segunda-feira, 17 de julho de 2017

Capítulo 77

João's POV. 

Estávamos esperando a Tatá, o tal de Erick e Luan, para finalmente iniciarmos a ceia, quando ouvimos um grito. A voz fina e desesperada era da minha irmã e eu, involuntariamente, fui o primeiro a correr para ver o que estava acontecendo. Sem precisar entrar, pude notar Erick no chão, desmaiado. E quando mudei de ângulo, vi Luan abraçado na Tatá, pedindo desculpas enquanto ela chorava baixinho. Meus olhos se arregalaram quase que instantaneamente. Eles brigaram? Luan matou o Erick? Meus pensamentos em busca de respostas foram atrapalhados quando senti todos atrás de mim, com as mesmas dúvidas, mas não só em pensamentos, em falas altas também. A mãe de Erick entrou correndo quando percebeu o filho desacordado e se abaixou, gritando seu nome diversas vezes, chamando-o, angustiada e preocupada. Dona Fátima correu para acalentar Tatá, perguntando cautelosamente o que havia acontecido.

— O que aconteceu, pelo amor de Deus? – Érika se dirigiu à filha e ao genro, enquanto Erick ainda era sacudido pela mãe, irmão e Marcos. Luan abriu a boca para falar algo, mas Tatá o interrompeu. Limpou as lágrimas rapidamente e procurou forças de onde parecia não existir. 
— Erick me agarrou brutalmente e meu marido me defendeu, foi só isso. Ele vai ficar bem. Pelo menos melhor do que sempre me deixou. 
— VOCÊ É UM MONSTRO! UM COVARDE! – Beatrice acusou Luan, com fúria, enquanto ele tinha os olhos caídos. 
— ELE NÃO É UM MONSTRO E MUITO MENOS COVARDE! – Tatá se manifestou, surpreendendo a todos com a voz em alto tom. — COVARDE É O SEU FILHO, BEATRICE! QUE ME ATACOU! MONSTRO É O SEU FILHO! QUE DESDE QUE TERMINAMOS, VIVE PARA ME ATORMENTAR! VOCÊ SABIA QUE ELE ME AGARROU À FORÇA EM 2015 TAMBÉM? POIS É! LUAN NÃO É COVARDE! LUAN BATEU EM UM HOMEM, DE IGUAL PRA IGUAL! E MEU MARIDO TAMBÉM NÃO É AGRESSIVO! NUNCA FOI E NUNCA VAI SER! ELE FEZ ISSO PRA ME DEFENDER E QUER SABER O QUE EU ACHEI? ACHEI POUCO! POR TUDO QUE O ERICK FEZ COMIGO, COM A GENTE! SE EU FOSSE O LUAN JÁ TERIA QUEBRADO A CARA DELE EM 2015! – todos estavam calados para ouvir Tanara Accioly. Meu Deus. — E eu não digo isso por gostar da sensação de ser disputada, de ter dois brigando por mim. Eu digo isso porque ele sempre, SEMPRE, atacou o Luan, sem o Luan ter feito nada com ele! Se o Luan tivesse feito isso antes, teria evitado muita coisa que seu filho fez, MESMO JÁ EU ESTANDO CASADA! Então, uma surra não seria pra me defender, seria legítima defesa do Luan! Mas sabe por que meu marido não fez? PORQUE ELE É UM PRÍNCIPE! EDUCADO, DE MODOS, DE BOM CORAÇÃO, DE BOA CRIAÇÃO, PACÍFICO! Diferente do seu, que realmente é um monstro! Me admira você, uma senhora...
— SENHORA É... – Beatrice reagiu, nervosa, mas Tatá a calou novamente.
— VAI ME DIZER QUE É UMA JOVEM? SENHORA, SIM! E SE PREFERIR EU CHAMO DE VELHA! Me admira você, Beatrice, uma velha, apoiar as atitudes ridículas e mau-caráter do seu filho. Vir passar o Natal com a família da ex? AH, ME POUPE! EU E MEU MARIDO MERECEMOS RESPEITO! VOCÊ SABE O QUE É ISSO? NÃO! NEM VOCÊ, NEM SEU FILHO E NEM O MEU PRÓPRIO TIO! Sim, meu tio, que convidou vocês, que sempre ajudou o Erick na minha infelicidade. Você não gosta da sobrinha que você viu crescer, Marcos. E eu sinto sabe o quê? Pena! Porque eu amo minha família mais que tudo e nunca imaginei que alguém dela desejasse tanto meu mal, fizesse tanto para me maltratar! Vó, desculpa estragar a ceia, a senhora conhece o Luan, sabe que ele jamais procuraria briga com alguém, muito menos na casa da senhora, que ele respeita mais que a dele mesmo. Desculpa, tá? – Tatá já chorava, olhando para a avó. 
— Não foi nada, meu amor! Fique calma! – Dona Fátima passava os dedos suavemente no seu rosto. 
— E mais uma coisa, Beatrice: se seu filho continuar me infernizando, eu vou denunciá-lo. Porque ele já me assediou em 2015, IRIA ME AGREDIR FISICAMENTE AGORA e porque ele é um psicopata. Se ele não esquecer que eu existo, ele vai ter que manter a distância pela lei. E se falarem alguma merda na internet sobre isso, EU NEGO! NEGO, SIM! Será a minha palavra contra a de vocês. Será a palavra do Luan, um cantor com uma carreira maravilhosa, que nunca se envolveu em polêmica, contra a de vocês. Eu não vou deixar  que a imagem dele seja manchada por culpa do Erick. Aviso dado! – Tatá respirou fundo e eu me encontrava paralisado. Uau. Tatá teve mesmo pulso para dizer tudo isso? — Meu bem, preciso conversar com você e com a vovó. Vamos subir? – chamou o Luan e a Dona Fátima. 
— Claro, Tatá. – assentiu, desacreditado e desnorteado. As expressões mostravam que todos estavam do mesmo jeito. 

Beatrice e Bernardo bufaram, mas não disseram mais nada. Focaram em reacordar o filho. Luan tem uma força do caralho, hein? Um soco e o cara mais parece que morreu. Será que um soco mata? Puta merda, ESSE MEU CUNHADO É FODA DEMAIS! 

Tanara's POV. 

— Foi isso que aconteceu. A situação estava insuportável, vó. Só quem sabia era o Ale. 
— Você vendeu seu carro, minha filha? Mas você tinha dinheiro para dar ao Marcos, se quisesse ceder à chantagem. Ou não tinha? Esse negócio de internet não ganha muito? 
— Eu tinha, vó. Dá muito dinheiro e eu tenho. Mas eu não queria, sabe? Eu não queria, estava me sentindo tão mal! Eu não queria pegar o dinheiro de uma coisa tão especial pra mim, que eu faço com tanto amor, e dar pro Marcos. A senhora acha mesmo que ele ia resolver o problema da empresa? Ele ia gastar com ele e me pedir mais. Tá, Deus me perdoe se eu estiver julgando, mas com certeza ele ia me ver como uma fonte de dinheiro. Principalmente por causa do Luan. Vó, o dinheiro é do Luan, não é meu. A senhora sabe disso. Eu nunca pegaria um real do Luan, muito menos pra dar a alguém. Eu não queria ceder à esse jogo sujo dele, vó. Não queria. E olha só, ele, não contente, se juntou com o Erick. Pra quê? Pra me fazer mais mal! O Erick falava como se tivesse que escolher entre a senhora e o Luan. Era uma chantagem emocional tão bem feita... 
— Mas passou, Tatá. Ele não vai mais te incomodar. Nunca mais. Eu prometo. – Luan beijou minha testa, me apertando. Vovó sorriu. Que alívio. 
— Seu tio me decepcionou, Tatá. Eu estou sem palavras. 
— Mas ele fez comigo, não com a senhora. 
— Fazendo com você, ele faz comigo também. O que você e o Luan fizeram a eles? Erick tudo bem, que é um ex-namorado recalcado, psicopata... Mas o seu próprio tio? Fazer essa covardia? Te chantagear? Ameaçar? Querer separar você do seu amor? 
— Passou, vó. Passou. Eu só não quero mais contato com ele. Pelo menos por um tempo, até eu conseguir perdoar. 
— Você não pode parar de andar aqui, minha filha.
— Mas eu preciso, vó. Não é pela senhora, nem muito menos pelo o Ale. Eu amo vocês, eu moraria com vocês novamente. Mas é altamente necessário. Não sei se o Marcos vai se arrepender, se ele vai tentar mais alguma coisa... Eu não posso mais confiar, vó. 
— A senhora pode ir pra São Paulo sempre que quiser ver ela, ver a gente, o Joca. Se não quiser ir de avião comercial, eu mando meu jatinho. – Luan se ofereceu e eu lhe lancei um sorriso sereno. Era assim que ele, seu colo, seus braços, sua proteção me deixava: serena. 
— Ô meu filho, você é um anjo na vida da minha  neta e na minha também. Acho que estou louca para conhecer a casa de vocês, viu? Imagina como deve ser chique. – Dona Fátima brincou, fazendo Luan rir. 
— Ah, vó, sim... Aí sim, eu peguei o dinheiro dele e e torrei com todas aquelas besteiras que eu sempre vi nas novelas, sabe? 
— Imagino, menina! 
— A senhora vai ser muito bem recebida. Mas tem que ser uma data que eu esteja em casa... 
— É verdade, é melhor quando ele estiver. 
— Vamos combinar, sim, meus amores. O mais rápido possível. Agora eu vou descer e ver se aqueles três já foram embora. 
— Vó, eu acho melhor a gente ir também. Eu não quero mais olhar na cara do Marcos, muito menos passar minha ceia com ele. 
— Ele vai com eles, minha filha! Não vai passar a ceia com a gente, não! – Luan ficou boquiaberto. — Eu garanto que vocês terão uma ceia tranquila. – beijou o meu rosto, o rosto do meu marido e saiu.

— Eu nem sei o que te dizer, Tatá. Só queria me desculpar por isso... Eu perdi a cabeça... Eu fiquei louco quando vi ele indo pra cima de você e... 
— Para, Loli. – pus o dedo na sua boca. — Eu sei o que te dizer: obrigada. Muito obrigada. Por isso e por tudo. Eu sei que nós estamos prestes a nos separar, mas... – antes que eu terminasse, Luan me calou com um beijo. Fui pega desprevenida, mas a única coisa que eu podia fazer era aproveitar. Seu beijo tão doce aquecia meu coração, avisando que ele era o meu lar. A gente se ama. Por que vamos nos deixar? 


25 de dezembro de 2018. 


Eu sei, eu exagerei quando disse que o Erick ia me agredir. Mas foi um exagero proposital. Se eu não dissesse tudo aquilo, se eu não aumentasse, o Luan que sairia como errado; eu precisava defender meu marido. 

Deu tudo certo, graças a Deus. Depois de enfrentar Beatrice, fui contar tudo que estava acontecendo para minha avó e meu marido. Eles entenderam, mas ficaram pasmos. Dona Fátima nem tanto pela venda da empresa, mas sim pelo o Marcos fez comigo. Eu achava que ela até passaria mal quando soubesse que o seu patrimônio foi vendido, mas felizmente, fui surpreendida. Ela ficou mais chocada com a atitude do filho. Isso também me preocupava, porque sua tristeza era notável. Entretanto, isso não dependia de mim, né?! E eu faria o máximo para alegra-la. Ela era meu anjo, minha preciosidade, assim como o Luan. Que por sua vez, ficou tão estarrecido que nem soube reagir. No final de toda a conversa, ele me surpreendeu com um beijo.

Ok, eu não sei mais o que está acontecendo com a gente. Quem tomou as rédeas? E afinal, que rumo nós dois vamos tomar? 

Minha vózinha, maravilhosa como sempre foi, honrando a sua palavra, expulsou Erick, Beatrice, Bernardo e Marcos. Com os ânimos acalmados, voltamos para a mesa e celebramos nossa ceia de Natal. Todos estavam fingindo que nada aconteceu, menos João, que estava fascinado com o fato do Luan ter conseguido derrubar Erick apenas com um soco. 

— Como você fez? E eu achando que esses seus braços eram só farsa. 
— Me respeita, João Guilherme! – Luan riu, segurando a minha mão. 
— João, melhor esquecermos o que aconteceu, né?! – minha mãe o repreendeu. 
— Ah, tia, foi irado. 
— Deixa o menino, tia. Eu também fiquei assustado. Conta aí os truques do Luan Santana! – Ale pediu ao Luan, enquanto eu ria da empolgação do meu irmão. 
— Muito treino, muito treino. – Luan se gabou, entrando na brincadeira. 
— Você mal vai pra academia. 
— Mas eu ia, né, amor. Vou voltar, cê vai ver. 
— Mas contatamos que não precisa. – Ale deu de ombros e Luan riu, todo se achando. 
— Já disse a ele, se criar barriga por causa disso aqui... – bati a unha na cerveja do copo do meu marido. — Eu largo ele. 
— Larga nada, minha filha. Olha eu aqui com o Hugo. 
— Você tá me chamando de gordo, Érika? – meu padrasto perguntou e todos riram. O clima agora era leve e eu sentia uma paz não sentida há meses. 

26 de dezembro de 2018. 

Luan's POV. 

— Tanara, as passagens estão compradas, você sabe disso.
— Relaxa, eu já disse. Vai dar tempo. Você ainda vai fazer um show hoje, não vai? – pôs a cabeça pra fora do box. Só a cabeça, infelizmente. Estava com saudade de ver seu corpo despido. Pode até aparecer contraditório o que eu vou dizer, mas eu estava sofrendo pra caralho com a falta dela. 
— Você já pode molhar esse cabelo aí? – passei a mão no meu, tentando espantar os pensamentos maliciosos que insistiam em tomar minha atenção. "Ela só está tomando banho. Ela é sua esposa, ou seja, isso é super normal. Ela não está tentando te provocar." eu dizia para o Luan-refém-da-chave-de-coxa. 
— Não posso, por isso não estou molhando, né, seu lerdo. – respingou água em mim, rindo, com seu jeito moleque. Lógico. É por isso que ela está com ele amarrado. "Você ser um tarado está me deixando burro" tornei a dizer para o Luan-refém-da-chave-de-coxa. 
— Hoje, não amanhã. Amanhã não tenho show, por isso nossas passagens estão compradas para amanhã. – dei ênfase no "amanhã". 
— Ai, Luan, por favor, né? Eu já disse que vai dar tudo certo, para de ficar me azucrinando. – revirou os olhos e voltou pra debaixo do chuveiro, saindo das minhas vistas. 
— E as suas malas? – agora eu roía uma unha, sem desencostar da porta do banheiro. Sim, eu estava dentro do dele também. 
— Eu vou arrumar hoje! Assim que chegarmos! 
— Hum... Tem alguma coisa pra comprar? 
— Não sei. E a Laura?
— Isabel disse que comprou o que ela quer levar e já tá arrumando. Ela tá ansiosa, pra te ver principalmente. 
— Tô com saudade da minha bebêzinha. – podia apostar que ela deu um sorriso ao se referir à minha filha; imaginei tão perfeitamente que mais pareceu um Déjà vu. 
— E o João? Tudo certo? 
— Ele me disse que sim, mas não sei... de última hora ele pode lembrar de algo. – esticou o braço para pegar a toalha, deixando somente a parte externa da coxa exposta. "Respira fundo, parceiro." eu falava para o meu amiguinho que não sossegava, o Luan-refém. — Você tá muito preocupado! Parece que nunca viajou. – negou com a cabeça, desprezando todo o meu cuidado. É, eu nunca fui assim. Eu sempre fui o mais desligado. 
— Nunca viajamos com eles, não quero que dê nada errado. 
— "Eles" quem? Laura e João? 
— Sim. 
— É verdade. Vai ser a primeira e a última vez. Talvez você esteja certo em querer que esteja tudo "perfeito", tem que ser especial mesmo. – passou por mim, sem graça. O clima pesou. Merda. E agora eu estava mexido, então, só pude entrar completamente e fechar a porta. Meus pensamentos estavam uma bagunça e ainda bem que era minha vez de tomar banho, não existe lugar melhor do que o chuveiro para tentar organiza-los. 

Saí depois de um bom tempo e Tatá estava calçando os sapatos. Meu olhar foi subindo e quando eu me dei conta da sua roupa, meu coração pulou para fora do peito. Quer dizer, o coração do meu amigo. Era aquele macacão branco, que a deixava extremamente gostosa. "Ela está fazendo de propósito, vamos partir pra cima" Luan-refém disse, e eu quis concordar, mas lembrei de me manter firme. Tanara pensa que é assim? É só colocar um simples macacão branco e me venceu? Tá, não era nada simples. Era, talvez, a peça dela que eu mais amava. "Eu que amo!" Luan-refém se acusou. Tá, ele ama mais que eu, o que é mais covardia ainda. Ela sabe que ele é mais fraco que eu. 

Flashback ON:

— É incrível. Você que conquistou tudo isso. Mas, além de 'tão' feliz, você tá 'tão' gostosa nesse macacão branco, amor. Caramba. – avaliei seu corpo, pegando na sua cintura.
— Babaca! – riu, com os olhos estreitos.
— Eu tô falando muito sério! A roupa mais linda que você já comprou, já usou. Já te falei que quando uma mulher tá de calça branca eu olho diretamente pra bunda dela? 
— Ah, é, Luan Rafael? Bom saber disso! 
— Uai, não é sempre que eu vejo uma... – eu disse cafajeste. — Mas de verdade, destacou sua cinturinha, sua bunda... Tá bem gostosa mesmo. Não vejo a hora de chegar em casa. Tô aqui só te secando. 
— Você é muito baixo, garoto! 
— Tá vendo aquele cara ali? – apontei, disfarçadamente.
— Hum, o que tem?
— Ele não para de olhar pra você. E ele olha com a maior cara de tarado. Às vezes todo encantado. Eu finjo que não estou percebendo, mas tô vendo tudo. 
— E? Vai implicar com isso?
— Não. Só te avisei pra te provar que você está fodidamente linda e gostosa. Até seu cabelo tá com um ar mais sexy, sabia? Eu já disse que amo eles? A cor deles? O tamanho?
— Já, num ótimo momento. – lembrei imediatamente. Foi quando transamos na lavanderia. 
— Você vai me prometer três coisas. – cheirei seu olho.
— Fala! 
— Primeira: você nunca vai usar esse macacão na minha ausência. Estou aturando esse cara te tarando porque estou aqui, com você. É divertido ver ele babando no que é meu. 
— Você é patético, Luan Rafael. 
— Segunda coisa... – pus o indicador nos meus lábios. — Você nunca vai cortar e nem mudar a cor desse cabelo. 
— Você não gosta de loiras?
— Gosto. Mas em você eu só quero essa cor. 
— Tudo bem, senhor. Mais alguma coisa? 
— Terceira: você vai usar esse macacão várias vezes a partir de agora, mas só pra mim. E, assim que chegarmos em casa, você vai deixar eu tirar ele com a boca e te foder todinha. – sussurrei no seu ouvido, instigante, deixando uma mordidinha no lóbulo da sua orelha. Caiu na risada. — Promete?
— Prometo. 
— Tudo?
— Prometo. – mordeu minha bochecha. 

Flashback OFF. 

MALDITA! Maldita Tanara! Maldita Tanara-loura! Mil vezes maldita! Quebrou três promessas de uma só vez! Tá vendo por que mulheres não são confiáveis? Tá vendo por que a Tanara não era nada confiável? "Ela não quebrou as três de uma vez, cara. Ela não tá usando o macacão na sua ausência, tá usando pra você, como você pediu. Ela só quebrou a do cabelo mesmo. Mas eu fiquei feliz com isso, você deveria ficar também. Fiquei feliz porque ela está mais sexy e dentro desse macacão, com esse cabelo curto, e louro, ficou incrivelmente mais sexy. Ficou mais linda e mais gostosa! Então para de ser tão reclamão. Você já transou centenas de vezes com a morena dos cabelos longos, agora você tem uma loirinha, que nem tem os cabelos para atrapalhar quando você for chupar o pescoço dela. Olha que delícia ela de costas. Vai lá, abraça ela por trás e sua toalha só vai precisar cair. Eu tô morrendo de saudade da boca dela e sei que você do cheiro." Eu quis mandar esse metido Luan-refém calar a boca, mas ele estava certo. Só que eu sou forte, sou bem mais forte. Não será dessa vez, Tanara Accioly! 

— Esse negócio que você vai fazer, é com a Veveta? – indaguei, vestindo a cueca. Ela não estava olhando pra mim. 
— Sim! E com a Sabrina também. Você podia ir comigo. – convidou, mas ficou sem graça com o meu silencio. — Porque, sei lá, é cedo... e você também podia ver elas. 
— Não vai dar. – ARÁ, TANARA! EU TE DEI UM "NÃO"! "Você sabia que isso nunca aconteceu, né?!" Eu sei. Respondi o Luan-refém. Não se mete, cara. Não se mete. 
— Por quê? 
— Porque eu preciso descansar do show de hoje. 
— Ah, sim. Tudo bem então. 
— Diz pra elas que eu mandei um beijo.
— Eu não vou dizer nada. Se quiser, você vai lá e dá o beijo pessoalmente. – "Você não consegue dobrar ela, Luan. Ela é atrevida demais pra isso." Luan-refém riu de mim. Bufo. Abaixa essa crista, Tanara! Está na hora de você fazer isso! 
— Você é muito abusada, mesmo, né?! 
— Ué, você não vai porque não quer. 
— Porque eu não posso. 
— Mentiroso! Aliás, tá certo, você é meu ex, não tem que ir mais pra evento meu. 
— Ai, Tanara, já expliquei.
— Nem vai ter tão cedo assim! Poxa, Luan! 
— Vai ser de manhã, eu vou estar dormindo. 
— Eu posso te acordar. – não cede a ela, não cede a ela. 
— Tanara, já disse que não. 
— Ótimo, então. – pegou a mala, ainda sem me olhar. —Tô te esperando lá embaixo. 
— Deixa que eu levo, deve tá pesada. – isso é só cavalheirismo, ok? Dona Marizete repudiaria eu não usando ele. Devia estar pesada mesmo e com certeza ela nem aguenta. Imagina descendo escada? 
— Não. Leva as suas coisas, essa é minha. – marrenta. 
— Então tá. Se cair na escada, quebrar uma perna, um abraço, depois não vem reclamar. Adeus evento, adeus Orlando.
— Sua praga não cai em cima de mim, querido. – e saiu, levando, com o maior esforço. Revirei os olhos. 

Marquinhos's POV. 

— Ih Tatá, acho que você não tem mais esse poder todo com o boi, não... 
— Como é que é?
— Isso que você ouviu, ué. 
— Eu não entendi. 
— Vocês estão se separando, né? E como você acabou de dizer que no natal ele fugiu de você... Em melhores palavras: ele resistiu a você. Isso é inédito, porém, não deixa de ser um fato. Ou seja, repito: você não tem mais esse poder todo com ele. Talvez você não tenha mais poder nenhum. E ele também nem te chamou pro show de hoje. Você tá aqui, comigo, sendo que ele jamais admitiria isso. 
— Você tá dizendo que ele não me ama mais? 
— Não. Amor é mais complicado. Estou falando de sexo... Estou falando da falta de sexo! Luan não sente mais tesão por você. E isso, sim, quer dizer algo sobre o "amor", né? Sei lá, é um importante indício. 
— MARCOS! 
— Ué. – ri. 
— É CLARO QUE O LUAN SENTE TESÃO POR MIM, VOCÊ TÁ LOUCO? 
— Grita mais alto! Meus novos vizinhos vão adorar saber dos assuntos que eu trato aqui! 
— Que se danem seus vizinhos! – bufou, indignada. Consegui o que eu queria. Porém, como eu previa, mexer com o ego de uma mulher é bastante perigoso. — O Luan é casado comigo há meses, e não há anos, pra poder perder o tesão. E ele me ama, tá legal? Ele me ama muito! – disse com convicção. 
— Então por que você não transou com ele no natal? – a boca dela abriu para argumentar, mas eu a interrompi. — RAN, não diga que foi porque você não quis, porque você queria, sim! E queria muito! – Tatá murchou de forma literária e instantânea, formando um beicinho bastante chateado. Eu fiquei até com pena. Mas agora eu teria que ir até o final. 
— Não transamos porque ele não quis. Porque ele fugiu de mim. Ele resistiu a mim várias vezes porque eu tentei várias vezes. – confessou e eu me controlei para manter o semblante sério-triste-preocupado. 
— Sinto muito, Tatá. 
— Marcos, olha pra mim! 
— Hum?
— Ele te falou algo, foi isso? O Luan conheceu alguém? Foi por isso que ele está se separando de mim? Ele conheceu alguém e essa RAPARIGA...
— TANARA! 
— ESSA QUENGA...
— TANARA ALBUQUERQUE ACCIOLY, para de gritar, sua louca! – eu já estava rindo, mas Tatá me olhava com fúria, como se tivesse pegado Luan no flagra e eu fosse a amante. 
— Foi isso, Marcos? Ela deu CHAVE DE PRIQUITO...
— Tanara, pelo amor de Deus, eu mal me mudei e já vou ser despejado! – corri para tampar sua boca. 
— E ele se apaixonou? Foi por isso? Ele se encantou e usou a desculpa que eu sou interesseira pra pedir o divórcio? Ele quis sair como o certo e está fazendo todo esse teatro de coitadinho? De marido-desiludido? 
— Não existe nenhuma mulher, Tatá. Deixa de ser louca! 
— ENTÃO FOI HOMEM? ELE DEU O RABO E GOSTOU? MEU DEUS DO CÉU, EU FUI TROCADA POR UM MACHO! – se desmontou em meus braços, fazendo cara de choro. Se eu não conhecesse a peça, juraria que ela desataria a chorar nos próximos instantes. Mas era só a Tanara. A doida da Tanara. A rainha dos dramas. Olha os absurdos que ela estava deduzindo e já SOFRENDO por eles! 
— Tatá, meu Deus, deixa de ser paranóica. – a ergui, segurando-a por trás. — Luan não me falou nada, tá legal? Para de drama, porque por mais que eles sejam convincentes, eu te conheço há anos e aprendi a não cair neles.
— Não é drama, tá legal? 
— Ah, não? Eu não disse nada demais e você saiu insinuando um monte de coisa, como se fizessem o maior sentido do mundo... 
— Você tá acobertando o safado do Luan. 
— Luan não te traiu. Não te trai. Não que eu saiba, pelo menos! – semicerrou os olhos para mim. — Qual é, Tatá? Ele nunca dispensou você. Por isso eu fiquei assustado com o episódio do natal.
— Marquinhos, será que foi o meu cabelo? Ele me disse que eu tinha ficado feia, mas eu achei que fosse só implicância. 
— Não sei, Tatá. 
— Ai, meu Deus... 
— Combinamos de cortar os dramas, lembra? 
— E se eu colocar aplique?
— Tatá, não temos certeza de nada. Estamos só supondo.
— Então o que eu faço? 
— Investe pra valer. 
— Hã?
— Vocês vão pra Orlando, né? Então... investe pra valer! – um sorriso surgiu em seus lábios. 
— RÁ! Vamos transar tanto em Orlando que eu voltarei GRÁVIDA! – berrou, animada. 
— Eu duvido. 
— Oi?
— É, Tatá. 
— VOCÊ ACHA QUE MEU CABELO É BROXANTE, É ISSO? 
— Não, sua louca. Tô achando você linda com esse cabelo, mas...
— Mas o quê, hein? Anda, fala! 
— Sei lá, é porque as ocasiões são muito próximas, né. Vocês já vão amanhã, e bom, Natal foi anteontem... 
— Quer apostar como eu consigo? – ponto pra você, Marcos! Isso, garoto! 
— Quero! 
— Se eu conseguir, você vai ter que deixar a barba crescer e ficar que nem a do Rober. 
— Porra, hein, Tatá! Isso, não!
— Aposta é aposta. 
— Tá. E se você não conseguir? 
— Não existe essa possibilidade. – deu de ombros, se gabando. 
— Se você não conseguir você vai ter que apresentar o MPN mostrando a bunda.
— Hã?
— Sempre admirei sua comissão de trás, uai. 
— Eu vou falar pro Luan que você fica me tarando!
— O que eu posso fazer se aquela cena de quando vocês só namoravam foi impactante? Popozuda! – ri. — Enfim, no dia da premiação você vai ter que usar uma roupa que mostre boa parte dela...
— Você só pode tá louco! É o MPN, Marquinhos. – negou, rindo.
— Tá com medo de perder, Tanara Accioly? – provoquei. Ela respirou fundo e logo refez sua expressão de vencedora. 
— Ok. Fechado! – estendeu a mão.
— Fechado, Tatázinha! – apertei, rindo do que eu acabara de fazer. Rindo da minha própria desgraça, no caso. É claro que ela transaria com ele quantas vezes quisesse, em todos os lugares possíveis. Vou carregar um troço que nem o do Testa no queixo, mas é por uma boa causa. Eles vão voltar bem melhor, esquecendo a ideia de divórcio. 

domingo, 16 de julho de 2017

Capítulo 76 - Nova Tanara.


Em instantes, Bruna já havia se levantado e corrido até a cunhada. Tatá sorriu tímida quando notou a presença de Bruna e as duas se abraçaram como se fizesse anos que não se viam. Agora elas conversam algo que eu, obviamente, não conseguia escutar. E não me importava. A boca de Bruna se mexia na mesma empolgação de todo o corpo. Maravilhada, pegava nos cabelos-cortados de Tanara, analisando cada mecha. Com certeza a elogiava, porque Tanara, que sempre fora desinibida, estava sem graça. A linguagem corporal dela era a que eu mais entendia. E agora eu me encontrava fixado nela.


fixado
cs/
adjetivo
0. 1. 
preso ou colado a (algo); cravado, pregado.




0. 2. 
olhado, observado com insistência.







— Ela ficou bonita. – Cestrel disse, com um certo incômodo. Tanara era bonita. Era linda. Mas com esse novo cabelo, parecia outra pessoa. E essa outra pessoa é estonteante. Porra, eu me apaixonei à primeira vista por essa pessoa.
— É, ela tá linda. – sacudi levemente a cabeça, respirando fundo, tentando despertar do encantamento. Olhei em volta e percebi que Tanara se tornou dona de todos os olhares da minha mesa. Não sei por que, mas não foi algo que me surpreendeu. Eles só estavam como eu. Só espero que ninguém tenha se apaixonado à primeira vista pela Nova Tanara, porque caso isso tenha acontecido, temos um grande problema.

“Luan, deixa de ser louco!
Não existe outra pessoa.
Não existe Nova Tanara.
É só a Tanara de sempre.” – minha consciência gritou, tentando me aplicar uma dose de lucidez.

Tá, consciência. Então me explica: como é possível se apaixonar de novo pela mesma pessoa, em milésimos de segundos, sem nunca ter desapaixonado? Rá. Rá. Te peguei! Não tem como. Então, essa é, sim, uma outra pessoa, uma Nova Tanara.

                Luan 1 X 0 Consciência de Luan


— Oi, gente! Boa noite! – Tanara disse educada, cumprimentando todos. E pronto. A chuva de elogios sobre o seu cabelo começou. Cestrel estava do meu lado e parecia muitíssimo nervosa. Já eu, fiz o máximo de esforço para manter a normalidade e convencer minha esposa que não tinha nada demais nisso. Porém, o sexto sentido de Tanara era aguçado e seus olhares para mim me faziam acreditar que estava escrito na minha testa que eu e Cestrel estávamos mantendo um caso. Que saco.
— Carol, deixa a Tatá sentar aí! – Bruna se dirigiu à Cestrel, que sorriu amarelo e já foi se levantando.
— Não precisa. – Tatá sorriu calma. — Vou sentar com as minhas amigas. Eu vim com elas, seria uma desfeita.
— Sério, Tatá? Poxa! – Bruna emburrou.
— Não vai ficar chateada com essa besteira, né?!
— Não vou, mas... – Bruna não iria, mas eu já estava incomodado. Que porra é essa? O que vão pensar?
— Dramática! – Tatá deixou um beijo estalado na sua bochecha e saiu, linda e serena. Minutos depois, Bruna já estava discutindo comigo.

— Você é burro? Vai deixar sua mulher sentar com as amigas?
— Ela quis, Bruna.
— Você nunca deixaria a Tatá não estar colada em você. O que tá acontecendo?
— Ela veio com as amigas. – dei de ombros.
— Larga de ser bunda mole, Luan Rafael! Cristo! – revirou os olhos.
— Por que sua namorada é assim? – perguntei ao Breno, que estava rindo da impaciência de Bruna.
— Eu não sei, mas também não deixaria ela sentar em outra mesa. Sei lá. Chama as amigas pra cá também.
— Tá vendo? – Bruna levantou a sobrancelha, de braços cruzados, como se fosse a dona de toda a razão do mundo.
— Tá, Bruna. Eu vou lá. – respondi, enquanto Cestrel não sabia como agir, mas demonstrava o incômodo.
— Carol, acho melhor você ir pra perto de onde todos da equipe estão. Tatá vai sentar aqui. Aqui é família.
— Bruna! – repreendi minha irmã.
— Não, Luan, não tem nada demais. Ela tá certa. Aqui é família e eu deveria sentar junto com os seus outros funcionários.
— Ué, Pi, mas é. Eu não gostaria de ver alguém grudada no Breno assim, mesmo que não tenha maldade.
— Não estamos grudados. – Cestrel sorriu sem graça.
— Estão, sim. Desde o Faustão. – pude ver Breno dar um cutucão na linguaruda da namorada.
— Luan, por que a Tatá não está aqui? Vocês brigaram? – Juliana, a dona da minha vida...
— Tá vendo? Todo mundo tá pensando isso!
— Não brigamos! Já estou indo lá. – saí, sem ouvir os murmurinhos que ficaram para trás.

Cumprimentei todas as amigas da minha esposa, que me recepcionaram com um grande sorriso no rosto. Me abraçaram e demonstraram o quão contentes estavam por estar me conhecendo. Depois de tanta simpatia, chegou a hora de enfrentar Tanara. A mulher que estava do lado dela me cedeu o lugar e após isso, nós dois ficamos na ponta da mesa, o que me permitia sussurrar o que eu quisesse em seu ouvido.

— Você ama ferrar comigo, né? – sorri, para quem estivesse vendo achar que fosse algo fofo e romântico.
— O que eu fiz agora? – ela sorriu, da mesma forma.
— Não faz a sonsa, Tanara. – apertei seu braço.
— Me solta.
— Vamos pra mesa comigo.
— Você não sabe que "não" é "não"?
— Eu sei que você é uma mimada-atrevida.
— Vai à merda, Luan Rafael. – a frase escorregou por entre seus lábios, enquanto os mesmos abriam um sorriso natural. Tanara daria uma ótima atriz.
— Por que você cortou o cabelo?
— Porque eu quis.
— Tá feia. Não combinou com você.
— Uau, Luan. Estou realmente muito preocupada com a sua opinião. Acho que vou voltar lá no salão e colar o cabelo de novo.
— Devia mesmo. Ficava muito melhor com o antigo e eu sempre te avisei... Mas você nunca me escuta, né, Tanara. Nun...
— Bia! – me interrompeu. — Contei pro Luan sobre sua vontade de gravar com ele e ele disse que também adoraria. E que pode ser agora. Tudo bem pra você? Dá certo?
— Meu Deus! Sério? – Bianca abriu um sorriso, se animando.
— Sério, né, amor? – Tanara alisou meu rosto, cínica.
— Claro, uai. – confirmei, sem jeito. De repente as outras começaram a dar palpites para ajudar e eu encarava Tanara, que ria do fato de ter conseguido me tirar de tempo
— Eu odeio você.
— E também odeia meu cabelo. Não se esqueça disso.
— Eu odeio você e o seu cabelo. – falei olhando nos seus olhos e quando dei por mim, Tanara já tinha uma de suas mãos apoiada no meu rosto, e seu dedão alisando meus lábios. Com a outra ela segurava um copo de vinho, e acabara de sorrir marota depois de um gole. Como quem ia aprontar. É, foi isso mesmo. Juntou nossas bocas sem ligar para o que eu achava disso e de repente estávamos num delicioso beijo de língua, que me fez esquecer de tudo ao redor... Só conseguia me render a ela e às suas carícias ávidas.

antilunara Oi, xuxus. Tudo bom? Voltamos porque você piscou e Cestrel Makeup atacou novamente! rs Acompanhou nosso Luanzin no Faustão (olhem os stories dela, fotos no bastidores e tudo) e pra finalizar com chave de ouro, FOI PRO PARIS 6. 🍮🍷✨Só gostaria de saber aonde se encontra Tanara Accioly, nossa querida Maria Microfone! 😦🚨🤷🏻♀❓Quem souber, me informa? É que eu tô a fim de saber qual a justificativa vão dar para esconder o chifre da vez. rs Até mais! 😄 




modestiasantana @luansantana com a blogueira Bianca Andrade, Estou falando sério. – deu uma risadinha.gravando para o seu canal " Boca Rosa", hoje, no @paris_6. #luansantana #bocarosa



— Tá feliz? Já estão falando merda!
— Merda de quê? – não era possível que ela não lesse os absurdos que postavam. Aliás, são absurdos por serem mistérios desvendados tão facilmente. Como essa tal "antilunara" liga tão perfeitamente as coisas? É realmente preocupante! Mas, mesmo que fosse muito impossível a Tanara não ler, eu só tinha que torcer para isso continuar acontecendo.
— Nada, Tanara.
— Nada mesmo. Pedi às meninas que não postassem nenhuma foto minha até eu postar a minha oficial de cabelo curto.
— Mas vazou minha e da Bianca. Estão falando que você não estava comigo.
— E eu sou obrigada a viver grudada em você? Quem faz esse papel é o Wellignton, meu bem. E digamos que ele é bem mais alto e mais moreno que eu. Ou você nos acha parecidos?
— Muito engraçadinha! – sorri falsamente.
— Eu vou postar a foto e depois aviso às meninas que já podem postar o que tiverem de postar. Aí vão saber que eu estava com você, mesmo eu não sendo obrigada a estar vinte e quatro horas na sua sombra.
— Pega logo o João Guilherme, quero ir pra casa.
— Não vai descer?
— Tô cansado, Tanara.
— Sua mãe vai adorar saber disso.
— Ela vai entender. O que ela não deve entender é uma irresponsável pegar a guarda de uma criança pra em menos de meses ficar abandonando na casa da sogra.
— Sua mãe adora ficar com o João, Luan Rafael!
— Mas você não pode ficar se livrando das suas responsabilidades.
— Eu só fui no salão, seu louco.
— O que eu vi foi você ir no salão, depois em uma peça, depois em um restaurante.
— Vai à merda, Luan.
— Vai você, Tanara! – e ela saiu, batendo a porta do carro com força. — Vai você. – Bufo. Era impressionante o tanto que ela conseguia me irritar.

— O que ele tem? – João pergunta, depois de ter entrado no carro e notado minha tromba.
— Menstruação. – Tanara tira da bolsa um pacote de absorventes. — Fora a TPM, ele se queixou que está descendo muito. Rios de sangue e uma cólica insuportável, Joca. Inclusive temos que passar numa farmácia e comprar absorventes noturnos, porque esses não vão aguentar.
— E remédio pra cólica. – João completou, rindo.
— Ah, sim, claro. E chocolate também, né?
— Sim! Muito chocolate.
— Rá, rá, rá! Como vocês dois são engraçados! – arranquei o carro.
— Vou falar a verdade, João. É triste, mas você vai entender todo esse mau humor depois de saber dela.
— Qual é?
— Antes de virmos buscar você passamos em um motel e ele broxou.
— Tanara! – olhei-a, incrédulo.
— Isso é normal, Luan. – disse numa normalidade convincente, enquanto João Guilherme se acabava no banco de trás.
— Eu não broxei, sua maluca! Eu não broxo, João Guilherme!
— Ai, ai. Homens e sua masculinidade frágil. – lamentou, como se aquilo fosse um fato verídico.
— Nós estávamos num restaurante, sua louca! Meu Deus do céu! – João não parava de rir e ela acabara se entregando ao riso também. O motivo agora era minha reação. Tá, eu sabia que ela estava brincando, mas, poxa, e se ele acreditasse? Eu só tenho 27 anos! Eu não broxo!

tataccioly HELLO HELLO, NEW HAIR! 😍 “Mudanças são sempre necessárias...” 🙊💇🏻💗 E aí, aprovaram? 🙈




lunara  MEU DEUS DO CÉU!!!! 😱😱😱😱😱😱😱 ME ACODE, TÔ É NO CHÃO!!!! TATÁ CORTOU O CABELO!!!!! 😱😱😱😱😱😱😱 Mas genteeeeeeee 😦😦😦😦😦😦😦 TÁ LINDAAAAA!!!!! 😍😍😍😍😍😍 detalhe: TAVA NO PARIS 6, JUNTO COM O LUAN E A BIA, SIIIIIIIIIIMMMMMM! Engole o veneno, XUXU! 😅😘 Tô em êxtase, reaaaaaal oficial!!! 💇🏻💗💇🏻💗




lunara Enquanto o Luan gravava o Faustão, Tatá tava na peça da Biancooo com a Taci! (de cabelo cortado já!!!!!) 👯 Amizade linda, né?! E depois, como vocês já sabem, foram pro restaurante e a Bia gravou com o Luan! 😍💘 Muita emoção pra um dia só!!!!! 🆘🆘🆘🆘



Flashback OFF.

24 de dezembro de 2018.

Fortaleza era calor, mesmo em uma das épocas mais frias e chuvosas do ano. E para quem ainda não entendeu, eu passaria o Natal em Fortaleza, sim. Na casa de pessoas que me odeiam, sim. Mas por uma pessoa muito especial, que é a minha quase-ex-esposa. Não julgo quem não consegue compreender minhas atitudes recentes, eu também não as compreendo. É como se eu estivesse no modo automático e, consequentemente, não faço a menor ideia de onde chegarei.

Quando desço do Uber, levo o pior choque da minha vida. No portão estava Marcos e Erick, que me encararam.

Depois de anos,
de novo,
esse cara?

Puta merda, hein!

Pareciam me fuzilar (como se esse direito não fosse meu) enquanto eu pegava minha mala no bagageiro. Me despedi da motorista simpática e doce, que correspondeu eufórica. Ela veio o caminho todo assim. Creio que deve ter sido uma surpresa ter o Luan Santana de passageiro em plena véspera de Natal. Diferente de mim, as pessoas se importavam bastante com o poder que meu nome carregava. Nayara devia ser da idade da minha mãe. Tiramos uma foto e ela também pediu vídeo de beijo para as duas filhas que admiravam meu trabalho. Conversamos sobre a rotina dela no volante e eu me senti confortável. Pensei que fosse o início de uma boa noite, mas a visão do portão, me broxou. Considerei a hipótese de entrar novamente no carro e pedir para Nayara me levar de volta para o aeroporto, com alguma desculpa esfarrapada. O máximo que poderia acontecer era ela contar para as filhas que o cantor que as mesmas admiravam, era um retardado. E tudo bem colocar essa interrogação na cabeça de três ouvintes, né?!

Tanara.

Por Tanara, não estava tudo bem. Aliás, por mim também, não. O que esse imbecil estava fazendo ali? Eu tinha que entrar, como o marido que sou, e tirar as devidas satisfações.

Imaginei imediatamente a cara de Tanara e o que me responderia: eles são amigos.

É, infelizmente isso é verdade.

Infelizmente, minha mulher tem um tio que me odeia.
Infelizmente, minha mulher tem um tio que me odeia porque é amigo do ex.
Infelizmente, esse mesmo ex sempre foi jogado entre nós dois, propositalmente.
Infelizmente, esse desgraçado, foi pivô da nossa separação.
Infelizmente, esse filho-da-puta não tem senso e continua frequentando as festas de família da ex, que agora é CASADA.
E talvez, infelizmente, esse merda faça isso com o maior prazer do mundo.

Por não ter superado o término,
por gostar dela,
por desejar ela,
por me odiar,
e,
principalmente,
por ter como um hobby me tirar do eixo,
me deixando louco de raiva e ciúme.

Solução: encarar e mostrar que já não o vejo como uma ameaça.

Isso.

"Erick, foda-se você." eu sussurrei e fui andando lentamente em direção ao portão, respirando fundo. Dona Marizete criou um menino educado e calmo.

— Oi, boa noite. – cumprimentei ao me aproximar. Não gastei minhas bochechas e sim, poupei meus dentes, não sorri. Nem esperei respostas. Adentrei aquela grande casa, à procura da minha esposa.

Logo na entrada, dei de cara com a minha cunhada e Dona Fátima, que gritava com ela para parar de correr. As duas, carinhosas, me abraçaram. A avó da minha mulher agradeceu minha presença e em seguida, gritou pela neta, anunciando minha chegada. — Você precisa ver como minha Tatá está linda! Se bem que ela já deve ter lhe mandando foto... – riu docilmente e saiu, dando um piscadela.

Excluíram Marcos na distruibuição de doçura e gentileza da família. Porque, sim, todos que eu conhecia, eram.

Fátima,
Érika,
Alexandre
e meu amor.

Não.
Meu amor, não.

Espera...
Meu amor, sim.

Vi os pés de Tanara na escada e me aproximei. Ela estava de vestido. Caramba, estava deslumbrante! O cabelo curto estava lindo, mas estava diferente. E quando notei o elemento que causou essa diferença, eu paralisei.

Ela. Estava. Loira.

Em dois segundos fiz a proeza de me apaixonar por Tanara Accioly novamente. Como pode? Quando foi? Já não bastava ter cortado o cabelo, agora ela estava loira? E o melhor, esse tom nos seus fios a deu um ar mais sexy e charmoso.

Ela descia as escadas e para mim, era em câmera lenta. Sorria, enquanto o seu vestido vermelho de rodado perfeito, fazia o seu trabalho, que era fazer um movimento primoroso e ressaltar seu corpo e seu sorriso. Estava estonteante! Que saco! Por que o vermelho a deixava uma perdição?

— Amor! – ela chegou perto, me surpreendendo com um beijo, que eu, mesmo sendo pego de desprevenido, retribuí muito bem.
— Oi, meu bem. – não sei porquê, mas eu sorri, a encarando confuso. Além de loira, gostosa, ela ainda estava simpática? Estávamos sozinhos, então, não precisava daquilo. Não era a hora de começar a manter as aparências, todos tinham ido para algum cômodo da casa.
— Como eu estou? – ela deu um rodadinha, mostrando todo o conteúdo. Ela estava maravilhosa e estou certo de que o meu elogio não era o primeiro da noite.
— Você está horrorosa! Que cabelo é esse? – falei, soltando uma risada. Ela se agarrou ao meu pescoço e de repente, estávamos muito próximos.
— Poxa, era o meu presente de natal. – ela riu com deboche, me dando um selinho.
— Você é uma caixinha e suas surpresas estão me assustando, tá? – eu disse, arrancando um sorriso seu. Mas ao lembrar da primeira pessoa que vi quando cheguei, minha cara fechou. Ahgr. — Tatá, o que o Erick está fazendo aqui?
— Uau, meu amor! – me analisou. — Você está um gato! – espalmou as mãos no meu peitoral. — E respondendo a sua pergunta, eu não sei...  – deu de ombros, sorrindo e deixando claro que estava se forçando para não deixar a presença do maldito atrapalhar nossa noite. Pegou meu rosto e iniciou um beijo doce. O beijo dela era o meu sabor preferido e, por um momento, pensei em Erick, mas resolvi esquecer. Era Natal e eu não deveria me torturar daquela maneira. Então retribuí. Quando ela encerrou aquele beijo maravilhoso e intenso, a sala já estava cheia. Minha sogra veio me cumprimentar e alguns a acompanharam.
— Vai tomar um banho, meu filho. Deve estar cansado... – Dona Fátima disse, me abraçando de lado. Tanara mentiu, eu não estava nem um pouco gato.

Fui acompanhado até o quarto, e quando chegamos, ela me agarrou de novo. Sim. Tanara Accioly me agarrou. Não sei vocês, mas pra mim, isso é:

                         Luan 1 X 0 Tanara

— Tanara... – disse, sorrindo. Eu não podia me entregar tão rápido assim. — Não tô entendendo.
— Claro que você está entendendo. – voltou a me beijar e e eu já não sabia mais o que falar. Eu não conseguia não-me-render a ela. É que ela tinha um poder enorme sobre mim. E o que eu posso fazer? Eu também queria, mas sabia que não podia. Estávamos nos separando e não precisávamos fazer aquilo longe das pessoas... Aliás, não podíamos fazer além do que deveríamos fazer perto das pessoas. Por que ela está tentando?

— Tatá...
— O que foi?
— É pecado transar no Natal. – ela parou de me beijar na hora e começou a rir.
— Tudo bem, agora você me broxou. Vai tomar seu banho.
— Vou lá ficar cheiroso pra você. – alguém desliga esse meu modo automático?
— Vai lá. – fez a maior cara de safada.

Cristo.

— O que seu ex está fazendo aqui, Tanara? Você mudou de assunto, mas eu não esqueci. – relembrei.
— Eu não sei, Loli. Deve ter sido o Marcos.
— Que saco! Quando esta óssea cara vai sumir da nossa vida? – perguntei, nervoso.
— Luan, eles querem isso mesmo. Te irritar, nos afastar... Mas, por favor, não deixa isso acontecer. – ela me abraçou forte, amolecendo meu coração. E ao mesmo tempo, o fazendo queimar. Ela ainda se importava?

Fui tomar banho. Eu tinha trago uma blusa azul marinha social e uma calça jeans. Quando saí do banho, só de cueca, Tanara estava deitada, me esperando. Comecei a me arrumar, quando alguém bateu no quarto. Olhei as horas e nem chegava perto da meia noite. Tá, faltavam quarenta minutos.

— Oi, Erick! – Tanara disse com a voz estranha, ao abrir a porta. O que ele estava querendo no nosso quarto? Só de ter encontrado-o na entrada, meu sangue ferveu, porém, me controlei. Mas agora... acho que já é abuso demais!

O QUE ESSE FILHO DA PUTA ESTAVA FAZENDO ALI?

— Oi, Tatá! Podemos conversar? – ele falava em um tom regularmente alto, para que eu escutasse. Respira, Luan. Você lembra o que aconteceu da última vez. Ninguém pode pensar que o divórcio vai sair por causa disso. Tanara me olhou confusa, entre a porta. Ela acabou abrindo um pouco e eu pude ver a cara do desgraçado. Ele sorria olhando pra ela, com uma cara horrorosa. Ele é horroroso.
— Pode? – Tanara continuou me olhando. Essa não era ela! Pedindo permissão? Pensei em falar "não", mas não podia. Não podia bancar o possessivo de novo.
— Vai lá, amor. Daqui a pouco eu vou descer.

E ela saiu. Ela só saiu me olhando e sorrindo de lado. Mas não um sorriso "está tudo bem", ela estava aflita.

Terminei de me arrumar e desci. Quando apareci  na escada, todos os olhos da sala foram diretamente para mim. E eu, também, com dois olhos, percebi todos os indesejáveis ali. Erick e sua família inteira estava ali. Só devia ser tentação. Então, os mesmos olhos que estavam fixados em mim, olharam para a direção onde estava minha esposa, como se tentasse avisar que eu era um corno.

Desci e cumprimentei todos, desde os que eu mais gostava até a família dos primeiro namorado da minha esposa e o tio dela. Além do Gabriel. É, também tinha o Gabriel. Eu e ele não conversamos mais depois daquele dia, mas agora ele me olhava com compreensão, de uma forma estranha, amigável também. Eles me odeiam.

Tanara não conversava com patético à vista de todos, mas sim em um quartinho, na parte de baixo da casa, com a porta entreaberta. Tudo bem, Luan. Não é nada demais. Talvez ele esteja pedindo para ela voltar.

Não, não, não, não, não, não, não, não, não! Para!

Eu não vou pensar assim. De todo jeito, ela vai dizer não. E sim, eu disse nove "nãos" baixinho, lutando contra minha insegurança.

Ale, o único dos homens que realmente gostava de mim, além do Joca, veio conversar comigo. Perguntou como estava indo as coisas e por fim, ele questionou o que eu achei dos convidados.

— Acho melhor eu nem achar nada, né? Lembra daquela vez... – eu fiz uma careta, olhando em direção ao quarto.
— Ele é um filho da puta, Luan. Está doido para você caçar confusão, mas não faça isso.
— Eu não vou. Eu estou me corroendo de ciúmes, Ale. Você não faz ideia do quanto eu odeio esse cara! Mas... – respirei fundo. — Tô me controlando.
— Daqui a dez é a ceia, você chama ela. É a ceia, não vai parecer que você está incomodado. Ele deve estar falando algum absurdo.
— Eu imagino. Ele é ridículo, cara. Filho da puta de um caralho! – ele riu, concordando. E voltamos a falar de coisas aleatórias, enquanto, de novo, eu estava em uma luta com a minha insegurança, que ganhava de 10 X 0.

Deu a hora da ceia e ela ainda estava no quarto com ele. Então eu decidi ir atrás. Chegando de mansinho na porta, a primeira voz que ouvi foi a dele.

— Essa é a condição, Tatá. Você vai ter que escolher: se você continuar casada com ele, eu conto tudo pra Dona Fátima.

Contar o quê? Ele está ameaçando ela por quê? ESTÁ OBRIGANDO ELA A SE SEPARAR DE MIM?
Respira, Luan. Matar é pecado, é crime.                      

— Erick, não adianta! Eu não volto pra você, eu tenho nojo de você. – pude sentir raiva em sua voz. — Você é um nojento!
— Se eu fosse tão nojento você não teria vivido sua adolescência ao meu lado. – ele riu, afrontoso, e nesse momento passou pela minha cabeça os dois juntos. Quis vomitar.
— Não!
— Não o quê? Passou sim! Tá louca? – sua voz se alterou.
— Digo não à sua proposta. Eu escolho o Luan.
— Quê? Tem certeza? Quer que eu conte tudo isso para a sua avó? Achei que você tivesse mais consideração. – a chantagem emocional que já era baixa, só piorava. Desgraçado!
— Claro que tenho. Você é um ridículo! Eu escolho o Luan e escolheria mais mil vezes se possível. Faz o que você quiser. Sai desse quarto e conta tudo pra ela. Não estou nem aí. Eu amo muito minha avó, mas amo na mesma intensidade o Luan. Eu não trocaria ele por nada! Ainda mais uma proposta tão debochada, ainda mais vindo de você! Você é ruim, Erick! O que você sente por mim não é amor e nunca foi. Quem ama não trai. Quem ama não machuca. Quem ama não programa maldades assim. Você é mau caráter. Você não tem bom coração. Você é um chantagista, é baixo, é um parasita. Tudo que você fez pra mim e pro Luan em 2015, das interferências até o beijo roubado, só prova que você é um moleque mimado que ficou ofendido quando perdeu o que achava teria pra sempre. Mas acontece, Erick, que eu nunca fui sua. Foda-se se você tirou a minha virgindade, qualquer outro que eu tenha transado transou melhor do que você. Casei com o melhor dos melhores em me amar, de todas as maneiras. O que eu tive por você foi uma paixonite! Amor mesmo, arrebatador, eu sinto pelo o Luan. Eu o amo tanto que o meu coração aperta, entende? Não. Você não entende. Porque você é frio e calculista! Você é desprezível! Se for pra eu e o Luan nos separarmos, será por outro motivo, e nunca mais por você. – me permiti sorrir. Ela disse que... meu Deus! Porém, não pude deleitar-me das suas palavras, porque logo em seguida, fui invadido por uma raiva sobrenatural quando vi Erick indo pra cima dela, alterado. De novo, não. Nem consigo racionar o suficiente para detectar as expressões e o que foi dito. Quando dei por mim, estava atacando o ex da minha esposa com um soco na cara. Eu nunca briguei, então não sei bem, mas esse não foi um soco normal. Eu depositei toda a minha força. Toda, mesmo. E ele caiu, me fazendo acordar para o que eu acabara de fazer. Ele desmaiou e enquanto meus olhos tentavam entender, arregalados, senti Tatá abraçar minha cintura, apavorada. Ela tinha gritado quando eu parti pra cima. Puta merda. O que eu fiz?

sábado, 15 de julho de 2017

Capítulo 75 - Amor de verdade a gente conserta, não joga fora.

— Alô?
— Marquinhos? – disse, com um nó na garganta. Era notável minha voz embargada.
— Oi, Tatá! Tudo bem?
— Marquinhos, eu não aguento mais. Eu vou perder o amor da minha vida! Eu estou desesperada, eu não sei o que fazer. – falei, começando a chorar. 
— O que aconteceu? Se acalma, Tatá. – pude sentir meu nervosismo o contagiando. Marquinhos era incrível e se importava a esse ponto, se preocupando e se colocando no lugar inteiramente; como se sentisse na mesma intensidade. 
— Eu e o Luan, só brigamos... acabamos de ter uma discussão mais séria e... a ficha caiu, Marquinhos. Eu perdi ele. – me entreguei ao choro e de repente, estava em prantos como uma criança. Um joelho rasgado, boca machucada, cabeça batida... qualquer um desses que doesse muito. Ou os três juntos. Tanto faz. Sabe quando essa mesma criança está se esgoelando e a mãe entra em desespero e só consegue dar colo, soprando o ferimento e prometendo que vai ficar tudo bem, que vai parar de sangrar, a dor vai passar e vai cicatrizar? Eu queria a minha mãe, o colo dela... Porém, só tinha meu amigo. Felizmente ele fazia o mesmo papel. Tentava, pedindo insistentemente para eu me acalmar. A diferença é que a criança confiava na mãe e sabia que ela estava certa. Já eu, tinha sérias dúvidas se iria parar de sangrar, de doer e se, realmente, chegaria a cicatrizar. 

— Tatá, pelo amor de Deus, respira. Se acalma. Eu tô ficando preocupado. 
— Desculpa, desculpa... Eu... – eu não conseguia conter as lágrimas que se multiplicavam em segundos e escorregavam pelo o meu rosto. Muito muito menos o choro que saía do nariz, da garganta. É, sabe? Choro não sai só dos olhos, não são só as lágrimas... Quando mais intenso, dolorido, se manifesta por esses lugares citados. E são grunhidos estranhos, né?! Eu sempre achei bonitinho aqueles chorinhos calmos, silenciosos, com direito à fungadas educadas e soluços discretos. Para a minha própria decepção, o meu estava no nível da criança, — de novo ela, será que eu estava me auto-acusando de uma pessoa desprovida de maturidade emocional? Aliás, qualquer tipo de maturidade? — exagerado. 
— O Luan fez alguma coisa com você? Ele estava tão revoltado, mas sei lá, jamais imaginei que ele pudesse passar de algumas ofensas. E ofensas sem pensar, porque ele está muito chateado... Tatá? Me fala o que houve, por favor. – o cuidado da sua voz entregava a apreensão. 
— Ele não fez nada. – respirei. Não, solucei. — Ele, ele... – e de novo, de novo...
— Respira, calma. 
— Marquinhos, tá doendo muito. 
— Eu imagino, Tatá. Você está tendo uma crise, é isso. Se eu estivesse em São Paulo eu juro que correria para te abraçar. 
— Seria a coisa mais importante que você faria por mim em toda a nossa amizade, eu te garanto. – sorri, em meio às lágrimas. 
— Ô, menina... eu sinto muito! Vocês se amam tanto, não era pra isso estar acontecendo. 
— Ontem ele insinuou que depois da première eu fui pro motel com o Safadão, você acredita? 
— O quê? – e então, uma risada abafada e inconveniente tomou a atenção da minha audição. 
— Você tá rindo, Marcos?
— O boi fez mesmo isso?
— Fez. – relembrei, emburrando. A indignação de ontem voltou com tudo. — Disse que eu fiz servicinho extra com o cantor, por isso cheguei tão tarde. Só fomos jantar, vei! Inclusive o assunto do jantar todo foi esse idiota. O Safadão adora ele e ficou perguntando, elogiando, fazendo brincadeiras... tudo com o maior respeito do mundo. Eu estava com a minha mãe, Marquinhos. E mesmo que não estivesse, ele tem que confiar em mim e fim. Estou cansada de tantas desconfianças. Desconfianças tão bestas, idiotas, sem cabimento... Chega até ser inacreditável que um homem de 27 anos consiga ser o autor delas. Se eu contar ninguém acredita! 
— Ah, eu acredito. Eu acredito mesmo. O Luan é louco. – continuava rindo. A risada do Marquinhos era engraçada. Tá, eu soltei uma risadinha (bem rapidinha) também. — Essa insegurança dele sempre existiu, mas óbvio que essa aí foi pra te irritar, né?! Ele não aceita que vocês estão se separando. 
— Contraditório ele, né? Quem procurou isso foi quem?
— Eu vou pegar vocês dois, pegar uma corda e amarrar os dois. Só vou soltar quando pararem de fogo no rabo e fizerem as pazes. – olha aí, de novo interpretando o papel de "Marquinhos: A mãezona". 
— Só você mesmo. – outra risadinha escapou. Eu já respirava um pouco mais estabilizada. 
— E aí? O que vocês fizeram hoje? 
— Fomos no supermercado... Marquinhos, a raiva que esse seu amigo me fez passar, olha, vou te contar, viu? – ainda estava admirada com tamanha molecagem. 
— O que ele aprontou?
— Se juntou com a Laura e o João Guilherme e colocou o supermercado de cabeça pra baixo. Passei cada vergonha! – Marquinhos riu. — Depois fomos pro shopping e eles se aquietaram um pouco. Mas...
— Mas?
— Resolvemos dar uma trégua e... por causa dela... rolou um beijo. 
— Hummmmmmmm! 
— Nem começa. Ele veio todo convencido, achando que eu ia me iludir... 
— E não iludiu?
— Ai, Marquinhos, até você?
— Ele que te beijou?
— Sim.
— Eu me iludiria. Aliás, se tratando do Luan, eu nunca me desiludiria. Ele é louco por você. 
— Mas fez o que fez. 
— Ai, Tatá. Vocês vão ficar nessa guerra fria? Estão só se machucando. Olha aí você, caindo no choro, no desespero...
— Ele não vai mudar de ideia, ele não vai pedir perdão.
— Você perdoaria?
— Sem pensar duas vezes. Apesar da acusação ter sido fortíssima, eu amo demais esse ridículo. Eu sei que o erro dele foi gravíssimo, mas, ai, Marquinhos, eu perdoaria, sim. 
— Então perdoa sem ele precisar pedir o perdão.
— Hã? 
— O Luan já correu atrás de você tantas vezes que eu até perdi as contas... Ele já fez cada loucura, cada esforço por vocês dois... Até já te dividiu. Não acha que é sua vez?
— Mas é diferente.
— Você também já errou gravemente com ele, aliás, acho que até pior. Bem pior. Fazer de amante, lembra? 
— Não precisa lembrar.
— Aconteceu, né, Tatá. Você usou os dois...
— Eu só estava confusa.
— Mas usou. E mesmo assim ele ficou com você, casaram... em um castelo, Tatá. Se eu fosse mulher eu daria pro Luan a hora que ele quisesse, ainda mais ele fazendo, pelo menos, metade das coisas que já fez por você. Eu perdoaria qualquer tipo de erro... 
— Ai, Marquinhos. – me entreguei ao riso.
— Meu amigo é bonito, Tatá. Sério. Gostosão, galanteador, educado, cavalheiro, humilde, de família, do bem, de fé... 
— Fofo, engraçado... o quê mais? Você quer roubar meu marido? Eu até shippo, sabia?
— Sério, ainda canta, tem todo esse talento, carisma, sucesso... Homão da porra. 
— Eu nunca duvidei disso, Marquinhos.
— Você é, no mínimo, sortuda pra caralho. Você tem ele nas mãos, Tatá. É a dona do coração dele, valoriza isso!
— Eu não sei o que fazer, Marquinhos!
— Até então eu só vi você cedendo à decisão de separação. 
— Mas ele quer isso.
— Já ouviu que quando um não quer, dois não beijam?
— Já. Não tô entendendo.
— Tatá, resiste a esse divórcio. Prende o Luan, segura ele. Mostra que você ama ele. Mas ama por ele ser ele, e não por ele ter o que tem. Ele tá implorando pra você fazer isso, eu sinto. Ele quer ser surpreendido, conquistado. 
— Nossa discussão foi porque ele queria que eu viajasse pra Orlando com ele e a Laura e eu disse que não... que não manteria um casamento de aparências.
— Puta merda, Tanara!
— Ai, não briga comigo. 
— Eu amo estar com a razão, mas dessa vez, não gostei. 
— Mas não é, Marquinhos? Não tem lógica a gente viajar como se nada tivesse acontecido. 
— Tem lógica você viajar e aproveitar sua família. Tem lógica você postar foto como se fosse a esposa-de-seis-meses mais realizada, mais feliz do mundo. Tem lógica você encher suas malas de lingeries sensuais e transar com ele, se possível, dez vezes por dia. Onze, doze. O suficiente pra ele esquecer tudo isso. E suas chave-de-coxa, Tanara? Olha, eu te conheci mais eficiente... – GAR-GA-LHEI.  
— Eu não sei o que faço com você, Marcos!
— Quem não sabe o que fazer sou eu. Considere o que eu falei, Tatá. É seríssimo. 
— Ai...
— Ele está aonde?
— Na sala, não sei. Liga pra ele. 
— Amanhã eu ligo. 
— Marquinhos...
— Oi, Tatá.
— Eu te amo, tá? Muito obrigada!
— Você sabe que eu amo vocês dois e só quero o bem de ambos. Me agradece seguindo o meu conselho e ficando bem com o boi, aí eu também vou ficar bem. 
— Eu vou pensar, prometo. 
— Descansa, vai. 
— Tchau, beijo. 
— Beijo, Tatá. – desliguei. 

Luan's POV. 

— Você tem certeza disso, filho?
— Eu passei todos os anos da minha vida ficando com vocês nesse dia, Xumba.
— Mas Luanzinho...
— Dona Marizete. – a repreendi. 
— Tudo bem, tudo bem. Tatá roubou meu filho mesmo. 
— Não, ela não roubou nada. 
— Não foi você que disse que achava que a família dela não gostava de você? Eu fiquei até surpreendida com a Érika e... 
— Você não tem que ficar com raiva da Érika, mãe. Ela não me fez nada. Eu gosto da minha sogra! O que eu te contei não tem nada a ver com ela.
— Mas ela insinuou que você traía a Tatá.
— Faz tempo, mãe. Já conversamos. O que eu contei foi que o Gabriel e o Marcos não gostam e nunca vão gostar de mim. Eu tirei a prova disso. Mas a Érika, não... e nem a Dona Fátima. 
— Você quer mesmo passar o seu natal com eles, meu filho? Não quero meu bebê sendo maltratado. Sua família te ama tanto, Luanzinho. E estamos todos reunidos, esperando você. Seus tios estão morrendo de saudade. 
— Você é o quê da Tatá pra ser tão dramática, meu Deus? 
— Dá tempo mudar de ideia. Vem, meu amor!
— Não, mãe. Tem um jantar me esperando em Fortaleza. 
— Tá bem, desisto! 
— Nosso réveillon vai ser incrível, Xumba. Logo cê vê eu. 
— Estou ansiosa! – riu. — Tchau, cuidado! Boa viagem! Vai com Deus! Mamãe ama você! 
— Também te amo. Mais tarde ligo pra falar com vocês e desejar feliz natal. Beijo, beijo... – desliguei. 

Dona Marizete estava sendo dramática à toa, certo? Esse ano não seria tão diferente... eu também passaria com a minha família! Eu precisava disso, era uma... despedida. E por isso, hoje, dia 24 de dezembro de 2018, véspera de natal, estou indo para o aeroporto, pegar um voo comercial até Fortaleza. 12 dias se passaram desde minha briga com Tanara e... 

Flashback ON:

13 de dezembro de 2018. 

— Há maquiadoras disponíveis pra você aqui em São Paulo, Luan. 
— Mas eu quero ela, já disse. Liga e pergunta se ela pode vir. 
— Liga você, então. 
— Eu tô ocupado, Roberval. Eu não tenho tempo pra ficar ligando pra Cestrel. 
— Ocupado?
— É, não tá vendo?
— Você vem pra minha casa, fica largado no meu sofá, descontando esse seu estresse nas cordas do coitado do violão, de ressaca, e vem me dizer que isso é "estar ocupado"?
— Isso é estar ocupado. – comecei a mexer nas cordas mais forte.
— Porra, boi, você vai quebrar! E para com esse barulho! Que coisa chata! 
— Se eu quiser quebrar, eu quebro. Porque eu posso comprar outros. Eu posso comprar o que eu quiser. Eu posso ter quem eu quiser! Eu posso levar pra Orlando a mulher que eu quiser! 
— Você endoidou, cara?
— Eu aposto que a loucura dele tem nome e sobrenome. – Wellignton apareceu de toalha.
— Pô, cara, vai vestir uma roupa. – reclamei, pondo as mãos nos olhos. 
— Pior que eu também acho. Tanara Accioly. – Rober concordou, já rindo.
— Vocês acham que minha vida gira em torno dela?
— Não. Mas seu humor... – Well disse, voltando, felizmente, para o quarto. 
— Conta logo o que tá rolando. 
— Vou resumir! Bom... eu e a Tanara estamos nos separando e ontem, brigamos de novo. Eu fiquei com a Cestrel e vou ficar de novo. 
— COMO ASSIM, VEI? – os olhos de Rober saltaram para fora da caixa. 
— É. É isso. – respirei fundo. — Caramba, que ressaca filha da puta! 
— Meu Deus... Você traiu a Tanara... – falou boquiaberto. 
— Eu estou me separando, ou seja, não foi uma traição.
— Porra, Luan! Você só conta agora? Pensei que éramos amigos.
— Deixa de drama, seu fofoqueiro. Foi tudo muito rápido... eu... enfim, agora você sabe. 
— Qual o motivo? 
— Não quero falar disso agora, mas depois te conto. 
— Vocês dois se gostam tanto, boi! Vocês vão completar sete meses de casados ainda. 
— Pra você ver... Um casamento tão fracassado que só durou seis meses. Vai trocar de roupa que a gente vai almoçar fora. 
— Você não vai voltar pra casa?
— Não. Deixei a Laurinha na Isabel e tá só a Tanara e o João Guilherme.
— Nossa senhora... – nunca vi Roberval tão pasmo. Fazer o quê, né?! 

16 de dezembro de 2018. 

Gravei o Faustão e conseguindo o que queria, trouxe Cestrel para São Paulo. Ela me maquiou e nós ficamos rapidamente assim que pudemos estar a sós. Era tão estranho tocar outros lábios que não fossem os da Tanara... porém, lembrei de toda a raiva que eu sentia dela, que eu TINHA QUE SENTIR dela, fechei os olhos com força e fingi sentir prazer naquele beijo. Mais que trocar salivas, a ideia de trair, de me vingar, de machucar Tanara... me saciava. 

— E agora, vamos pra onde? – Carol perguntou animada. 
— Agora nós vamos pro Paris 6 com o pessoal porque eu estou morrendo de fome. – sorri de lado, sem graça.
— Não vai ter problema? 
— Não. Você faz parte da minha equipe, certo? A Bruna ligou, me chamando. Faz tempo que não vou lá, estou com saudade da comida.
— Se pra você tá tudo bem... por mim também. – deu de ombros, um pouco apreensiva.
— Relaxa, vamos saber disfarçar! 

Assim que encontrei Bruna, seu olhar intrigado caiu sobre mim. "Cadê a Tatá"? Imaginei que essa fosse a dúvida. E era. 

— Você traz a maquiadora e não traz sua esposa? – já estavam todos interagindo e ela me encarava com seu olhar reprovador. 
— A Tanara tem os compromissos dela, Bruna. 
— Nossa, Luan.
— Para de me olhar assim.
— Brigaram?
— Não, Bruna. Não brigamos! Deixa de tantas perguntas, por favor. – pedi e ela emburrou, desconfiada. 

Não tive nem meia hora de paz. De repente, vejo os olhos de Cestrel esbugalhar em direção à uma mesa e desentendido, olho também. Era... Tanara? Espera, a minha esposa? 

— Tatá! – Bruna sorriu e seus olhos brilharam. Certo, então. Eu não estava tendo alucinações, era minha esposa mesmo. Mas por que eu não enxergo ela completamente? Por que falta... algo nela? — Meu Deus, a Tatá cortou o cabelo! – Bruna exclamou, surpresa e incrédula, me acordando do transe e me dando a resposta que eu precisava. 


Oi... 🙊 Trago uma notícia boa para algumas e péssima para outras: não morri.  😲🤷🏻 Como vocês estão? Sentiram falta de lunara? Eu sei que poderia escrever um textão pedindo desculpas, me explicando e blá-blá-blá. Mas isso é tão chato... 🤔 E quem sempre esteve próximo, quem sempre se importou, nunca deixou de ter minhas satisfações. Acho que agora isso não importa mais, né?! Estou de volta! Verdadeiramente, DE VOLTA! 🙅🏻 Bem-vindas novamente ao nosso mundinho! ✍🏻✨ Estou decidindo em qual dinâmica postarei os capítulos, até isso se concretizar, vocês podem comentar esse e contar pra mamãe o que acharam/o que esperam. 👀 Amo vocês e tava morrendo de xadádiiiii! 😍 Tô ansiosa pra saber o que vocês vão achar de tudo que eu e Lare preparamos com MUITO carinho!!!!!!!!! ❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Beijos!!!!!!!!!! 😘😘😘😘