio, mas só tá assim porque o amor dela não é recíproco. Tá com ódio por amar demais. E se a causa do ódio é isso, o amor não vai morrer assim, você sabe.
— Isso é novidade desde quando? Eu gosto dessa desgraçada. Gostava. O nojo já tá tomando conta. Você sabe disso, Douglas. Sabe que eu sempre fui louco por ela! Eu nunca traí, em cinco anos de relacionamento, de história.
— Então, você conseguiria trair agora? Falo por mim, boi. Amo a Ju e eu não me vejo traindo ela. Não vejo necessidade. E sei lá, na hora deve bater a culpa, a angústia, o medo de perder... outra boca, outro gosto, outra mulher.
— Acontece que eu já perdi ela. Ou melhor, ela me perdeu. Quero que tu me ajude. 
— Em quê?
— Arranjar mais, Douglas. Eu quero duas. De uma vez só. 
— Ah não, cara! Não me mete mais! Se ela descobrir ela vai me odiar!
— Que ela te odeie. Seu amigo sou eu.
— Luan...
— Vai conseguir ou não? Em show era mais fácil quando eu tava solteiro. Agora todo mundo grita lunara. 
— Vocês são queridos.
— Pena que todo mundo ama, menos a Tanara, né?! – me corroía. 
— Por que você não vai ficar com ela? Todo aí de mau humor, irritado... falta de sexo. Esquece que ela é interesseira. Tanara é linda, gostosa.
— Não precisa falar, Douglas. Eu já sei.
— Bem gostosinha. Se ela é toda louca, imagina na cama? 
— Vai tomar no seu cu. 
— Só tô dizendo que se você não tivesse chegado primeiro, ela era minha. E eu não ia querer só uma vez. 
— Tanara não faz seu tipo, cala a boca. Você não vai me irritar. Eu não estou mais nem aí pra ela.  
— Então tá. Tchau.
— Tchau, babaca. – desliguei, bufando. Idiota, pensou que ia me provocar! 

15 minutos depois. 

— O que é, Douglas? 
— Olha seu WhatsApp. 
— Tô comendo. 
— Olha logo seu viado. – desligou. 

Curioso, olhei. 
Quase cuspi a comida. 
Eu ia matar o Douglas! 

Ele tinha me mandado fotos da Tanara de biquíni. Para ser mais claro, prints do Instagram dela. Cada imagem que ele me mandava era um comentário escroto. Elogiando ela e falando o que faria com ela. 

— Seu arrombado do caralho vai tomar no seu cu babaca. – sem vírgulas mesmo.
— Eu disse que era gostosa, você não acreditou.
— Douglas vai pra puta que pariu, imbecil, viado. – ele gargalha. 
— Eu tô mandando pra todos os meus contatos. Agora que ela é solteira, acho que ela vai querer essa propaganda. 
— Eu só acho que você tem amor a sua vida! – bufei.
— Vai ou não aproveitar a sua mulher? Deixa de ser trouxa! Pra transar só precisa ser boa, não precisa te amar. 
— Tu é um babaca, Douglas! Tchau, vei, tchau. – desliguei, esgotado. Terminei de comer e voltei pro quarto. Pensei que Tanara começaria com o seu interrogatório, perguntando por que eu estava daquele jeito... mas, não. Não. Ela estava entretida no celular, com um semblante sério. Tão concentrada que nem percebeu minha entrada. Sua expressão me intrigou, me interessou. Fui me aproximando e ela acabou se assustando e escondendo o celular.

— O que eu não posso ver?
— Que susto, Luan!
— Assustadinha por quê? 
— Você chega do nada, eu hein.
— Entrei normal. – abaixou o celular e eu estreitei os olhos. 
— O que foi? 
— Nada. – menti. 
— Vou beber água. – saiu, com o celular. Que raiva. Eu tinha certeza que era o Alexandre e o assunto era o golpe que me deram. 

Tanara's POV. 

Luan foi grosso e destruiu minhas esperanças sobre voltarmos ao normal. Por que eles estava assim? O que eu fiz? Não pude questionar. Meu WhatsApp vibrou com mensagens de um número desconhecido. 


Me diga que estou em um pesadelo? Diga, por favor. O pior de todos. 

— O que eu não posso ver?
— Que susto, Luan!
— Assustadinha por quê? 
— Você chega do nada, eu hein.
— Entrei normal. – abaixei o celular.
— O que foi? 
— Nada. – menti. 
— Vou beber água. – dei a desculpa e saí. 

Desci as escadas muito nervosa, quase tremia. Era esse o efeito que o Erick me causava. Perguntei quem tinha dado meu número e ele disse o que eu imaginava: 


Fiquei respondendo ele na sala, até onde deu. Ele estava carinhoso, íntimo. Ele era louco, psicopata. E agora, o que eu faria? Quando eu me dei conta que estava demorando muito para apenas "beber água", subi. Desnorteada, mas subi. 

— O que foi? – ele perguntou de novo, deitado, prestando atenção na televisão. 
— Nada. – tentei disfarçar.
— Você tá nervosa! Com quem tava conversando? 
— Ninguém. Fui beber água, já disse. – deitei. Havia desligado o Wi-Fi e bloqueado o celular, mas não gostava de dormir com ele ao meu lado. O móvel que eu costumava deixar ele durante a noite ficava ao lado do lado da cama que o Luan estava. Ou seja...

— Põe pra mim? – estendi o celular.
— Põe você. 
— Estupido. 
— É mesmo?
— O que aconteceu com você? Ridículo. Cavalo. – xinguei. Não suportei mais tantos maus tratos calada. — Você tem seus problemas e vem descontar na sua família.  
— Tanara, por favor, não quero discussão.
— Idiota. – disse por último. Respirei fundo, meio conformada. Peguei o celular, me aproximei dele e tentei colocar. Não deu. Ok. Então, no maior cinismo, subi em cima dele. É, sentei na sua barriga e percebi seus olhos fitando meu corpo. 
— Tá louca? – pus o celular. 
— Ué, achou que eu ia levantar só pra isso? 
— Sai de cima de mim. 
— Já tô saindo, princesa. – sorri falsa e ele revirou os olhos. De repente, a tevê desligou. Não foi sozinha. — Por que você desligou? 
— Porque você tá na minha frente, não tem como eu ver. 
— Mas eu já tô saindo, abestado. – eu confesso que não queria sair dali. Minha intimidade começou a querer o calor do seu corpo. Minha saudade despertou e meu Deus, minha abstinência passou a gritar. 
— Então sai. – não parecia que ele queria que eu saísse. Me pede pra ficar, Luan. Por favor. — Sai, Tanara. – pôs a mão na minha coxa, totalmente à mostra. Eu estava com um vestidinho de seda, amarelo, detalhado de renda. Um dos meus camisolas mais caprichados e confortáveis. Ele estava deitado e eu, ali, ou seja, sua cara estava de frente para meu ventre (se é que me entendem). Modéstia parte eu sempre fui muito cheirosa, mas especialmente naquele dia, exagerei. Enquanto ele dormia por causa da ressaca, eu pus as crianças para dormir (me sinto mãe às vezes) e fui tomar banho. Me montei toda, devido aos meus pressentimentos. Quando ele me tratou mal, murchei. Mas agora, tudo se acendeu. 
— Então tira a mão de mim. – pus a mão na sua mão e ele apertou. O quarto estava escuro e não conseguia decifrar a intenção dos seus olhos. Eu sabia o que ele ia fazer. Felizmente, ele fez. Pôs a mão no meu cabelo e levou minha cabeça pra perto do rosto dele, curvando meu copo. Beijou minha boca e aos poucos foi amoldando meu corpo no seu. Ele cheirava meu pescoço e às vezes parecia que eu era sua caça. Meus olhos se reviravam com a tamanha falta que eu senti da sua boca na minha pele. Explorou meu pescoço como pôde e depois me virou, ficando por cima. Fizemos amor. Meu Deus, finalmente, transamos. Como é bom saciar meu desejo por ele. 

Luan's POV. 

— E aí? 
— Rolou, cara. – disse arrependido.
— E tá triste assim por quê?
— Porque não devia ter rolado, Douglas! 
— Deixa de ser fresco. 
— Eu não resisti. O cheiro dela, a delicadeza do corpo... 
— Bom, eu também não resistiria se ela estivesse com um vestidinho de seda.
— Como você sabe?
— Parece ser o tipo da Tatá. 
— Ela é toda meiga nas roupas. E era isso mesmo, camisola provocador. Ela fez de propósito.
— Não foi ela que te estuprou, né?
— Mas me provocou!
— Você quer que ela durma como mendiga só pra não te provocar? 
— Seria uma boa. Mas o cheiro dela estragaria tudo. 
— Nenhuma mulher é descuidada nesses casos, burro. Tatá é vaidosa. Boa sorte. Você vai ficar um bom tempo dormindo na mesma cama que ela. 
— Já viajei, graças a Deus. 
— Esperou ela acordar pelo menos?
— Não. Fugi. 
— Eu sei que você nunca foi covarde, mas... tá sendo agora, Luan. Pra caralho.
— Você tá com pena de uma sem caráter?
— Não, cara. Só que ficar com uma mulher que você odeia me parece uma situação insustentável, sem sentido, chata. 
— Eu preciso de um tempo, Douglas. Só isso. 
— Vai se machucar cada vez mais, mas beleza. Só depois não vem dizer que eu não avisei! 

“É a sua indiferença que me mata.” 

Tanara's POV.

Erick passou a me atormentar todo dia. Toda hora. Eu estava para ficar louca! E graças a Deus, Luan viajou. Se ele visse o meu estado, desconfiaria. Luan sabendo dessa história? Era divórcio na certa. Ele odiava o Erick. Muito. Era ciúme junto de rancor. Não, não quero nem pensar nessa hipótese. Seria uma merda grande! E depois de tanta pressão, aconselhada pelo meu primo, marquei de vê-lo. Viajei para Fortaleza com a desculpa de ver a minha avó e João Guilherme compreendeu. Ele era um amor e adorava ficar com a Marina. 

— Tomou cuidado?
— Tomei. Mas também, Luan nem se importaria. Não está nem aí pra mim. 
— Como não? 
— Ele tá estranho, Ale. Um estranho muito estranho, sabe?! Tô triste demais, tá me machucando. 
— Do nada?
— Do nada. Virou um indiferente e isso tá acabando comigo. 
— Calma, Tatá. 
— Eu não aguento mais! Já fiz de tudo pra tentar entender e até mesmo consertar o erro que eu nem sei se cometi.
— Deve ser o trabalho.
— Não é, Ale. O Luan nunca ficou assim comigo! Nem abarrotado de projetos e compromissos. 
— Sinto muito, Tatá. Mas agora você vai ter que enfrentar outra fera. 
— Cadê esse desgraçado? – reclamei, tanta demora estava me deixando impaciente. 
— Demorei? – como uma assombração, Erick apareceu na sala do Alexandre. 
— Demorou. – Alexandre não disfarçou a cara. Eu apenas revirei os olhos. Vê-lo depois de tudo que aconteceu no passado me dava ânsia de vômito. 
— Vamos para a minha sala, Tatá.
— Tanara! Meu nome é Tanara. – levantei. 
— Tá nervosa? – ele riu, debochado. Pedi que Ale ficasse ali até que terminássemos a conversa. Erick, cínico, fingia estar nostálgico. Reclamava de saudades e tudo mais. Eu queria socá-lo. 

— Se você se aproximar de mim, como da outra vez, eu grito. Meu primo tá ali. Ele acaba com você. 
— Outra vez? Aquela que nosso beijo inocente acabou com o seu namorinho? 
— Seja breve, Erick. 
— Ok, Senhora Santana! Casou, não?
— Sim. Estou muito bem casada. 
— Eu não diria isso se fosse você.
— Fala de uma vez, Erick.
— Bom, eu comprei a empresa e...
— E?
— Sua avó tem um apego muito grande, não é?! 
— Sim. Vai ficar me chantageando pra sempre? Como é?
— Vim te fazer uma proposta. 
— Hum?
— Você vai ter que fazer uma escolha que eu considero fácil. Ou sua família, ou o seu marido. A condição de devolver parte da empresa pra vocês e garantir que Dona Fátima nunca saberá, é você terminar com o Luan. Simples. Fácil. Rápido. – não me aguentei. Gargalhei. — Contei alguma piada?
— Isso é sério?
— É seríssimo. Liga pra ele agora e termina. Divórcio. Separação. Gosto bastante dessas palavras.
— Você é um psicopata, Erick. 
— Não vou esperar muito pela resposta.
— Não é óbvio? Eu amo o Luan. 
— Não ama sua família?
— Também amo, mas não fui eu quem estragou tudo. Quem detonou a imobiliária e pôs ela nas suas mãos foi o meu tio, eu não tenho nada a ver com isso.
— Ele só quer o seu melhor. 
— Melhor um caralho! 
— Então você está deixando claro que não ama sua avó? Ela vai ter que saber de tudo pela minha boca? 
— Eu amo muito ela, mas...
— Mas prefere um macho. Que dó da Dona Fátima! Criou com tanto carinho pra receber essa ingratidão. 
— Olha, cala a sua boca! 
— Eu sabia que essa seria sua resposta, Tanara. Bem que me falaram! Você nunca largaria seu luxo e sua fama por tão pouco. Sua família é insignificante perto de tanto, hum?
— Tá louco? – incredulidade. 
— Não foi por isso que você casou? Dinheiro? Ele é rico, famoso, te dá tudo. A tampa e a panela. Ele te dá o que você gosta de receber. Ele sabe o que te prende a ele. Conseguiu ser a Tanara Accioly por conta dele, não ia jogar tudo no lixo agora. – meu coração começou a bater mais rápido e minha respiração ia no mesmo ritmo. O que esse infeliz estava acusando? — Tenho pena das pessoas que gostam de você, Tanara. Inclusive, de mim. 

domingo, 6 de novembro de 2016

Capítulo 68

Leia escutando essa música.

Tanara's POV.

— Você acredita, Marina?
— João...
— Ah, Marina, poxa, é difícil. Eu não gosto.
— Pede ajuda pra alguém que seja bom em química, então. – dei a solução (óbvia).
— Calma, Tatá. Ele é muito novinho, é super normal. Tenho filhos, sei como é. E até foram poucas!
— Só três, Tatá. Alivia aí pra mim!
— Mas por favor, se esforça. Ficar de recuperação é horrível, João.
— Eu sei. Eu vou melhorar, você vai ver. – beijou meu rosto.
— Luan não acordou ainda, não, Marina?
— Seu Luan saiu.
— Como assim saiu?
— Disse que ia almoçar na mãe.
— Nossa, nem esperou a gente.
— Eu queria mostrar o meu boletim pra ele. – João disse decepcionado.
— Pois é, ele só me disse isso. Liga pra ele, minha filha.
— Vou fazer isso. – sorri pequeno.
— Agora que eu já almocei, vou jogar. – olhei feio. — E depois estudar. Depois vou estudar as matérias que fiquei com nota baixa, sabe, Marina? – disse debochado e saiu; ela ficou rindo. O número do meu marido chamou umas cinco vezes. Por que tanta demora?

— Alô. – atendeu seco.
— Oi, meu amor! Bom dia ou boa tarde? Não sei, né?! Você acordou, nem esperou a gente e já saiu. – adverti.
— Vim almoçar na Xumba, vocês iam demorar.
— Não íamos, amor! Mas enfim, volta que horas?
— Não volto. Vou viajar daqui, já trouxe minhas coisas.
— Mas por quê?
— Porque eu quero.
— Nossa Senhora, Luan! Que grosseria é essa? – ele respirou fundo. — Acordou de mau humor? Ninguém mandou você beber! Fica de ressaca e sai descontando nos outros.
— Como você sabe?
— O Alexandre me contou. Se eu for depender de você pra saber das coisas... Chegou tão tarde ontem que eu já estava dormindo.
— Pois é, né?! Fui beber com o Alexandre e o Gabriel estava lá.
— Ficaram só os três?
— Sim. – seu tom foi irônico ou era impressão minha?
— Que bom que você está se dando bem com o Gabriel depois daquilo.
— Que bom. – a ironia aumentou. Será que eu estava ficando louca? Ou era a ressaca dele que estava me confundindo?
— Pois é, amor. Eu queria viajar com você.
— E o Joca?
— Ah, ele gosta de ficar na mamãe.
— Você pegou a guarda do menino pra ficar deixando ele com a sua mãe? Então devolve ele pra Livia, ela cuida.
— Caralho, Luan Rafael! Que bicho te mordeu? Quer saber? Não quero mais viajar e muito menos falar com você. Fica aí na sua mãe! – desliguei, aborrecida.

Luan's POV.

— Faz quantos dias que você não vai em casa?
— Vários. No dia que eu soube fui pra Xumba, viajei de lá.
— Mas você teve folgas entre esses shows.
— Mas eu preferi ficar nas cidades. – dei de ombros.
— Você tá amargurado, seus fãs já já percebem.
— Eu deveria estar feliz? – sorri, sarcástico.
— Não é tão ruim. Vocês eram felizes. Você pode esquecer isso.
— Esquecer que ela casou comigo por interesse? Bem fácil mesmo.
— Ela pode gostar de você! Não é possível que ela seja tão cínica, Luan.
— Ela é cínica, Douglas. A Tanara faz de tudo pra conseguir o que quer. Tudo. Sempre foi assim. Ela foi uma ótima atriz. Eu sempre soube que ela era mimada, mas nunca imaginei que seu poder de manipulação fosse tão forte. Ou não tanto, né?! Todos viam, menos eu. Até as minhas fãs sabiam, Douglas! Tinha um fã clube que falava tudo isso e eu falava que era delírio de fã, que era ciúme, ódio gratuito. Eu até lembro o nome, "anti lunara". Eu já li várias publicações e desprezei, sendo que a menina tinha razão. Tanara terminou com o Erick e se fez de vítima pra mim. A traída, a adolescente vulnerável.
— Ela só tinha 18 anos, Luan. Calma.
— Com 18 anos ela me seduziu, me iludiu, me fez de brinquedo, palhaço.
— Mas ela não te traiu.
— Já não sei de mais nada. Ela pode ter beijado ele, era ele que ela tava tentando esquecer. – dei de ombros. — E ainda veio com papinho de apaixonada por mim. Pior, quando a gente transou, ela se fez de vítima de novo. Adorou eu ter ido lá, me humilhado por ela. Até um tapa na cara me deu, só porque fiquei com outras. Pra finalizar, me deu um pé na bunda. Se ela gostasse de mim, ELA TINHA FICADO COMIGO EM 2015. – soquei a cama. — Maldita hora eu vi ela em 2017 de novo. Maldito reencontro. Maldita hora que eu achei que só poderia amar ela a vida toda e valeria a pena lutar por ela. Você sabe o quanto eu me humilhei? Eu fui amante, Douglas. Ela ficou comigo e com o Felipe. Pra quê? Pra se divertir. Porque nem dele gostava.
— Luan...
— Eu posso desabafar com você?
— Pode, cara.
— Uma descarada. Sofri tanto e não desisti dela. Eu sou muito burro, puta que pariu! Eu levei ela pra casar na Itália, você tem noção? Gastei uma fortuna. Castelo, tudo. Eu sempre tratei ela como princesa. A casa que eu comprei, o carro. É claro que ela nunca ia me largar. Quem ia querer perder tanto luxo?
— Mas ela não pediu o dinheiro pra empresa, o que era o foco dela.
— Mas ia pedir. Não teve tempo, muita coisa acontecendo.
— Tudo bem, ela é uma interesseira. Você caiu na dela, foi bem imbecil, trouxa, ingênuo. Mas agora você vai pedir o divórcio, não vai?
— Não.
— Como não, Luan? Pelo amor de Deus, cadê seu amor próprio?
— Não é por ela. Eu tô com nojo dela.
— E é por quem? Pela mídia? É sério que você vai ficar ligado à uma vagabunda por causa do que os outros vão especular?
— TÁ LOUCO DE CHAMAR ELA DE VAGABUNDA?
— Mas...
— EU POSSO. Você, não. Ela já te fez alguma coisa? Não. Então modere suas palavras antes de se referir a ela.
— Tudo bem. Eu sei que você gosta dela.
— EU NÃO GOSTO DELA!
— Por que não vai separar, então? Vai ficar fugindo pra sempre?
— Tem o João Guilherme, Douglas. Ele é só um menino, não tem nada a ver com isso.
— Deixa ela se virar com o moleque!
— Para, cara! João é um menino muito especial e eu me apeguei a ele. Eu não quero que ele sofra.
— Você não precisa se afastar dele.
— Uma separação agora vai destruir tudo que ele acabou de reconstruir. Ele perdeu o pai, foi tirado da madrinha. Não. Não vou fazer isso!
— E vai ficar sofrendo por três?
— Eu preciso de um tempo. Pra pensar e decidir o que vou fazer.
— No DVD também tem ela.
— Vou tirar.
— Mas a música dela é uma das mais lindas!
— Foda-se!
— Ah, meu Deus, cara. Você vai estragar um trabalho lindo por causa da Tanara.
— Caguei pra tudo isso.
— Você precisa dormir, Luan. Suas olheiras estão com mais vida que você.
— Vamos pro lugar que você disse que ia me levar.
— Não. Pensei melhor, é melhor não.
— Vamos, Douglas! Que saco! Você não ia me apresentar a tal muié?
— Você vai voltar pra casa de manhã, o Rober já avisou.
— E daí?
— Você quer mesmo ficar com outra?
— Tô falando sério, porra!
— Mas já tá tarde, se você ficar com alguém, o perfume vai ficar impregnado na sua roupa.
— Foda-se! A Tanara não quis casar por dinheiro? Pois ela vai ter dinheiro. Só que junto, vai ter o pior marido do mundo. – amargurado.
— Luan, você não acabou de dizer que não queria separar pelo o menino? Ele presenciar brigas vai ser bem pior.
— Eu sei o que tô fazendo, Douglas. Tanara não vai descobrir nada, por enquanto. Vamos logo! Well e Rober não podem saber.
— Se você insiste, vamos.

Tanara's POV.

— Ele tá muito estranho, Mita. Responde minhas mensagens bem frio. Sabe quanto tempo tem que eu não escuto a voz dele? Não atende minhas ligações.
— Deve ser o 1977. Muito trabalho, muitos shows. Releva, vai!
— Sim, sim, estou fazendo isso. Literalmente. Seis meses de casados e ele nem falou comigo ainda.
— Deve estar preparando uma surpresa, Tatá! Vai juntar a sua com a dele e vai ser lindo, vocês vão matar a saudade.
— Ai, eu espero. Eu mesma fiz o jantar. Comprei o nosso vinho preferido, fui no salão...
— Você tá usando aquele vestido que a gente comprou?
— Sim, ele mesmo. Você acha que ele vai gostar?
— Ele vai amar, boba.
— Estou ansiosa!
— Liga pro Rober pra saber que horas, exatamente, eles chegam.
— Rober não me atende.
— Tá vendo? Já deve ser por causa da surpresa.
— Ai, para. Pior que o seu irmão tem dessas coisas mesmo. – sorri, que nem uma idiota. A saudade era tamanha, não estava cabendo no meu peito. — Tô sentindo a falta dele, Bru. Muita, sabe? Tô carente. – fiquei vermelha e ela riu, do outro lado da ligação.
— Eu sei como é. Não fico muito tempo sem ver o meu amor, imagino como esteja.
— Depois que matarmos a saudade, vou repreender ele. Como ele faz isso comigo? Me abandona por tantos dias? Poxa. – suspirei.
— Casalzinho adolescente! Fica aí esperando seu boy e usem camisinha. Amanhã você me liga pra contar.
— Ligo não, amiga. Vou passar o dia com ele e as crianças.
— Nossa, cuidado também pra não acordar eles!
— Sabemos ser discretos.
— Ai, Tatá, não aguento você! Bom mêsversário de casamento, beijo.
— Beijo, Bru. – desliguei, suspirando. A ânsia de vê-lo me causava borboletas no estômago, como se voltássemos ao começo do nosso namoro. São anos e a paixão continua a mesma. Amor sempre acompanhado do ápice dela e do desejo.

Luan's POV.

— Ela é linda, Luan.
— Mas tem o cabelo grande e castanho.
— Não me diga que você não vai querer ela por causa do cabelo que é parecido com o Tatá?
— Parecido, não. Igual. É igual.
— Não olha pro rosto, então. Olha o corpo, cara. Muito gostosa!
— Douglas, não. Só tem ela de bonita aqui?
— Não. Pelo o visto, não. Olha aquela de cabelo curto! – Douglas, apontou. Eu analisei por alguns segundos e puxei o lábio, dando de ombros, aprovando.
— Bonita. Alta. É...
— Você nunca traiu a Tanara.
— Quando eu achava que meu sentimento era recíproco, eu respeitava ele. Mas agora tanto faz. Pra mim e pra ela.
— Vai chegar?
— Vou! Só não conheço motéis perto daqui. Aliás, aonde a gente tá?
— Tem um perto.
— É bom? Não quero coisa humilde.
— Nunca quis, né?! Fresco.
— Gosto de conforto.
— Rico é assim, né, boi? Quem vai pagar é você mesmo. – deu de ombros. — Mas esse é ótimo.
— Como você sabe, Douglas?
— Esqueceu que estamos na casa de uma amiga minha?
— Você vai...
— Eu gosto da Ju. Nunca quis e nem quero trair ela.
— Se vazar que eu tô aqui, Douglas? Tá cheio de gente. – a música estava alta e dançavam. A luz, ao contrário do volume do som, bem baixa; tanto que ninguém sequer notou a nossa chegada.
— Todo mundo tá bêbado. Mas tem que ter cuidado com a mulher, né?!
— Ela não vai falar nada.
— Você vai...
— Pagar ela? Por que não?
— Trouxe dinheiro?
— O suficiente. Chama logo a sua amiga pra me apresentar ela, eu não posso perder tempo e não estou a fim de joguinho, de charminho. Ou vai ou racha.
— Acho que ela vai topar de cara. – deu dois tapinhas no meu ombro e saiu, em busca da tal amiga. Fiquei observando a mulher que em minutos eu estaria comendo. Ela era, realmente, gostosa. E não tinha nenhum vestígio que me fizesse lembrar da Tanara. Merda, de novo estou citando esse nome!

— Oi. – ela disse, insinuativa.
— E aí, gatinha.
— Luan Santana?
— Sou amigo do Douglas.
— Que bom que minha amiga também é amiga desse tal Douglas. – me olhava provocante. Caiu na rede. — Eu percebi você me olhando.
— Temos que apreciar o que é bonito, não? – pus a mão na sua cintura e aproximei nossos corpos. Desci pra sua bunda e apertei-a. Seu vestido era minúsculo e adiantaria meu trabalho. Não podíamos ficar ali, com tantas pessoas. Lhe beijar seria muita exposição. – Vamos sair daqui?
— Já? Nem aproveitei direito... – disse, ousada. Sorri de lado.
— Ficar aqui, sendo observado...
— Sua esposa, né? Não pode saber?
— Também. Mas nós não temos muito tempo. – a ofereci minha mão, cavalheiro. Saímos com agitação da festa, ansiedade. Ou era só eu? No meio do caminho até o meu carro, meu celular alertou uma chamada. Meu Deus, agora? Era Rober.
— É a sua esposa? – neguei, cancelando a ligação. Respirei fundo. Meu corpo pedia aquilo. Eu precisava daquilo. Seria minha vingança.

Mais uma chamada. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Porra, Roberval! E então o motivo foi revelado: viajaríamos em minutos. Ele achava que eu e Douglas estávamos dormindo e eu não tive como argumentar. Me desculpei com a Kauanne e para ter a certeza que ela me perdoaria, paguei mesmo sem termos feito nada. Nem nossas bocas se conheceram. Que ódio.

Sentado na poltrona do avião, me sentia fracassado. Toda vez que lembrava o meu ato falho, que não consegui trair a interesseira, bebia mais uma dose de pinga. Me sentia sujo, fraco, idiota e não vingado. Porque era isso que eu queria, vingança.

Tudo fazia meus pensamentos voltar para ela, Gabriel, Marcos. Aquela história maldita.

Ninguém sabia do ocorrido, da confusão, da minha tristeza. Ninguém sabia o porquê de estar recebendo tantas patadas, más respostas, de toda a minha ignorância.

Não sei quanto tomei daquela garrafa de pinga, mas sei que foi muito. Rober me repreendia a todo instante e ao mesmo tempo me questionava. Cheguei cambaleando, com dois pés esquerdos. Na porta, já via seu corpo pequeno jogado no sofá. Meu coração apertou. Ela dormia e eu não quis acordar. Peguei seu corpo, para levar pro quarto. Me sentia trouxa.

— Meu amor? – sua voz fina ecoou na sala. Meus pelos arrepiaram, com toda aquela fraqueza por ela. — Você demorou... – ela me abraçou sorridente. Para com isso, Tanara!
— O avião... É... Demorou. – minha embriaguez não deixava eu pensar em nada. Todos meus pensamentos estavam em infinita confusão e eu não tinha noção e muito menos controle das ordens que meu cérebro mandava pro meu corpo. E ele, assim como o dono (burro), obedecia.
— Eu entendo, meu bem. – disse, completamente carinhosa e falsa.

Oi, oi, oi meus amores! 😍 Fizeram bom enem? Boa redação? Eu espero que sim! kkkkkkkkk OPNIÕES SOBRE O CAPÍTULO? POSITIVAS OU NEGATIVAS? HUM... 🙊 Gente, fiz uma playlist da fanfic no Spotify! 🎧 Tipo, tudo que tá lá já fez ou fará parte da fic, já me ajudou (inspirou) de alguma forma. Se vocês puderem escutar, envolveria vocês ainda mais na história... 🙆🏻 Se alguém se interessar, é essa. Se não der certo, procurem "tanaramuniz" lá que vocês acham. Espero que gostem! 💕 E, vejo muitas me procurando (as que não têm meu número) e por mais que meu instagram esteja no blog (pra quem lê no pc), vou deixar aqui ⤵️

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É isso, amores! Beijoxxxxxx 😘

sábado, 5 de novembro de 2016

Capítulo 67 - "Ela me enche de certezas e depois me cobre de dúvidas."

Tanara's POV.

— Ele não atende. – avisei ao João Guilherme. — Onde será que esse louco tá? 
— No Dudu. – meu irmão deu de ombros. 
— É, talvez. Ou na mãe dele. Enfim, vou tomar banho e você vá se preparar porque tem aula. 
— Você precisa buscar meu boletim amanhã. – torceu a boca.
— Que cara é essa? Você não está com boas notas, João Guilherme?
— A maioria está boa, mas... Amanhã você pega e vê, Tatá. Tchau, boa noite. – beijou meu rosto e eu semicerrei os olhos, negando. Sorri logo após. Tranquei a porta e subi. Tomei um banho de banheira e vesti uma camisola, disposta a esperar meu marido. As horas foram passando e nada dele chegar. Então, o que passava na tevê já não era suficiente para manter-me acordada. Adormeci. 

Luan's POV.

— E aí, boi. Quer cantar? Ajeitar arranjo? – Dudu brincou com a minha presença ali, ele não esperava.
— Vim desabafar.
— O que foi? Pensei que você estivesse sem problemas. 
— Eu estava, até mais cedo. 
— Seu único problema é música, não? As músicas estão ótimas, não vem com as suas paranóias. 
— É sobre a Tatá. – disse e ele pareceu intrigado.
— A Tatá? Brigaram?
— Sim. – sentei. 
— Ih, foi sério?
— Muito sério. Mas não necessariamente brigamos.
— Não tô entendendo nada.
— Me dá alguma coisa pra beber. 
— Você tá nervoso, cara. Desembucha de uma vez. – foi pegar a minha bebida. Quando ele voltou, eu contei toda a história. 
— Você não deu ouvidos a esse Gabriel, né?! 
— Ele é praticamente irmão dela, Dudu. Por que mentiria?
— Porque é louco de inveja de você? Ele é mesmo pai da sua afilhada?
— Sim. A Larissa, mãe dela, que escolheu a gente. Eu e Tatá. Ele também nunca engoliu isso. 
— Se eu fosse você, abria os olhos da Tatá. Defendia ela dele. Porque com um irmão desse, quem precisa de inimigo?
— Você não acha que...
— Que essa história pode ter cabimento? Não. Você é muito inseguro com tudo, Luan. Com suas composições, com seus trabalhos...
— Eu sou auto-crítico, é diferente. É bom nunca estar satisfeito e sempre querer mais, querer melhorar, inovar.
— Pro Luan Santana é ótimo, mas pro Luan Rafael, não. Você é inseguro demais com a Tatá. E ela te ama, dá pra ver de longe o quanto ela te ama. Ela teve namorados como qualquer mulher, e foram até poucos.
— Dois, Dudu. Já é muita coisa.
— Que relacionamento vai pra frente se ficarmos olhando pra trás? Você precisa parar com essa insegurança! 
— As coisas que ele falou, Dudu...
— Ele é invejoso. Ele e o tio dela não querem ela com você. Você vai mesmo cair na deles?
— Acho que você tem razão. – suspirei.
— Vai pra casa ficar com a sua mulher, esquece isso.
— Vou. Obrigado, Dudu. Eu...
— Você ficou mexido, normal. Qualquer um ficaria. Mas esquece isso, de verdade. Nem conheço esse cara mas já sei que é um filho da puta invejoso. Não gosta nem da própria irmã!
— Ele não vai andar mais lá em casa. 
— E dá um tempo na casa da sua sogra também. Eu sei que ela não tem nada a ver com isso, mas a casa é do pai dele também. Ele sempre vai estar lá.
— Vou conversar com a Tatá! Valeu mesmo, boi. Tô indo, já tá tarde. – agradeci e me despedi. Voltei pra casa um pouco mais aliviado. Um pouco.

A casa estava silenciosa e eu pensei em ela não ter chegado ainda. Mas quando entrei no quarto, avistei ela. Dormindo. A tevê ligada e seu celular perto, apitando mais que tudo. Me aproximei, a observei e deitei ao seu lado. Ela dormia de lado e acabou ficando de costas pra mim. Seus cabelos escorregando nas suas costas e sua perna direita sobre sua perna esquerda. Aproximei meu rosto e alisei o seu, tinha o semblante cansado. Peguei seus cabelos longos e lhes fiz um carinho, descendo minha mão sobre eles com cuidado para não acorda-la. Eram sedosos e eu adorava fazer isso. Eu adorava a extensão deles. Passear meus dedos ali era uma sensação maravilhosa. Então seu celular apitou. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. O peguei e quando vi o nome do Ale, fiquei curioso. 


Assunto sério? O que seria um assunto sério? Eu estava bêbado, mas ele deveria estar mais. O que ele teria para tratar –com seriedade– com ela, bêbado, à essa hora? A curiosidade foi inevitável. Por mais que eu não fosse um marido psicopata e invasivo, aproveitei o fato de saber a sua senha (até porque não tínhamos segredos) e desbloqueei a tela. Abri na conversa e fui ler. 

Não. Não. Não. Não. Não

Mil vezes, não! 

Engoli seco. Foi como se, melancolicamente falando, meu coração tivesse se despedaçado. Não acreditei. Pensei estar delirando. Então li de novo, e de novo, e de novo e de novo. 

NÃO!

Joguei o celular longe, bruscamente. Levantei, furioso. Gabriel tinha razão. Ele tinha razão. Tanara, sua maldita! Maldita! Fechei os olhos, sentando no chão, em um canto aleatório do nosso quarto, com as mãos na cabeça. Não conseguia absorver. A ficha não caía. Eu estava irredutivelmente incrédulo. Por quê? 

3ª pessoa's POV. 

— Você está feliz com a Daiane?
— Ela é nova, bonita, estou gostando.
— Você não presta, Marcos!
— Gosto de curtir a vida.
— Você sabe que ela está com você por dinheiro? 
— Às vezes penso nessa hipótese. Não deixo faltar nada pra ela, ela pode gostar disso. Mas também não sou nenhum broxa, Erick. Mando bem, você sabe disso.
— Sim, Marcos, você é charmoso. – Erick brincou, levantando as mãos em rendição, e as risadas ecoaram pelo o restaurante. — Mas o que eu quero dizer é que você só ostenta, não mostra a real.
— A real é que eu estou com o dinheiro que você me pagou pela empresa. Valia bem mais, mas eu não estava podendo exigir.
— Valia muito mais se não estivesse falida e afundada em dívidas, né?!
— Você sairá no lucro ou só fez isso pela Tatá?
— Vou lucrar, sim. Estava de olho na imobiliária há um tempo, me interessava bastante. Quitarei as dívidas e trabalharei até que ela renda mais do que antes. Minha mãe e meu pai ficaram felizes com esse meu novo investimento. Mas é claro, foi pela sua sobrinha também. – um sorriso malicioso brotou nos lábios de Erick, enquanto o copo estava no caminho para sua boca. 
— Você gosta mesmo dela, hein?! 
— Fiquei com outras e nas outras não senti firmeza. Eu curti muito, mas sempre me imaginei com ela de novo. 
— Ela está casada. Sei que te ajudei, mas... ela está feliz com o Luan. Eu não sei se você vai conseguir voltar com ela. 
— Você não me disse que ela casou por interesse?
— Mas ela não quis pedir dinheiro a ele.
— Tanara só ficou com ele em 2013 pra me provocar. Velha historinha de quem termina com o ex e fica com o primeiro que aparece, só pra esquecer. Ele gostou dela e só porque ela era deslumbrada por ele, pelo o artista, aceitou namorar. 
— Eles passaram um ano juntos, Erick. Terminaram por sua causa. E aliás, ela sofreu bastante quando isso aconteceu. 
— Esse tal Felipe... como foi mesmo?
— Se conheceram em Nova Iorque. Ela namorou com ele por pouco tempo e em seguida já noivaram. A Tanara é doida. 
— A Tanara é influenciável, está vendo? Mal o conhecia e já noivou. Se ela noiva com qualquer um, por que ela não casaria sem amor? Por acomodação? Pela avó? 
— É...
— Tanara gosta mesmo de mim, Marcos. E se não gosta, já gostou muito. Estou apagado no coração dela, mas basta uma reaproximação para despertar todo o sentimento. Você vai ver.
— Erick, por favor, não conta pra mamãe ainda.
— Eu não vou fazer isso! Eu só vou ameaçar a Tatá, mas não vou fazer. 
— E se ela quiser comprar? Você vai vender?
— E a ideia é essa, não? Chama-la para resolver isso, para ela comprar ou virar sócia. 
— E se ela conseguir o dinheiro?
— Ela não vai ter. E mesmo que ela arranje, até lá vamos estar mais próximos depois de tantos encontros. Ela já será minha. E quando quiser comprar, eu não vendo. 
— Ela vai fazer de tudo pra comprar, a avó é valiosa demais pra ela. 
— Dona Fátima não vai se decepcionar, até porque quando eu casar com ela, a empresa será dela também. Sendo nossa, será da família. Tudo resolvido. 
— Erick, cuidado, por favor. Eu sei que...
— Que me entregou ela de mão beijada?
— A Tanara é como uma filha pra mim. Eu não vou admitir que você faça nada com ela! 
— Eu quero ficar com ela, Marcos. Aonde está vendo maldade nisso?
— De qualquer forma, cuidado. Não vai ser fácil. O cantor gosta dela. Não vai desistir fácil. Ela tem um irmão agora e o menino está morando com eles. Ele está tratando os dois como pais.
— Marcos, calma. Vou conquistar o moleque também! – riu, debochado, seguro. — Eu vou ficar no lugar do pai dele, do meu finado sogrão. Estou por dentro de tudo. Eu fui o primeiro da Tatá, passamos três anos juntos, você sabe o quanto ela foi especial pra mim? Eu que levava ela nos shows desse viado! Meu Deus, eu conheço ela perfeitamente.
— Mas traiu ela!
— Você é homem, não consegue me entender? 
— Erick...
— Relaxa, eu vou ser cauteloso com tudo. E seu nome não será envolvido. Vai dar certo. Vamos sair ganhando! Eu entro na família de novo, você se livra do Luan e a empresa volta pros Albuquerques, sem dívidas e lucrando ainda mais. Como tio da minha esposa, você será meu sócio e terá seu alto padrão de vida de volta, hum? Um brinde à nossa sociedade. – levantou o copo, animado. 
— Um brinde! – Marcos sorriu, também erguendo sua bebida, não muito confiante, mas esperançoso. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Capítulo 66

— Amor? – Luan despertou. 
— Oi meu bem. – sorri, amarelo. 
— Já acordou?
— Meu celular.
— Nossa, a gente tá na casa do Breno?
— Não me pergunte como. – ri. — Dormimos no sofá, não sei o porquê também.
— A gente bebeu demais!
— Eu estou com tanta dor de cabeça... 
— Você é fraca.
— Vai me dizer que está bem?
— Mais ou menos. Vamos pra casa? Depois falamos com eles.
— Ah, não, amor. Que falta de educação! Vamos esperar eles acordarem. – sentei ao seu lado e ele me abraçou, enquanto meus pensamentos estavam longe. Breno e Bruna apareceram, depois os pais dele. Gabriel (irmão deles) e Caio não estavam. Cumprimentamos eles, aceitamos o café da manhã e fomos pra casa. Luan dormiu. Eu não consegui. Minha preocupação não deixou. 

tataccioly Você não imagina como te amo! 🙇🏻‍♀❤ @luansantana 



lunara Melhores pessoas! Kkkkkkkk B&D lançou a música que o Luan fez participação e Luanzinho divulga desse jeito... Chega pro crush e fala: e essa boca aí?????????? Hahahhhhhhhaahahahaah 



marquinhosewf Saudade dessa popozuda! 😥 @tataccioly 



lunara 🌸 vamos relembrar aqui o dia em que mesmo separado da Tatá, Luan enalteceu o seu amor por ela 🌸



brusantanareal Érika linda! 💅🏻 @erikaalbuquerque 



luansantana Papai ama muito! 😍 @lausantanareal



luansantana Você @tataccioly kkkkkkkkkkkkkkk vinho eh seu ponto fraco 😂



lunara Showzinho 🎤💗 @tataccioly @luansantana 



lunara Snap do meu namoradinho! Gente, de verdade, tô muito curiosa. Ele tá morando com eles? Por quê????????  @guilhermeaccioly 



— Você vem?
— Vou, meu amor. Já disse. Eu já tô chegando.
— Tá bom, tô te esperando.
— Cuidado. Beijo!
— Beijo. – desliguei. 

A campanha que eu havia feito em Los Angeles havia ficado pronta e eu estava, nesse momento, no coquetel de lançamento. Eu, minhas amigas e várias blogueiras, devo comentar. Luan me garantiu que viria. Eu não acreditei, mas até esperei. Não é que ele veio mesmo? Depois de ser tietado por todos, me acompanhou, sem soltar a minha mão.

— O que foi? Você tá pensativo.
— Tive uma sensação ruim agora.
— Qual? – espalmei seu peitoral. 
— Besteira. – pôs meus cabelos para trás das minhas orelhas e selou meus lábios. — Já disse o quanto você está linda hoje?
— Sou uma das modelos, né?! – me gabei.
— Deslumbrante. – sorriu, alisando meu rosto. 
— Vamos buscar a Laura depois daqui? 
— Vamos. – me abraçou. — Carol e Cris não vão lá pra casa?
— Vão voltar pro Rio assim que acabar aqui. Não sei por que. – dei de ombros. 
— Vocês dois vão ficar conversando enquanto a festa rola? – Dona Érika chegou repreendendo nossa postura ali.
— Tenho pouco tempo com ele, mãe. Deixa eu aproveitar. 
— Não! Vão dançar! – insistiu.
— Quê que a senhora está fazendo aqui sem seu marido? – Luan começou a implicar. — Hugo tá sabendo disso? Que sogra mais safada essa que eu tenho. – negou com a cabeça e mamãe beijou o ombro, rindo, nem aí. Eu ria. Menino besta.
— Mãe, aproveita que a senhora veio pra cá e tira uma foto nossa. – entreguei o celular e pus as mãos ao redor do pescoço dele. Depois de várias poses, Dona Érika tirou uma boa. Eu postei. 

tataccioly Todo blogueirinho vindo nessas festinhas. Ui ui ui 💁🏻💖 @luansantana



lunara Algumas fotos saíram!!!!! UAUUUU!!!!! Amém Tanara Accioly!!!!!!!!!! 



lunara Luan foi ver ela brilhar. Amei. 😍 Parabéns, maravilhosa! Ficou incrível! E você tava mais ainda linda hoje! 💜 @tataccioly 



rainhamarizete Rainha e princesa! 👸🏻❣@tataccioly 



luansantana Minhas princesas... ❤



brilhalunara Olá! 🎀 @tataccioly @luansantana



tataccioly Não aguento ela não gente! 😳 @lausantanareal



lunara Frase deles: contra fatos não há argumentos. Contra amor VERDADEIRO, AQUELE QUE A GENTE VÊ, não há veneno. 😊✨@tataccioly @luansantana



brusantanareal Tatá disse que o jogo virou. Todo namorado que segura a namorada (fã) no show do Luan ou do Breno, está se sentindo justiçado. Eu concordo. 😂 Na verdade nem queríamos ver a Maiara e Maraisa, só queríamos descansar as pernas. @tataccioly @luansantana @brenocesarbcc 



tataccioly Tanto amor guardado, tanto tempo... a gente se prendendo à toa, por conta de outra pessoa. 😏 É, e na hora que eu te beijei, foi melhor do que eu imaginei, se eu soubesse tivesse antes, no fundo sempre fomos bons amantes 🙊(na verdade eu poderia ter citado todas, porque amo elas e todas as músicas 😍mas essa tava mais fofa, só pra representar a gente, né amor?) Melhor show! ❤ @luansantana @maiaraemaraisaoficial 



tataccioly Make e Hair pra hoje! 😍💆🏻💄✨💋



tataccioly Mas tá muito blogueirinho mesmo, né?! Que homem mais maravilhoso esse tal de Luan... Gato, gostoso! 😎👏🏻💛🚶🏻 @luansantana



— Amor, eu tô tão feliz! Você aqui comigo, me acompanhando. Antes era só eu que te acompanhava no seu trabalho, hoje você está no meu. Isso não é incrível? 
— É incrível. Você que conquistou tudo isso. Mas, além de 'tão' feliz, você tá 'tão' gostosa nesse macacão branco, amor. Caramba. – avaliou meu corpo, pegando na minha cintura.
— Babaca! – ri, com os olhos estreitos.
— Eu tô falando muito sério! A roupa mais linda que você já comprou, já usou. Já te falei que quando uma mulher tá de calça branca eu olho diretamente pra bunda dela? 
— Ah, é, Luan Rafael? Bom saber disso! 
— Uai, não é sempre que eu vejo uma... – disse cafajeste. — Mas de verdade, destacou sua cinturinha, sua bunda... Tá bem gostosa mesmo. Não vejo a hora de chegar em casa. Tô aqui só te secando. 
— Você é muito baixo, garoto! 
— Tá vendo aquele cara ali? – apontou, disfarçadamente.
— Hum, o que tem?
— Ele não para de olhar pra você. E ele olha com a maior cara de tarado. Às vezes todo encantado. Eu finjo que não estou percebendo mas tô vendo tudo. 
— E? Vai implicar com isso?
— Não. Só pra te provar que você está fodidamente linda e gostosa. Até seu cabelo tá com um ar mais sexy, sabia? Eu já disse que amo eles? A cor deles? O tamanho?
— Já, num ótimo momento. – lembrei. Foi quando fizemos amor na lavanderia. 
— Você vai me prometer três coisas. – cheirou meu olho.
— Fala! 
— Primeira: você nunca vai usar esse macacão na minha ausência. Estou aturando esse cara te tarando porque estou aqui, com você. É divertido ver ele babando no que é meu. 
— Você é patético, Luan Rafael. 
— Segunda coisa... – pôs o indicador nos meus lábios. — Você nunca vai cortar e nem mudar a cor desse cabelo. 
— Você não gosta de loiras?
— Gosto. Mas em você eu só quero essa cor. 
— Tudo bem, senhor. Mais alguma coisa? 
— Terceira: você vai usar esse macacão várias vezes a partir de agora, mas só pra mim. E, assim que chegarmos em casa, você vai deixar eu tirar ele com a boca e te foder todinha. – sussurrou no meu ouvido, instigante, deixando uma mordidinha no lóbulo da minha orelha. Caí na risada. — Promete?
— Prometo. 
— Tudo?
— Prometo. – mordi sua bochecha. — E você promete tirar essa barba? 
— Toda? Pensei que você gostasse de certas coisas que eu faço com ela. – arregalou os olhos.
— Para de ser pervertido, garoto! E não, toda não... mas não por safadeza, porque você fica mais charmoso com ela. Mas precisa aparar.
— A gente faz isso quando chegarmos em casa.
— A gente?
— Você tira ela.
— Deixa?
— Deixo! Aparar, deixo.
— Eu não sei tirar pouco, amor. Melhor você ir no barbeiro.
— Então tudo bem. Já que você quer, pediu... e como seus pedidos são ordens, eu vou. 
— Vou ao banheiro, retocar a maquiagem. 
— Cuidado. – beijou meu rosto e eu saí.

Luan's POV. 

Estava em um evento com a minha esposa. Fiz alguns esforços para acompanhá-la em alguns e esse era o terceiro, eu acho. Ela sempre esteve ao meu lado, por que eu não posso estar ao lado dela? A desgraçada estava terminantemente maravilhosa. Usava um macacão branco, que marcava suas curvas; ou melhor, marcava todo seu corpo. Gostosa pra caralho. O cabelo, do mesmo jeito. Sexy, muito sexy. Passei a noite com um tesão gritante, observando ela. Louco para chegarmos em casa e eu – mesmo tendo amado aquela peça – arrancar o macacão da pele dela. Tatá foi ao banheiro e eu peguei um copo de uísque, com os pensamentos mais maldosos que vocês possam imaginar. Acabei rindo sozinho. Apesar de já ter sido tietado várias vezes, mais duas mulheres apareceram. Eu tirei a foto e sorri, simpático, enquanto elas agradeciam. Me elogiaram e eu também agradeci. Tatá não apareceu e eu, sozinho ali, resolvi pegar o meu celular com a mão vazia (a outra segurava o copo). Abri o grupo da "família" e me deparei com algo desnecessário. Algo péssimo. Algo que eu preferia não ter visto. O arrependimento de ter pego o celular, de estar naquele grupo, de conhecer aquela pessoa... bateu. 



Nem falei nada. Só terminei de ler o que falaram após o absurdo e saí. As amigas dela falaram que ele era mais bonito que eu, como se fosse algo sensato de se dizer. Não sei se era pra implicar comigo, se era brincadeira, mas de qualquer forma, não gostei. Me chateei muito. 

— O que foi meu amor? – Tatá voltou.
— Podemos ir embora? 
— Mas já? 
— Já. – sorri amarelo.
— Aconteceu alguma coisa? 
— Ai, Tatá, o Gabriel me odeia. 
— O que ele fez? – arregalou os olhos e eu suspirei. — Anda, Luan! Conta! – peguei o celular, abri o WhatsApp, abri no grupo, subi a conversa e mostrei pra ela. O queixo dela caiu. 
— Amor, eu... eu sinto muito. Eu...
— Eu sei que você não tem culpa.
— Já saiu?
— Já. Por que ele faz isso? Tem prazer em chatear as pessoas. Falta de senso. Eu nunca fiz nada pra ele, Tatá! 
— O Gabriel é um babaca. Eu também vou sair.
— Não precisa. 
— Ele desrespeitou a gente! 
— Tatá, de verdade, estou de boa. – dei o último gole no uísque. — Só vamos embora. 
— Vamos! Mas não liga, por favor. Ele é idiota. 
— Não estou ligando. – menti, arranjando um pequeno sorriso. Tatá se despediu de algumas pessoas e nós fomos embora. Ele conseguiu cessar até meu tesão. Não estava mais no clima e quando eu contei a ela que preferia dormir, ela se assustou; com certeza sacou o que havia sido. Não queria demonstrar fraqueza, mas de verdade, eu preferia falar que não estava mais com vontade do que broxar na hora. Ela foi compreensiva. Certamente se sentia culpada e foi carinhosa, falando de outras coisas e me fazendo cafuné até pegarmos no sono. Na nossa tevê passava um filme que ela tentava fingir que estava prestando atenção. Eu fingia também. 

— Posso te fazer uma pergunta? 
— Claro, meu bem. – sorriu delicada. Meu ódio do Gabriel cresceu quando eu reparei na camisola que ela estava. Branca, de seda. Que desperdício. Não, eu não ia desperdiçar isso. 
— Você acha o Felipe mais bonito que eu? Eu sei que você me ama, que isso não tem nada a ver, mas... só pra saber mesmo.
— De onde você tirou isso? – ria. Será que fui muito bobo?
— Responde, Tatá. Com sinceridade.
— Não! Claro que não! Ele é bonito, mas você é lindo. 
— Não precisa mentir pra me agradar. 
— Ei! Estou sendo sincera. Era só isso?
— Era. 
— Pronto?
— Pronto. – sorri, sem acreditar nela e querendo não ter o meu rosto. Ele era mais bonito. Ela só falou pra me agradar. Que raiva! Todos viam isso. Todos achavam errado ela ter trocado ele por mim. Até as amigas. O que não falavam pelas minhas costas? Devim rir da minha cara. Porém, ele podia até ser mais bonito, mas não beijava e nem fodia melhor do que eu. Sim, acabo de impor essa comparação. Então ataquei sua boca e em minutos, depois de mostrar o talento da minha língua, tirei sua camisola. 

                                   • 

lunara A RAINHA NO PRÊMIO JOVEM BRASILEIRO!!!!!!!!!!! ESSE ANO FOI NO RIO... ELA GANHOU A CATEGORIA INTERNET 😍❤😍❤😍❤😍❤ E O LUAN NA CATEGORIA CANTOR 😍❤😍❤😍❤😍❤😍❤ gente o orgulho não tá cabendo 😥😥😥😥😥😥😥😥😥 ele tem show hoje, por isso não foi!!!!!!!!! Aaaaaaaaaaaaaaa parabéns meus amores! 😢👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 @luansantana @tataccioly 



luansantana Parabéns minha lindaaaaa! Você merece! Faz tudo com o coração, são só frutos! 🙏🏻😍 E obrigado pelo o prêmio de melhor cantor! Devo aos meus fãs! Vocês são tudo! Obrigado mesmo! Não deu pra eu ir porque tenho show, mas a Tatá pegou meu troféu 🏆❤❤



tataccioly Gente!!!!! Não sei o que falar!!! Obrigada de coração!!!!!!! Obrigada obrigada e obrigada! Devo a vocês que me acompanham... e obrigada pelo o incentivo de sempre, amor! @luansantana Você foi essencial, presencia tudo desde o início! 🙏🏻😍❤✨😭



antilunara Depois de ganhar prêmio por ser comida do Luan Santana e usar ele pra aparecer na internet... (posta foto com ele direto pra ganhar likezinho e seguidorzinho né) ela vai viçar com a amiguinha rodada. Tanara me assusta. Ela faz tanta questão de aparecer que até no DVD ela deu um jeito de entrar vei 🤔 que vc saia da vida do Luan logo! Oportunista! Amém! 🙏🏻🙏🏻🙏🏻 @tataccioly



— Que bom que veio, cara. – Ale deu dois tapinhas no meu ombro. Ele era um dos únicos da família que eu gostava de verdade.
— A Tatá ainda tá no Rio, João tá com os padrinhos... ia ficar sozinho, e como é difícil ver você... vim! – sorri. — Cadê a gelada? 
— Tá ali! Tia Érika saiu com o Hugo e a Duda. A gente podia chamar umas amiguinhas, né?!
— Cê não tava namorando?
— Terminei. Não consigo ficar sem liberdade. Então, que tal a ideia das amiguinhas? Eu ligo. Tia Erika vai demorar e ela não vai saber.
— Quer me ferrar? – ri. 
— Trair a esposa na casa da sogra deve ser a maior adrenalina. 
— Também quer que eu saia da vida da Tatá? 
— Vai dizer que você não pula a cerca? 
— Sou bem resolvido com ela.
— Eu sei. – riu. — Tô brincando! Se eu visse você passando chifre nela, eu seria o primeiro a contar. 'Vamo' entrar, Luanzera! – foi me guiando até a parte que se faziam os churrascos e quando chegamos, eu tive uma decepção. Gabriel estava ali, falando com alguém no celular. Não disfarcei minha cara. 
— Gabriel também se livrou da mulher. – Ale descontraiu. Eu acho que ele não viu a foto no grupo. Gabriel desligou e me percebeu ali.
— E aí, Luan. – sorriu cínico. Otário. Pensei em ir embora imediatamente, mas sabia que era isso que ele queria. Me excluir de tudo. Não daria o gostinho a ele. 
— E aí, cara. – fui educado.
— Tá passando jogo do timão, vou colocar. – Ale foi ligando a tevê daquela área e eu seguia encarando o Gabriel. Aquilo não daria certo, eu sentia. 

O tempo foi passando e eu fui suportando meu quase cunhado. Ale era muito gente boa. Que nem a Tatá, que nem a Dona Fátima... Anoiteceu e nada dos donos da casa voltarem. Ale ficava interferindo toda vez que Gabriel me afrontava. Em opniões diferentes sobre qualquer merda. Ele tinha necessidade de me atacar. Eu fui segurando a onda, mas já tinha bebido muito e quando Ale teve que nos deixar a sós, eu não me aguentei. Sabe quando a paciência acaba? Por culpa da bebida, estourei. 

— Na boa, Gabriel! De homem pra homem, qual é a tua, hein? Qual é o seu problema comigo? 
— Não sei do que você tá falando. – ele disse tão bêbado quanto eu. 
— Você me odeia, só não sei o motivo. – dei de ombros. 
— Quer a real?
— Fala, uai! 
— Não gosto de falsidade. Não sei fingir, não me sinto bem. Sou sincero, sabe?!
— Falsidade? Desde quando eu sou falso?
— Você, não. Você é metido, é diferente.
— Ah, agora eu sou metido? – ri, irônico. 
— É. Acha que só porque é um cantorzinho, tem algumas fãs, dinheiro... todo mundo tem que te adorar. Se acha melhor que todo mundo. No ramo da música ou com pessoas normais. Esnobe. Pronto. Mais alguma coisa?
— Você tá muito errado ao meu respeito! Eu honro a criação que meus pais me deram e nunca quis ser ou me achei melhor do que ninguém.
— Não? Tem certeza? Nossa, jurava que você só ficou com a Tatá pra ser melhor que o Júlio. Não foi ele que você fez de trouxa? Eles tavam ficando, você foi lá e pegou ela pra você, pra mostrar que é o Luan Santana e consegue toda mulher que quiser. Aliás, às vezes não precisa querer, só precisa querer pisar nos outros mesmo. 
— Não fala o que você não sabe, não, cara. Tatá nunca ficou com esse Júlio! E eu fiquei com ela porque eu gostava dela. A gente tinha uma amizade. 
— O combinado de vocês não foi você ajudar ela a fazer ele se apaixonar por ela? Só porque ele nunca recebeu um não? Que nem você. Mas você achou que era o único que podia continuar com esse título e quis que a Tatá desse um fora nele. Ela deu no meu aniversário. Eu sei de tudo. E ele, caindo no joguinho de vocês, foi lá e correu atrás dela. 
— Isso foi uma brincadeira, cara! Cê não sabe de nada!
— Nem sei por que perco meu tempo com você, cara! 
— Você falou um monte e não explicou esse negócio de falsidade. Começou agora termina.
— Você é cego, né?! Castigo! Quer tanto ser o fodão e não enxerga um palmo na frente do nariz. 
— Não tô entendendo. 
— Todo mundo aqui te trata bem porque você é rico. Sempre foi assim. Mas você deve gostar, né?! Você gosta da ideia de comprar as pessoas. 
— Você é muito recalcado mesmo! – ri. 
— Ah não tá acreditando? Eu tô falando a verdade pra você, babaca! Antes de você, a Tatá tava com o Felipe, ela tava noiva dele.
— Mas agora ela casou comigo. Você consegue aceitar que eu faço parte da família? Que a mulher do seu pai, minha sogra, me adora? 
— Você consegue aceitar que a Tatá só casou com você porque a imobiliária deles está falida? Ela te deu um pé na bunda em 2015, estava claro que não queria nada com você! E você, idiota, veio atrás dela. Quis ser melhor que o Felipe roubando a mulher dele e se deu mal. – eu já estava vermelho de raiva, quase bufando. — Ela usou ele, mas usou ainda mais você. Porque te iludiu. Gostava dele, gostava tanto que te fez de amante. Não queria deixar ele. Sabe quando você pediu ela em casamento e ela negou? Então, ela deixou bem claro que só tava com você pra se divertir. Tanara sempre foi assim. Só pensou nela. Na diversão dela. Terminou com o Erick e pra esquecer ele, correu pra você. Mas isso não vem ao caso, não estamos falando dele. Só depois ela quis casar com você, né?! Sabe por quê? Porque o Marcos contou pra ela da empresa e obrigou ela a aceitar o pedido. Sabe quem me contou? Ele mesmo. Ela só tava esperando um tempo pra te arrancar dinheiro e salvar a imobiliária. Você é tão babaca que nunca percebeu. Encheu ela de presentes caros. Ela ama. Ela tá com você por isso. Você compra ela e compra a família toda. Todo mundo paga o maior pau pra você porque você tem dinheiro. É simples! Tá duvidando? Pergunta pro Marcos. Ele que me contou. Tatá preserva a Dona Fátima e sabe que a empresa é super importante pra ela. Tá na sua cara, basta você ligar os fatos e perceber que eu não estou mentindo. Agora se você gosta de comprar as pessoas, gosta de ter elas ao teu lado só pela tua fortuna, problema teu! Eu acho ridículo! Por isso sempre te tratei diferente! Não me presto ao papel! 
— Você é um infeliz, Gabriel. – eu respirava ofegante e parecia que meu coração ia sair pela boca de tão rápido que ele estava batendo. Eu não conseguia nem levantar para socar ele. Nem rebater os absurdos. Nem nada. Eu só conseguia tremer. 

Fiquei, no meu tempo psicológico, cerca de duas horas parado, olhando para o meu quase cunhado. Era impossível ver mentira em seus olhos. Ele estava bêbado, eu também, mas nunca vi Gabriel tão sincero comigo, sem me olhar incomodado. Eu estava tremendo, nervoso, sem saber para onde olhar. Ale chegou animado, com mais cervejas. Eu tinha que ir embora, não podia ficar ali. Queria chorar, gritar, ir tirar satisfação. Estava nervoso. Não sei bem o que falei para sair dali, mas lembro que citei Laura. Entrei no meu carro, meio sem jeito. Eu estava desnorteado. O que era aquilo que ele tinha falado? De onde ele tirou aquilo? A minha Tatá, o meu amor, a minha princesa, a mulher da minha vida... Me usando? Não, não. É impossível! Eu a amo, ela me ama. Ela me ama muito. Ela me disse. Ela sempre diz. Eu sou melhor que todos os namorados, é comigo que ela tem os melhores orgasmos, é comigo que ela casou, é comigo que ela sorri. Eu dou vários presentes. Eu dou vários... Eu sempre dou. Droga! CARALHO!  

Meu celular tocou, me assustando. Era ela. Só fui capaz de ignorar. Eu estava sem chão, sem noção de nada... Precisava de alguém para desabafar, para me acalmar, proteger... E quem faria isso melhor que ela? Eu era todo dela. Minha paz, meu amor, aconchego, eu só encontrava nela. 

Ahhhhhhhhh, puta merda! 

Deixei aquele barulho irritante que me incomodava, tocar. Eu tremia tanto, que tinha medo de perder o controle da direção. Não estava a ponto de chorar, porque, claro, eu era um homem feito e acreditava no sentimento dela. Isso. E eu estava com raiva do Gabriel por ele ser um mentiroso invejoso. Mas, e se ela tivesse feito isso? E se ela não me amar? O que eu vou fazer sem o amor dela?