João's POV.
Estávamos esperando a Tatá, o tal de Erick e Luan, para finalmente iniciarmos a ceia, quando ouvimos um grito. A voz fina e desesperada era da minha irmã e eu, involuntariamente, fui o primeiro a correr para ver o que estava acontecendo. Sem precisar entrar, pude notar Erick no chão, desmaiado. E quando mudei de ângulo, vi Luan abraçado na Tatá, pedindo desculpas enquanto ela chorava baixinho. Meus olhos se arregalaram quase que instantaneamente. Eles brigaram? Luan matou o Erick? Meus pensamentos em busca de respostas foram atrapalhados quando senti todos atrás de mim, com as mesmas dúvidas, mas não só em pensamentos, em falas altas também. A mãe de Erick entrou correndo quando percebeu o filho desacordado e se abaixou, gritando seu nome diversas vezes, chamando-o, angustiada e preocupada. Dona Fátima correu para acalentar Tatá, perguntando cautelosamente o que havia acontecido.
— O que aconteceu, pelo amor de Deus? – Érika se dirigiu à filha e ao genro, enquanto Erick ainda era sacudido pela mãe, irmão e Marcos. Luan abriu a boca para falar algo, mas Tatá o interrompeu. Limpou as lágrimas rapidamente e procurou forças de onde parecia não existir.
— Erick me agarrou brutalmente e meu marido me defendeu, foi só isso. Ele vai ficar bem. Pelo menos melhor do que sempre me deixou.
— VOCÊ É UM MONSTRO! UM COVARDE! – Beatrice acusou Luan, com fúria, enquanto ele tinha os olhos caídos.
— ELE NÃO É UM MONSTRO E MUITO MENOS COVARDE! – Tatá se manifestou, surpreendendo a todos com a voz em alto tom. — COVARDE É O SEU FILHO, BEATRICE! QUE ME ATACOU! MONSTRO É O SEU FILHO! QUE DESDE QUE TERMINAMOS, VIVE PARA ME ATORMENTAR! VOCÊ SABIA QUE ELE ME AGARROU À FORÇA EM 2015 TAMBÉM? POIS É! LUAN NÃO É COVARDE! LUAN BATEU EM UM HOMEM, DE IGUAL PRA IGUAL! E MEU MARIDO TAMBÉM NÃO É AGRESSIVO! NUNCA FOI E NUNCA VAI SER! ELE FEZ ISSO PRA ME DEFENDER E QUER SABER O QUE EU ACHEI? ACHEI POUCO! POR TUDO QUE O ERICK FEZ COMIGO, COM A GENTE! SE EU FOSSE O LUAN JÁ TERIA QUEBRADO A CARA DELE EM 2015! – todos estavam calados para ouvir Tanara Accioly. Meu Deus. — E eu não digo isso por gostar da sensação de ser disputada, de ter dois brigando por mim. Eu digo isso porque ele sempre, SEMPRE, atacou o Luan, sem o Luan ter feito nada com ele! Se o Luan tivesse feito isso antes, teria evitado muita coisa que seu filho fez, MESMO JÁ EU ESTANDO CASADA! Então, uma surra não seria pra me defender, seria legítima defesa do Luan! Mas sabe por que meu marido não fez? PORQUE ELE É UM PRÍNCIPE! EDUCADO, DE MODOS, DE BOM CORAÇÃO, DE BOA CRIAÇÃO, PACÍFICO! Diferente do seu, que realmente é um monstro! Me admira você, uma senhora...
— SENHORA É... – Beatrice reagiu, nervosa, mas Tatá a calou novamente.
— VAI ME DIZER QUE É UMA JOVEM? SENHORA, SIM! E SE PREFERIR EU CHAMO DE VELHA! Me admira você, Beatrice, uma velha, apoiar as atitudes ridículas e mau-caráter do seu filho. Vir passar o Natal com a família da ex? AH, ME POUPE! EU E MEU MARIDO MERECEMOS RESPEITO! VOCÊ SABE O QUE É ISSO? NÃO! NEM VOCÊ, NEM SEU FILHO E NEM O MEU PRÓPRIO TIO! Sim, meu tio, que convidou vocês, que sempre ajudou o Erick na minha infelicidade. Você não gosta da sobrinha que você viu crescer, Marcos. E eu sinto sabe o quê? Pena! Porque eu amo minha família mais que tudo e nunca imaginei que alguém dela desejasse tanto meu mal, fizesse tanto para me maltratar! Vó, desculpa estragar a ceia, a senhora conhece o Luan, sabe que ele jamais procuraria briga com alguém, muito menos na casa da senhora, que ele respeita mais que a dele mesmo. Desculpa, tá? – Tatá já chorava, olhando para a avó.
— Não foi nada, meu amor! Fique calma! – Dona Fátima passava os dedos suavemente no seu rosto.
— E mais uma coisa, Beatrice: se seu filho continuar me infernizando, eu vou denunciá-lo. Porque ele já me assediou em 2015, IRIA ME AGREDIR FISICAMENTE AGORA e porque ele é um psicopata. Se ele não esquecer que eu existo, ele vai ter que manter a distância pela lei. E se falarem alguma merda na internet sobre isso, EU NEGO! NEGO, SIM! Será a minha palavra contra a de vocês. Será a palavra do Luan, um cantor com uma carreira maravilhosa, que nunca se envolveu em polêmica, contra a de vocês. Eu não vou deixar que a imagem dele seja manchada por culpa do Erick. Aviso dado! – Tatá respirou fundo e eu me encontrava paralisado. Uau. Tatá teve mesmo pulso para dizer tudo isso? — Meu bem, preciso conversar com você e com a vovó. Vamos subir? – chamou o Luan e a Dona Fátima.
— Claro, Tatá. – assentiu, desacreditado e desnorteado. As expressões mostravam que todos estavam do mesmo jeito.
Beatrice e Bernardo bufaram, mas não disseram mais nada. Focaram em reacordar o filho. Luan tem uma força do caralho, hein? Um soco e o cara mais parece que morreu. Será que um soco mata? Puta merda, ESSE MEU CUNHADO É FODA DEMAIS!
Tanara's POV.
— Foi isso que aconteceu. A situação estava insuportável, vó. Só quem sabia era o Ale.
— Você vendeu seu carro, minha filha? Mas você tinha dinheiro para dar ao Marcos, se quisesse ceder à chantagem. Ou não tinha? Esse negócio de internet não ganha muito?
— Eu tinha, vó. Dá muito dinheiro e eu tenho. Mas eu não queria, sabe? Eu não queria, estava me sentindo tão mal! Eu não queria pegar o dinheiro de uma coisa tão especial pra mim, que eu faço com tanto amor, e dar pro Marcos. A senhora acha mesmo que ele ia resolver o problema da empresa? Ele ia gastar com ele e me pedir mais. Tá, Deus me perdoe se eu estiver julgando, mas com certeza ele ia me ver como uma fonte de dinheiro. Principalmente por causa do Luan. Vó, o dinheiro é do Luan, não é meu. A senhora sabe disso. Eu nunca pegaria um real do Luan, muito menos pra dar a alguém. Eu não queria ceder à esse jogo sujo dele, vó. Não queria. E olha só, ele, não contente, se juntou com o Erick. Pra quê? Pra me fazer mais mal! O Erick falava como se tivesse que escolher entre a senhora e o Luan. Era uma chantagem emocional tão bem feita...
— Mas passou, Tatá. Ele não vai mais te incomodar. Nunca mais. Eu prometo. – Luan beijou minha testa, me apertando. Vovó sorriu. Que alívio.
— Seu tio me decepcionou, Tatá. Eu estou sem palavras.
— Mas ele fez comigo, não com a senhora.
— Fazendo com você, ele faz comigo também. O que você e o Luan fizeram a eles? Erick tudo bem, que é um ex-namorado recalcado, psicopata... Mas o seu próprio tio? Fazer essa covardia? Te chantagear? Ameaçar? Querer separar você do seu amor?
— Passou, vó. Passou. Eu só não quero mais contato com ele. Pelo menos por um tempo, até eu conseguir perdoar.
— Você não pode parar de andar aqui, minha filha.
— Mas eu preciso, vó. Não é pela senhora, nem muito menos pelo o Ale. Eu amo vocês, eu moraria com vocês novamente. Mas é altamente necessário. Não sei se o Marcos vai se arrepender, se ele vai tentar mais alguma coisa... Eu não posso mais confiar, vó.
— A senhora pode ir pra São Paulo sempre que quiser ver ela, ver a gente, o Joca. Se não quiser ir de avião comercial, eu mando meu jatinho. – Luan se ofereceu e eu lhe lancei um sorriso sereno. Era assim que ele, seu colo, seus braços, sua proteção me deixava: serena.
— Ô meu filho, você é um anjo na vida da minha neta e na minha também. Acho que estou louca para conhecer a casa de vocês, viu? Imagina como deve ser chique. – Dona Fátima brincou, fazendo Luan rir.
— Ah, vó, sim... Aí sim, eu peguei o dinheiro dele e e torrei com todas aquelas besteiras que eu sempre vi nas novelas, sabe?
— Imagino, menina!
— A senhora vai ser muito bem recebida. Mas tem que ser uma data que eu esteja em casa...
— É verdade, é melhor quando ele estiver.
— Vamos combinar, sim, meus amores. O mais rápido possível. Agora eu vou descer e ver se aqueles três já foram embora.
— Vó, eu acho melhor a gente ir também. Eu não quero mais olhar na cara do Marcos, muito menos passar minha ceia com ele.
— Ele vai com eles, minha filha! Não vai passar a ceia com a gente, não! – Luan ficou boquiaberto. — Eu garanto que vocês terão uma ceia tranquila. – beijou o meu rosto, o rosto do meu marido e saiu.
— Eu nem sei o que te dizer, Tatá. Só queria me desculpar por isso... Eu perdi a cabeça... Eu fiquei louco quando vi ele indo pra cima de você e...
— Para, Loli. – pus o dedo na sua boca. — Eu sei o que te dizer: obrigada. Muito obrigada. Por isso e por tudo. Eu sei que nós estamos prestes a nos separar, mas... – antes que eu terminasse, Luan me calou com um beijo. Fui pega desprevenida, mas a única coisa que eu podia fazer era aproveitar. Seu beijo tão doce aquecia meu coração, avisando que ele era o meu lar. A gente se ama. Por que vamos nos deixar?
25 de dezembro de 2018.
Eu sei, eu exagerei quando disse que o Erick ia me agredir. Mas foi um exagero proposital. Se eu não dissesse tudo aquilo, se eu não aumentasse, o Luan que sairia como errado; eu precisava defender meu marido.
Deu tudo certo, graças a Deus. Depois de enfrentar Beatrice, fui contar tudo que estava acontecendo para minha avó e meu marido. Eles entenderam, mas ficaram pasmos. Dona Fátima nem tanto pela venda da empresa, mas sim pelo o Marcos fez comigo. Eu achava que ela até passaria mal quando soubesse que o seu patrimônio foi vendido, mas felizmente, fui surpreendida. Ela ficou mais chocada com a atitude do filho. Isso também me preocupava, porque sua tristeza era notável. Entretanto, isso não dependia de mim, né?! E eu faria o máximo para alegra-la. Ela era meu anjo, minha preciosidade, assim como o Luan. Que por sua vez, ficou tão estarrecido que nem soube reagir. No final de toda a conversa, ele me surpreendeu com um beijo.
Ok, eu não sei mais o que está acontecendo com a gente. Quem tomou as rédeas? E afinal, que rumo nós dois vamos tomar?
Minha vózinha, maravilhosa como sempre foi, honrando a sua palavra, expulsou Erick, Beatrice, Bernardo e Marcos. Com os ânimos acalmados, voltamos para a mesa e celebramos nossa ceia de Natal. Todos estavam fingindo que nada aconteceu, menos João, que estava fascinado com o fato do Luan ter conseguido derrubar Erick apenas com um soco.
— Como você fez? E eu achando que esses seus braços eram só farsa.
— Me respeita, João Guilherme! – Luan riu, segurando a minha mão.
— João, melhor esquecermos o que aconteceu, né?! – minha mãe o repreendeu.
— Ah, tia, foi irado.
— Deixa o menino, tia. Eu também fiquei assustado. Conta aí os truques do Luan Santana! – Ale pediu ao Luan, enquanto eu ria da empolgação do meu irmão.
— Muito treino, muito treino. – Luan se gabou, entrando na brincadeira.
— Você mal vai pra academia.
— Mas eu ia, né, amor. Vou voltar, cê vai ver.
— Mas contatamos que não precisa. – Ale deu de ombros e Luan riu, todo se achando.
— Já disse a ele, se criar barriga por causa disso aqui... – bati a unha na cerveja do copo do meu marido. — Eu largo ele.
— Larga nada, minha filha. Olha eu aqui com o Hugo.
— Você tá me chamando de gordo, Érika? – meu padrasto perguntou e todos riram. O clima agora era leve e eu sentia uma paz não sentida há meses.
26 de dezembro de 2018.
Luan's POV.
— Tanara, as passagens estão compradas, você sabe disso.
— Relaxa, eu já disse. Vai dar tempo. Você ainda vai fazer um show hoje, não vai? – pôs a cabeça pra fora do box. Só a cabeça, infelizmente. Estava com saudade de ver seu corpo despido. Pode até aparecer contraditório o que eu vou dizer, mas eu estava sofrendo pra caralho com a falta dela.
— Você já pode molhar esse cabelo aí? – passei a mão no meu, tentando espantar os pensamentos maliciosos que insistiam em tomar minha atenção. "Ela só está tomando banho. Ela é sua esposa, ou seja, isso é super normal. Ela não está tentando te provocar." eu dizia para o Luan-refém-da-chave-de-coxa.
— Não posso, por isso não estou molhando, né, seu lerdo. – respingou água em mim, rindo, com seu jeito moleque. Lógico. É por isso que ela está com ele amarrado. "Você ser um tarado está me deixando burro" tornei a dizer para o Luan-refém-da-chave-de-coxa.
— Hoje, não amanhã. Amanhã não tenho show, por isso nossas passagens estão compradas para amanhã. – dei ênfase no "amanhã".
— Ai, Luan, por favor, né? Eu já disse que vai dar tudo certo, para de ficar me azucrinando. – revirou os olhos e voltou pra debaixo do chuveiro, saindo das minhas vistas.
— E as suas malas? – agora eu roía uma unha, sem desencostar da porta do banheiro. Sim, eu estava dentro do dele também.
— Eu vou arrumar hoje! Assim que chegarmos!
— Hum... Tem alguma coisa pra comprar?
— Não sei. E a Laura?
— Isabel disse que comprou o que ela quer levar e já tá arrumando. Ela tá ansiosa, pra te ver principalmente.
— Tô com saudade da minha bebêzinha. – podia apostar que ela deu um sorriso ao se referir à minha filha; imaginei tão perfeitamente que mais pareceu um Déjà vu.
— E o João? Tudo certo?
— Ele me disse que sim, mas não sei... de última hora ele pode lembrar de algo. – esticou o braço para pegar a toalha, deixando somente a parte externa da coxa exposta. "Respira fundo, parceiro." eu falava para o meu amiguinho que não sossegava, o Luan-refém. — Você tá muito preocupado! Parece que nunca viajou. – negou com a cabeça, desprezando todo o meu cuidado. É, eu nunca fui assim. Eu sempre fui o mais desligado.
— Nunca viajamos com eles, não quero que dê nada errado.
— "Eles" quem? Laura e João?
— Sim.
— É verdade. Vai ser a primeira e a última vez. Talvez você esteja certo em querer que esteja tudo "perfeito", tem que ser especial mesmo. – passou por mim, sem graça. O clima pesou. Merda. E agora eu estava mexido, então, só pude entrar completamente e fechar a porta. Meus pensamentos estavam uma bagunça e ainda bem que era minha vez de tomar banho, não existe lugar melhor do que o chuveiro para tentar organiza-los.
Saí depois de um bom tempo e Tatá estava calçando os sapatos. Meu olhar foi subindo e quando eu me dei conta da sua roupa, meu coração pulou para fora do peito. Quer dizer, o coração do meu amigo. Era aquele macacão branco, que a deixava extremamente gostosa. "Ela está fazendo de propósito, vamos partir pra cima" Luan-refém disse, e eu quis concordar, mas lembrei de me manter firme. Tanara pensa que é assim? É só colocar um simples macacão branco e me venceu? Tá, não era nada simples. Era, talvez, a peça dela que eu mais amava. "Eu que amo!" Luan-refém se acusou. Tá, ele ama mais que eu, o que é mais covardia ainda. Ela sabe que ele é mais fraco que eu.
Flashback ON:
— É incrível. Você que conquistou tudo isso. Mas, além de 'tão' feliz, você tá 'tão' gostosa nesse macacão branco, amor. Caramba. – avaliei seu corpo, pegando na sua cintura.
— Babaca! – riu, com os olhos estreitos.
— Eu tô falando muito sério! A roupa mais linda que você já comprou, já usou. Já te falei que quando uma mulher tá de calça branca eu olho diretamente pra bunda dela?
— Ah, é, Luan Rafael? Bom saber disso!
— Uai, não é sempre que eu vejo uma... – eu disse cafajeste. — Mas de verdade, destacou sua cinturinha, sua bunda... Tá bem gostosa mesmo. Não vejo a hora de chegar em casa. Tô aqui só te secando.
— Você é muito baixo, garoto!
— Tá vendo aquele cara ali? – apontei, disfarçadamente.
— Hum, o que tem?
— Ele não para de olhar pra você. E ele olha com a maior cara de tarado. Às vezes todo encantado. Eu finjo que não estou percebendo, mas tô vendo tudo.
— E? Vai implicar com isso?
— Não. Só te avisei pra te provar que você está fodidamente linda e gostosa. Até seu cabelo tá com um ar mais sexy, sabia? Eu já disse que amo eles? A cor deles? O tamanho?
— Já, num ótimo momento. – lembrei imediatamente. Foi quando transamos na lavanderia.
— Você vai me prometer três coisas. – cheirei seu olho.
— Fala!
— Primeira: você nunca vai usar esse macacão na minha ausência. Estou aturando esse cara te tarando porque estou aqui, com você. É divertido ver ele babando no que é meu.
— Você é patético, Luan Rafael.
— Segunda coisa... – pus o indicador nos meus lábios. — Você nunca vai cortar e nem mudar a cor desse cabelo.
— Você não gosta de loiras?
— Gosto. Mas em você eu só quero essa cor.
— Tudo bem, senhor. Mais alguma coisa?
— Terceira: você vai usar esse macacão várias vezes a partir de agora, mas só pra mim. E, assim que chegarmos em casa, você vai deixar eu tirar ele com a boca e te foder todinha. – sussurrei no seu ouvido, instigante, deixando uma mordidinha no lóbulo da sua orelha. Caiu na risada. — Promete?
— Prometo.
— Tudo?
— Prometo. – mordeu minha bochecha.
Flashback OFF.
MALDITA! Maldita Tanara! Maldita Tanara-loura! Mil vezes maldita! Quebrou três promessas de uma só vez! Tá vendo por que mulheres não são confiáveis? Tá vendo por que a Tanara não era nada confiável? "Ela não quebrou as três de uma vez, cara. Ela não tá usando o macacão na sua ausência, tá usando pra você, como você pediu. Ela só quebrou a do cabelo mesmo. Mas eu fiquei feliz com isso, você deveria ficar também. Fiquei feliz porque ela está mais sexy e dentro desse macacão, com esse cabelo curto, e louro, ficou incrivelmente mais sexy. Ficou mais linda e mais gostosa! Então para de ser tão reclamão. Você já transou centenas de vezes com a morena dos cabelos longos, agora você tem uma loirinha, que nem tem os cabelos para atrapalhar quando você for chupar o pescoço dela. Olha que delícia ela de costas. Vai lá, abraça ela por trás e sua toalha só vai precisar cair. Eu tô morrendo de saudade da boca dela e sei que você do cheiro." Eu quis mandar esse metido Luan-refém calar a boca, mas ele estava certo. Só que eu sou forte, sou bem mais forte. Não será dessa vez, Tanara Accioly!
— Esse negócio que você vai fazer, é com a Veveta? – indaguei, vestindo a cueca. Ela não estava olhando pra mim.
— Sim! E com a Sabrina também. Você podia ir comigo. – convidou, mas ficou sem graça com o meu silencio. — Porque, sei lá, é cedo... e você também podia ver elas.
— Não vai dar. – ARÁ, TANARA! EU TE DEI UM "NÃO"! "Você sabia que isso nunca aconteceu, né?!" Eu sei. Respondi o Luan-refém. Não se mete, cara. Não se mete.
— Por quê?
— Porque eu preciso descansar do show de hoje.
— Ah, sim. Tudo bem então.
— Diz pra elas que eu mandei um beijo.
— Eu não vou dizer nada. Se quiser, você vai lá e dá o beijo pessoalmente. – "Você não consegue dobrar ela, Luan. Ela é atrevida demais pra isso." Luan-refém riu de mim. Bufo. Abaixa essa crista, Tanara! Está na hora de você fazer isso!
— Você é muito abusada, mesmo, né?!
— Ué, você não vai porque não quer.
— Porque eu não posso.
— Mentiroso! Aliás, tá certo, você é meu ex, não tem que ir mais pra evento meu.
— Ai, Tanara, já expliquei.
— Nem vai ter tão cedo assim! Poxa, Luan!
— Vai ser de manhã, eu vou estar dormindo.
— Eu posso te acordar. – não cede a ela, não cede a ela.
— Tanara, já disse que não.
— Ótimo, então. – pegou a mala, ainda sem me olhar. —Tô te esperando lá embaixo.
— Deixa que eu levo, deve tá pesada. – isso é só cavalheirismo, ok? Dona Marizete repudiaria eu não usando ele. Devia estar pesada mesmo e com certeza ela nem aguenta. Imagina descendo escada?
— Não. Leva as suas coisas, essa é minha. – marrenta.
— Então tá. Se cair na escada, quebrar uma perna, um abraço, depois não vem reclamar. Adeus evento, adeus Orlando.
— Sua praga não cai em cima de mim, querido. – e saiu, levando, com o maior esforço. Revirei os olhos.
Marquinhos's POV.
— Ih Tatá, acho que você não tem mais esse poder todo com o boi, não...
— Como é que é?
— Isso que você ouviu, ué.
— Eu não entendi.
— Vocês estão se separando, né? E como você acabou de dizer que no natal ele fugiu de você... Em melhores palavras: ele resistiu a você. Isso é inédito, porém, não deixa de ser um fato. Ou seja, repito: você não tem mais esse poder todo com ele. Talvez você não tenha mais poder nenhum. E ele também nem te chamou pro show de hoje. Você tá aqui, comigo, sendo que ele jamais admitiria isso.
— Você tá dizendo que ele não me ama mais?
— Não. Amor é mais complicado. Estou falando de sexo... Estou falando da falta de sexo! Luan não sente mais tesão por você. E isso, sim, quer dizer algo sobre o "amor", né? Sei lá, é um importante indício.
— MARCOS!
— Ué. – ri.
— É CLARO QUE O LUAN SENTE TESÃO POR MIM, VOCÊ TÁ LOUCO?
— Grita mais alto! Meus novos vizinhos vão adorar saber dos assuntos que eu trato aqui!
— Que se danem seus vizinhos! – bufou, indignada. Consegui o que eu queria. Porém, como eu previa, mexer com o ego de uma mulher é bastante perigoso. — O Luan é casado comigo há meses, e não há anos, pra poder perder o tesão. E ele me ama, tá legal? Ele me ama muito! – disse com convicção.
— Então por que você não transou com ele no natal? – a boca dela abriu para argumentar, mas eu a interrompi. — RAN, não diga que foi porque você não quis, porque você queria, sim! E queria muito! – Tatá murchou de forma literária e instantânea, formando um beicinho bastante chateado. Eu fiquei até com pena. Mas agora eu teria que ir até o final.
— Não transamos porque ele não quis. Porque ele fugiu de mim. Ele resistiu a mim várias vezes porque eu tentei várias vezes. – confessou e eu me controlei para manter o semblante sério-triste-preocupado.
— Sinto muito, Tatá.
— Marcos, olha pra mim!
— Hum?
— Ele te falou algo, foi isso? O Luan conheceu alguém? Foi por isso que ele está se separando de mim? Ele conheceu alguém e essa RAPARIGA...
— TANARA!
— ESSA QUENGA...
— TANARA ALBUQUERQUE ACCIOLY, para de gritar, sua louca! – eu já estava rindo, mas Tatá me olhava com fúria, como se tivesse pegado Luan no flagra e eu fosse a amante.
— Foi isso, Marcos? Ela deu CHAVE DE PRIQUITO...
— Tanara, pelo amor de Deus, eu mal me mudei e já vou ser despejado! – corri para tampar sua boca.
— E ele se apaixonou? Foi por isso? Ele se encantou e usou a desculpa que eu sou interesseira pra pedir o divórcio? Ele quis sair como o certo e está fazendo todo esse teatro de coitadinho? De marido-desiludido?
— Não existe nenhuma mulher, Tatá. Deixa de ser louca!
— ENTÃO FOI HOMEM? ELE DEU O RABO E GOSTOU? MEU DEUS DO CÉU, EU FUI TROCADA POR UM MACHO! – se desmontou em meus braços, fazendo cara de choro. Se eu não conhecesse a peça, juraria que ela desataria a chorar nos próximos instantes. Mas era só a Tanara. A doida da Tanara. A rainha dos dramas. Olha os absurdos que ela estava deduzindo e já SOFRENDO por eles!
— Tatá, meu Deus, deixa de ser paranóica. – a ergui, segurando-a por trás. — Luan não me falou nada, tá legal? Para de drama, porque por mais que eles sejam convincentes, eu te conheço há anos e aprendi a não cair neles.
— Não é drama, tá legal?
— Ah, não? Eu não disse nada demais e você saiu insinuando um monte de coisa, como se fizessem o maior sentido do mundo...
— Você tá acobertando o safado do Luan.
— Luan não te traiu. Não te trai. Não que eu saiba, pelo menos! – semicerrou os olhos para mim. — Qual é, Tatá? Ele nunca dispensou você. Por isso eu fiquei assustado com o episódio do natal.
— Marquinhos, será que foi o meu cabelo? Ele me disse que eu tinha ficado feia, mas eu achei que fosse só implicância.
— Não sei, Tatá.
— Ai, meu Deus...
— Combinamos de cortar os dramas, lembra?
— E se eu colocar aplique?
— Tatá, não temos certeza de nada. Estamos só supondo.
— Então o que eu faço?
— Investe pra valer.
— Hã?
— Vocês vão pra Orlando, né? Então... investe pra valer! – um sorriso surgiu em seus lábios.
— RÁ! Vamos transar tanto em Orlando que eu voltarei GRÁVIDA! – berrou, animada.
— Eu duvido.
— Oi?
— É, Tatá.
— VOCÊ ACHA QUE MEU CABELO É BROXANTE, É ISSO?
— Não, sua louca. Tô achando você linda com esse cabelo, mas...
— Mas o quê, hein? Anda, fala!
— Sei lá, é porque as ocasiões são muito próximas, né. Vocês já vão amanhã, e bom, Natal foi anteontem...
— Quer apostar como eu consigo? – ponto pra você, Marcos! Isso, garoto!
— Quero!
— Se eu conseguir, você vai ter que deixar a barba crescer e ficar que nem a do Rober.
— Porra, hein, Tatá! Isso, não!
— Aposta é aposta.
— Tá. E se você não conseguir?
— Não existe essa possibilidade. – deu de ombros, se gabando.
— Se você não conseguir você vai ter que apresentar o MPN mostrando a bunda.
— Hã?
— Sempre admirei sua comissão de trás, uai.
— Eu vou falar pro Luan que você fica me tarando!
— O que eu posso fazer se aquela cena de quando vocês só namoravam foi impactante? Popozuda! – ri. — Enfim, no dia da premiação você vai ter que usar uma roupa que mostre boa parte dela...
— Você só pode tá louco! É o MPN, Marquinhos. – negou, rindo.
— Tá com medo de perder, Tanara Accioly? – provoquei. Ela respirou fundo e logo refez sua expressão de vencedora.
— Ok. Fechado! – estendeu a mão.
— Fechado, Tatázinha! – apertei, rindo do que eu acabara de fazer. Rindo da minha própria desgraça, no caso. É claro que ela transaria com ele quantas vezes quisesse, em todos os lugares possíveis. Vou carregar um troço que nem o do Testa no queixo, mas é por uma boa causa. Eles vão voltar bem melhor, esquecendo a ideia de divórcio.