quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Capítulo 32 - Um bom perdedor.

Dedicado à Mirella e Larissa...

Luan's POV. 

Nem tive tempo para pensar no que aconteceu comigo na hora que Felipe chegou. No dia seguinte da festa, tive que buscar Laura. Eu estava com saudades da minha filha, ficava bem com a sua companhia. Mas à tarde, ela resolveu pedir para brincar com Alice, minha afilhada. Pedir não, me azucrinar. Eu tentei convencê-la a esquecer essa ideia, porém, isso era quase impossível. Não teve outro jeito, a levei na casa de Larissa. Ela disse que não tinha nenhum problema e mesmo assim, eu ficava um pouco sem graça. 

Quando liguei para avisar que estava indo buscá-la, Larissa me avisou que tinha levado ela e Alice para a casa da Érika, para brincarem com a Eduarda. Perguntou se eu podia ir até lá e eu, obviamente, aceitei numa boa. Veria minha Tatá pessoalmente e veria como ela estava. Se já tinha terminado com Felipe, se estava marcando de fazer isso... Eu queria saber e ela não citou nada sobre esse assunto comigo. 

Entrei na casa da minha ex e futura sogra e dei de cara com Alexandre. Nos cumprimentamos e eu perguntei da minha filha. Ele falou que elas estavam no quarto da Eduarda e as chamou, mas pelo visto, elas demorariam para descer. Diferente do seu pai, eu e Alexandre sempre nos demos bem. Ficamos conversando e eu acabei observando algo que me chamou atenção. O notebook dele estava próximo e estava ligado, o navegador aberto em um site... 

Antes do aniversário da Tatá, durante minhas viagens, eu estava com meus pensamentos mais adiante. Estava pensando mais além; sim, no nosso futuro. Eu sabia que ela não tinha voltado a morar em São Paulo, era apenas uma temporada por causa do casamento. Então, obviamente, sem casamento... ela voltaria. Mas comigo, ela fica. Eu não deixaria ela voltar. Não tinha lógica! Nos casaríamos logo e moraríamos juntos, certo? Só que eu também não era burro, cego e nem incompreensível. A ligação dela com a sua família era muito forte e por isso, quando estivéssemos casados, ela tinha que ficar viajando... Com certeza aconteceria isso! Sua avó era tudo pra ela e sempre moraram juntas. Na época que namorávamos, ela queria viver lá, mas a faculdade impedia. Agora, já formada, não tinha empecilhos e eu teria muita dor de cabeça. Por isso, já pensando em resolver meus problemas, pensei em comprar uma casa lá. Sim! Então, fiz uma breve pesquisa e num momento idiota, consultei meu pai. Acabei esquecendo que ele não sabia do meu caso com Tatá e falei o nome da imobiliária que eu tinha gostado, que eu me interessei. Nós dois sempre investíamos em imóveis, por isso ele conhecia bastante o mercado. Me avisou que aquela imobiliária estava falindo, quase falida; um balde de água fria em mim. Só lamentei e já pensei em começar a pesquisar outras. Ele perguntou qual o motivo do meu interesse e adivinha? Fugi dele. Não tinha desculpa esfarrapada que coubesse! E agora, na tela do notebook do Alexandre, tinha exatamente essa imobiliária. Por quê? Será que ele trabalhava lá? Nunca me interessei à fundo na família da Tatá, nem durante período que namorávamos... E também, ela nunca falava nada. 

 - Cara, cê tá atrás de casa? Desculpa a pergunta, não quero ser intrometido. - ele apenas riu, como se eu tivesse contando uma piada. 
 - Eu atrás de casa, Luan?  
 - Uai, vai saber! - dei de ombros. - Cansou da farra e arranjou uma muié, quer casar... 
 - Não, graças a Deus, não! Ainda tenho juízo. Sou novo demais pra me prender em alguém! E também não penso em morar sozinho. 
 - Então cê num tá atrás de casa? Esse site aí, num é uma imobiliária lá de Fortaleza? 
 - É a nossa imobiliária, Luan. Eu trabalho pro meu pai, sou arquiteto. 
 - Essa imobiliária é a do seu pai? 
 - Da Dona Fátima... Mas quem cuida é meu pai. Aliás, é dele, minha, da Tatá... 
 - Nossa, a Tatá nunca comentou nada comigo.
 - A Tatá não está nem aí pra empresa. - riu. - Ela não gosta dos nossos negócios, administrar dinheiro... Quando foi começar a trabalhar, meu pai pediu que ela fosse pra lá e ela não quis de jeito nenhum. Mas, diferente dela e da tia, é muito importante pra minha vó. Foi meu vô que construiu, começou, montou... Sabe como é, né?! 
 - Sei! Eu não sabia mesmo que era de vocês. - lembrei automaticamente do que meu pai disse. - Mas, eu já tinha ouvido falar dessa imobiliária... 
 - Já?
 - Já. Eu e meu pai investimos em imóveis. 
 - Ainda atrás de mais dinheiro, Luan? Isso é impossível, cara! - brincou, me arrancando uma risadinha fraca. 
 - Posso te fazer uma pergunta? 
 - Claro.
 - Meu pai me falou que... a empresa de vocês está falindo, é verdade? Não quero ser inconveniente, mas acho que não precisamos de cerimônia e eu confesso que estou curioso. - disse sem graça. Ele suspirou parecendo chateado.
 - É complicado. Meu pai deu umas vaciladas, Luan! Grandes! Envolve muita coisa, muito dinheiro... Sim, está praticamente falida e ele não quer dar o braço a torcer.
 - Nossa, cara! E aí? 
 - E aí que eu não saio da frente da tela do notebook atrás de resolver tudo, pagar as dívidas, reerguer a empresa... Tá foda! 
 - E ele?
 - O mesmo, Luan. Tentando correr atrás do prejuízo. 
 - Mas por que vocês não pedem ajuda pro Hugo? De certa forma, pertence a esposa dele... Ele tem condições, não tem? 
 - Tem, né?! Mas meu pai é orgulhoso, não quer de jeito nenhum. Sem contar que, se ele sabe, a tia sabe... 
 - O que tem ela saber? Ela é a dona também, tem direito. 
 - Ela vai cair em cima do meu pai, por isso ele tá com medo. É muito importante pra minha vó e você sabe, ela é o grude da tia e da Tatá...
 - Se a Érika ou a Tatá sabem...
 - Dona Fátima também sabe e fode tudo. Vai ser uma decepção muito grande e você sabe que ela tem certos problemas de saúde... Eu e meu pai preferimos poupar ela, pelo menos por enquanto. Temos esperanças, mas ele está desesperado. A situação é grave! Então, por favor, não comenta nada com ninguém? 
 - Relaxa cara... Não vou falar nada! 
 - Principalmente com a minha prima, ouviu? - me olhou desconfiado. - Já sabe, se ela sabe, Fátima sabe... - eu soltei uma risada, involuntária. 
 - Por que eu comentaria com a sua prima, cara? Ela é só minha ex.
 - Vocês pensam que me enganam! 
 - Enganam em quê? - continuava rindo e, consequentemente, me entregando. 
 - Tatá vai acabar o noivado... E eu sei que com essa amizade sua com o Felipe, vocês estavam próximos! Próximos era o visível, né?! Porque pra mim tem coisa aí. Respeito muito minha prima, você sabe que ela é a irmã que eu tenho, mas... Não boto minha mão no fogo por vocês dois!
 - Ela não terminar o noivado? Por que, uai? - me fiz de desentendido. 
 - Ela disse pra tia que não vai mais ter casamento. E você acaba de me confirmar que tá rolando alguma coisa e, já sabia disso, que ela vai terminar. 
 - Eu não confirmei nada! Você que tá tentando jogar verde... Eu e sua prima, nós... - fui interrompido pela euforia de Laura e Alice, descendo as escadas. Elas correram e pularam em mim, me abraçando forte. Eu ri, enquanto continuava sob os olhares desconfiados de Alexandre. 

Saí dali e deixei as meninas em casa. Larissa agradeceu e Isabel, como sempre, eu evitei. Voltei para o apartamento sozinho e para variar, meus pensamentos foram tomados por ela. Clichê, mas fato. 

                           {...}

Acordei tarde e Marina estava arrumando tudo. Eu almocei e depois fui conversar com ela. Contei sobre Laura, Tatá... E ela me dava alguns conselhos. Contei que agora estava confiante em relação ao término do maldito noivado, e ela torceu para que eu estivesse certo. Muitas pessoas podiam não querer, mas ainda existiam poucas que desejavam nossa felicidade. 

À tarde eu tive uma surpresa! Um convite, de quem eu menos esperava: Felipe. Pensei que nossa amizade tivesse acabado e agora ele vem com essa. Qual era a dele? Movido pela curiosidade, eu aceitei. 

Infelizmente aceitei.

Não sabia o que me esperava e quando vi, nem acreditei. Não era um jantar só com ele! Na mesa havia mais duas pessoas, duas mulheres. Natacha e Tanara. Puta que pariu! Esse desgraçado simplesmente armou um encontro de casais. Dá pra acreditar? É, sim, porque ele é um cínico! Sempre me empurrou para Natacha, mas, eu sempre deixei claro que não queria nada além de sexo. Ultimamente nem sexo eu estava querendo! Estava absolutamente com Tatá. Fiel. 

Nesse jantar eu fui provocado pelo os dois lados, ao mesmo tempo. Natacha e Felipe. Natacha se jogava pra mim e eu percebia o olhar enciumado de Tatá. Já Felipe, tentava ser um 'noivo' carinhoso com ela. O que pra mim era pior. Eu não suportava ver sequer um toque e meu sangue já fervia. 

Durante o papo que somente Felipe e Natacha mantinham, eu fui percebendo o que realmente estava acontecendo. Tatá tentou, ontem, terminar com ele e o filha da puta disse que não podia. Ela tentou hoje e ele aceitou. Mas ela não sabia que eu e Natacha também estaríamos. Que ódio! 

 - Por que você tá tão caladinha? - Felipe alisou seu rosto e meus olhos acompanharam milimetricamente os seus dedos. 
 - Estou normal. - ela sorriu amarelo e tirou sua mão. Isso! Não deixa! - Quero ir embora. - parecia tão chateada quanto eu. 
 - Acabamos de comer, amor. Vamos demorar mais um pouquinho... - eu só observava. 
 - Eu quero ir embora, já falei. - disse ríspida. 
 - Bom, eu vou ao banheiro. Com licença! - Natacha levantou, com um sorriso irônico. 
 - Custa você esperar mais um pouco? - encarou ela. 
 - Custa, Felipe! Vai pedir logo a conta ou não?! 
 - Não estamos sozinhos, tem que ver se o Luan e a Natacha querem ir. - cara chato.
 - Você quer ir, Luan? - o olhar cúmplice dela foi imperceptível. 
 - Estou cansado, prefiro também. - concordei e ele torceu a boca. 
 - Tudo bem! Já que vocês preferem... Vou só esperar a Natacha. - Tatá revirou os olhos e me fuzilou com o olhar. Ela acredita mesmo que eu estava tendo algo com ela? Ou isso era só ciúmes? 

Minutos depois Natacha voltou e Felipe cumpriu o que disse, pediu a conta. Tatá suspirou aliviada, mas voltou à expressão insatisfeita quando Natacha fez uma proposta: nós irmos para o apartamento dela. Aonde ela queria chegar? Felipe aceitou na mesma hora e Tatá negou com a cabeça, fazendo Natacha começar a falar milhares de argumentos. Tatá dava desculpas e ela rebatia; estávamos numa saia justa e não teve outro jeito, fomos praticamente obrigados a ir. 

 - Eu vim de táxi, gente. - Natacha sorriu, tentando ser meiga. Tatá fez uma careta meio disfarçada, mas eu percebi. Talvez meu olhar não saísse dela e eu juro, não era de propósito. Incontrolável, inevitável. 
 - Luan veio sozinho, você vai com ele. - Felipe sugeriu, com um sorriso de segundas intenções. - Pode ser, Luan? - Tatá me encarou séria e Natacha se aproximou de mim, com um sorriso vulgar. O que eu ia dizer? 
 - Pode, uai. - passei a mão no cabelo.
 - Vamos. - Tatá disse séria e virou as costas pra mim. Ela não percebia que eu também não estava gostando, poxa? 

Os dois foram para o carro de Felipe e Natacha me acompanhou até o meu. Não esperou nem eu ligar o carro para poder abrir a boca.

 - Gostou de passar a noite me renegando? - foi sarcástica. 
 - Não reneguei você, falei a verdade. 
 - Verdade? Tem certeza? Então nunca tivemos nada?
 - Não. Só nos divertíamos.
 - Isso é nada pra você? 
 - Nosso sexo pra você significava alguma coisa a mais? 
 - Você sabe que sim! 
 - Não, não sei. Não sei também o porquê desse jantar. Não entendi, você pode me explicar? 
 - Felipe sugeriu um jantar de casais, só isso. Ele acha que o nosso lance poderia virar algo mais sério, mas você não facilita...
 - Eu não facilito, porque eu não quero. Já falei pra ele parar com isso!
 - Você gosta disso? De me humilhar? Pisar em mim e ainda espalhar pros seus amigos que me usava? 
 - Natacha, nem vem que você não é  vítima. Transas sem compromisso nunca foi problema pra você... Felipe sempre soube da gente e que eu saiba, isso não é novidade pra você. 
 - Ele, né?! A noivinha dele, não. Menina nojenta, não melhorou a cara um minuto sequer. 
 - Ela não é assim. 
 - Hum, e você sabe? Ah... Tinha esquecido que ela já foi sua namoradinha. 
 - Não tô gostando do seu tom comigo. 
 - Só achei estranho seu comportamento perto dela. 
 - Agi normal. Ela foi minha namorada, passado. Agora ela tá com o Felipe. 
 - Tem certeza? Você estava meio estranho. 
 - Sim. Estou normal.
 - Hum... - levou a mão para a minha coxa. - O Luan normal que eu conheço passaria a noite comigo, hoje vai ser assim? - foi passando a unha da minha coxa até a lateral próxima do meu amigo, se é que me entendem. 
 - Não vai ser, Natacha. - tirei sua mão imediatamente. - Estou cansado! 
 - Você nunca esteve cansado pra mim. - aproximou seu rosto. - Como você mesmo disse, vamos nos divertir mais um pouco... - sussurrou no meu ouvido e depois desceu a boca para meu pescoço, deixando vários beijos. Paciência, Luan! 
 - Natacha, eu estou dirigindo. - não podia ao menos tirar as mãos do volante para tentar afasta-la. 
 - E daí, meu gostoso? - mordeu minha barba e quase me deu um selinho, mas eu desviei. 
 - Natacha! Para! - a repreendi.
 - Você está um grosso hoje! - se afastou, cruzando os braços, emburrada. Eu suspirei e continuei concentrado na direção. 

Para a minha sorte, ela não tentou mais nada. Chegamos no seu apartamento e Tatá continuava com a cara fechada, não fazia questão de esconder o quanto estava desgostosa daquela situação. Eu estava do mesmo jeito e não imaginava o que Natacha pensou ao propor aquilo! Nos sentamos na sua sala e ela foi buscar bebida. Só quem aceitou foi Felipe, fazendo Tatá bufar mais uma vez. Eu nunca a vi assim, tão irritada... Não podia só ser pela situação, ela estava incomodada com algo a mais. Natacha sentou do meu lado no sofá e novamente, levou as mãos para a minha calça. Qual era o problema dela? Os olhos de Tatá quase pularam ao ver ela me acariciando e se falam que tudo de ruim tem um lado bom, eu afirmo que eu já achei ele. O lado bom dessa vez era vê-la morrendo de ciúmes. Ficaria feliz com aquilo se eu também não estivesse morrendo de ciúmes e cansado das suas tantas investidas. Natacha sempre foi assim, com atitude, meio vulgar... 

 - Aqui tá meio chato, né?! - Natacha pronunciou, com o tom como se tivesse a solução para aquele tédio. O que ela estava aprontando? 
 - Está! Por isso acho que já podemos ir embora. - Tatá sorriu falsa. 
 - Calma, menina. Vocês acabaram de chegar! E eu não vou convidar ninguém pro meu apartamento pra ser chato... Vamos resolver isso! - não sou o único a acha-la menina. Entretanto, acho que ela não estava gostando de escutar na voz de Natacha. 
 - Vamos resolver? Como? - Felipe sorriu animado. Esse cara é idiota? Que merda. Respira fundo, Luan. Matar é crime, lembre-se. 
 - Somos adultos, não é?! - perguntou carregando malícia.
 - Sim, somos. - a respondi, entediado. 
 - Podemos fazer uma brincadeirinha de adultos. - continuou.
 - Vai direto ao ponto, Natacha. - falei impaciente. 
 - Estamos em quatro e assim, casais, não é?! - olhou-me pervertida. 
 - Não. - não éramos um casal. 
 - Luan, você entendeu! Creio que ninguém aqui é ciumento. Você é, Tanara? 
 - Eu? Ciumenta? 
 - É, você tem ciúmes do Felipe? 
 - Não. - deu de ombros. Claro que não, ela não gosta dele, gosta de mim! 
 - Por que isso, Natacha? - Felipe riu, também sem entender qual era sua ideia. 
 - Você é ciumento, Felipe? - perguntou novamente.
 - Também não. Por quê? 
 - Ótimo! Eu e o Luan não somos um casal, como ele faz questão de dizer, então... Também não temos problema com isso.
 - Seja mais clara, Natacha! - pedi. 
 - Ai, gente. Vocês são lentos demais! Tanara, troca de lugar comigo. - levantou.
 - Mas, por quê? - Tatá questionou.
 - Anda, troca! - insistiu e assim ela fez, levantou também. Eu e Felipe acompanhamos os passos das duas, totalmente desentendidos. Tatá sentou do meu lado e Natacha do lado de Felipe. Pra quê aquilo?
 - A ideia é que a gente se divirta provando coisas novas. - piscou, pondo a mão no peitoral de Felipe. Eu e  Tatá nos entreolhamos, começando a entender... Ela não faria isso, faria? 
 - Espero que você não fique com raiva de mim, Tanara! Faz parte da brincadeira. - antes que Felipe falasse alguma coisa, ela o impediu com um beijo na boca. Eu e Tatá, juntamente, arregalamos os olhos, sem reação. Felipe também parecia surpreso, mas retribuiu. 
 - O que é isso, Natacha? - perguntei surpreso, enquanto Tatá continuava boquiaberta, com certeza sem palavras. Ela encerrou o beijo e Felipe olhou para Tatá já tentando explicar que era inocente. 
 - A brincadeira, Luan! - riu. 
 - Natacha, você é louca? - Felipe levantou, mas parecia ter gostado. 
 - Não. - dei de ombros. - Não topam? Eu fico com você e a Tanara fica com o Luan. - disse simples. - Sério que vocês têm problema com isso? Pensei que fossem adultos confiantes, maduros, gostassem de se divertir... - provocou. 
 - Por mim... Tudo bem! - Felipe concordou, sentando. O quê? Ele ia fazer isso com a própria noiva?
 - Tudo bem, Felipe? - ergui as sobrancelhas. 
 - Tudo... E pra você, Tatá? - perguntou descarado. Babaca! Olhei para Tatá e fui capaz de decifrar seu olhar decepcionado. 
 - Tudo. - respondeu baixo, me deixando com mais raiva desse filha da puta. Como ele pode desrespeita-la assim? 
 - Então, andem vocês dois... - Natacha incentivou. - É a vez de vocês! - sorriu maliciosa. 
 - Eu não vou fazer isso. - protestei. 
 - Por que não, Lu? Seu amigo já concordou, Tanara também... Não é, Felipe? Alguns beijos não matam ninguém. 
 - É, cara. Tá de boa! - respondeu estranho, me fazendo rir desacreditado. Tatá estava completamente sem graça e eu também estava ficando. Lhe lancei um olhar receoso e ela simplesmente desviou. 
 - Tá esperando o quê, Luan? Não precisa de vergonha. - Natacha pressionava. Os dois nos olhavam atentos, esperando, ansiosos. Engoli seco, constrangido. Queria saber se Tatá concordava com isso, em me beijar ali, na frente desse imbecil. Eu estava achando um absurdo, mas, ao vê-lá tão quietinha, sem graça, fui impulsionado pela raiva e nos aproximei. Iria beija-lá, sim, apesar de tudo! Só para eles se arrependerem dessa brincadeira idiota, para disfarçar sua decepção, sua tristeza e constrangimento. Beija-la ali, na frente deles, mostraria o meu amor. Em breve, assumido. A acolheria, mostraria o que é um homem de verdade. Lhe protegeria, deixaria claro que se fosse eu, jamais a faria passar por isso. E todos esses pensamentos foram me impulsando, foram aproximando nossos rostos... quando percebi, nossos lábios já estavam colados. Queria relaxa-la, passar a sensação de estar tudo bem... só por ela ter a mim; convencê-la que aquilo não era nada porque ele não a merecia, porque ele é um babaca, porque ele não merecia ela, porque ele ia ser somente seu passado, porque eu a amava de verdade. Eu a respeitava. Sempre a respeitei e sempre a respeitaria. Porque nosso sentimento era sério e respeito era a base dele, de tudo. Natacha e Felipe não eram capazes de sentir isso, algo sincero, forte e intenso. 

Peguei em seus cabelos e aprofundei o beijo, tentando fazer tudo com o máximo de carinho. Aos poucos, somente pelas nossas línguas ligadas, senti ela se entregando e se livrando da tensão. Esquecemos que não estávamos sozinhos e já aproveitávamos aquele momento, nosso beijo, o melhor. Mesmo envolvidos, gostando, entregues, fomos capazes de ouvir Felipe coçar a garganta, como se quisesse nos atrapalhar. Fui encerrando aos poucos e quando abri os olhos e virei-me, tive a imagem perfeita para a minha raiva: Felipe e Natacha com a maior cara de merda.

 - Viu?! Não foi tão difícil. Acho até que foi melhor que o da gente.
 - É, foi sim. - Felipe disse com a cara séria. - Bem melhor! - eu passei a mão nos cabelos, tentando segurar minha risada. Perceberam o nosso amor? Que bom. Tatá continuava sem graça, mas com a expressão melhorada. 
 - Mas, não vamos nos importar com isso. - Natacha levantou e pegou na mão de Felipe, o puxando. - Sem ciúmes, Felipe! Você concordou, agora não reclame. Deixa eles aí, aproveitando, enquanto nós vamos fazer o mesmo no meu quarto. - novamente ela mais foi rápida que qualquer pronúncia dele e o arrastou para o quarto. 

 - Eu só fiz isso pra ele quebrar a cara. - sussurrei. - Idiota! - levantei. Ela permanecia calada. 
 - Você viu o que aconteceu aqui, Tanara? Ele não te respeita. - bufei. 
 - Eu sei. - balbuciou. - Eu ia terminar com ele, nesse jantar, não sabia que você e a Natacha também estariam. 
 - Sim, eu percebi. Ele é um babaca.
 - Ele só foge de mim. Não me deixa terminar! 
 - Seu casamento é em março. - falávamos baixo. Eles estavam distraídos com outra coisa, mas ainda sim corríamos o risco de escutarem. - Tá tudo pronto, não é?! - perguntei triste. - Se passaram meses e você não resolveu nada. - suspirei pesado. 
 - Eu amo você, para com isso! 
 - Me ama, mas vai casar. Janeiro está acabando, seu casamento tá chegando... Vai casar com alguém que ficou com outra na sua frente! Uma falta de respeito. Ele não te ama! 
 - Não vai ter casamento. 
 - Você me usou por tanto tempo e eu fui deixando passar, só pra me iludir. - minha ficha estava caindo e estava doendo. - Tanara, se você casar, eu nunca mais olho na sua cara. Escutou? Eu te esqueço, de uma vez por todas! Eu tô falando sério! Nunca mais olho na sua cara. - encarei-a. 
 - Eu não vou casar, já falei! Eu te amo, quero ficar com você.
 - Seus "eu te amo" saem sem firmeza, Tanara. Sem sinceridade! Por quê?
 - Não acredita no meu amor? 
 - Suas atitudes tornam ele duvidoso.
 - Eu te amo de verdade, não preciso mentir pra você.
 - Então prova. - cruzei os braços.
 - Mais do que eu já provei?
 - Prova que me ama. Chama eles aqui, agora, e fala da gente! Acaba com ele! - continuei firme. Aquilo era muito sério! Ela não me enganaria mais uma vez. - Prova o seu amor por mim agora, Tanara! - ela parecia estar travada. - Você disse que foi nesse jantar disposta a por um fim em tudo! Eles já viram a gente se beijando, já entenderam tudo! Eles não são burros, Tanara! - começava a sentir o desespero tomar conta de mim, por causa do seu silêncio. - Seja uma empata foda, você está acostumada. Chama ele aqui e termina tudo. Ele não vai fazer nada com você, eu tô aqui. - prossegui e ela continuava intacta. Não falava nada, apenas encarava o chão. - Anda, Tanara! Agora! 
 - Eu não posso. - vi uma lágrima escorrendo pelo o seu rosto e suas simples palavras foram capazes de me desmoronar.
 - Por que não? - engoli seco, sentindo meu coração se despedaçar. Ela não podia fazer isso comigo... 
 - Eu não consigo. - respondeu baixo, já chorando. Meus ombros caíram e toda minha marra, minha firmeza, foram embora. Eu não podia mais insistir, era muita humilhação. Já fiz de tudo pela gente, eu não podia obriga-lá, não podia gostar por nós dois. Se ela não conseguia, ela devia ter algum motivo. Talvez gostasse dele. Amasse. Não sei. Só sei que eu fiquei olhando-a, começando a enxergar tudo que sempre esteve na minha frente. Eu fui usado, eu me deixei ser usado. Eu fui um trouxa, que ela usou e abusou. Ela não gosta de ninguém, gostava de usar os dois otários que tinha sempre à disposição! Por que me iludiu tanto? Será vingança pelo o passado? Mas não tinha me perdoado? Eu não entendia, mas me restava aceitar. 

 - É, você provou mesmo seu amor por mim. Muito obrigado, Tanara! Fica com ele, sejam felizes. Esquece de tudo que já vivemos nesses meses, no passado... Tudo! Acabou! Cansei de ser trouxa! Se você não me ama, não posso fazer nada; não vou ficar sendo seu brinquedinho! Eu cansei e tô pondo um fim nessa merda. Espero que... até nunca mais! - falei, vendo-a chorar e sentindo um turbilhão de sentimentos, de sensações. Eu nunca estive tão mal e só consegui reagir assim. Era definitivo. Saí batendo a porta, querendo apenas ficar sozinho. Desconsolado, desenganado, desiludido, destruído. 

20 comentários:

  1. Cara já ta cansando, dps disso tudo ela ainda não termina? Gua -- só espero que isso passe logo, cont

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  2. Porque você faz isso com meu coração Tanara? Já não to sabendo lidar com essa fanfic. Misericórdia </3

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  3. Preciso dizer algo? Tanara minha filha! Que demais esses dois... E novamente você colocando Tanara no centro de tudo! Isso é incrível demais...

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  4. Por que você parou ai???? Continua que ta demaaaais! Já que o próximo e o próximo e o próximo porque eu sei que vem muita coisa pela frente e ja tenho que preparar meu coração.

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  5. Toma aí ridícula, bem feito! Que ódio véi, que ódio! Coitado do Luan, eu hein!

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  6. Eu não acredito, eles têm que terminar logo Mds, essa Tanara é uma otaria, merece apanhar do Felipe pra aprender a tomar decisões corretas akkakaka continuaaaa

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  7. oq a tanara e uma otaria o q ela ta esperando ele achar outra q saco mulher decide sua vida vc n ia terminar termina então tomara q fique sozinha merece e q sofra muito #revoltada cont
    cátia

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  8. Tanaaraa idiotaaaa. Eu queroo lunara!!!! Desista desse felipe 😤😭😣 e já pode continuaar

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  9. Estou sem condições de comentar.. Essa fanfic acaba com o meu emocional

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  10. tanara alem de corna, é burra!!!!!!!!!!! cansada dessa frescura eu hein, bem feito o q luan fez, desistiu, até pq ngm é trouxa!!!!!!!

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  11. Não acredito que ela não termino cara. O Felipe não merece nenhum tipo de consideração. Continuaaaaaaaa nega.

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  12. Aaaaaaaah dnovo ñ isso ta cançando já!!! Tanara idiota q raiva Luan agora tm q c valorizar !! Cont

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  13. Eu li mais não to crendo Deus do céu que capítulo foi esse senhor . To com dó do Luan

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  14. Caraca, esse cap foi tipo sem palavras. Essa Natasha ja provou que é uma puta mesmo. Vale nada rpz. E esse Felipe tbm não é flor que se cheire. Garoto idiota. E Tanara muito burra também que não termina com ele. Tadinho do Luan, serio mesmo. Tanara não toma uma atitude como não quer que ele duvide do amor dela por ele? Me poupe ne?!

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