sexta-feira, 29 de abril de 2016

Capítulo 37 - “Com ele nada parecia ser tão difícil. Pra me sentir feliz e segura ele só precisava estar ali, comigo, pra mim.”

Tanara's POV.

Depois de receber aquelas malditas fotos, eu consegui ficar ainda pior. Estraçalhou o que já estava bem abaixo de firme. Simplesmente me permiti chorar abraçada a um travesseiro, coisa de adolescente. Um medo, uma angústia invadiu meu coração. E se aquilo procedesse? E se tivesse acontecido algo? Mas merda, ela estava com aqueles trajes ABRAÇADA com ele, poses íntimas, à noite, havia uma cama... Que raiva, que puta raiva! Nunca pensei que sentiria um ciúme tão horrível e sim, ele me dominou no momento. Misturou insegurança com nojo, rancor e resultou na insuficiência do choro. Ele não bastava. Então, num ato involuntário, liguei para até então minha 'cunhada ex inimiga' e desabafei. Não escondi e nem fingi nada, deixei transparecer e falei tudo que estava transbordando dentro de mim. 

Ela foi sincera e me confirmou que estavam na casa da Isabel. Porém, tentou defender o irmão afirmando que as fotos não tinham lógica, já que ele pediu para ela ficar por medo da Isabel. E sim, viu ele ficando no quarto sozinho. Mas, então por que aquilo? Ela pro acaso invadiu o quarto dele? Creio que ele não seja nenhuma mocinha indefesa e merda, pra piorar tudo, deixou que ela mexesse no CELULAR DELE. Visse nossa conversa, falasse aqueles absurdos pra mim e ainda mandasse as fotos. O negócio tá bem feio pro seu lado, Luan Rafael. 

Acordei no dia seguinte com o rosto inchado e, surpreendentemente, obtive uma surpresa logo cedo. Minhas amigas! Cristina e Carolina estavam ali, invadindo a casa da minha mãe. Nos abraçamos sorrindo enquanto elas explicavam: vieram passar dois diazinhos comigo. Como elas descobriram que eu estava precisando? Fui de imediato hospeda-las no meu quarto e depois, lhes informei e elas passaram a tentar me ajudar de todas as formas: me dando conselhos ou simplesmente tentando me animar. 

Luan's POV.

 - Liga pra ela, por favor. Vê se ela tá em casa! - falava nervoso, dirigindo numa velocidade não permitida. 
 - Pi, se acalma! - minha irmã me repreendeu. - Dá pra você ir mais devagar? Eu não quero morrer. - diminui um pouco e ela pôs as mãos no rosto, respirando fundo. - Olha, eu vou ligar, mas vai devagar, pelo amor de Deus! - assenti e a vi pegando o celular. Teclou algumas coisas e logo o levou para a orelha, como se tivesse começado a chamar. Passaram-se segundos e ela clicou em algo novamente, retornando para a orelha em seguida. Repetiu esse ritual umas seis vezes e eu saquei o que estava acontecendo. 
 - Ela não atende. - me olhou triste. 
 - E agora? Se ela não tiver lá? 
 - É claro que a Tatá tá em casa, Pi! 
 - Então você acha que eu devo ir mesmo sem ligar? Sem avisar? Sem saber? - perguntei, claramente ansioso. 
 - Não, não acho. Eu acho que você deve deixar ela quieta por enquanto. Deixar ela se acalmar, deixar ela refletir um pouco e aproveitar pra fazer isso também! Pi, é melhor a poeira, os ânimos se acalmarem. Ela tá mega chateada, você acha que ela vai mesmo querer te ouvir com uma noite depois? 
 - Talvez você tenha razão. 
 - É o óbvio! Espera um pouco... 
 - Mas Bruna...
 - Mas nada! Ela não vai fugir! - me acalmou no ponto certo. 
 - Tudo bem, vou deixar você em casa. 
 - Por que você não aproveita pra almoçar com a gente? Mamãe vai ficar feliz. Aliás, papai também, se souber o que aconteceu com a Isabel. - tentou descontrair e eu ri sem humor. 
 - Me convenceu, Piroca! 
 - Eu vou falar com ela. 
 - Vai me defender? 
 - Vou, bobão. - riu. 
 - Me defende mesmo dessas muié, porque eu tô precisando! - apontei pro celular que vibrava e exclamava o nome "Isabel" na tela. Bruna simplesmente desligou-o 
 - Não se preocupa, se ela vier encher seu saco eu assumo a culpa. - piscou e eu apenas dei de ombros, rindo novamente. Eu e Bruna estávamos nos aproximando e tudo graças a Tanara. É, pelo menos pra isso essa inútil serviu! 

                                 •

 - Larga esse celular, Luanzinho! - minha mãe resmungava, abraçada ao meu pai. Estávamos assistindo um filme juntos, o que tornou-se raro e há tempos não fazíamos. 
 - Ou fica no celular, ou vê o filme. - ele também palpitou. Revirei meus olhos e Bruna riu. Falaram como se eu fosse um adolescente, mereço! 
 - Eu só tô vendo uma coisa, já desligo. - eles não falaram mais nada e na mesma hora uma foto de Tanara apareceu no feed do meu Instagram. 

tataccioly Cineminha com elas, minhas melhores! 💁🏼🙆🏼🙅🏼 @carolandrade @crislopes 😻🍿❤️



Cutuquei Bruna imediatamente e mostrei, desentendido. Era daquele jeito que ela estava mal? Indo pro cinema? Aliás, o que Carolina e Cristina estavam fazendo em São Paulo? Sim, a localização era daqui, dessa vez Tanara não havia viajado na tentativa de fugir. Fiquei intrigado, vai ver ela nunca gostou mesmo de mim! 

 - Vou buscar mais pipoca. - dei uma desculpa, só precisava ficar sozinho por alguns instantes. Bruna percebeu o real motivo e logo levantou também, afirmando ir atrás de refrigerante. 

 - Você viu como ela tá chateada? Sofrendo? Tadinha. - ri irônico e Bruna revirou os olhos. - Se odiavam e agora já está defendendo ela?
 - Não é defender, e sim ver a razão. Luan, as meninas estão mesmo com ela! Com certeza ela contou e elas estão tentando distrair ela, sei lá. Se eu fosse elas, eu faria a mesma coisa. Você tá vendo demais, não percebe? 
 - Não, não percebo. Nem sei mais o que pensar! Obrigado por ter me impedido de ir lá, foi melhor assim, não paguei mico mais uma vez, economizei uma das minhas milhares vezes de ser trouxa. 
 - Foi, foi melhor. Não porque ela não está nem aí pra você, mas sim pra vocês colocarem as coisas no lugar! A reflexão traz pensamentos inteligentes e o que vocês menos precisam é de burradas. - suas palavras e seu jeito me impressionaram. - Você é machista e muito carente, sabia? - cerrou os olhos em mim e eu encarei o chão. Quando menos esperava, fui surpreendido com um abraço. - Eu tô com você e vou fazer de tudo pra vocês ficarem juntos. Estou tentando me redimir, consertar o enorme estrago que fiz. Não me atrapalha, tá? Quem vê de fora vê muito melhor, me escuta, Pi. 
 - Vou continuar seguindo seus conselhos, espero que eles sirvam de algo.
 - É impressão minha ou teve um certo desprezo nas suas palavras? 
 - É impressão, só impressão.
 - Acho bom, senão eu cancelaria todos agora mesmo. - rimos juntos, ainda abraçados. 

Até mesmo antes de dormir, Tanara me perseguiu. Aliás, não 'ela' exatamente.

carolandrade Noite do pijama! 💩 @crislopes @tataccioly



Distração longa a dela, né?! 

Tanara's POV. 

Já estávamos na páscoa e sim, ainda não falei com Luan. Mas, depois de muito pensar - e conversar com a Bruna -, eu cheguei a uma conclusão: iria atrás dele. Era o dia de Jesus e nossa relação renascer! Minha cunhada (ainda devo falar isso ou deixo para depois? Pode parecer tarde ou precipitado, já que ainda estava no caminho para vê-lo) me explicou o que aconteceu e por mais que aquela história parecesse sem pé nem cabeça, ela consquistou cinquenta por cento do meu convencimento. Entre nossa conversa, me encorajou a tomar iniciativa pelo simples fato de sempre ter sido ele. Então, estou no carro da minha mãe, revezando o olhar entre a direção e o ovo de páscoa que eu comprei para o mesmo. Na minha mente passava-se um turbilhão de pensamentos, porém, eu despertava deles a casa sinal verde. A cada metro subtraído da distância entre nossas casas, meu coração batia mais forte e o nervosismo crescia em mim. Respira fundo, Tanara! 

Luan's POV.

 - Oi Luan! - Érika sorriu. - Entra meu filho. - deu passagem e da porta eu já percebi a lotação que aquela sala estava. Era noite de páscoa, normal. 
 - Obrigado, mas não precisa. - sorri amarelo. - Então, eu só...
 - Queria ver a Tatá? - ergueu uma sobrancelha.
 - É. - levei a mão livre ao bolso, já que a outra segurava a sacola com o ovo que eu havia comprado pra bandida. Daqui a pouco explicarei e vocês entenderão. 
 - Não precisa dessa timidez, né? Agora que vocês se assumiram! - sorriu meio forçado e então eu lembrei de quando a Tatá me contou que ela não gostou de como tudo aconteceu e repreendeu a filha assim que pôde. Mantive meu sorriso amarelo. - A Tatá saiu, Luan. Eu pensei que ela estivesse com você, estou surpresa agora. - um alerta se acendeu na minha cabeça. Ela saiu? Nesse horário? Que porra é essa? As amigas já tinham ido embora e bom, que lugar seria adequado para ela ir sozinha? 
 - Saiu? - passei a mão na barba. Acho que não disfarcei minha surpresa e Érika deve ter deduzido que eu havia ficado intrigado e incomodado. 
 - É, saiu... Mas já que não foi te ver, não deve demorar. Aceita entrar agora? 
 - Aceito, preciso mesmo falar com ela.
 - Fique à vontade! - apesar de tudo, creio que Érika sempre tenha gostado de mim e sempre soube ser educada. Dei um passo a frente e logo entrei por completo, vendo numa imagem ampliada todos que estavam ali. Larissa, Gabriel, minha afilhada. Marcos, Hugo, Eduarda. Gabriel e Marcos, puta merda. Antes que me batesse um forte arrependimento por ter vindo e ter visto eles, Alice correu em minha direção e eu a peguei no colo. Eu já tinha a visto hoje, quando fui entregar seu ovo de páscoa (sim, padrinho têm suas obrigações). Mas eu não via como uma responsabilidade chata, eu adorava essa pequena e adorava ver o seu sorrisinho como resposta a qualquer presente dado por mim. Trocamos algumas palavras e logo Larissa se aproximou, me cumprimentando também. Logo depois Hugo e Eduarda, enquanto Gabriel nem se mexia. Só ele? Só ele. Eu sei, Marcos deveria estar com um comportamento igual, mas, me surpreendeu: levantou-se e com um sorriso no rosto, apertou a minha mão e foi muitíssimo simpático e educado. Fiquei mais nervoso ainda. Será que perdi alguma coisa? Sim, eu ainda temia um pouco ele... 

Hugo me convidou para a conversa logo depois de sua esposa explicar minha aparição e minha permanência: ficaria à espera de Tanara. Ah, mas ela me paga!

Como eu fui parar ali? Lhes contarei nesse exato momento! Segui os conselhos de Bruna e esperei. Esperei, pensei... E especialmente num domingo de páscoa, depois de entregar os ovos de Alice e Laura, passar o dia na casa dos meus pais,   finalmente vim procurá-la. Final e infelizmente, já que essa... (preciso de xingamentos novos para ela)... saiu. Meu lado ciumento não parava de buscar lugares para ela ter ido. Estava tudo uma bosta. Hugo e Marcos conversavam coisas que na hora nada me interessava, Gabriel me encarava desgostoso (pra variar)... Aliás, nunca vi compadres tão desafetos! Desde a brincadeira com seu amigo Júlio - há anos - ele nunca foi com a minha cara. E eu, nunca tentei. O problema era totalmente dele! 

Em um ato de desespero, peguei meu celular para ver se ela estava online. QUE BOSTA, ela não estava. Logo ela que é tão viciada... Tinha algo muito errado e eu ia descobrir. Recorri então pro SnapChat. Nada também. Ok, desisti. O jeito era esperar! 

O tédio estava enorme e na tentativa de diminuir a impaciência, fiquei rolando as fotos do feed do meu Instagram. 

lunara VÊ SE EU AGUENTO ESSA COISA FOFA, gente!!! 😍 Eu não marco o user dela aqui porque não sou obrigada e antes que mais uma vez perguntem: não, eu não tenho nada contra ela. Ela pra mim nem cheira e nem fede e ela também não é obrigada a ficar sendo marcada em fã clube pro pai da filha dela com a namorada, tipo, nada a ver! Pareço desajuizada mas às vezes penso, olhem que evolução. 🤔) postou no @lausantanareal - insta da princesa administrado pelas três 👀 - "Três quem Priscila sua louca? Não é só a Isabel e a Bruna?" NÃO. Porque lembro muito bem de quando a Bruna falou no snap que queria fazer Instagram pra Laura e o Luan não deixava. Foi só depois da Tatá postar foto com ela que Luan anunciou o ig! Ou seja, só a Pikitinha conseguiu dobrar o boy. Na época eu só deduzia mas agora veio todas as certezas que ELES ESTAVAM JUNTOS, SIM!!! Recomeçando, SIM!!! Gosto disso, dessa surra de razão da rainha. 🙌🏼 Enfim, feliz páscoa meus amores! 💕🐰🙏🏼🍫



lunara HOJE É DIA DAS MULHERES do cantante @luansantana postarem fotinha de coelhinhas! 🙆🏻 Falta só a Mari e a @brusantanareal... 👀 CADÊ A FOTO COM O OVO QUE ELE TE DEU? TÔ FALANDO DO DE CHOCOLATE, sua saliente! 🙄🌝 @tataccioly AMO, AMO, AMO e AMO! 🐰❤️👸🏻🍫



Quando eu menos esperava, eis que ela surge na porta... 

 - Até que fim! Luan já está esperando há um bom tempo. - Érika reclamou e ela apenas fixou o seu olhar (surpreso) em mim. 
 - Luan? - levantei. Seus olhos estavam meio arregalados, parecia nervosa, como eu. 
 - Vim pra te ver. - não sei por que, agi como se estivéssemos bem. Não me agradava que todos ali soubessem que ela me negou, que tão cedo já brigamos. Ela sorriu sem graça. 
 - Melhor vocês irem conversarem lá em cima. - sua mãe sugeriu. 
 - Não, Érika, acho melhor no meu carro. - lhe lancei um sorriso também sem graça e ela assentiu, do mesmo modo. Nem me despedi de ninguém, só atravessei a porta e percebi ela me seguir sem pestanejar. Andei até meu carro e o destravei, esperando ela entrar primeiro. Eu não era do tipo que abre a porta (nem que fosse, ela não merecia), mas sim, era cavalheiro para pelo menos isso. Ela entrou, eu entrei e o silêncio tomou conta daquele pequeno e abafado ambiente. Ficamos nos olhando 'disfarçadamente' e totalmente sem graça por bons minutos, até...

 - Feliz páscoa! - estendi o ovo que eu havia comprado pra ela. Ela sorriu e o pegou. 
 - Obrigada. Feliz páscoa pra você também! - esticou o que embrulho que segurava. Uai, ela tinha comprado um pra mim também? Eu sabia que aquilo era da boca pra fora, já que nossa páscoa não estava nada boa. O silêncio reinou novamente e nossa, que clima pesado. Só que dessa vez, ela que tomou a iniciativa: 
 - Passou o dia com a Laura e a Isabel?
 - Não, por que passaria? - eu sabia bem o porquê daquela pergunta. 
 - Porque agora vocês são uma família, um casal. - jogou veneno e eu me permiti rir da sua ironia incrementada com ciúmes. 
 - Olha... - lhe encarei. - Não aconteceu nada naquela noite.
 - Ah, eu vi que nada aconteceu. - continuou com o tom, e caramba, eu sempre odiei seu sarcasmo nas nossas discussões. 
 - Eu tô falando sério! Não preciso mentir, sou homem suficiente pra repudiar esse ato, você não acha?
 - Acho, acho sim que você é homem suficiente pra muitas coisas... Inclusive pra ser um cafajeste, cachorro! - me acertou com o ovo de chocolate e eu arregalei os olhos com o impacto da agressão. 
 - Tá louca? 
 - Comer aquela... depois de me pedir em casamento? Homem é tudo igual, eu já devia ter aprendido isso. Burra, burra, mil vezes burra! - parecia indignada e raivosa. Me deu... medo, mas, seria estranho eu falar que estava gostando? 
 - Eu não comi ninguém. - controlei meu sorriso. Ela estava se roendo de ciúmes e nossa, como é bom quando não sou eu que sinto. 
 - O pior de tudo é a mentira! Por que não fala logo? Fica menos feio pra você. 
 - Eu estava dormindo naquelas fotos. Se quiser, se ainda tiver as fotos, dá um zoom... Eu não tranquei a porta e ela entrou. Ela invadiu meu quarto, Tanara! Aquela mulher é louca! Quando senti ela me beijando...
 - Ela tava te beijando? - riu desacreditada.
 - Ela é psicopata! Eu a expulsei, juro. Mas ela já tinha feito tudo que fez! Só fiquei sabendo de manhã, pela Bruna. 
- Luan, deixa de ser mentiroso! - ela carregava irritação na voz, pelo o motivo que eu já havia descoberto. 
- Você poderia acreditar em mim pelo menos uma vez, Tanara? - suspirei. Será que ela não podia ver que eu estava ali por ela, para mostrar que eu passaria por cima de tudo, até mesmo uma rejeição ao meu pedido de casamento? - Eu vim aqui para te explicar tudo.
- É uma burrada atrás da outra, Luan. Ela me mandou fotos nojentas, escrotas e que deixaria qualquer uma chateada. - esmoreceu-se, olhando para fora do carro.
- Você não é qualquer uma, você sabe muito bem disso.
- Como você ficaria ao me ver com um cara daquele jeito, Luan? Ficaria feliz? - me olhou, alegando ter toda razão do universo. Mas ela não tinha, ela também tinha me magoado.
 - O foco da conversa não é esse. - nunca que eu ia que eu poderia ter um infarto. Vê se pode? 
 - Então pra quê veio? Aliás, por que veio? Se rompermos, você não me deve nenhuma satisfação. 
 - Eu... - gaguejei. 
 - Por tudo que você me falou naquele dia, realmente pensei que você estivesse se esforçando para não lembrar da minha existência. Podia ficar com ela e não deveria se explicar pra mim, não tem lógica. 
 - Não tem isso de "ficar com ela" e mesmo que tenhamos rompido, eu queria deixar isso claro. Não gosto da Isabel, não fiquei com ela e nunca vou ficar. - ela encarou o chão e eu vi a oportunidade de encurrala-la. - E você? Já que rompemos, não deveria dar esse ataque de ciúmes. - alfinetei e ela passou a gargalhar ironicamente. 
 - Eu? Com ciúmes? Coitado. - ri também, mas sem ironia, ri da sua incapacidade de disfarçar...
 - Tantos anos juntos e você acha mesmo que consegue disfarçar algo de mim? 
 - Você é um idiota. - novamente me bateu com o ovo que eu tinha dado pra ela. Ingrata, eu escolhi com tanto carinho! 
 - Ô caralho, pelo menos finge que gostou do ovo e não fica estragando ele assim. - a repreendi e ela fez careta. 
 - Ciúmes sente quem gosta. Nós termos rompido não significa que eu não goste mais de você, seu babaca. - virou o rosto, toda sem graça. Eu sorri largamente com uma das sobrancelhas erguidas. - Fiquei mal com essas fotos, nojo dessa mulher. Mas, sei que não tenho direito. Já que está tudo esclarecido, melhor você ir pra casa... 
 - Tatá, eu vim para conversar, para me acertar com você, mesmo você tendo negado meu pedido. Foi frustrante, mas porra, olha onde viemos parar novamente! Eu vim atrás de você, eu..
 - Eu também fui atrás de você. Demorei porque toquei a campainha e ninguém saiu.
 - Você foi atrás de mim?
 - Fui. - falou como se fosse o óbvio. - Aonde eu teria ido, Luan? - semicerrou os olhos.
 - Sei lá... 
 - Eu fui atrás de explicações, estava bem magoada com tudo isso...
 - Me sinto menos trouxa agora. - ela riu. Risada linda! 
 - Eu fui atrás de você porque por mais que você tenha falado tudo aquilo, meu coração não queria aceitar. De repente me bateu um arrependimento, uma culpa. Eu que não aceitei, eu que estraguei tudo! Novamente o medo me venceu e destruiu minha felicidade. Essa sensação, mais o que as fotos causou em mim... A soma disso não foi nada legal e em desespero, num impulso, eu fui atrás de você. Tô morrendo de vergonha agora porque sei que não tenho razão... - antes que ela terminasse de completar aquele absurdo, eu, suavemente, a peguei de surpresa e selei nossos lábios. Ela se assustou mas logo se rendeu e nós iniciamos um beijo maravilhoso. Enquanto a prendia, fui abrindo o que ela tanto jogou em mim. Com uma mão só, já que com a outra eu dava assistência ao nosso movimento. Quebrei um pedaço e usei na hora certa: quando desgrudamos nossas línguas e lábios, e ela foi começar a falar, eu enfiei (literalmente) na sua boca. Ela tomou o susto e eu me permiti rir, dando partida no carro logo em seguida. Louco? Não... Enquanto ela tentava mastigar aquilo, tentando também me xingar, eu ria e lhe roubava selinhos ou até mesmo o chocolate. Que situação gostosa!

Tanara's POV

Eu não consigo explicar o meu sentimento ao chegar na sua porta e bater várias vezes em vão. Então, o porteiro me comunicou que ele havia saído cedo. Não conseguia pensar um lugar sequer que ele poderia ter ficado o dia inteiro e não ter voltado até agora para casa. Quero dizer, eu podia, sim, imaginar. E sentia ânsia de vômito a cada momento que pensava nele com Isabel, enquanto dirigia.

Quando cheguei em casa e o encontrei, senti meu coração bater de uma forma exagerada, desesperada e feliz. Ele tinha ido me ver! Ele estava ali, esperando para me ver! Minha mãe logo explicou tudo e ele me chamou para conversar em seu carro. Também não preciso dizer como fiquei quando ele se explicou daquela forma tão romântica para mim. 

No meio de tantas coisas, daquela nossa conversa, não conseguia parar de pensar no que o Marcos havia me pedido, na barbaridade e na reação do Luan ao saber daquilo. Sei que vão me julgar, condenar e quem sabe ficar com vontade de me dar um surra, mas eu não poderia contar. Aquele assunto jogaria a minha chance de viver junto do meu grande amor no lixo, vocês concordam? Eu conheço o Luan, sei o quanto o seu complexo de inferioridade é alto e sei também que ele acharia que eu estava me reaproximando para conseguir salvar minha família. E bom, não é! Eu o amo, muito, mesmo. Depois daquelas fotos o medo de perdê-lo só aumentou, me fazendo até passar por cima da minha própria vontade. 

E foi nisso, que eu amanheci pensando, enquanto ele dormia ao meu lado. Eu não poderia arriscar. 

- Bom dia, minha linda. - sua voz ecoou baixinho em meu ouvido, rouca e sonolenta. 
- Bom dia, amor. Dormiu bem? - o abracei, cheirando seu pescoço até a extensão de sua bochecha.
- Dormi sim, coisa linda. - ele riu, mas logo fechou a cara e ficou pensativo. O que ele devia estar pensando? Ele se arrependeu? Ontem conversamos apenas o básico e quando chegamos, enfim, depois dormimos. O olhei intrigada e passei a mão em sua barriga, o mimando. - Tatá, como a gente fica? 

Então era isso, Meu Deus? Quase gritei com ele as seguintes palavras: agora a gente fica junto pro resto da vida, né, Luan? Mas me aguentei, juro. E sim, seria como ele quisesse! Se ele dissesse que a única condição de ficarmos juntos era casando, eu casava. Se eu tivéssemos que morar no meio do mato, eu morava. Qualquer coisa, mesmo. Eu só queria ser feliz ao lado dele! 

- Como assim? 
- Você vai casar ou não? - foi direto. 
- Só se a minha declaração for com rosas amarelas. - o olhei um quanto sapeca. Ele riu. - O que acha?
- Acho que devíamos fazer uma coisa simples por enquanto. Eu tenho urgência em te dar meu sobrenome e meu Deus, todos os trem de casamento demora muito, dá muito trabalho... - alisou minhas costas. 
- E a magia? Eu quero casar na igreja, Loli! - disse manhosa e ele beijou minha testa, com um sorriso na sua linda carinha de sono. Seu cabelinho bagunçado então, deixava-o mais fofo, mais lindo, mais eu. 
- Eu sempre quis também, meu amor. Algo tradicional! - ele me olhou carinhoso, não contive o sorriso. - Mas, se formos fazer isso, vai demorar tanto... - parecia desgostoso. - Eu quero, muito, tê-la oficialmente o mais rápido possível! Olha, imagina também a repercussão?Você negou meu pedido por medo dos outros e sim, é verdade que temos muitas pessoas contra nós dois... Só criaríamos empecilhos e nos chatearíamos na longa caminhada que é organizar um casamento. Eu sei que todas as muié sonham com esse momento e se for importante pra você, não tem problema. Casamos na igreja e você organiza tudo do jeito que preferir! Só quero te fazer feliz. 
 - Aí meu Deus, eu não aguento você, amor. - selei nossos lábios. - E não, não tenho esse sonho... Mesmo que a gente case numa coisa mais íntima, podemos, depois, também casar na igreja. Estando com você eu estou satisfeita. 
 - Linda. - alisou meu rosto com as pontas dos dedos. - Não se preocupe, viu?! Independente de como casarmos, você terá quantas flores amarelas quiser!
 - Eu te amo. - lhe olhei encantada, com meus olhos brilhando.
 - Você não sabe o quanto esperei por isso. - suspirou aliviado. - Minha menina... - passou meu cabelo para trás da orelha. - Eu te amo muito, prometo te fazer feliz. - então, novamente nos beijamos, celebrando aquele momento tão especial, encantado, extraordinário e único. 

Há boatos que eu voltei, queridinhas! 💁🏻Suspense acabado, dúvida tirada! 🙌🏼 Vai ter casório, sim! 🙅🏻 E se reclamarem... Bom, existem tantas opções pra 'se reclamarem' porque eu sei que muitas não gostaram. 🌝 Confiem em mim, tenho meus planos né non?! 🙊 Vou esclarecer uma coisa: sim, eu desabilitei os comentários. 😅 É um teste, uma nova proposta. Até porque, eu não dependo deles, tenho minhas ideias prontas e ESTAMOS NO COMEÇO DO CAMINHO! 💃🏻 Não me importo com quantidade, com o número de 'comentários' pra ver quantas então lendo, não. 🙃 Antigamente eu pedia pra ver mesmo a opinião, eu gostava dessa interatividade! 😬 Mas agora, nem tanto. Ainda amo ler comentários e agora recebo no meu WhatsApp (olhem que amorzinho). 😍 Me derreto todaaaaa e percebo a diferença de quem vai lá. Essa pessoa se importa, gosta da história e espera ansiosamente o melhor que eu posso oferecer. 💕 Talvez eu habilite novamente, porém, não estou dando certeza. “E o grupo?" Talvez também... Nunca se sabe, né non?! 🤔 Eu estou com mais tempo livre e espero postar o 38 o mais rápido possível. 👏🏼 Só, quê, amanhã é o meu aniversário (15 anos, ui ui ui 🙈🎉🎈) e enfim, não vou poder escrever, nem nada. 😟 Só segunda, tá?! Bom final de semana pra vocês! 🙏🏼💫 Muito obrigada pelas opiniões, ideias, pela paciência, confiança... Enfim, pela leitura de cada uma. 🙆🏻💜 Aguardem, hein?! Beijitos! 😘

sábado, 23 de abril de 2016

Capítulo 36 - Lá vem você de novo, com esse papo bobo, se é por você que eu sou completamente louco...


 - Eu realmente não estou entendendo essa sua reação. Está preocupado comigo e com o Luan? Torcendo? Defendendo ele? Mais sem lógica do que a ideia dele, está sendo sua atitude. 
 - Eu acho que você precisa saber de algumas coisinhas pra ver se acorda! - falou sério, com um tom que até me assustou um pouco. Engoli seco e em seguida, preparei meus olhos e meus ouvidos para seu próximo pronunciamento. Fiquei atentíssima, com a curiosidade mais atiçada do que nunca. 

 - Coisinhas? - ergui as sobrancelhas.
 - Tanara, você nunca se interessou pelos negócios da família...
 - Sim, o que isso tem a ver? - indaguei.
 - Acabou ficando tudo nas minhas mãos. 
 - E nas do Ale. Qual o problema?
 - O problema é que eu não fui capaz de lidar com essa responsabilidade. O Alexandre ajudava mas o maior peso ficava nas minhas costas.
 - Tio, eu... - continuava desentendida.
 - Por uma série de descuidos, eu... 
 - Você?
 - Eu errei, Tanara. Errei, admito!
 - Errou em quê, Meu Deus? - agoniada, minha paciência estava zero para suas delongas. 
 - Já que você prefere dessa maneira, serei direto. Nossa imobiliária está falida! Estamos afogados em dívidas e por mais que tenha tentado de tudo, não consegui achar uma saída. 
 - O senhor é louco? - levei literalmente um susto. Isso era... inadmissível. 
 - Eu não tive culpa, quando percebi já não tinha mais jeito.
 - E por que não abriu a boca? Como estamos falidos se você segue como sempre? Ostentando? Com a vida boa? - levantei-me, altamente nervosa.
 - Eu nunca admitiria meu fracasso. 
 - Nem pra gente? Os outros donos? - falei em um tom mais alto e ele respirou fundo. Estava extasiada. 
 - Sua mãe me mataria! Você abriria a boca pra sua vó!
 - Espera aí, a vovó não sabe? - boquiaberta fiquei. 
 - Claro que não. - abaixou a cabeça. - Aquilo é muito especial pra ela, foi seu avô que fundou. É o patrimônio deles.
 - Que você estragou! - acusei, decepcionada, desacreditada. - Me fala que isso é brincadeira, Marcos! 
 - Não é, nunca faria uma brincadeira tão de mal gosto como essa. É a realidade que vamos ter que enfrentar! Eu não contei para a mamãe por medo de decepciona-lá e por medo da sua reação. Você sabe, ela já tem idade, tem seus problemas de saúde...
 - Ela não pode ficar sabendo disso. - conclui, ainda atortoada. Era fato! Em hipótese alguma Dona Fátima poderia descobrir essa tragédia. - Mas por que está me contando isso só agora? Estávamos falando do Luan, uma coisa não tem uma mínima ligação com a outra.
 - Então você está ciente que ela não pode saber? Promete não contar nada? 
 - É claro que eu não vou contar nada! Eu só quero o bem da minha avó, não vou deixar ela ter esse sofrimento! Agora responde minha pergunta.
 - Fico mais aliviado, muito obrigado. E sim, Luan tem tudo a ver com isso, não parece claro pra você? 
 - Por que seria claro? - cruzei os braços. 
 - Porque ele é rico, oras. Ele tem o dinheiro suficiente para reerguer a nossa empresa. Se você casasse com ele tudo estaria resolvido! - falou sério e conseguiu arrancar-me uma risada irônica. - Está rindo do quê, menina? Isso é muito sério, não estou brincando! 
 - Acho que a pobreza está afetando seus neurônios. Pirou? Eu pedir dinheiro pro Luan? Aliás, eu pedir dinheiro pra isso? 
 - Não pirei, você vai fazer isso. - foi firme. - Você sempre foi uma mimada que nunca se importou com o que te proporcionava caprichos, luxos. Mas agora, tem a oportunidade de retribuir. Não vai ser uma ingrata e deixar sua família na mão, não é Tanara? - me encarou e eu engoli seco. 
 - Eu nunca deixaria minha família na mão e só porque eu não quis trabalhar lá, não quer dizer que eu não me importava. Eu sei que tudo de bom que tive foi graças a imobiliária, ao seu trabalho, mas... 
 - Mas o quê? Você não tem argumentos!
 - Tenho! Não é questão de ser ingrata, eu não sou. Sou eternamente grata por todo o cuidado, carinho, amor e sim, mimos que vocês sempre me deram. Mas Tio Marcos, pelo amor de Deus, eu nunca pedi um real sequer ao Luan! Eu não tenho coragem! Isso é injusto, sujo. 
 - Vai criar coragem! - levantou também. - Já está passando da hora de você virar mulher, Tanara. Não é mais uma menina, tem que acordar pra vida e aceitar a situação que estamos! Precisa de uma atitude pra salvar o que também é seu! Pela sua mãe, sua avó, por mim, por você mesma, pelo seu futuro! 
 - Não, não, olha... Temos o Hugo, hum? - sorri nervosa. - Ele vai ajudar e vai ficar tudo bem. 
 - O Hugo não ajudaria, Tanara. É muito dinheiro, muito provável que ele nem tenha. Além do mais, não quero que ele saiba disso e se ache no direito de me criticar, de pisar, debochar. Não quero precisar dele!
 - Você tem que ser criticado! Precisa precisar dos outros! Foi você quem afundou tudo, merda! - esbravejei. 
 - Tanara, eu ainda sou seu tio, me respeita. - me repreendeu. - Por favor, faça isso pela gente. É a única saída. 
 - Eu... vou conversar com ele. Mas meu Deus, é muita cara de pau da minha parte. Nós brigamos, eu não quis casar, eu não quero casar. Não vou procurá-lo para precisar, pra ele me dar dinheiro! Não tem cabimento, lógica, nada. - suspirei derrotada. 
 - Por isso mesmo você não vai procurá-lo.
 - Não?
 - Não. - sorriu com tranquilidade. - Você apenas vai remediar seu erro. Vai dizer que se enganou, se confundiu, qualquer coisa! Pensou melhor e percebeu que também quer casar. Negou porque estava com medo, mas logo se deu conta que o ama e esse amor é maior que qualquer medo. Que já passaram por tudo e já está mais do que na hora de juntar as escovas. - falou como se aquelas palavras tivessem sido planejadas, ensaiadas; como se fosse a melhor ideia possível. Eu simplesmente senti repulsa e constatei que havia me metido em mais um dilema, em mais um embaraço, sufoco... transtorno. 

Luan's POV. 

Voltei para minha rotina sem noiva e foi bem estranho. Todos perguntavam por ela, perguntavam como estavam, sempre especulando. Consequências das nossas publicações, da nossa exposição. Eu não tive coragem de contar que de repente já não estávamos mais juntos. Não consegui assumir para mim mesmo, era doloroso e não me parecia definitivo. Eu sei que falei que era, mas, sei lá, eu sou tão trouxa que simplesmente não me vejo sem ela, não aceito essa hipótese. 

O aniversário da minha filha chegou e para a minha tristeza, eu tinha show. Era em São Paulo, mas não deixava de impedir minha presença na festinha que Isabel estava preparando. Resultado? Nunca ouvi tantos xingamentos da própria numa só ligação. Ela se superou. Depois de alguns minutos, nem me preocupei em respondê-la mais. Apenas fiquei ouvindo ela surtar, era um show importante e eu terminantemente não podia cancelar. Tinha visto Laura no dia anterior e até já havia dado seu presente, mas Isabel era incompreensiva e estava achando aquilo um absurdo; para variar, aproveitou a situação para colocar minha paternidade em dúvida. 

Minhas fãs estavam lotando o Instagram com homenagens para minha filha e eu como um pai babão, soltava um sorriso bobo para cada publicação vista. Minha irmã pediu para passar o dia com a sobrinha e Isabel autorizou. Logicamente ela não deixaria de registrar o dia especial. 

brusantanareal Comemorando o dia da minha princesa da melhor forma possível: comendo, abraçando, beijando e comprando. 👧🏻🎈Titia ama essa mais nova mocinha de 6 anos! 🎉😍 @lausantanareal 




Curti e logo fui atrás de uma foto também. Tiramos há um tempinho, mas servia. 

luansantana Quando você apareceu, minha vida virou de cabeça pra baixo, mas ao mesmo tempo, ganhou uma luz única. Agradeço a Deus por ter você na minha vida, Lauroca! Papai ama demais você! Não cresce não porque eu não tô preparado... 😠 Feliz aniversário, minha princesa! 😜❤️ @lausantanareal 



Já havia ligado para minha danadinha e a comuniquei que eu não iria na sua festa. Percebi sua voz tristinha, o que cortou meu coração. Mas também não fez o escândalo da sua mãe, apenas assentiu e mandou beijo, passando o celular para minha irmã logo em seguida. Só que contrariando minhas expectativas, eu compareceria. No final da tarde começou a chover e com o passar das horas a chuva foi só piorando, intensificando. Ou seja, o local não tinha estrutura pro evento. Adiado! 

Não avisei ninguém, apenas permaneci em casa e comecei a escolher uma roupa para comemorar o seu aniversário de 6 aninhos. Arrumado, saí de casa na hora certa. O caminho não era tão longo e então, não me atrasei. 

 - Papai! Você veio! - Laura correu para os meus braços e eu sorri largamente. 
 - Parabéns, coisa linda! Feliz aniversário, viu?! Papai veio, sim. - a fiz cosquinha e ela riu, sapeca e muito feliz. Já estava satisfeito em ver seu sorriso. 
 - É o mínimo que podia fazer. - Isabel revirou os olhos, de braços cruzados.
 - Isabel. - a repreendi, não queria que ela envenenasse minha filha. 
 - Papai, eu vou brincar, tá?! - beijou minha bochecha, como um pedido para eu colocá-la no chão. Bom, a obedeci. Em instantes Laura saiu correndo e eu acompanhei sua sombra. 
 - Resolveu dar uma de bom pai depois de ouvir verdades? - sorriu cínica. 
 - Não. Por sorte o show foi adiado, choveu bastante. 
 - Só por isso veio ver sua filha? Estava muito bom pra ser verdade! 
 - Olha aqui... - antes que eu me pronunciasse, fomos interrompidos por Xumba.
 - Vocês não vão brigar no aniversário da criança, não é?! Luan Rafael! - me olhou feio. Isabel fez sua cara de nojenta e me deu mais raiva. Respirei fundo e acompanhei minha mãe, saindo de perto dessa paranóica. 

Eu, Bruna, Xumba e Seu Amarildo ficamos numa mesa, sozinhos. De vez em quando eu era tietado por convidados e Laura passava pra nos dar beijos. Toda carinhosa, toda meiga e sempre acompanhada de uma amiguinha. Um pique sobrenatural! Na hora das fotos, ela tirou com os avós paternos, maternos, com a tia... E na hora dos pais, Isabel exigiu uma foto de nós três. Como se fôssemos uma família. Não a contrariei e Bruna até tirou no meu celular também. Batemos os parabéns e depois de aproveitar mais um pouco, todos começaram a ir embora, incluindo meus pais. Íamos com eles, mas minha filha pediu que eu ficasse mais um pouco, aliás, pediu que eu dormisse com ela, toda manhosa. Fiquei sem graça. No dia seguinte eu não tinha nenhum compromisso, mas na última vez que eu dormi na sua casa aconteceu o que deixou Isabel amargurada: nós transamos. Eu queria distância dessa louca, nem sei como um dia a comi. Só que a carinha da minha filha foi fatal e só me restou pedir pra Bruna ficar comigo. 

Encerramos a festa e fomos embora. Minha filha foi durante todo o tempo no meu colo e acabou pegando no sono. Isabel tinha uma expressão meio indecifrável. Parecia feliz por estarmos parecendo uma "família" e ao mesmo tempo, ainda estava emburrada pro meu lado. 

Coloquei Laura na cama com a ajuda da minha irmã, enquanto Isabel ajeitava os nossos quartos. 

 - Dormindo nem parece a pestinha que é. - comentei, observando-a.
 - Deixa de ser ruim, Pi! - Bruna riu baixinho. - Ela é linda, é a mistura de vocês. 
 - Com o jeito da Tanara. Tem alguma coisa errada! - descontraí e ela riu novamente, mas de um jeito diferente. - O que foi?
 - Você falou dela e eu lembrei da constante confusão de vocês dois. Onde será que essa doida tá agora? 
 - Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. 
 - Ah claro, nem tem ciúmes você. 
 - Você quer mesmo ficar falando dela? 
 - Você sabia que eu que busquei ela no dia que você abandonou a coitada sozinha no show do Bruno e Marrone?
 - Coitada nada. Ela te contou o que aconteceu? 
 - Pi...
 - Claro que contou. Acha que eu devia ter aceitado a resposta dela?
 - Eu acho que vocês dois daqui a pouco se acertam, porque se gostam. Casados ou não. Não acha que talvez ela pensou no seu bem? Um casamento agora seria uma bomba na sua carreira. 
 - Ela pensa demais, esse é o problema. 
 - Você não disfarça, sabia?
 - O quê, Bruna?
 - Que tá mal. Triste. 
 - Eu tô triste e bem mal. Fazer o quê? Eu gosto daquela desgraçada, me iludi achando que ela aceitaria. 
 - Ela não vem atrás, você não vai... E aí?
 - E aí que não sei. Só o tempo vai dizer. Vou esperar ele. 
 - Vai perdê-lo também, não acha?
 - Bruna, por favor, para de falar disso. 
 - Tudo bem! Me desculpa, não sabia que te machucava assim. 
 - Não é que me machuque falar disso, me machuca lembrar o que ela fez... 
 - Ok, vamos mudar de assunto. E a Isabel?
 - O que tem ela? - ri.
 - Hoje vocês pareceram uma família. 
 - Demos uma trégua por causa da Xumba. Ela nos pegou prestes a começar uma briga.
 - Certa a mamãe. No aniversário da filha de vocês, Pi! 
 - Ela me provoca, Bruna! 
 - Eu sei e sei também o motivo das atitudes dela. Ela é apaixonada por você. - dei de ombros. - Você realmente não se importa?
 - Como assim?
 - Sei lá, Pi, vocês têm uma filha... 
 - Não, Bruna. Eu nunca ficaria com a Isabel, se é isso que você quer saber. 
 - Tem certeza?
 - Bruna! Esqueceu que tem uma anã na minha vida? E mesmo que não tivesse, a Isabel é bonita, mas só bonita. Nada nela me encanta, o jeito dela me irrita. Eu iria atrás de outra. 
 - Pensei que você fosse capaz de usar ela pra esquecer a Tatá. E depois, sei lá, aprender a gostar... 
 - Acho que seu mal é sono. Vamos dormir, Piroca! - a abracei de lado e ela sorriu de canto. Fomos para os nossos devidos quartos e Isabel se despediu. Agradeci por ela não ter falado mais nenhuma besteira, a cota do dia esgotou. 

Terceira pessoa's POV. 

Isabel, apaixonada e satisfeita com sua noite de família ao lado de Luan, não podia desperdiçar aquela oportunidade maravilhosa. Ele dormindo na sua casa? Não, ela tinha que aproveitar. Mas, iria fazer o quê? 

Um conselho de amiga: nunca duvidem da criatividade e da coragem de uma mulher carente, mal amada e apaixonada. 

Isabel tomou banho e colocou a sua melhor lingerie, juntamente da sua melhor camisola. Hidratou as pernas e exagerou no perfume. Ela estava pronta para...

Para o quê mesmo? Ah, não contei. Me perdoem! Porém, não tem problema, eu conto agora: ela planejava invadir o quarto do pai da sua filha. 

Louca, né?! Mas é como disse, nunca duvide das suas atitudes. 

Luan estava na casa alheia, ou seja, não podia e sequer lembrou de trancar a porta. O que facilitou muito! Então, com muita cautela, ela adentrou silenciosa. Viu seu amado dormindo e se permitiu um sorriso. Ela realmente gostava dele e esse sentimento era antigo. Nasceu tão sortuda que criou um vínculo eterno com o mesmo. 

Isabel se pôs ao lado de Luan e abraçou sua cintura, inspirando seu cheiro. Tadinho, estava tão cansado que se entregou à um sono profundo. Ela afagou seus cabelos, lhe admirando. Beijou seu pescoço e alisou seu braço. Aproveitou cada pedacinho daquele corpo másculo e perfeito, com carícias e até mais que beijos. Ele continuava sem se mexer, o que ela agradecia. Avistou seu celular e não pensou duas vezes antes de pegar seu dedo e passá-lo no aparelho, com cuidado, para o desbloquear. 

Estava com a mina de ouro nas mãos, um trunfo e tanto. E na hora lembrou da mulher que tinha o coração de quem mais desejava. Ele amar Tanara era uma injustiça enorme pra mulher tão apaixonada e louca por aquele homem. Enfim, decidiu se divertir um pouco. 

Isabel sabia bem que eles estavam bem assumidos para a família, e achava aquilo um absurdo (mesmo sem ter brigado com ele por isso ainda) logo depois dela se separar do noivo. Xingava mentalmente Tanara de todos os nomes baixos possíveis. 

- Agora essa aproveitadora vai ter o que merece, saber quem é o Luan de verdade. Cafajeste. Lindo. - disse sorrindo e abrindo a câmera do celular de Luan. 
Luan, que dormia calmamente apenas de calça (ele mesmo havia tirado a camisa) exausto do dia cheio, foi plano de fundo de muitas fotos. Isabel tirou a roupa do próprio corpo, ficando só de lingerie, e então se deitou ao lado de Luan. Muitas fotos comprometedoras foram tiradas, em poses pra lá de sensuais. Conseguiu disfarçar que ele dormia inocentemente. 
- Tem como ela não acreditar nisso? - disse rindo, amando se divertir daquela maneira. 

A conversa no WhatsApp com Tanara foi aberta e então lotada de fotos dos mais variados tipos, inclusive da festa de mais cedo. 

- "Ele tem uma filha comigo, você consegue superar isso?" - sussurrou baixinho a frase escrita na mensagem, e então, enviou. 

Ria, se sentindo tão bem como há muito tempo não se sentia. Sua vingança pessoal e não esperada enchia seu ego. Mal esperava a hora de ver aquilo pegar fogo. Viu Tanara abrir a mensagem, e antes de receber uma resposta, bloqueou o contato. Coisa de pessoas baixas e covardes. 

- Agora não vai ter forma de reclamar. - riu baixinho, excluindo as mensagens e logo depois as fotos, não sem antes enviar pra si mesma. 

Seriam lembranças incríveis que ela não deixaria de perder, e aquelas fotos com toda certeza estampariam os porta-retratos do seu quarto. 

Tanara por sua vez, não acreditava no que estava vendo. Estava mais do que claro pra ela que quem havia enviado às fotos era Isabel, mas não podia se conformar de Luan ter corrido pros braços dela tão cedo. Logo dela! 

Odiava ter que olhar aquelas poses, e o braço dele sobre seu corpo. Ele não podia ter feito isso com ela, que estava sofrendo com tudo, inclusive ainda com o rompimento desastroso. 

- É assim que ele quer casar comigo? - disse sentindo os olhos encherem de lágrimas e abraçou o travesseiro triste;  enquanto isso a raiva só aumentava. 

Aquela atitude tomou sua mente de forma transformadora. Precisa falar com alguém, e a escolhida foi Bruna, que havia sido muito boa pra ela desde o dia na boate.

Luan's POV. 

Tatá estava abraçada ao meu corpo. Suas mãos tinham toque macio e aconchegante, então reagi e apertei mais meu braço ao redor da sua cintura. Que delicia, dormir ao lado da minha menina e... 

Tanara? 

Abri os olhos assustado enquanto sentia um toque suave nos meus lábios. Levei um susto ao me deparar com Isabel sobre meu corpo, de olhos fechados, e me beijando. E então, soltei um grito, assustando ela. 
- Que susto Luan! - gritou se afastando e me acusando, nervosa. 
- Que susto digo eu! O que você tá fazendo sua louca? - disse ainda sem entender nada, mais alto do que gostaria e tentando me grudar ao máximo na cabeceira da cama para fugir daquela maluca que me olhava com desejo. Ela me dava medo. 
- Você é um gay, sabia? - debochou bufando. 
- Eu achei que tava sonhando sua maluca, sai daqui! - Disse puxando o lençol tentando cobrir cada parte do meu corpo. - Só o que me faltava, abusando de mim enquanto eu durmo! Você é totalmente desequilibrada! 
- Gay! - acusou. - Vai acordar todo mundo da casa desse jeito. 
- Eu acordo a cidade se você não sair daqui! - rosnei, ainda mais bravo.
Me levantei rápido, enrolando o lençol no seu corpo e puxei ela pelo braço pra fora da cama. 
- Nossa, Luan! Para! - reclamou enquanto eu puxava-a até a porta. 
- Some daqui! - dose empurrando ela pra fora e fechando a porta. 

Assim que virei, respirei fundo e vi sua camisola no chão. Peguei a mesma e voltei pisando forte até a porta. A maluca ainda estava parada ali, então joguei a peça sobre ela e fechei, trancando dessa vez. 
Sentei na cama, assustado pela forma brusca que acordei. Respirei fundo. 

- Meu Deus, me dai muita paciência... - pedi voltando a me deitar e me cobrir, aliviado por estar com a porta trancada dessa vez; bem longe daquela louca.

Demorei para me recuperar e depois, peguei no sono. Precisava esquecer isso e nada como um novo dia. 

 - Depois abrimos o resto, Laurinha! - avisei, parando para irmos tomar café da manhã. Ela concordou. Bruna me lançava um olhar desconfiado e eu não entendia. Ela não escutou nada, não é?! Ou será que notou que havia algo de errado só pelos olhares que eu e Isabel trocávamos? Os meus, de raiva. Os dela, de cinismo e felicidade. A doente não estava nem mesmo um pouco constrangida, o que me dava mais raiva e repulsa. Ela sabe o que fez? Olha a mãe que eu fui arranjar pra minha filha! Por que esse castigo? 

 - Deixa seu pai e sua tia comerem, aí a mamãe banha você. - falou com Laura, que novamente concordou.

Amanhecemos e fomos abrir os presentes de imediato, a pedidos da mesma. As duas saíram e eu respirei fundo, louco para sair do antro daquela cobra, louco para não olhá-la mais, desejando mais que tudo o meu apartamento. 

 - Aconteceu alguma coisa? - Piroca perguntou, carregando o mesmo olhar sobre mim.
 - Não. - sorri amarelo. 
 - Tem certeza?
 - Tenho! - comecei a preparar a comida que em instantes levaria para a boca. 
 - Sua raiva da Tatá é tão grande que te fez bloqueia-la também no WhatsApp? 
 - Hã? Eu não bloqueei ninguém. 
 - Tem certeza? Vai na sua lista de bloqueados. - instantaneamente peguei meu celular e fui conferir. Nossa, ela realmente estava ali. 
 - Eu juro que não lembro disso. Tem alguma coisa errada! - intrigado, desbloqueei na mesma hora. 
 - Tem alguma coisa errada, porque não foi você que bloqueou. Quem fez isso foi a Isabel e foi ontem, depois de mandar várias fotos pra ela! 
 - Puta merda. Não me diz que... 
 - As fotos são horríveis, Luan. 
 - Ela invadiu meu quarto, Bruna. Eu estava dormindo! Quando senti e acordei, expulsei ela. 
 - Mas antes disso ela teve tempo suficiente pra tirar as fotos, mandar pra Tatá falando coisas imbecis e sem classe, bloquear a menina e ainda apagar tudo e fingir que nada aconteceu. 
 - Eu nunca saberia. 
 - Nunca mesmo, porque a Tatá tá muito chateada, me pediu silêncio. 
 - Ela não pode ficar chateada comigo! Eu não fiz nada, merda. Essa mulher é uma louca! 
 - As fotos são ela de lingerie, em cima de você, te dando beijos... Tem certeza que a Tatá tem que levar numa boa? Tudo bem que vocês romperam, mas, ela gosta de você e achava que você também gostava dela. 
 - Não aconteceu nada entre a gente.
 - Mas ela não sabe disso! Aliás, ela lembra muito bem que vocês dois já transaram. 
 - Me mostra tudo que ela te falou, Bruna. 
 - Não, Luan. Isso é injusto com ela! 
 - Ela te mandou o que a Isabel mandou pra ela? Me mostra só isso pelo menos. 
 - Também não. 
 - Porra, Bruna! - esbravejei. 
 - O melhor é vocês conversarem. Ah, e a Isabel mandou até as fotos do aniversário, esfregando na cara da menina que a sua família é ela e a Laura. 
 - Chega. - levantei. - Eu vou dar um basta nisso! A Isabel não vai estragar minha vida, não vai machucar a Tanara assim. - levantei. 
 - Aonde você vai?
 - Embora! 
 - Hã?
 - Vou atrás da Tanara, depois, eu me resolvo com a Isabel. E acredite, ela vai pagar caro!
 - Você não estava com raiva dela, Luan? 
 - Estava, Bruna. Mas porque ela não aceitou casar comigo. Ela é a errada, eu não. Eu não vou deixar ela pensar isso, ficar decepcionada com uma coisa que não aconteceu! Vou esclarecer.
 - Vão voltar? - Bruna levantou também. 
 - Bruna, não piora tudo.
 - Não piora você! Ficou todo preocupado. Se ficou, é porque tem esperança que voltem.
 - Em momento algum eu pensei em me separar dela definitivamente. Pela raiva da rejeição falei coisas da boca pra fora, mas só isso. Se eu não consertar isso agora, Bruna, ela nunca mais...
 - Corre, porque ela tá muito mal. Pensou até que isso foi uma vingança sua. 
 - Não, meu Deus! Não! - pus as mãos no cabelo. - Vamos, Bruna! Vamos! Eu não quero mais nem olhar pra cara da Isabel. 
 - A Laura, Luan! 
 - Depois eu falo com ela. Vem! - me apressei em pegar todas as minhas coisas e minha irmã só me seguiu. Saímos sem nos despedir. Uma mal educação necessária. Eu precisava ver a Tanara, conversar com ela. Talvez não tivesse sentido o que eu estava fazendo, mas, eu sou trouxa. Ser trouxa serve de desculpa pra tudo. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Capítulo 35.4 - A minha impaciência foi me entregando...

Tanara's POV.

O aniversário do meu amor foi incrível e finalizamos com chave de ouro. Assim que acordamos tratei de repreendê-lo, pelo fato de mais uma vez termos esquecido a camisinha. De início ele deixou transparecer sua preocupação, mas depois, tratou de disfarçar pondo um sorriso no rosto e afirmou que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, ou seja, eu não engravidaria novamente estando com uma perda tão recente. 

Não que tivéssemos desistido de ter filhos, não. Mas realmente meu aborto fazia pouquíssimo tempo: eu ainda estava me recuperando, tanto psicologicamente como corporalmente. Atualmente, outra gravidez não era recomendada. Sem contar dos problemas, estávamos num momento muito delicado. 

Outra coisa que eu o repreendi foi sobre as marcas que ele havia deixado em mim. Ao olhar-me no espelho até assustei; a cor e o tamanho deixava-as impossível de não perceber. Indisfarçáveis. E agora? Ferrou, hum? Estávamos com sua família, muitos parentes, é claro que qualquer um logo veria. 

 - A culpa é sua que me provoca. Agora se vira! E ó, muié: minha família gosta dessas coisas, não, viu?! Dizem que é coisa de muié safada, sem vergonha. - o descarado me pôs mais medo, entrando no banheiro na maior despreocupação. Aliás, ainda ria de mim. Dá pra acreditar?
 - Vai tomar no seu... 
 - Tanara. - impediu que eu terminasse o xingamento, debochado. Bufei, indignada. 
 - Você vai ver se ainda vai encostar em mim, Luan Rafael. - ameacei e tive como resposta uma gargalhada sua. Resolvi não retrucar mais, tratei de focar no meu pescoço; precisava esconder aquilo e obviamente, usei minha companheira: a maquiagem. Não queria me rebocar tão cedo, mas, se não fosse assim as marcas estariam visíveis à todos. 

Ele só tinha me marcado pelo "acordo" que fizemos. Eu o chupei sem querer, então, ele teve que retribuir com mais intensidade. Agora me arrependo e prometo para mim mesma que nunca mais irei aceitar suas brincadeiras, eu era quem sempre se dava mal. Até porque, na pele dele nem tinha sinais meus. Nada, nadinha. Revoltante! 

Depois que voltei do aniversário, minha mãe parecia mais calma, menos raivosa e chateada. Perguntou como havia sido e eu lhe contei tudo, com um sorriso de orelha a orelha. Não se deu por vencida totalmente e continuou mais reservada. Não me importei, eu estava muito feliz e teriam que nos engolir. 

Luan me surpreendendo como sempre, me fez um convite maravilhoso. Um show. Adivinhem de quem? Bruno e Marrone. Inacreditável, né?! Eu fiquei tão feliz que ele até riu da minha euforia. Eu amava eles, as músicas deles... Amava demais, mesmo. Então, foi impossível negar. 

Caprichei na minha produção, afinal, era uma noite especial. Essa dupla tão maravilhosa marcou nosso começo, nosso namoro, nosso término, nossa distância e o nosso recomeço tão perturbado. Meu amor foi me buscar e eu não dei satisfações à ninguém, não deixaria que eles estragassem meu entusiasmo. O notei mais ansioso que eu, e olha que eu nunca o achei tão fã. Vai ver me enganei, não é?! 

Assistimos todo o show do camarote e enquanto eu prestava atenção em cada sílaba que eles cantavam, Luan me abraçava por trás, deixando de vez em quando, beijos molhados no meu pescoço. Um clima perfeito, parecia estar num sonho. A minha música preferida começou, aliás, a mais lunara. 'Agarrada em mim' se tornou sagrada depois dele ter cantado-a para mim na nossa segunda noite; quando ele foi atrás de mim em Fortaleza, com a ajuda de Carolina. Passei a canta-lá baixinho, mas acabei sendo atrapalhada por um sussurro em meu ouvido. 

 - Meu amor...
 - Hum?
 - Isso tudo tem um propósito, sabia? 
 - Tem? - ri fracamente.
 - Tanara Accioly, minha Pikitinha, encalhada, anãzinha, empata foda... Você aceita deixar de ser minha menina e se tornar minha mulher, oficialmente? Quer casar comigo? - Luan disparou e meu coração o imitou. Eu não estava preparada. Meus olhos arregalaram-se, minha boca secou e minha respiração ofegou. Ele então riu baixinho, ainda no pé da minha audição. Eu encarava o palco desnorteada. De repente a melodia começou a se distanciar, um som muito longe, abafado, opaco. 
 - Tatá. - a voz de Luan saiu no volume normal, me fazendo despertar. - Não vai responder? Aceita? - virei imediatamente e me deparei com o sorriso mais lindo que ele já tinha me permitido ver. Suspirei e sorri nervosa ao mesmo tempo.  
 - Você é louco. - únicas palavras que quiseram sair. O momento deixou-as preguiçosas e indispostas. Ele continuava a sorrir, me deixando mais nervosa ainda. Lembrei então das suas frases iniciais e tratei de arranjar respostas para as mesmas. - É claro que eu aceito ser sua mulher. Eu sempre fui sua. Sua menina, sua mulher. Sempre. - alisei seu rosto que agora estava iluminado da forma mais maravilhosa possível. - Eu te amo. - nossos olhares continham o mesmo brilho, e o meu, particularmente, um pouco de receio também. Antes que eu terminasse de apresentar minha resposta, meus lábios foram tomados pelos seus. Finos, deliciosos, meus. A música então se estabilizou como antes e com o beijo acabando, meus olhos foram abrindo e a coragem me abandonando. 
 - Eu te trouxe aqui porque lembrei de uma vez que estávamos nos arrumando para um show meu, em 2014, eu cantei uma música deles pra você e enfim, acabei prometendo que só iríamos à um show deles quando eu fosse te pedir em casamento. Foi no momento certo. Planejei trazer a aliança que eu comprei ainda no nosso namoro, bem perto de terminarmos. 
 - Você comprou uma aliança? - indaguei boquiaberta. 
 - Sim. - riu fracamente. Percebi a música acabando, mas logo retornei minha atenção para ele. - Eu estava decidido a te pedir em casamento, mas logo em seguida veio toda aquela confusão... Flávia, Erick... Mas pelo amor de Deus, não vamos falar deles. - pediu quase em suplico. - Você não se importa se noivarmos sem ela, não é?! Eu queria fazer tudo bonitinho, eu sei o quanto você liga pra essas coisas, só que eu esqueci... Pensei em voltar para buscá-la, mas já estava atrasado, não queria te deixar esperando e muito menos perder o começo do show. - explicou-se fofo, me apertando o coração. Eu não o merecia. 
 - Loli, eu...
 - Você se importa? Poxa, Tatá. - passou a mão no cabelo, com uma pré chateação. 
 - Não, não. - neguei prontamente, balançando a cabeça e sim, o sorriso nervoso ainda dominava meus lábios. - Eu não me importo. Aliás, eu não me importaria. - juntou as sobrancelhas. - Eu aceito ser sua mulher, até porque sempre me achei isso. Sempre me achei sua, como já falei. Nós estamos numa nova fase, delicada... Vou continuar sua, independente de qualquer coisa. 
 - Aonde você quer chegar? - um sorriso confuso se apossou da sua expressão. 
 - Eu não quero casar. - abaixei o olhar, encara-lo exigia a frieza que eu não tinha. 
 - Como assim? - sua risada saiu desacreditada. - Isso não tem graça.
 - Eu não estou brincando. - voltei a encara-lo. - Amor, olha a situação que estamos! Vamos deixar as coisas se acalmarem? 
 - Amor é o caralho, Tanara. - bufou, muito sério dessa vez. 
 - Você é muito apressado! Parece que gosta de confusão! Já pensou nas consequências de um casamento agora? 
 - Eu não estou nem aí. Faz um bom tempo que eu parei de me importar com o que os outros vão pensar e passei a me importar com o que eu sinto. Eu não entendo você, Tanara. - sim, começamos a discutir ali mesmo, enquanto o show prosseguia. 
 - Eu só acho muito precipitado! Acabamos de nos assumir e já vamos casar? O que custa ficarmos assim por um tempo?
 - Namorando? - riu sarcástico. - Namorar nós já namoramos. - respirou fundo. 
 - Eu acabei de sair de um noivado, você tem que ver isso também. 
 - Ah, obrigado por me lembrar. Agora eu já entendo por que você não quer casar comigo.
 - Já vai ser paranóico? - cruzei os braços. - Eu quero casar com você, mas não agora. Você parece que não pensa, Luan Rafael! - irritei-me e em instantes sua mão pegou firmemente meu braço. Seus olhos negros estavam de uma forma nunca vista por mim. Raiva, decepção, esgotamento. 
 - Você tá me dando esse fora porque eu sou um trouxa. Se eu fosse homem de verdade você não faria isso comigo. Sabe por quê? Porque eu já teria te largado! Você não respeita meu sentimento, não me respeita. Se acha no direito de brincar, pisar. Tudo isso porque não gosta de mim, gosta dele. Mas se você se diz tão honesta, deveria assumir isso! 
 - Quem tá falando de Felipe aqui, Luan Rafael? - soltei meu braço, quase revirando os olhos. Ele com essa história, não! 
 - Uai, com ele você noiva, você casa. Ama ele e só achava divertido me usar. Mas não deveria ter cedido ao chato que te enchia o saco. Falasse pra ele que ama o seu noivo, oras! - deu de ombros, rindo sem humor. 
 - Se eu amasse o Felipe, eu trairia ele com você? Hein?! 
 - Traía porque...
 - Se você for me ofender, acho melhor a gente parar por aqui. 
 - Ah, tadinha! Ofendida! Incrível que você vive me ofendendo, me magoando... 
 - Você com seu ciúme doentio, sua insegurança exagerada, não percebe que eu só traí ele porque te amo. Eu sempre odiei traição! Nunca teria feito o que eu fiz se eu não te amasse. Tudo pra você é porque eu gosto do Felipe e caramba, quem gosta faz o que eu fiz? Eu noivei com ele porque sei lá, foi um momento de loucura, uma tentativa de te deixar só no meu passado definitivamente. Eu demorei pra terminar com ele por medo. Medo de magoar ele, medo das reações. Ele pode ter todos os defeitos do mundo, mas sempre me tratou muito bem, sempre se esforçou pra me fazer feliz e não merecia isso. Mas por você, Luan, eu machuquei ele, eu briguei com a família, eu fui contra os meus princípios. - ele não me olhava. - Seu egoísmo é maior do que você. Esse amor que você sente por mim não é saudável! Eu não queria casar por tudo que estamos passando, mas agora, eu não quero casar porque sei que em qualquer momento que eu não te agrade, você vai deduzir que a razão é meu amor pelo o Felipe, é o que eu só te usei... Eu não quero passar o resto da minha vida assim, sofrendo com essa sua desconfiança! 
 - Então não passe. Eu não quero mais viver desse jeito com você e achava que você quisesse a mesma coisa, casar de uma vez. Mas você é complicada demais, é mimada demais, é medrosa demais... Não dá pra mim! Quem tá acabando tudo agora sou eu! E espero que daqui a dois anos eu não te reencontre. Você nunca me mereceu, nunca soube me dar valor. Esquece tudo, Tanara, é melhor pra você. Eu vou fazer o mesmo. - me deu as costas e saiu à passos largos. 

Fiquei em choque com a sua atitude. Não sabia decifrar o que estava sentindo. Raiva, chateação, tristeza. Não sabia o que queria. Sair correndo e chorar, assistir o resto do show chorando, ir atrás dele para xinga-lo... Eram inúmeras opções e na minha confusão interna, apenas permaneci ali. Novamente eles acompanhariam meu sofrimento. Suas canções intensificariam o nosso problema e em um drama melancólico, me entenderiam, tratariam do assunto com uma clareza que eu não era capaz de enxergar. Será que no final do show eles poderiam me dizer a solução? Me dizer o que fazer? Me dizer quem era o errado da história? Será? Mas então, como faço para contratar Bruno e Marrone como conselheiros amorosos particulares? 

Luan's POV.

                              PUTA                                                         
                            MERDA!

Simplesmente deu tudo errado. Tanara era desgraçadamente imprevisível. Nunca, nem como devaneio, passou pela minha cabeça a hipótese dela não aceitar o pedido. Qual era o problema dela? 

Deus, por favor, me responda: qual pecado eu cometi para ter que amar essa...(ok, sem ofensas)... criatura? Foi nessa vida? Não? Eu sei que não, porque não é possível. Sinceramente? Eu não aguento mais. Se o Senhor puder dar uma ajudinha, eu agradeço. Nunca fui um mal filho para o Senhor, deve saber disso pelas minhas orações diárias, pelos meus atos... Claro que sabe, és Deus, O Todo Poderoso. Minhas forças se esgotaram e agora, entrego em tuas mãos. O que o Senhor quiser pra mim, eu quero. Se for pra ela ser minha, ela vai ser. Se minha felicidade não for com ela, há de tirar ela do meu coração. Só que independente dos seus defeitos, das raivas e chateações, eu a amo tanto. Queria tanto ser feliz com ela e caso os destinos que o Senhor tenha traçado para nós dois não se cruzem, eu confesso que será difícil aceitar a outra escolhida para ocupar o lugar dela. Ela é única. Entretanto, eu aprenderia a amar algo diferente. Eu serei obrigado a aprender, já que ninguém é feliz sozinho. 

Então, peco. Numa narração tão santa, me pego lembrando dos prazeres que aquela bandida me proporciona. Está foda. 

Flashback ON: 

         | Continuação desbloqueada |

Tatá me sorriu com os olhos e por um segundo eu soube ler tudo que vinha deles. Suspirei, e animado, soltei seu cabelo e olhei ao redor do quarto enquanto me passava uma vaga ideia pela cabeça. Vi, no canto do lado da cama, um espelho que não estava virado pra mesma. 
- Hum, não estou a fim de te aproveitar aqui. - disse olhando em seus olhos novamente e acariciei seu rosto, depois voltei a olhar pro quarto. Avistei um sofá, dava bem pra nós dois, e decidi que seria ali. 

- Um instante. - disse me levantando e caminhei até o sofá sob o olhar atento e aflito de Tanara. 

Testei o peso, e assim que constatei que dava pra levantar, fiz. Arrastei com um pouco de dificuldade até a frente do espelho, de modo que ainda assim conseguisse ver nosso corpo todo.

Ajeitei exatamente do jeito que queria antes de sorrir e voltar pra cama, já animado, e tascando logo um beijo gostoso e molhado na minha menina. 

Apertava sua cintura com força, arqueando as suas costas cada vez mais pra mim. À medida que o beijo ganhava intensidade, desci as mãos pra sua bunda e apertei com muita força. Tão gostosa, tão minha. Tanara deixou ecoar um gemido baixo e suplicante. Eu sabia que ela queria mais, estava impaciente, mas ainda iria torturar. Tanara estava entregue e eu amava isso.

Em seguida, dando início ao plano que eu tinha, comecei um beijo, enquanto com as minhas mãos ergui uma das suas pernas e passei pelo meu corpo, colando bem seu corpo em mim. Dessa maneira, sabia que Tatá podia sentir o volume do meu membro, que eu nem sabia como ainda estava aguentando depois de tanta tortura. Voltei uma das mãos na bunda, e a outra emaranhei com força entre os seus cabelos, conseguindo erguer todo seu corpo conforme ela me abraçava pelo pescoço e suspirava contra meus lábios. 

Aquilo era um afrodisíaco incrível. 
Me levantei com Tanara ainda naquela posição, sem cortar o beijo, quase sem fôlego e andei até o sofá. Deitei primeiro seu corpo e me acomodei por cima, finalizando o beijo longo com selinhos, mais por faltar de ar do que por vontade própria. 

Fechei os olhos, sorrindo, enquanto nossos rostos se tocavam em carícias silenciosas; alisei seu rosto com as minhas mãos. A pele macia me deixava fascinado, até seu cheiro me hipnotizava. 

Ainda um pouco ofegante, senti seu coração batendo forte embaixo de mim. 
- Você só precisa sentir. - disse, com a voz rouca de desejo. 

Seu corpo todo se arrepiou, suas mãos pararam na minha cintura por dentro da camisa e eu sorri. 
- Nossa vida sexual tem que estar naquele livro também, ela é incrível. - suas bochechas coraram. - Você escreveu? - ela negou com a cabeça, com um sorriso malicioso. 
- Fiquei envergonhada. - se aproximou do meu ouvido. - Sabe como sou tímida e inocente. 

Dei risada do seu jogo, ela estava tentando me responder à altura e me provocar. 

- De inocente, Tanara... - disse pegando na perna dela, levantando-a e me abaixando até seu corpo, para beijar sua barriga sequinha. - Você não tem nem a cara. - olhei com intensidade antes de beijar sua boca novamente. 

Naquela posição conseguia sentir o calor que irradiava da sua intimidade. Sorri entre o beijo. Ela realmente era muito inocente... só que não. 
- O que foi? - perguntou soltando um riso entre o beijo. 
- Vou fazer um stripper pra você. - disse a primeira coisa que me passou pela cabeça. 

Naquela altura, tinha visto que realmente bebi um pouco mais do que devia. Eu nunca falaria isso se não estivesse um pouco alterado. Tanara gargalhou e eu ri. Alisei seus cabelos e com carinho cobri seus seios com eles; beijei entre seu colo e em seguida eu levantei, realmente disposto a levar o plano adiante.

Comecei a cantar umas notas dispersas, sem formar uma música, mas sim um som; um som que eu julgava sensual, enquanto comecei a rebolar e abrir o botão da calça. Mas eu tinha certeza que aquilo não estava sexy, já que Tanara riu. 

- Você não está fazendo isso, Luan Rafael! 

Sim, realmente bebi demais. Mas, continuei a brincadeira, agora rindo e descendo o zíper, deixando a cueca azul marinho aparecendo um pouco. Desci a calça com um pouco mais de pressa e quando me apoiei só em um pé para tirar o outro, aconteceu o que eu nunca imaginei que aconteceria naquele momento: caí. 
Isso mesmo, tropecei nos meus próprios pés e caí, cambaleando e colocando as mãos na frente. Tanara começou a gargalhar. Ela não tinha controle nenhum sobre sua risada. Mas eu também ri, e muito. Não estava completamente bêbado, mas um pouco desequilibrado para querer me apoiar num pé só. 

Nossas risadas se misturaram, preenchendo o ambiente enquanto eu, ainda sentado, tirava os pés da calça e levantei só de cueca; sentei ao lado da minha menina, que gargalhava, soltando o meu som preferido. 

- Eu broxei amor. - confessou rindo e eu fiz bico. 
Fiquei desanimado. Também ri, mas ela continuava e eu não via mais necessidade de rir daquela maneira. 
- Mas vem cá... - me chamou, ainda rindo um pouco. Puxou a minha cabeça pra ela, iniciando um beijo maravilhoso, enquanto suas mãos percorriam meu pescoço.
- Deixa seu lado dominador pra outra noite, nessa você já estragou! - disse depois de separar nossas bocas em selinhos.

Tanara levou as mãos ao meu pescoço, e começou a beija-lo com calma, enquanto acariciava em círculos minha nuca, me causando leves arrepios. Minhas mãos se juntaram na sua cintura e apertava ela com calma. 

Ao nosso lado era possível ver toda a movimentação através do espelho. E enquanto ela me provocava arrepios inúmeros, arranhava minhas costas e dava chupões me excitando, eu observava a cena, dos nossos corpos seminus, juntos, como um só.

Senti as suas mãos pequenas sobre meu membro, ainda dentro da cueca, e ela o apertou. Suspirei pesadamente, e em seguida a mesma me ajudou a descer a cueca sem sair daquela posição. Minhas mãos passaram pela lateral da sua calcinha e juntei nossas intimidades, dando um beijo molhado em sua boca. Percebi que quem olhava nosso reflexo agora era ela, enquanto sem conseguir mais esperar, passei as mãos pela lateral fininha de sua calcinha e puxei com força, rasgando. Ela se assustou, mas depois sorriu pra mim, que retribui fazendo o mesmo do outro lado pra facilitar nosso serviço.

Com os dois completamente nus, ficou bem mais fácil. Ajustei suas pernas pra grudarem na minha cintura e ela me abraçou, com uma das mãos pelas minhas costas, que eu tinha certeza que me arranhariam em segundos; depois a outra na nuca, me causava arrepios que desciam por toda as costas. Virei um pouco seu rosto, com as mãos firmes, e a fiz olhar pra nós dois refletidos, enquanto, com calma, penetrei, dando alívio aos nossos desejos. Tanara gemeu um pouco mais alto, e eu sorri, olhando pra ela pelo espelho. Seus braços me apertaram cada vez mais e comecei a me movimentar lentamente, suspirando pesado, enquanto ela gemia baixinho.

À medida que o desejo ficava mais urgente, eu aumentava a velocidade. E assim, os gemidos de Tanara aumentavam também. 
- Não vai gritar, hein... - ri beijando todo seu pescoço. Ela era perfeita pra mim.

Quando dei uma estocada mais forte, sua unha percorreu minhas costas inteira, me fazendo arquear a mesma, enquanto ainda penetrava no mesmo ritmo. 
- Luan... - Tanara gemeu. 
Peguei em sua bochecha e  sorri pra ela, ainda estocando com forte. 
- Pode gemer meu nome, vai... 
- Luan... - ela repetiu, tomada pelo prazer.

A cena de nós dois no espelho era incrível. Comecei até a estocar mais devagar pra poder observar melhor. Tanara sorriu pra mim e depois começou a beijar meu pescoço. Eu estava louco de desejo.
O som dos nosso corpos se chocando enquanto penetrava minha menina agora com mais velocidade era incrível. Suas pernas me apertavam, como quem queria de todo modo me puxar mais ainda pra si mesmo. Abracei ela também, colaborando pra unir ainda mais nós dois. A imagem refletida me excitava de uma forma absurda. Sentia cada vez mais o meu orgasmo se aproximando e então aumentei a velocidade, quando senti Tanara tremer nos meus braços. Iríamos gozar juntos, ao meu tempo, e era somente isso que eu queria naquele momento enquanto estocava forte dentro dela. Passei então a beijar sua boca abafando um gemido alto.

Assim que penetrei mais forte, Tanara apertou as unhas nas minhas costas e gemeu entre o beijo, arqueou as costas e apertou suas pernas em mim, chegando em seu clímax. Estoquei mais algumas vezes e explodi em um dos melhores orgasmos da minha vida, gozando dentro dela. Deixei meu corpo cair sobre o seu e sorri, ofegante e respirando com dificuldade enquanto ela fazia o mesmo. 
- Nossa... - disse, alisando seu pescoço, onde acomodei meu rosto. 
- A gente pode fazer isso mais vezes? 
- A gente pode fazer isso todos os dias. - ri, sem entender. - Umas cinco vezes por dia se você quiser. 
- Não. - Tatá riu respirando pesado e acariciando meu cabelo. - Se ver... - corou o rosto. - O espelho. 
- Ah! - ri, eu também tinha amado aquilo. - Quantas vezes minha pequena preferir. - continuava, passando meu nariz por seu pescoço. Sim, aquele foi o melhor aniversário de todos.

Flashback OFF. 

Ao invés de descontar minha angústia na bebida (como fazia antigamente), assim que cheguei em casa fui atrás do nosso livro e abri numa página aleatória. 

“Não aceitar um recomeço depois dos três dias que passamos juntos foi muito difícil. Eu amava ele. Muito. Entretanto, as 72 horas (incríveis) que passamos juntos não foram suficiente para cobrir meses de provocações e mágoas. Confesso que não foi só isso. Claro que não foi! Eu tive medo. Medo de enfrentar tudo e todos. Quis preservar meu psicológico. Sem contar das mudanças radicais que eu causaria (novamente). Fazia pouco tempo que eu havia me mudado para Fortaleza, reformado meu quarto, trancado a faculdade em São Paulo e me matriculado numa de Fortaleza para dar continuidade... Envolvia muita coisa! Eu não podia desperdiçar tudo que tinha feito, ou melhor, não podia ficar brincando de mudar de casa/cidade/vida por causa de um namorado. Não estou desprezando o nosso sentimento, mas, era a verdade. Eu já tinha feito isso em 2014, estava apaixonada demais e bom, era algo novo, diferente, eu tinha a minha mãe. Poderia sim dar certo. E deu! Só que repetir tudo daria um trabalho maior, dessa vez eu teria prejuízos e também noventa e nove por cento de chances de não obter sucesso (como na primeira vez). Ah, sem contar do que falariam (novamente eu tendo medo do julgamento das pessoas). Claro, existia a opção de namorarmos à distância. Podia parecer fofo em filme, mas na vida real era muito complicado e dolorido. Concluindo, não era pra ser. Olhando assim, depois, bate um pequeno arrependimento. A saudade, às vezes, tenta me convencer de que eu fui covarde e somente errei. No fim, acabo como agora: nessa incerteza. Sem saber se fiz bem, se deveria ter sido feliz ao lado dele e fim... Ai, Tanara, você já passou 20 anos sendo indecisa e confusa, não bastou? Precisava ser agora? Precisava mesmo se arrepender da escolha que afastou o grande amor da sua vida? Isso faz de você tão... burra. Mas, de qualquer forma, arrependida ou não, confusa ou não, o que foi feito já foi feito. Só terei essas respostas se Deus me der uma segunda chance. E se ele me conceder esse presente, eu não me importaria com o passado; eu me preocuparia em aproveitar ela da melhor forma possível. Viver com intensidade, mais uma vez, o meu amor.”

Interrompi a leitura e larguei o livro. Respirei fundo. Ela era tão profunda escrevendo, escrevia tão bem... Não sei se o que eu já escrevi chega, pelo menos, aos seus pés. 

Na mesma hora me deu uma vontade imensa de pegar meu celular e lhe mandar uma mensagem instantânea: 

Sim, Tanara, você foi e está sendo covarde. Você errou em me rejeitar pelos prejuízos que teria, e sabe por quê? Porque nossa felicidade recompensaria tudo. Errou feio quando se importou com o que falariam. Que porra! Por acaso você é movida por opiniões? Pagam suas contas? Caralho, Tanara, você é o que é e não o que acham. Para com isso e se permite ser feliz. Deus fez a parte dele, nos deu uma segunda chance. Só que diferente do que você escreveu no livro, não está aproveitando ela da melhor forma possível; não está vivendo intensamente o nosso amor. Sabe o que realmente tá acontecendo? De novo, seu medo e sua covardia estão estragando tudo! E sinto muito, nem que Ele te dê uma terceira chance, eu aceitaria. Melhor você abrir seus olhos e correr atrás, antes que seja tarde demais. O trouxa aqui não vai mais ceder à suas vontades. 

Tanara's POV. 

Abandonada e sem dinheiro para o táxi, tive que recorrer aos meus contatos. Mas que contatos eu teria em São Paulo? Só havia Larissa e bom, ela tinha uma filha e era esposa do Gabriel. Ele saber do que aconteceu? Hum, nunca. Com muita vergonha, eu liguei para Bruna. A que ponto cheguei, céus? Mas, ela foi uma verdadeira amiga. Atendeu ao meu pedido e como ela já estava por dentro de tudo, não teve problema eu informa-lá o motivo de Luan ter me largado no meio do camarote. Ela riu e eu ri também. Só que aí lembrei que havíamos terminado e ela falou que só tivemos mais uma briga à toa. Logo ele cederia, ou eu cederia... Não, ela estava errada. Eu não casaria contra a minha vontade só por chantagem do Luan. Ah, e quase esqueci: acabei nem conhecendo a minha dupla favorita. Triste noite! Bruna me deixou em casa e eu agradeci. Ela me pediu para pensar melhor e ficar bem. Irônico, não?! Mas tenho que admitir: ela foi admirável.  

No dia seguinte eu acordei tarde e depois de acordar, tive que lidar com tédio e reflexão. Tanto olhei as fotos da minha galeria que até achei algumas que esqueci que havia tirado. Uma delas era com o Puff, no dia que eu fui para casa da Tia Zete com Bruna. Estava tão fofa e poxa, nunca postei. Então, remendando o meu erro, editei-a rapidamente e logo em seguida publiquei no meu Instagram. 

tataccioly Coisa mais fofa. 🐶💘 @puffaugusto 



Um tempo depois, minha timeline foi abrilhantada com o apressado mais lindo. 

luansantana Ó!! Puff!! 🐶 @brusantanareal 



Hum, que coincidência! Também postando foto com o Puff? E um tempo depois da minha? Se ele estava com o Puff é porque ele estava na casa dos pais. Consequentemente, com Bruna. Será que ela contou alguma coisa? Ah, não importa, que conte. Na nossa conversa só falei verdades! 

Larguei o celular para comer alguma besteira e quando retornei ao Instagram, vi algo bom de se ver. 

lunara Primeiramente: NUM CEI TO LOKA! 💃🏻 OLÁ OLÁ, como estão? O dia foi tranquilo né non? E foi também, incrementado com essas fotos mais lindas do @puffaugusto. 🐶💛 Eu não sei lidar com essa sincronia (proposital) do casal. 💑 Meu migo benzão, @luansantana (se eu não shipasse tanto lunara eu ia pedir pra tu me pegar, deixa de ser gostoso af) curtiu a foto da amiga @tataccioly, e correu pra pegar a bola de pelos mais gostosa do Brasil. 🏃🏻 Tirou a fotinha e postou 📸 me deixando morrendo de amores. 😍 NEM ACREDITO QUE VOCÊS ASSUMIRAM!!!!!!! 🎉❤️👐🏼 Ah, recadinho pras zini: diferente de certos casais aí, não assumiram pra mídia, não, foi só aqui mesmo. Sabe, né?! Estilo casal de verdade, com calma, com amor. 😌 Até agora Luan não deu NENHUMA declaração para NENHUM site, só posta aqui... E isso deixa tudo mais lindo, não sei por que. 😭🤗  As declarações de ambos me deixam toda boba, toda me tremendo, REAL OFICIAL. 😫 Só desejo muita luz, muita felicidade, só sentimentos bons! VIVA O AMOR! 🎆❤️ Brilha ou não brilha? ✨ #TodaMeTremendo #LunaraEhReal #EhOficial #LunaraAssumiu #BrilhaLunara #NumCeiToLoka #AuauDoCasal 😍



Ai, Priscila, só você! Curti e bloqueei o celular, suspirando. 

 - Posso entrar? - bateram na minha porta e eu reconheci a voz do meu tio. Estávamos sozinhos em casa. O que ele queria? 
 - Pode. - respondi baixo e logo ele adentrou. 
 - Tudo bem com você? - sorriu generoso e eu amarelo. 
 - Mais ou menos. - sentou-se na ponta da minha cama. 
 - Isso tem a ver com o Luan Banana? 
 - Ai, que piadinha antiga! - lhe joguei uma almofada, enquanto ríamos fracamente. Ele falava isso pra implicar comigo quando eu tinha 15 anos. Acreditem, eu ficava com raiva e retrucava irritada, olhem que bobagem. - Tem sim, Tio. - respirei fundo, enquanto a breve risada cessava. 
 - Fiquei sabendo que vocês voltaram... 
 - Sim, voltamos. - mais um pra encher meu saco. Mereço? - Sei que o senhor nunca gostou dele, mas eu realmente tô cansada de tantas críticas. Pode ser amanhã? 
 - Ei, não tire conclusões precipitadas, sua pirralha! - arremessou a almofada de volta. - Eu não gostava mesmo dele, gostava do Erick.
 - Sério? Nossa, ninguém percebia. - ironizei e ele me olhou sério, mas logo deixou escapar um sorriso envergonhado. - A sua implicância de certa forma contribuiu para terminarmos naquela época. 
 - E eu confesso que comemorei muito quando recebi a notícia. - eu fiz careta. - Mas hoje percebo como fui idiota. Não devia ter insistido no seu passado, a escolha era sua. Se ele te fazia feliz, estava valendo. - ele mudou os pensamentos tão radicalmente? Uau. - Me desculpa viu, Tatá?! Se eu estraguei, te fiz sofrer... Nunca quis isso, você pra mim é como uma filha; só que eu era teimoso, inconveniente, errado. 
 - Tio, relaxa. Já passou e eu não sou rancorosa!
 - Me sinto mais aliviado com vocês dois juntos de novo. - passei a mão no cabelo, um pouco incomodada. Incômodo que logo ele percebeu. - O que foi? Mas vocês não estão juntos? Você acabou de falar isso, não me confunde! - se atrapalhou e eu me permiti rir do seu desentendimento. 
 - Não sei se estamos juntos. Quer dizer, não sei mais. 
 - Como assim não sabe? Menina, você bebeu? - eu vou ter mesmo que explicar? Logo pra ele?
 - Tio, nós estávamos bem, pelo menos até ontem. 
 - Ah, brigaram?
 - Mais ou menos. 
 - Dá pra você parar de falar mais ou menos e ser direta? - parecia interessado. Era o Marcos mesmo?
 - Tá, tá. Bom, ontem fomos ao show do Bruno e Marrone e ele me pediu em casamento. 
 - Isso não é bom? - sorriu.  
 - Não. Eu não aceitei. 
 - Você negou o pedido de casamento dele? - arregalou os olhos, mudando a expressão: de aliviada para curiosa. Por que eu estava conversando sobre isso com o meu tio? O que está acontecendo?
 - O Luan é muito apressado, Tio. Está todo mundo criticando a gente e ele quer casar. Tem noção? Iria piorar tudo, não tem lógica. 
 - Claro que tem lógica, ele gosta de você! Você é burra? 
 - Passamos dois anos separados, acabamos de assumir que reatamos e já vamos casar? Isso não é loucura? Você não vê a razão? Está como o Luan? 
 - Minha filha, razão de quê se vocês se gostam? Você tá com medo dos outros? O que não tem lógica é sua desculpa. Não é alguma coisa de agora, faz tempo... E daí que faz pouco tempo que assumiram, e daí que criticariam ainda mais? Tanara, meu Deus. - parecia inconformado e eu simplesmente travei, sem reação. Será que eu estava delirando? Meu tio defendendo Luan? Assim, com unhas e dentes? 
 - Eu não tô entendendo. 
 - Eu que não te entendo. Você vai ligar pra ele e falar que aceita, o mais rápido possível! 
 - Tio, você não escutou? Eu não quero e eu não vou casar. Muito menos à força, por pressão do Luan Rafael. Se ele é apressado, o problema é dele! Temos todo tempo do mundo! Ele que tá atropelando as coisas! Criando problema à toa! 
 - Não, Tanara, não. - respirou fundo. - Vocês não têm todo tempo do mundo. - por que ele está reagindo assim? 
 - Eu realmente não estou entendendo essa sua reação. Está preocupado comigo e com o Luan? Torcendo? Defendendo ele? Mais sem lógica do que a ideia dele, está sendo sua atitude. 
 - Eu acho que você precisa saber de algumas coisinhas pra ver se acorda! - falou sério, com um tom que até me assustou um pouco. Engoli seco e em seguida, preparei meus olhos e meus ouvidos para seu próximo pronunciamento. Fiquei atentíssima, com a curiosidade mais atiçada do que nunca. 


“E o que vai ser de nós?”