- Eu realmente não estou entendendo essa sua reação. Está preocupado comigo e com o Luan? Torcendo? Defendendo ele? Mais sem lógica do que a ideia dele, está sendo sua atitude.
- Eu acho que você precisa saber de algumas coisinhas pra ver se acorda! - falou sério, com um tom que até me assustou um pouco. Engoli seco e em seguida, preparei meus olhos e meus ouvidos para seu próximo pronunciamento. Fiquei atentíssima, com a curiosidade mais atiçada do que nunca.
- Coisinhas? - ergui as sobrancelhas.
- Tanara, você nunca se interessou pelos negócios da família...
- Sim, o que isso tem a ver? - indaguei.
- Acabou ficando tudo nas minhas mãos.
- E nas do Ale. Qual o problema?
- O problema é que eu não fui capaz de lidar com essa responsabilidade. O Alexandre ajudava mas o maior peso ficava nas minhas costas.
- Tio, eu... - continuava desentendida.
- Por uma série de descuidos, eu...
- Você?
- Eu errei, Tanara. Errei, admito!
- Errou em quê, Meu Deus? - agoniada, minha paciência estava zero para suas delongas.
- Já que você prefere dessa maneira, serei direto. Nossa imobiliária está falida! Estamos afogados em dívidas e por mais que tenha tentado de tudo, não consegui achar uma saída.
- O senhor é louco? - levei literalmente um susto. Isso era... inadmissível.
- Eu não tive culpa, quando percebi já não tinha mais jeito.
- E por que não abriu a boca? Como estamos falidos se você segue como sempre? Ostentando? Com a vida boa? - levantei-me, altamente nervosa.
- Eu nunca admitiria meu fracasso.
- Nem pra gente? Os outros donos? - falei em um tom mais alto e ele respirou fundo. Estava extasiada.
- Sua mãe me mataria! Você abriria a boca pra sua vó!
- Espera aí, a vovó não sabe? - boquiaberta fiquei.
- Claro que não. - abaixou a cabeça. - Aquilo é muito especial pra ela, foi seu avô que fundou. É o patrimônio deles.
- Que você estragou! - acusei, decepcionada, desacreditada. - Me fala que isso é brincadeira, Marcos!
- Não é, nunca faria uma brincadeira tão de mal gosto como essa. É a realidade que vamos ter que enfrentar! Eu não contei para a mamãe por medo de decepciona-lá e por medo da sua reação. Você sabe, ela já tem idade, tem seus problemas de saúde...
- Ela não pode ficar sabendo disso. - conclui, ainda atortoada. Era fato! Em hipótese alguma Dona Fátima poderia descobrir essa tragédia. - Mas por que está me contando isso só agora? Estávamos falando do Luan, uma coisa não tem uma mínima ligação com a outra.
- Então você está ciente que ela não pode saber? Promete não contar nada?
- É claro que eu não vou contar nada! Eu só quero o bem da minha avó, não vou deixar ela ter esse sofrimento! Agora responde minha pergunta.
- Fico mais aliviado, muito obrigado. E sim, Luan tem tudo a ver com isso, não parece claro pra você?
- Por que seria claro? - cruzei os braços.
- Porque ele é rico, oras. Ele tem o dinheiro suficiente para reerguer a nossa empresa. Se você casasse com ele tudo estaria resolvido! - falou sério e conseguiu arrancar-me uma risada irônica. - Está rindo do quê, menina? Isso é muito sério, não estou brincando!
- Acho que a pobreza está afetando seus neurônios. Pirou? Eu pedir dinheiro pro Luan? Aliás, eu pedir dinheiro pra isso?
- Não pirei, você vai fazer isso. - foi firme. - Você sempre foi uma mimada que nunca se importou com o que te proporcionava caprichos, luxos. Mas agora, tem a oportunidade de retribuir. Não vai ser uma ingrata e deixar sua família na mão, não é Tanara? - me encarou e eu engoli seco.
- Eu nunca deixaria minha família na mão e só porque eu não quis trabalhar lá, não quer dizer que eu não me importava. Eu sei que tudo de bom que tive foi graças a imobiliária, ao seu trabalho, mas...
- Mas o quê? Você não tem argumentos!
- Tenho! Não é questão de ser ingrata, eu não sou. Sou eternamente grata por todo o cuidado, carinho, amor e sim, mimos que vocês sempre me deram. Mas Tio Marcos, pelo amor de Deus, eu nunca pedi um real sequer ao Luan! Eu não tenho coragem! Isso é injusto, sujo.
- Vai criar coragem! - levantou também. - Já está passando da hora de você virar mulher, Tanara. Não é mais uma menina, tem que acordar pra vida e aceitar a situação que estamos! Precisa de uma atitude pra salvar o que também é seu! Pela sua mãe, sua avó, por mim, por você mesma, pelo seu futuro!
- Não, não, olha... Temos o Hugo, hum? - sorri nervosa. - Ele vai ajudar e vai ficar tudo bem.
- O Hugo não ajudaria, Tanara. É muito dinheiro, muito provável que ele nem tenha. Além do mais, não quero que ele saiba disso e se ache no direito de me criticar, de pisar, debochar. Não quero precisar dele!
- Você tem que ser criticado! Precisa precisar dos outros! Foi você quem afundou tudo, merda! - esbravejei.
- Tanara, eu ainda sou seu tio, me respeita. - me repreendeu. - Por favor, faça isso pela gente. É a única saída.
- Eu... vou conversar com ele. Mas meu Deus, é muita cara de pau da minha parte. Nós brigamos, eu não quis casar, eu não quero casar. Não vou procurá-lo para precisar, pra ele me dar dinheiro! Não tem cabimento, lógica, nada. - suspirei derrotada.
- Por isso mesmo você não vai procurá-lo.
- Não?
- Não. - sorriu com tranquilidade. - Você apenas vai remediar seu erro. Vai dizer que se enganou, se confundiu, qualquer coisa! Pensou melhor e percebeu que também quer casar. Negou porque estava com medo, mas logo se deu conta que o ama e esse amor é maior que qualquer medo. Que já passaram por tudo e já está mais do que na hora de juntar as escovas. - falou como se aquelas palavras tivessem sido planejadas, ensaiadas; como se fosse a melhor ideia possível. Eu simplesmente senti repulsa e constatei que havia me metido em mais um dilema, em mais um embaraço, sufoco... transtorno.
Luan's POV.
Voltei para minha rotina sem noiva e foi bem estranho. Todos perguntavam por ela, perguntavam como estavam, sempre especulando. Consequências das nossas publicações, da nossa exposição. Eu não tive coragem de contar que de repente já não estávamos mais juntos. Não consegui assumir para mim mesmo, era doloroso e não me parecia definitivo. Eu sei que falei que era, mas, sei lá, eu sou tão trouxa que simplesmente não me vejo sem ela, não aceito essa hipótese.
O aniversário da minha filha chegou e para a minha tristeza, eu tinha show. Era em São Paulo, mas não deixava de impedir minha presença na festinha que Isabel estava preparando. Resultado? Nunca ouvi tantos xingamentos da própria numa só ligação. Ela se superou. Depois de alguns minutos, nem me preocupei em respondê-la mais. Apenas fiquei ouvindo ela surtar, era um show importante e eu terminantemente não podia cancelar. Tinha visto Laura no dia anterior e até já havia dado seu presente, mas Isabel era incompreensiva e estava achando aquilo um absurdo; para variar, aproveitou a situação para colocar minha paternidade em dúvida.
Minhas fãs estavam lotando o Instagram com homenagens para minha filha e eu como um pai babão, soltava um sorriso bobo para cada publicação vista. Minha irmã pediu para passar o dia com a sobrinha e Isabel autorizou. Logicamente ela não deixaria de registrar o dia especial.
brusantanareal Comemorando o dia da minha princesa da melhor forma possível: comendo, abraçando, beijando e comprando. 👧🏻🎈Titia ama essa mais nova mocinha de 6 anos! 🎉😍 @lausantanareal
Curti e logo fui atrás de uma foto também. Tiramos há um tempinho, mas servia.
luansantana Quando você apareceu, minha vida virou de cabeça pra baixo, mas ao mesmo tempo, ganhou uma luz única. Agradeço a Deus por ter você na minha vida, Lauroca! Papai ama demais você! Não cresce não porque eu não tô preparado... 😠 Feliz aniversário, minha princesa! 😜❤️ @lausantanareal
Já havia ligado para minha danadinha e a comuniquei que eu não iria na sua festa. Percebi sua voz tristinha, o que cortou meu coração. Mas também não fez o escândalo da sua mãe, apenas assentiu e mandou beijo, passando o celular para minha irmã logo em seguida. Só que contrariando minhas expectativas, eu compareceria. No final da tarde começou a chover e com o passar das horas a chuva foi só piorando, intensificando. Ou seja, o local não tinha estrutura pro evento. Adiado!
Não avisei ninguém, apenas permaneci em casa e comecei a escolher uma roupa para comemorar o seu aniversário de 6 aninhos. Arrumado, saí de casa na hora certa. O caminho não era tão longo e então, não me atrasei.
- Papai! Você veio! - Laura correu para os meus braços e eu sorri largamente.
- Parabéns, coisa linda! Feliz aniversário, viu?! Papai veio, sim. - a fiz cosquinha e ela riu, sapeca e muito feliz. Já estava satisfeito em ver seu sorriso.
- É o mínimo que podia fazer. - Isabel revirou os olhos, de braços cruzados.
- Isabel. - a repreendi, não queria que ela envenenasse minha filha.
- Papai, eu vou brincar, tá?! - beijou minha bochecha, como um pedido para eu colocá-la no chão. Bom, a obedeci. Em instantes Laura saiu correndo e eu acompanhei sua sombra.
- Resolveu dar uma de bom pai depois de ouvir verdades? - sorriu cínica.
- Não. Por sorte o show foi adiado, choveu bastante.
- Só por isso veio ver sua filha? Estava muito bom pra ser verdade!
- Olha aqui... - antes que eu me pronunciasse, fomos interrompidos por Xumba.
- Vocês não vão brigar no aniversário da criança, não é?! Luan Rafael! - me olhou feio. Isabel fez sua cara de nojenta e me deu mais raiva. Respirei fundo e acompanhei minha mãe, saindo de perto dessa paranóica.
Eu, Bruna, Xumba e Seu Amarildo ficamos numa mesa, sozinhos. De vez em quando eu era tietado por convidados e Laura passava pra nos dar beijos. Toda carinhosa, toda meiga e sempre acompanhada de uma amiguinha. Um pique sobrenatural! Na hora das fotos, ela tirou com os avós paternos, maternos, com a tia... E na hora dos pais, Isabel exigiu uma foto de nós três. Como se fôssemos uma família. Não a contrariei e Bruna até tirou no meu celular também. Batemos os parabéns e depois de aproveitar mais um pouco, todos começaram a ir embora, incluindo meus pais. Íamos com eles, mas minha filha pediu que eu ficasse mais um pouco, aliás, pediu que eu dormisse com ela, toda manhosa. Fiquei sem graça. No dia seguinte eu não tinha nenhum compromisso, mas na última vez que eu dormi na sua casa aconteceu o que deixou Isabel amargurada: nós transamos. Eu queria distância dessa louca, nem sei como um dia a comi. Só que a carinha da minha filha foi fatal e só me restou pedir pra Bruna ficar comigo.
Encerramos a festa e fomos embora. Minha filha foi durante todo o tempo no meu colo e acabou pegando no sono. Isabel tinha uma expressão meio indecifrável. Parecia feliz por estarmos parecendo uma "família" e ao mesmo tempo, ainda estava emburrada pro meu lado.
Coloquei Laura na cama com a ajuda da minha irmã, enquanto Isabel ajeitava os nossos quartos.
- Dormindo nem parece a pestinha que é. - comentei, observando-a.
- Deixa de ser ruim, Pi! - Bruna riu baixinho. - Ela é linda, é a mistura de vocês.
- Com o jeito da Tanara. Tem alguma coisa errada! - descontraí e ela riu novamente, mas de um jeito diferente. - O que foi?
- Você falou dela e eu lembrei da constante confusão de vocês dois. Onde será que essa doida tá agora?
- Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.
- Ah claro, nem tem ciúmes você.
- Você quer mesmo ficar falando dela?
- Você sabia que eu que busquei ela no dia que você abandonou a coitada sozinha no show do Bruno e Marrone?
- Coitada nada. Ela te contou o que aconteceu?
- Pi...
- Claro que contou. Acha que eu devia ter aceitado a resposta dela?
- Eu acho que vocês dois daqui a pouco se acertam, porque se gostam. Casados ou não. Não acha que talvez ela pensou no seu bem? Um casamento agora seria uma bomba na sua carreira.
- Ela pensa demais, esse é o problema.
- Você não disfarça, sabia?
- O quê, Bruna?
- Que tá mal. Triste.
- Eu tô triste e bem mal. Fazer o quê? Eu gosto daquela desgraçada, me iludi achando que ela aceitaria.
- Ela não vem atrás, você não vai... E aí?
- E aí que não sei. Só o tempo vai dizer. Vou esperar ele.
- Vai perdê-lo também, não acha?
- Bruna, por favor, para de falar disso.
- Tudo bem! Me desculpa, não sabia que te machucava assim.
- Não é que me machuque falar disso, me machuca lembrar o que ela fez...
- Ok, vamos mudar de assunto. E a Isabel?
- O que tem ela? - ri.
- Hoje vocês pareceram uma família.
- Demos uma trégua por causa da Xumba. Ela nos pegou prestes a começar uma briga.
- Certa a mamãe. No aniversário da filha de vocês, Pi!
- Ela me provoca, Bruna!
- Eu sei e sei também o motivo das atitudes dela. Ela é apaixonada por você. - dei de ombros. - Você realmente não se importa?
- Como assim?
- Sei lá, Pi, vocês têm uma filha...
- Não, Bruna. Eu nunca ficaria com a Isabel, se é isso que você quer saber.
- Tem certeza?
- Bruna! Esqueceu que tem uma anã na minha vida? E mesmo que não tivesse, a Isabel é bonita, mas só bonita. Nada nela me encanta, o jeito dela me irrita. Eu iria atrás de outra.
- Pensei que você fosse capaz de usar ela pra esquecer a Tatá. E depois, sei lá, aprender a gostar...
- Acho que seu mal é sono. Vamos dormir, Piroca! - a abracei de lado e ela sorriu de canto. Fomos para os nossos devidos quartos e Isabel se despediu. Agradeci por ela não ter falado mais nenhuma besteira, a cota do dia esgotou.
Terceira pessoa's POV.
Isabel, apaixonada e satisfeita com sua noite de família ao lado de Luan, não podia desperdiçar aquela oportunidade maravilhosa. Ele dormindo na sua casa? Não, ela tinha que aproveitar. Mas, iria fazer o quê?
Um conselho de amiga: nunca duvidem da criatividade e da coragem de uma mulher carente, mal amada e apaixonada.
Isabel tomou banho e colocou a sua melhor lingerie, juntamente da sua melhor camisola. Hidratou as pernas e exagerou no perfume. Ela estava pronta para...
Para o quê mesmo? Ah, não contei. Me perdoem! Porém, não tem problema, eu conto agora: ela planejava invadir o quarto do pai da sua filha.
Louca, né?! Mas é como disse, nunca duvide das suas atitudes.
Luan estava na casa alheia, ou seja, não podia e sequer lembrou de trancar a porta. O que facilitou muito! Então, com muita cautela, ela adentrou silenciosa. Viu seu amado dormindo e se permitiu um sorriso. Ela realmente gostava dele e esse sentimento era antigo. Nasceu tão sortuda que criou um vínculo eterno com o mesmo.
Isabel se pôs ao lado de Luan e abraçou sua cintura, inspirando seu cheiro. Tadinho, estava tão cansado que se entregou à um sono profundo. Ela afagou seus cabelos, lhe admirando. Beijou seu pescoço e alisou seu braço. Aproveitou cada pedacinho daquele corpo másculo e perfeito, com carícias e até mais que beijos. Ele continuava sem se mexer, o que ela agradecia. Avistou seu celular e não pensou duas vezes antes de pegar seu dedo e passá-lo no aparelho, com cuidado, para o desbloquear.
Estava com a mina de ouro nas mãos, um trunfo e tanto. E na hora lembrou da mulher que tinha o coração de quem mais desejava. Ele amar Tanara era uma injustiça enorme pra mulher tão apaixonada e louca por aquele homem. Enfim, decidiu se divertir um pouco.
Isabel sabia bem que eles estavam bem assumidos para a família, e achava aquilo um absurdo (mesmo sem ter brigado com ele por isso ainda) logo depois dela se separar do noivo. Xingava mentalmente Tanara de todos os nomes baixos possíveis.
- Agora essa aproveitadora vai ter o que merece, saber quem é o Luan de verdade. Cafajeste. Lindo. - disse sorrindo e abrindo a câmera do celular de Luan.
Luan, que dormia calmamente apenas de calça (ele mesmo havia tirado a camisa) exausto do dia cheio, foi plano de fundo de muitas fotos. Isabel tirou a roupa do próprio corpo, ficando só de lingerie, e então se deitou ao lado de Luan. Muitas fotos comprometedoras foram tiradas, em poses pra lá de sensuais. Conseguiu disfarçar que ele dormia inocentemente.
- Tem como ela não acreditar nisso? - disse rindo, amando se divertir daquela maneira.
A conversa no WhatsApp com Tanara foi aberta e então lotada de fotos dos mais variados tipos, inclusive da festa de mais cedo.
- "Ele tem uma filha comigo, você consegue superar isso?" - sussurrou baixinho a frase escrita na mensagem, e então, enviou.
Ria, se sentindo tão bem como há muito tempo não se sentia. Sua vingança pessoal e não esperada enchia seu ego. Mal esperava a hora de ver aquilo pegar fogo. Viu Tanara abrir a mensagem, e antes de receber uma resposta, bloqueou o contato. Coisa de pessoas baixas e covardes.
- Agora não vai ter forma de reclamar. - riu baixinho, excluindo as mensagens e logo depois as fotos, não sem antes enviar pra si mesma.
Seriam lembranças incríveis que ela não deixaria de perder, e aquelas fotos com toda certeza estampariam os porta-retratos do seu quarto.
Tanara por sua vez, não acreditava no que estava vendo. Estava mais do que claro pra ela que quem havia enviado às fotos era Isabel, mas não podia se conformar de Luan ter corrido pros braços dela tão cedo. Logo dela!
Odiava ter que olhar aquelas poses, e o braço dele sobre seu corpo. Ele não podia ter feito isso com ela, que estava sofrendo com tudo, inclusive ainda com o rompimento desastroso.
- É assim que ele quer casar comigo? - disse sentindo os olhos encherem de lágrimas e abraçou o travesseiro triste; enquanto isso a raiva só aumentava.
Aquela atitude tomou sua mente de forma transformadora. Precisa falar com alguém, e a escolhida foi Bruna, que havia sido muito boa pra ela desde o dia na boate.
Luan's POV.
Tatá estava abraçada ao meu corpo. Suas mãos tinham toque macio e aconchegante, então reagi e apertei mais meu braço ao redor da sua cintura. Que delicia, dormir ao lado da minha menina e...
Tanara?
Abri os olhos assustado enquanto sentia um toque suave nos meus lábios. Levei um susto ao me deparar com Isabel sobre meu corpo, de olhos fechados, e me beijando. E então, soltei um grito, assustando ela.
- Que susto Luan! - gritou se afastando e me acusando, nervosa.
- Que susto digo eu! O que você tá fazendo sua louca? - disse ainda sem entender nada, mais alto do que gostaria e tentando me grudar ao máximo na cabeceira da cama para fugir daquela maluca que me olhava com desejo. Ela me dava medo.
- Você é um gay, sabia? - debochou bufando.
- Eu achei que tava sonhando sua maluca, sai daqui! - Disse puxando o lençol tentando cobrir cada parte do meu corpo. - Só o que me faltava, abusando de mim enquanto eu durmo! Você é totalmente desequilibrada!
- Gay! - acusou. - Vai acordar todo mundo da casa desse jeito.
- Eu acordo a cidade se você não sair daqui! - rosnei, ainda mais bravo.
Me levantei rápido, enrolando o lençol no seu corpo e puxei ela pelo braço pra fora da cama.
- Nossa, Luan! Para! - reclamou enquanto eu puxava-a até a porta.
- Some daqui! - dose empurrando ela pra fora e fechando a porta.
Assim que virei, respirei fundo e vi sua camisola no chão. Peguei a mesma e voltei pisando forte até a porta. A maluca ainda estava parada ali, então joguei a peça sobre ela e fechei, trancando dessa vez.
Sentei na cama, assustado pela forma brusca que acordei. Respirei fundo.
- Meu Deus, me dai muita paciência... - pedi voltando a me deitar e me cobrir, aliviado por estar com a porta trancada dessa vez; bem longe daquela louca.
Demorei para me recuperar e depois, peguei no sono. Precisava esquecer isso e nada como um novo dia.
- Depois abrimos o resto, Laurinha! - avisei, parando para irmos tomar café da manhã. Ela concordou. Bruna me lançava um olhar desconfiado e eu não entendia. Ela não escutou nada, não é?! Ou será que notou que havia algo de errado só pelos olhares que eu e Isabel trocávamos? Os meus, de raiva. Os dela, de cinismo e felicidade. A doente não estava nem mesmo um pouco constrangida, o que me dava mais raiva e repulsa. Ela sabe o que fez? Olha a mãe que eu fui arranjar pra minha filha! Por que esse castigo?
- Deixa seu pai e sua tia comerem, aí a mamãe banha você. - falou com Laura, que novamente concordou.
Amanhecemos e fomos abrir os presentes de imediato, a pedidos da mesma. As duas saíram e eu respirei fundo, louco para sair do antro daquela cobra, louco para não olhá-la mais, desejando mais que tudo o meu apartamento.
- Aconteceu alguma coisa? - Piroca perguntou, carregando o mesmo olhar sobre mim.
- Não. - sorri amarelo.
- Tem certeza?
- Tenho! - comecei a preparar a comida que em instantes levaria para a boca.
- Sua raiva da Tatá é tão grande que te fez bloqueia-la também no WhatsApp?
- Hã? Eu não bloqueei ninguém.
- Tem certeza? Vai na sua lista de bloqueados. - instantaneamente peguei meu celular e fui conferir. Nossa, ela realmente estava ali.
- Eu juro que não lembro disso. Tem alguma coisa errada! - intrigado, desbloqueei na mesma hora.
- Tem alguma coisa errada, porque não foi você que bloqueou. Quem fez isso foi a Isabel e foi ontem, depois de mandar várias fotos pra ela!
- Puta merda. Não me diz que...
- As fotos são horríveis, Luan.
- Ela invadiu meu quarto, Bruna. Eu estava dormindo! Quando senti e acordei, expulsei ela.
- Mas antes disso ela teve tempo suficiente pra tirar as fotos, mandar pra Tatá falando coisas imbecis e sem classe, bloquear a menina e ainda apagar tudo e fingir que nada aconteceu.
- Eu nunca saberia.
- Nunca mesmo, porque a Tatá tá muito chateada, me pediu silêncio.
- Ela não pode ficar chateada comigo! Eu não fiz nada, merda. Essa mulher é uma louca!
- As fotos são ela de lingerie, em cima de você, te dando beijos... Tem certeza que a Tatá tem que levar numa boa? Tudo bem que vocês romperam, mas, ela gosta de você e achava que você também gostava dela.
- Não aconteceu nada entre a gente.
- Mas ela não sabe disso! Aliás, ela lembra muito bem que vocês dois já transaram.
- Me mostra tudo que ela te falou, Bruna.
- Não, Luan. Isso é injusto com ela!
- Ela te mandou o que a Isabel mandou pra ela? Me mostra só isso pelo menos.
- Também não.
- Porra, Bruna! - esbravejei.
- O melhor é vocês conversarem. Ah, e a Isabel mandou até as fotos do aniversário, esfregando na cara da menina que a sua família é ela e a Laura.
- Chega. - levantei. - Eu vou dar um basta nisso! A Isabel não vai estragar minha vida, não vai machucar a Tanara assim. - levantei.
- Aonde você vai?
- Embora!
- Hã?
- Vou atrás da Tanara, depois, eu me resolvo com a Isabel. E acredite, ela vai pagar caro!
- Você não estava com raiva dela, Luan?
- Estava, Bruna. Mas porque ela não aceitou casar comigo. Ela é a errada, eu não. Eu não vou deixar ela pensar isso, ficar decepcionada com uma coisa que não aconteceu! Vou esclarecer.
- Vão voltar? - Bruna levantou também.
- Bruna, não piora tudo.
- Não piora você! Ficou todo preocupado. Se ficou, é porque tem esperança que voltem.
- Em momento algum eu pensei em me separar dela definitivamente. Pela raiva da rejeição falei coisas da boca pra fora, mas só isso. Se eu não consertar isso agora, Bruna, ela nunca mais...
- Corre, porque ela tá muito mal. Pensou até que isso foi uma vingança sua.
- Não, meu Deus! Não! - pus as mãos no cabelo. - Vamos, Bruna! Vamos! Eu não quero mais nem olhar pra cara da Isabel.
- A Laura, Luan!
- Depois eu falo com ela. Vem! - me apressei em pegar todas as minhas coisas e minha irmã só me seguiu. Saímos sem nos despedir. Uma mal educação necessária. Eu precisava ver a Tanara, conversar com ela. Talvez não tivesse sentido o que eu estava fazendo, mas, eu sou trouxa. Ser trouxa serve de desculpa pra tudo.
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