Tanara's POV.
Saímos da casa de Sorocaba e no carro Felipe já mostrava o seu entusiasmo em seus amigos me conhecerem. Eu sorria fraco e ele tornava a perguntar a se o mal estar havia passado. Eu negava. Passei a gostar daquela desculpa quando ele confessou que esperava que passássemos a noite juntos e com essa desculpa, eu tirei essa ideia de cogitação. Ele entendeu. Felipe sempre hesitava me contrariar. Se despediu de mim me roubando um selinho e ele continuava acreditando naquela história, já que minha cara estava mesmo de uma pessoa incomodada, doente. Mas não era por qualquer mal estar. Era pelo o seu amigo. Minha cabeça estava lá, estava nas palavras que Luan dirigiu a mim. Ele não podia pensar isso de mim, eu nunca quis magoa-lo. Minha consciência pesou ainda mais lembrando do que Sorocaba me disse. Ele ainda gosta de mim. Gosta? Eu já não sabia mais o que sentia por Luan. Pus um fim, mas nossa história não terminou. No caminho de volta, Felipe deixou claro o quanto ele gostava e considerava Luan. Era uma amizade bonita, que eu não podia estragar. O destino não podia nos pregar essa peça. Oh, droga! O que eu faço? Eu conto pro meu noivo? Ou finjo que nada está acontecendo? E se alguém contar? E se Luan contar? Milhares de coisas passavam na minha cabeça, me amedrontando cada vez mais. E assim fui dormir. Depois de anos, sem saber o que fazer, justamente por causa dele.
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Fazia uma semana do aniversário que me deixou aflita, que tirou minha paz e desde então, eu não tomei nenhuma atitude. Eu estava confusa. Indecisa. Odiava ficar assim! Sentia que não deveria me abrir com ninguém, mas ao mesmo tempo sentia que não seria capaz de solucionar aquilo com minhas próprias conclusões. Felipe continuava amoroso, sem desconfiar do clima que presenciou. Não sabia de Luan, de Sorocaba, de Bruna. Só de Micaella! Que me procurou e começamos a conversar. Por mais que tudo estivesse calmo enquanto decidia o que faria, Felipe me deixava nervosa sempre que tentava marcar algo com Luan. Queria muito que saíssemos com ele, com a filha dele, que Felipe falava com um afeto enorme. Eu, descobrindo meus dotes de atuação, fazia uma cara de paisagem e sorria, fingindo não ter problema. O famoso "tanto faz". Tanto faz um caralho! Eu não posso mais ver o Luan, você não entende? Não entende que é perigoso pra mim? Pra você? Pro nosso noivado? Não é normal uma pessoa noiva sentir o que eu sinto perto do amigo do noivo. Para, Felipe.
Tinha medo de contar a verdade e estragar a amizade dos dois. Medo que Felipe começasse a agir diferente comigo. Medo que ele cismasse, ainda não sei se Felipe era o tipo "ciumento". Tomara que não. Eu não suporto. E pra variar, meus pensamentos me levam à Luan. Luan escondeu por um bom tempo, seus ciúmes de mim, só porque não me agradava. Lindo. Como eu o amava naquela época. O pior de tudo é que no fundo, eu sei que não chego a sentir nem a metade por Felipe.
Almocei e liguei para minha comadre, para ver minha afilhada. Alice, que agora estava com 4 aninhos. Ela disse que tudo bem, já que estava em casa. Larissa agora casada, morava com Gabriel. Com o marido e a filha. Comentou que Alice estava ansiosa para me ver, tínhamos um apego muito grande. Não trouxe nada para ela e hesitei ir sem nenhum presente. Mas, acabei tendo uma ideia. Que tal ela mesma escolher o presente? A levaria no shopping, um passeio. Descansei um pouco o almoço e depois comecei a me arrumar. Já eram 14:30am.
Já arrumada, pedi à minha mãe que tirasse algumas fotos minhas. Fazia tempo que eu não postava nada! Fiz uma montagem e postei, rapidinho.
tataccioly Boa tarde, São Paulo!
Peguei um táxi e fui para a casa do meu 'irmão'. Toquei a campainha e Larissa atendeu, feliz em me ver. Nos abraçamos forte, fazia um tempinho que eu não a via. Logo minha afilhada correu, me fazendo pega-la no colo. A enchi de beijos e ela logo me picou para dentro, alegando querer me apresentar uma amiguinha que estava brincando com ela.
- Essa é a Laura, 'madinha'. - apontou para uma menininha, que nos observava calada. Era linda e parecia ser tímida.
- Essa é minha madinha, Lau. Ela mora bem longe de mim! - Alice me apresentou, me fazendo rir. Olhei bem e tive a impressão de já conhecê-la. O nome, o rostinho...
- Essa não é a...
- Filha do Luan. - Larissa completou. Claro! A Laura! Nossa, como ela era parecida com ele.
- Oi, bebê! - acenei e ele sorriu, fazendo a mesma coisa.
- Alice e ela são amigas. Ele trouxe ela pra brincar, antes de você ligar. - falou e eu sorri nervosa. Ouvir falar dele já me deixava amedrontava.
- Meu pai é o Luan Santana, sabia? - disse com um sorriso sapeca no rosto.
- Eu sabia, sim! - me abaixei, ficando da sua altura. - Que linda que você é. Quantos anos você tem?
- 5. E você, madrinha da Alice?
- Tenho 22, Laura! E meu nome é Tanara, mas se quiser pode me chamar de Tatá. Todos me chamam assim.
- Meu nome é Laura, mas se quiser pode me chamar de Laurinha ou Lau. Meu pai de chama de Laurinha e minha avó Zete, me chama de Lau. Minha mãe também me chama de Lau, sabia? - explicou, toda desenrolada. Nossa. Que esperta!
- Vou ficar com Laurinha, pode ser? - perguntei e ela assentiu. - Sabia que eu também chamava sua avó de Zete?
- Sério? Você conhece ela?
- Sim! Conheço sim.
- Só eu chamo ela assim. - deu de ombros, com uma feição intrigada.
- Você deixa eu chamar?
- Deixo! - sorriu. - Você é linda, sabia? Parece aquelas mulheres ricas de novela. - comentou, fazendo eu e Larissa rir. - Que nem minha tia Bubu. Ela se veste assim, toda linda. Eu queria me vestir, mas meu pai não deixa.
- Ah, obrigada viu? Então quer dizer que eu pareço rica? A diferença Laurinha, é que sua tia é rica, eu não. - falei e ela riu. - Você é criança ainda, não pode vestir essas roupas.
- Meu pai tem uma foto no quarto dele que parece muito você, Tatá. Muito! Será que meu pai conhece uma pessoa igualzinha a você? - abriu a boca, com admiração. Larissa riu e eu lancei olhares cúmplices.
- Acho que você está se enganando! Mas então, eu vim levar a Alice para o shopping.
- Eba! - Alice pulou, batendo palminhas.
- Só ela, Tatá? Pensei que agora fôssemos amigas. - Laura cruzou os braços, com um bico identifico ao do pai. Olhei para Larissa espantada com o jeito daquela menina. Ela não era nada tímida!
- Você também, meu amor. Mal deixou eu terminar! - ri. - Você e a Alice, topam?
- Eu até podia ir, Tatá, mas eu não tenho roupa. Eu não posso ir feia enquanto você e a Alice vão assim, toda bonitonas. Algumas fãs do meu pai podem pedir foto e eu não quero sair assim! - falou decidida, me lembrando alguém que eu conheço. Gargalhei, desacreditada.
- Então você não quer ir?
- Eu até queria, mas meu pai nem deixou dinheiro. - deu de ombros, com drama.
- Eu tô levando dinheiro.
- Mas eu nem tenho roupa.
- Essa está ótima, princesa.
- Você tá falando isso pra me agradar.
- Eu te empresto uma, Lau. - Alice falou, generosa.
- Desculpa, Lice. Mas suas roupas não fazem meu estilo. - abaixou a cabeça, enquanto eu continuava com meus olhos arregalados. Alice, fez feição triste e abraçou a amiga desconsolada.
- Não fica assim, outro dia a gente vai.
- Eu sei que sim, mas eu queria ir com a Tatá. - conversavam baixinho e Larissa segurava a risada.
- E se eu arrumar sua roupa? Deixar bem fashion? Com o seu estilo?
- Você pode tentar, Tatá. Mas eu não quero te dar trabalho...
- Ô moça, que nada. Você vai arrasar com o meu look!
- Ah madinha, então eu também quero. - olhei para Larissa e ela levantou as mãos em rendição.
- Vamos, vou arrumar vocês.
- Deixa eu levar sua bolsa. - Alice pegou minha bolsa, colocando no braço como "gente grande". Peguei nas mãos das duas e fomos para o quarto de Alice. Laura parecia gente grande e em certos pontos parecia mesmo comigo. Elas tomaram banho toda entusiasmadas e depois foram se arrumar, enquanto eu tentava agradar Laura com o "look" feito com as roupas de Alice. Ela era cheia de si e toda pra frente, o que dificultou um pouco meu trabalho. Alice não, mais meiga, ela gostou da primeira roupa que eu escolhi. Já arrumadas, ajudei-as a pentear o cabelo. Prontas! Certo? Não, ainda não. Alice viu minhas unhas pintadas e cismou que também queria. Pedi a Larissa um esmalte claro e ela me deu, rindo da invenção da filha. Laura olhava eu pintado toda desconsolada. O que foi dessa vez?
- Pronto, Lice. Tá linda, meu amor! - respondi e ela sorriu, esticando as mãozinhas e mostrando pra amiga.
- Olha Lau.
- Tá linda, Lice. Eu também queria pintar. - abaixou a cabeça, com drama.
- Então vem, eu pinto. - me ofereci, sorrindo.
- Não, Tatá. Meu pai não deixa. Minha tia já tentou, ele não gosta. Diz que eu sou criança!
- Mas seu pai não vai ver. Você já é uma mocinha, tem que pintar as unhas! Vem cá. - a chamei e ela veio, receosa. - Vamos fazer o seguinte. - me olhou. - Se ele brigar, eu te defendo! Tudo bem?
- Tudo bem. - sorriu, confiando em mim. - Eba! Eu sempre quis pintar. - comemorou, alegre. Ri do seu modo e comecei a pintar, com o mesmo cuidado que pintei a de Alice. Já totalmente prontas, nos despedimos de Larissa e pegamos um táxi, indo para o shopping.
Luan's POV.
Depois de falar aquilo para Tanara, eu saí na tentativa de me acalmar. Estava quase impossível, mas eu precisava me controlar. Como ela não sabia? Cínica. Que raiva dos dois! Eles não podem estar fazendo isso comigo. Bruna, para piorar tudo, veio me encher o saco com o assunto e eu nem lembro o que ela falou, lhe cortei de imediato. Minha noite não podia piorar. Mas meus próximos dias, sim. Felipe idiota, queria a todo custo marcar algo com nós quatro. Eu, Natacha, Tanara e ele. Eu não contaria, quem tem que fazer isso é ela! E por mais que estivesse magoado, eu não tinha mais nenhum poder sobre ela. Não podia obriga-la a contar nossa história, não era possível que ela continuasse escondendo por muito tempo. Me dava vontade de contar, sim, uma enorme vontade. Mas eu engolia a raiva, o ciúmes e torcia para ela contar de uma vez. Felipe agia com normalidade e eu tinha que fingir. Quando ele descobrisse, não sei como ficaria nossa amizade, mas com certeza não ficaria intacta. Em casa, fui buscar a Laura. Eu e Isabel dividíamos os dias de acordo com a minha agenda. Apertei minha filha, matando minha saudade e esquecendo um pouco o assunto que estava me perturbando. Laura me distraía. Seu jeitinho me fazia rir e infelizmente, lembrar da Tanara. A que eu namorei, não a de agora. Pediu que eu a deixasse com a minha afilhada, Alice. Eram amiguinhas e eu liguei para Larissa, perguntando se havia algum problema. Marina a ajudou na hora de se vestir, ela não me deixava, dizia ser mulher e mulher não podia trocar de roupa na frente de homens. Eu ria da sua inocência e tentava explicar que ela era criança e minha filha, e só o papai podia. A deixei na casa de Larissa e apertei minha afilhada, que me adorava. Mesmo com a distância de Tanara, não deixei Alice de lado. Éramos os padrinhos, mas eu não podia esquecer isso só porque nos separamos. Pedi que minha filha se comportasse e Larissa disse para eu não me preocupar. Voltei para casa sozinho, voltando também com os meus pensamentos no mais novo casal. Ridículos. Contei para Marina, que era uma conselheira pra mim. Ela sabia da minha história com Tanara e eu contava tudo com tom de indignação. Me disse para esperar ela contar, algo que eu já imaginava ser o certo. Passamos um bom tempo conversando e depois eu dormi. Acordei já tinha anoitecido e lembrei de Laura, indo direto tomar banho para buscá-la. Marina já tinha ido embora e eu preferi que ela não fizesse janta, comeria uma pizza com a minha filha. Isabel pegava muito no pé de Laurinha, a menina era privada de muitas coisas. E então, eu me via no direito de mima-lá um pouco. Fui para a casa de Larissa e Gabriel e pra minha sorte, ele não estava em casa ainda.
- Então Lare, chama lá elas? - pedi, sentado no sofá mexendo nas mãos.
- Elas saíram, Luan. - disse sem graça.
- Saíram? Com quem? Com o Gabriel?
- Não, com a Tatá. - falou e eu levantei de imediato.
- Como assim minha filha saiu com aquela louca?
- Então, ela veio ver a afilhada e tinha nos planos ir pro shopping... A Laura tava aqui, logo a Tatá não ia deixar ela sozinha. Ela adorou a Tatá!
- Não era pra ter deixado, Larissa! Mesmo que a Laura tenha adorado ela. Se chegar qualquer um e Laura adorar você vai deixar levar ela?
- Ei, Luan. Calma! Não é qualquer um, é a Tatá. Você tá falando como se não conhecesse ela, ou como se ela fosse perigosa.
- Não importa Larissa. Deixei de conhecer a Tanara faz um bom tempo.
- Nossa, Luan. Não fala assim dela!
- Não fala assim dela? Você sabe o que ela fez, Larissa?
- O que ela fez?
- Olha. - respirei fundo. - Pergunta a sua amiga depois, mas agora, você vai ligar e vai mandar ela trazer minha filha! - cruzei os braços e Larissa me olhou assustada.
- Tá bem, tá bem. Não precisa ficar assim. - levantou os braços e depois pegou o celular.
- Ela não atende. - disse, tirando o celular do ouvido.
- Meu Deus, ela perdeu a Laura! - pus as mãos no rosto. - A Tanara não sabe cuidar nem dela, como você confiou duas crianças?
- Luan... - Larissa foi interrompida com a campainha. - Tá vendo seu exagerado? Pode ser elas! - sorriu, indo atender. Abriu a porta e logo a sala foi invadida com Alice e Laura falando alto, empolgadas e com algumas sacolas.
- PAPAI! - Laura gritou, correndo para os meus braços. Tanara foi desfazendo o sorriso aos poucos.
- E aí, minha princesinha. Brincou muito? - perguntei com ela nos meus braços.
- Brinquei muito, papai! A Tatá levou eu e a Lice pra passear no shopping, sabia?
- É, sabia. - a olhei. - Então, vamos?
- Me põe no chão, papai. Eu quero mostrar o que eu ganhei da Tatá. - sorriu, me fazendo colocá-la no chão.
Sentou no sofá junto de Alice e começou a tirar o que tinha nas sacolas.
- Não precisava gastar com ela. - disse sério.
- Não foi nada, não se preocupe. Sua filha é um amor. - disse do mesmo modo. Ficamos nos olhamos por um tempo e Larissa percebendo o clima, coçou a garganta.
- Então... Obrigada pelos presentes, Tatá. Já agradeceu a sua madrinha, Alice?
- Já sim!
- Eu também! - Laura falou. - Tatá senta aqui, olha aqui como ela fala. Você disse que ela não falava!
- Eu preciso ir, Laurinha. Já tá tarde. - sorriu sem graça pra minha filha.
- Ah não, madinha! Senta aqui, vem brincar com a gente. - Alice pediu e Tanara riu, parecendo incomodada. Devia mesmo estar com vergonha de mim.
- Espera o Gabriel, Tatá. Ele te deixa em casa.
- Não precisa, Lare. Eu vou pegar um táxi. Tchau meninas! - se aproximou das duas e beijou o rosto de cada uma.
- Não vai agora, fica aqui pra gente contar sobre o esmalte na minha unha. - escutei Laura sussurrar no seu ouvido. - Eu tenho medo do papai. Ele não vai brigar com você!
- Tá bem. - sussurrou de volta.
- Olha papai, a Tatá pintou minhas unhas! - sorriu sapeca, estendendo as mãos.
- Filha, você é criança... Não pode pintar as unhas. - olhei frio para Tanara.
- Ela é uma mocinha, não tem problema. Deixa de ser chato!
- É, seu chato! - Laura imitou-a.
- Laura! - a repreendi, enquanto ela ria. Só o que faltava, ela imitar mais ainda o jeito de Tanara. - Dá tchau pra Alice, a gente precisa ir.
- Pai, vamos levar a Tatá? Ela tá sem carro, a gente foi de táxi pro shopping.
- Filha...
- Não precisa, Laurinha. Eu vou pegar outro táxi! - Tanara disse doce. Até parece! Você só engana minha filha, a mim não.
- Papai, é perigoso ela ir pra casa sozinha. Ela é menina!
- Eu sou adulta, Laura. Eu posso andar sozinha! - Tanara riu constrangida.
- Mas minha prima é do seu tamanho e minha tia não deixa ela sair. - disse inocente. Até uma criança percebe que ela é anã.
- Amiga, até a Laura! - Larissa riu.
- Olha senhorita Laura, você para! O que você tem contra as baixinhas?
- Tudo bem, tudo bem. A gente leva a Tanara, Laurinha. Mas vamos, né?!
- Eba! - Laura pulou, comemorando.
- Eu também quero ir! - Alice cruzou os braços, com birra.
- Você já tá em casa, filha. Não pode ir. Outro dia a Tatá e a Laurinha vêm, tá? - Larissa explicou e ela concordou triste. Alice se despediu de nós três e depois Larissa. Agradeci e ela passou o mérito para Tanara. Laurinha não parava de conversar com a mesma, toda animada. Mereço?
Entramos no carro em silêncio, Laura nos olhava com um sorriso de orelha a orelha. O que aquela mentirosa tinha feito com a minha filha?
- Você sabe o endereço, não é? - perguntou.
- Sei. - respondi seco e ela encarou a pista.
- Papai, a Marina tá lá em casa?
- Não.
- Então vamos pedir pizza?
- Vamos.
- Tatá, vamos comer pizza com a gente?
- Laura. - a repreendi.
- O que foi, papai? Deixa ela ir com a gente, eu quero mostrar minhas outras bonecas. Você gosta de pizza, Tatá? - perguntou e Tanara me olhou sem graça.
- Laurinha...
- Claro que gosta! Quem não gosta? Minha mãe não deixa eu comer, mas meu pai deixa. Por favor, paizinho. - deitou a cabeça no meu ombro. Não conseguia negar nada a Laura, por mais errado que fosse. Estava muito magoado com Tanara, a queria bem longe. Mas ao mesmo tempo, eu a queria perto. Queria muito. Coração era uma grande merda!
- Quer comer pizza com a gente, Tanara? - perguntei, engolindo minha raiva.
- Não, melhor não. - falou receosa.
- Ah nem, Tatá! Por favor! Pai, pede por favor pra ela.
- Laura, ela não quer. Deixa ela.
- Eu vou chorar!
- Você não precisa chorar pra conseguir as coisas, Laurinha. E eu aceito. Mas tem que ser bem rapidinho, tá? - Tanara falou, me deixando nervosa. Ela não tinha que aceitar!
- Eba! - animou-se, me fazendo respirar fundo. A noite seria longa.
Laura foi contando sobre a tarde de shopping que tiveram e enchia Tanara de elogios. Contou que tinha sujado a blusa de sorvete e ela não brigou, gostando ainda mais dela por isso. Não sei como, mas acho que ela acabou cativando minha filha também. Ter Tanara perto novamente me causava tantas coisas, me sentia um idiota. Entramos no meu apartamento e Laura pegou na mão da mais nova conhecida e já adorada, arrastando-a pro seu quarto.
- Então, vocês vão querer qual sabor? - perguntei, parando na porta do quarto de Laura.
- Frango. - falaram juntas, me assustando. Riram da coincidência logo depois.
- Uai, então tá. - dei de ombros, saindo dali para ligar. Liguei, pedi e fiquei na sala, mexendo no celular. As duas estavam no quarto até agora, acho que fui trocado. Duplamente.
- Pai, a Tatá conhecia o Vevê, sabia? - Laura apareceu na sala, com um penteado no cabelo.
- Conhecia? - me fiz de desentendido.
- Você já mostrou pra ela? Vocês já se conheciam? - perguntou desconfiada. Laura era muito esperta.
- Então, Lau... - Tanara ia começar a explicar, quando tocaram a campainha. Eu atendi. Era a pizza. Paguei e Tanara se ofereceu para pegar os copos. Laura pediu para comermos na sala e eu deixei. Pus a pizza no centro da mesinha e logo minha ex voltou com os três copos.
- Sabia que minha mãe não gosta que eu beba refrigerante, Tatá?
- Sério? Mas ela tá certa, dá estria, celulite... - respondeu, como se minha filha soubesse o que era estria.
- Você acha que uma criança de 5 anos sabe o que é estria e celulite, Tanara? - ri do seu devaneio. - Você é pior que ela.
- O que é isso? - minha filha perguntou.
- É uma coisa muito chata, Laura. Depois eu te explico! - piscou pra Laura e eu ri, negando. Pus refrigerante nos três copos e sentamos no chão, começando a comer a pizza. Laura falava algumas coisas que nos fazia rir e diminuía a tensão entre mim e Tanara. Depois de comermos, Laura sugeriu um filme de criança e depois de 30 minutos dele, ela pegou no sono.
- Eu vou levar ela pra cama.
- E eu vou pegar um táxi. Já tá tarde, nem percebi as horas passarem.
- Seu noivo se importa? - indaguei, com veneno.
- Não. - sorriu falsa.
- Então espera mais um pouco que eu vou te deixar.
- Não, já tá tarde, você já está em casa, não precisa.
- Eu vou te levar, deixa de ser teimosa. Vou só levar ela pra cama e venho, para irmos.
- Vou arrumar aqui e lavar os copos.
- Tudo bem. - peguei Laura no braço e a levei até a sua cama. A ajeitei, a cobri e liguei o ar condicionado, fechando a porta e saindo em seguida. Voltei e a sala estava organizada como antes, fui até a cozinha e vi Tanara pondo os copos na pia. Fiquei observando-a. Amarrou o cabelo com o próprio, e começou a lavar.
- Não se sente mal mentindo assim pra ele? - perguntei, de braços cruzados.
- Não estou mentindo. Estou omitindo, é diferente.
- Pra mim dá no mesmo. Tem vergonha da nossa história?
- Não. Mas não achei necessário. Eu queria te esquecer, estou com o Felipe há pouco tempo, ainda temos tempo. Mas se você está tão incomodado...
- Incomodado é bem pouco pro que eu estou sentindo. Você não podia ficar com o Felipe, Tanara. Não podia fazer essa sacanagem comigo!
- Qual a foi a parte do "eu não sabia", que você não entendeu? - virou-se, segurando o copo.
- É meio impossível, você não acha?
- Não, não acho.
- Você foi muito injusta com a gente! Acabou com a gente pra isso, noivar de um cara que mal conhece.
- Pensei que ele fosse seu amigo.
- Ele é. Mas namorar você não é algo que eu considero como atitude de amigo.
- Ele não sabe, não culpa ele.
- Vai defender? Que linda! - ri, irônico.
- O que você quer, Luan?
- Eu já quis. E foi ficar com você. - falei e ela ficou nervosa, já que acabou derrubando o copo que segurava. Deveria estar escorregadio, ela estava lavando-o.
- Droga. - abaixou, para juntar os cacos.
- Não mexe, você pode se cortar. Deixa eu pegar a vassoura! - corri para a área de serviço e peguei a vassoura. Mas ela era uma teimosa, então não pôde resistir a tocar nos cacos. Ela se cortou, e pelo visto feio.
- Eu te falei pra não pegar, Tanara. - me aproximei, a levantando. A sua mão já sangrava, muito. - Quando você vai deixar de ser desastrada assim? - peguei na sua mão, vendo se o corte havia sido fundo.
- Você adora me inferiorizar, né?! Que saco, Luan. Não precisa se preocupar, não foi nada. - puxou a mão com tudo, marrenta.
- Fica quieta, Tanara. Parece criança mimada! - falei sério e ela me olhou nos olhos. - Vem cá, deixa a mão debaixo da água, que eu vou limpar os cacos e buscar algo pra pôr no corte. - segurei em seus cotovelos e a subi, fazendo-a ficar em pé, de frente a pia. Colocou a mão debaixo da água que caía, me obedecendo. Podia jurar que seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela era literalmente fraca para essas coisas. Varri o copo quebrado e depois fui atrás de algum kit de primeiros socorros. Laura era como ela, desastrada. E eu tive que aprender a cuida-lá. A virei pra mim e comecei a limpar o resto do sangue com algodão, enquanto ela parecia levar pequenos choques, já que sempre que eu encostava o algodão, ela tentava afastar a mão.
- Fica calma, está limpando. Será que foi profundo?
- Não sei. - respondeu frágil. Senti saudades de cuidar das consequências do seu jeito atrapalhado.
- Se você não deixar eu limpar, não vai melhorar.
- Mas tá doendo. - reclamou como uma criança.
- Mas tem que limpar, Tatá! - a chamei pelo apelido que tanto amava, depois de tanto tempo. Aliás, pela primeira vez, falei mais doce com ela.
- Então faz devagar.
- Eu tô indo com cuidado, você que não ajuda. - segurei forte seu punho e comecei a passar o algodão com mais carinho, delicadeza. Dessa vez ela ficou mais calma e nós passamos a trocar olhares. Que merda, Tanara. Que merda. Terminei de limpar o sangue e lancei um sorriso sutil. Peguei um trem que era apropriado para passar em machucados desse tipo e pus no algodão, começando a passar suavemente. Mas assim que encostei, ela tirou a mão com tudo.
- O que foi?
- Arde. - me olhou, como uma menina amedrontada.
- Muito? - perguntei e ela balançou a cabeça negativamente. - Então me deixa passar, vem cá. - fui passando de leve e ela me lançou alguns sorrisos, que eu entedia como uma melhora pro corte.
- A Laura é igual a você, até nisso. Desastrada... - comentei.
- Eu melhorei muito nisso.
- Ah, claro. - falei irônico e ela revirou os olhos, contendo um sorriso. - Com o tempo eu fui me acostumando e aprendendo a lidar... Aprendi a cuidar de machucados e ela reclama desse seu mesmo jeitinho.
- Ela é a sua cara.
- Eu sei, ela é linda.
- Metido. - riu.
- Realista! - ri também.
- Luan...
- Oi.
- Acredita em mim, eu não fiz por mal.
- Não tenho nada a ver com isso, Tatá. Não mais. Você seguiu sua vida, independente de ser com meu amigo ou não. Eu fiquei com raiva, ciúmes... Porque no fundo, eu ainda tinha alguma esperança de nós dois.
- Não é possível, Luan. Faz tanto tempo.
- Nem tudo o tempo cura, não é assim?
- Por quê? - sorriu de lado.
- E desde quando existe explicação pro amor? Ninguém sabe explicar, mas todos sentem. Ou quase todos. Algo forte, bonito. Algo que nos faz enfrentar tudo pela aquela pessoa, algo que nos faz querer estar junto... Algo que eu nunca tinha sentido antes e de repente, já me vi completamente louco por você. Entendo o Felipe, ele deve ter se apaixonado fácil como eu...
- Eu sempre achei que você nunca gostou de mim quanto eu gostei de você.
- Era algo tão impressionante, que eu preferia disfarçar. Por precação. Demonstrar demais nunca dá certo.
- Não demos certo.
- Porque você não quis.
- Porque eu quis te poupar.
- Porque você só sabe fugir.
- Isso não vai resolver nosso problema.
- É, não vai mesmo. Antes até poderia, mas agora não. Você com o Felipe, definitivamente não. Perdi você pra sempre. - falei de cabeça baixa.
- Ainda tá ardendo?
- Muitas coisas doem, Luan. Cortes que diferente desse, não vão cicatrizar.
- Fomos os culpados, mas já nos perdoamos. Como você diz, não precisamos remoer isso...
- Não, não. Tínhamos tudo pra dar certo! Eu sofri tanto em exatamente todo o tempo que passamos separados. Em 2015, em 2016... Falando com você naqueles e-mails, Luan, eu me via cada vez mais incapaz de te esquecer. Eu precisava! Já estávamos separados, continuar te amando não me levaria para canto nenhum. Foi aí que eu viajei pra Nova Iorque...
- E o fora que você me deu, te levou pro Felipe. Posso ser sincero com você? -
- Pode. - respondeu baixo.
- Você não tá feliz. Seus olhos dizem... E eu simplesmente não entendo. Felipe é uma pessoa maravilhosa, deu pra ver o quanto ele está apaixonado, te trata bem. Por que ele não consegue te fazer feliz?
- Porque talvez ele não seja você. Ele não despertou em mim, o que você já despertou.
- E não morreu. Eu sei que não. - sorri, me aproximando. - É claro que não! - aumentei meu sorriso, deixando nossos rostos a centímetros.
- Luan. - sussurrou, com os olhos fechados. Nossos lábios se encontraram antes que nossas mentes pudessem articular algum outro plano para nos manter afastados. Tanara segurou forte em minha mão, como que buscando algo em que se apoiar enquanto caíamos do abismo, juntos. Acariciei seu rosto com a mão livre, sentindo meu corpo inteiramente eletrificado pela sensação de beijá-la outra vez depois de todo aquele tempo de distância. Ela repousou sua mão na curva de meu pescoço, deslizando-a para minha nuca e aprisionando meu cabelo entre seus dedos saudosos. Aprofundamos o beijo sem demora, famintos um do outro, e em poucos segundos, envolvi sua cintura com meu braço, puxando-a para meu colo; ela obedeceu de bom grado, acomodando-se de lado sobre minhas pernas.
Desabriguei minha mão de seu aperto e desenhei o contorno de seu braço às cegas, seguindo até seu cotovelo, para então conduzi-lo até meu ombro e fazê-lo envolver meu pescoço. Tatá sorriu contra meus lábios, prontamente atendendo ao meu pedido e me abraçando apertado. Seu perfume invadiu minha mente, impedindo o surgimento de qualquer pensamento a não ser o que ela vocalizou, com a testa unida à minha e os olhos fechados.
- Que saudade...
Abracei sua cintura com mais força, trazendo-a para ainda mais perto de mim, e respondi com outro beijo, que pareceu durar um mísero segundo, embora estivéssemos nitidamente descabelados, com os lábios avermelhados, e sem fôlego quando o partimos. Todo o tempo perdido levaria ainda mais tempo para ser recompensado, foi o que rapidamente percebi. Não desperdicei mais um instante, e mesmo precisando desesperadamente de ar, voltei a beijá-la com toda a intensidade que meu corpo implorava para externar, depois de meses de contenção.
Como foi que sobrevivi mais de um minuto sem ela?
Encerramos o beijo, sorrindo um para o outro feito duas crianças em manhã de Natal; ainda que ela estivesse rindo, desconfiei quando escondeu o rosto em meu pescoço.
- Ei... - sussurrei, convencendo-a a voltar a me olhar com um carinho no queixo, e minhas suspeitas se confirmaram quando observei a excessiva umidade em seus olhos - Não faz assim.
- É por causa do machucado - ela fungou, lançando um olhar envergonhado em minha direção.
- Eu amo você.
Um suspiro quente escapou de seus pulmões. Ela apertou a gola de minha camiseta e se encolheu ainda mais em meu abraço.
- Eu amo você - repeti, sentindo minhas pálpebras cada vez mais pesadas e o oxigênio cada vez mais escasso. Nossas bocas se encontraram com urgência, e minha mão se encheu com a maciez de sua coxa ainda por cima da sua calça. Meu sangue borbulhou nas veias ao ouvi-la ensaiar um gemido enquanto aprisionava meu lábio inferior entre seus dentes, e minha sanidade evaporou quando ela se remexeu em meu colo, provocando um leve atrito que tirou meu fôlego. Subi meu toque e brinquei com o tecido de sua roupa, ansiando o calor que eu sabia que encontraria se apenas avançasse mais um pouco entre suas pernas. Tatá se empenhou em traçar um caminho torturante de beijos por minha mandíbula, seguindo para meu pescoço. Suas unhas arranharam de leve o outro lado de meu rosto em provocação, e eu beijei sua palma, sobre o machucado que havia acabado de fazer. Sorrateiramente, continuei escalando sua perna sobre a calça até atingir o cós, acariciando a região logo abaixo de seu umbigo com meu polegar antes de embrenhar meus dedos sob o elástico de sua calcinha. Ela soltou o ar pesadamente, descolando sua boca da parte de trás de minha orelha, e eu prossegui, descendo sem pressa e explorando cada centímetro de pele no caminho. Abaixei a cabeça ao atingir meu destino, repousando minha testa sobre seu ombro com os olhos fechados, concentrado em sentir cada reação que seu corpo oferecia aos meus estímulos. Ela respirou fundo quando as pontas de meus dedos encontraram a umidade entre suas coxas; sem exercer muita pressão, acariciei a região sensível e senti minha boca salivar ao perceber o quão intenso era seu desejo.
- Quero te beijar - sussurrei para a curva de seu pescoço, completamente refém. Tatá trouxe sua boca até a minha, respirando com dificuldade devido aos lentos movimentos de meus dedos, e eu retribuí o beijo que ela me deu. No entanto, não era àquele tipo de beijo que eu me referia. Eu ainda estava sedento.
- Eu quero... - ofeguei, removendo minha mão de dentro de sua calça e passando meu braço por baixo de seus joelhos; envolvi sua cintura com o outro, carregando-a comigo, para deitá-la sobre a mesa ao nosso lado, empurrando todo o resto.
Seus quadris estavam alinhados com a beirada do móvel, suas pernas pendiam uma de cada lado de meu corpo, e ela se esparramou sobre a madeira escura, com o olhar fixo no meu. Minhas mãos deslizaram por sua cintura, levando junto consigo em sua subida a blusa, e meus lábios encontraram sua barriga. Ela arqueou as costas em resposta à minha carícia, removendo seu sutiã e expondo seus seios. Levei meus beijos até eles, com toda a paciência e dedicação do mundo. Tatá mantinha os lábios entreabertos, e por entre eles uma sinfonia de gemidos baixos escapava a cada toque de minha língua em sua pele. Uma vez livre da parte de cima de seus trajes, minhas mãos passaram a trabalhar na parte de baixo, empurrando os dois itens restantes de vestuário enquanto a distraía com beijos e leves mordidas.
Assim que a despi por completo, espalmei minhas mãos ao lado de sua cabeça e olhei fundo em seus olhos. Meu rosto pairou a centímetros do dela quando enfim finalizei minha frase:
-Te beijar.
Mantive contato visual conforme erguia meu tronco e me sentava numa das cadeiras atrás de mim, bem diante dela. Percorri o interior de suas coxas com minhas mãos e as afastei, umedecendo meus lábios discretamente para então saciar meu desejo e beijá-la exatamente onde queria. Seus dedos se embrenharam em meu cabelo de imediato, acompanhados de um longo gemido. Continuei acariciando suas pernas conforme minha língua se movia, por vezes em círculos, por vezes, verticalmente, ora rápido, ora devagar. Quanto mais eu provava dela, mais eu queria; não havia melhor sabor no mundo. Meu corpo inteiro queimava de vontade, e eu somente não dirigi minhas mãos ao volume incômodo em minhas calças porque estava concentrado demais em fazê-la se contorcer sobre a mesa sem nem sequer ter removido uma peça de roupa.
Sua respiração tornou-se ainda mais irregular após algum tempo, e só para provocá-la, interrompi minhas atividades e ergui um pouco o rosto para observá-la: seu corpo estava recoberto por uma fina camada de suor, o que apenas o tornava ainda mais convidativo, e suas feições denunciavam o alto nível de excitação no qual ela se encontrava, à beira do abismo. Imediatamente percebendo minha pausa, ela me olhou; deslizei uma mão por sua barriga, e entrelaçou seus dedos nos meus. Retomei meu trabalho, e em poucos minutos ela atingiu o ápice, apertando minha mão com força.
Relutante, permaneci onde estava, permitindo que ela recuperasse o fôlego e recolhendo o resultado de meus esforços. Somente parti o beijo quando ela ergueu o tronco da mesa. Levantei meu rosto até o dela, recostando-me na cadeira, e enxuguei meus lábios com as costas da mão, com os olhos vidrados. Sua boca e bochechas estavam vermelhas, e seu cabelo desgrenhado denunciava claramente o evento nem um pouco ortodoxo que havia se passado. Ela estava nua, sentada diante de mim, com as pernas abertas e a respiração irregular; talvez fosse a saudade, talvez fosse o efeito sempre inebriante de levá-la ao orgasmo, talvez fosse verdade – não importava.
Eu nunca a tinha visto mais linda. E mais minha.
Com um sorriso sujo, ela esfregou um dos pés no lado externo de meu joelho, e aos poucos o apoiou por inteiro sobre minha coxa. Continuamos nos encarando, numa espécie de transe, e ela continuou seu trajeto, parando ao atingir minha virilha com a ponta do pé. Levei minha mão até sua panturrilha, acariciando a pele quente, prestes a me render. Por mais que eu amasse dominá-la, em nossas disputas silenciosas por poder, eu geralmente jogava a seu favor, minha única estratégia tendo como objetivo vencer a mim mesmo e deixar que ela conquistasse o controle. Eu não me importava com a derrota, pois sabia que a sanção seria tão incrível quanto a vitória, se não ainda mais. Tanara havia vencido assim que coloquei os olhos nela; eu já estava mais do que acostumado a perder.
Ficou em pé e eu ergui uma sobrancelha, observando-a cercar minhas coxas com as suas e sentar em meu colo, com as mãos sobre meus ombros.
Ela suspirou pensativamente, descendo as mãos por meu peito e abdômen e parando ao atingir a barra de minha camiseta, enquanto as minhas ocupavam seu lugar de costume em sua cintura. Sorriu, livrando-me da peça de roupa sem cerimônias. Fiz o mesmo. Sorri provocante, antes de segurá-la pela cintura e puxá-la para mim. Suas unhas se fincaram em meus bíceps em resposta ao contato direto de nossos corpos. Seus mamilos se enrijeceram contra minha pele, me fazendo ver estrelas; o mero fato de estar abraçado a ela sem barreiras entre nós já bastava para me tirar do sério.
Já ficou óbvio que eu era pirado por aquela garota ou preciso elaborar mais um pouco? Tanara percorreu meus lábios com a ponta de sua língua, levando suas mãos até o botão de minha calça, e eu senti calafrios descerem por minha espinha ao me dar conta de que aquilo realmente estava acontecendo. Todas as noites, desde que ela deixou aquele hotel, eu imaginei aquele momento em minha mente, quando enfim sentiria seu toque de novo. Fechei os olhos, implorando por misericórdia, e respirei fundo ao sentir o botão abrir, aliviando parte da pressão que começava a me sufocar. O zíper seguiu o mesmo caminho, permitindo que as pontas de seus dedos passeassem por parte de meu membro por sobre a cueca. Ela depositou mais um beijo no canto de meus lábios e manteve o rosto colado ao meu, de forma que seus cílios fizessem cócegas em minhas pálpebras. Tudo em mim parecia tão quente que eu temia uma queda de pressão a qualquer instante – não por meu bem-estar, mas pela interrupção indesejada que isso causaria.
Contrariando minhas expectativas, ela levou suas mãos de volta para meus ombros, abandonando meus jeans exatamente onde estavam, e iniciou um movimento de vai e vem com seus quadris, para frente e para trás. Tal processo originou uma fricção que, juntamente com toda a encenação bastante fiel do ato em si, bastou para me fazer jogar a cabeça para trás em poucos segundos.
- Porra, Tanara... - suspirei, perdendo o controle e me agarrando à sua cintura ondulante na tentativa de não estragar o momento antes da hora. Seu corpo reproduzia todos os detalhes ao se afastar e voltar a se aproximar do meu: suas coxas se retesavam e relaxavam sobre as minhas, seus seios roçavam em meu peito, seu rosto subia e descia a cada investida imaginária... Era real demais, e eu só tinha tirado a blusa.
Aquela menina estava acabando comigo. Como se todo o resto não bastasse para me enlouquecer, ela começou a gemer perto de meu ouvido, deixando-se levar pelo efeito de seus movimentos em seu próprio corpo. Mordi meu lábio com força, respirando fundo e de olhos fechados, imaginando o que seria de mim quando eu realmente estivesse dentro dela. Se já me encontrava naquele estado com uma mera simulação...
- Eu preciso... - murmurei, levando uma de minhas mãos até seu cabelo e prendendo algumas mechas em meu punho. Não consegui terminar a frase, pois já estava atingindo o limite de meu autocontrole, mas não precisei. Ela também precisava.
Numa sequência de movimentos desajeitados e apressados, removemos o resto de minhas roupas.
Acariciei suas coxas, inclinando a cabeça em sua direção e roubando um rápido, porém intenso beijo para refrescar nossas memórias. Num movimento simples e fácil, tão natural quanto respirar, eu estava dentro dela.
Unimos nossas testas, ambos com os lábios entreabertos em êxtase, e permitimos que nossos corpos absorvessem todas as sensações que explodiam dentro de nós. Uma vez recuperada do furor inicial, ela voltou a se mover sobre mim, da mesma forma que fazia por sobre minhas roupas. Seus braços envolveram meu pescoço, apoiados em meus ombros para ajudá-la a tomar impulso, e minhas mãos recaíram sobre sua cintura, guiando seus movimentos; sem mais floreios, transamos no meio da cozinha.
O calor que me preenchia se tornou ainda mais insuportável adicionado ao calor que vinha de dentro dela. Seu corpo me abraçava, por dentro e por fora, transformando-se numa nova atmosfera sem a qual eu sufocaria e que ao mesmo tempo me levava cada vez mais para perto de uma espécie de morte. Eu não me julgava capaz de suportar toda a intensidade que ela compartilhava comigo a cada som rouco que escapava de sua garganta, a cada sopro de ar quente que acarinhava meu rosto, a cada espasmo interno de seu corpo, que eu também sentia. Naquele momento, que pareceu se desenrolar em velocidade reduzida, eu tive certeza de que se eu estava doente, ela era a cura, e de que se ela era o meu fim, ela também era o meu começo.
Ela era tudo, e se eu tivesse que viver sem ela mais uma vez, nada me restaria. Nem eu mesmo; tudo ficaria com ela. Apesar do ritmo acelerado de nossos corpos, levei meus lábios até os dela, e coloquei neles tudo o que tinha. Apertei sua cintura com força, colocando na ponta de meus dedos tudo o que tinha. Abri meus olhos por um instante, bem a tempo de observá-la atingir o clímax novamente, e coloquei neles tudo, tudo o que eu tinha.
Era tudo dela, de qualquer forma. E eu não queria que fosse diferente.
Meu ápice veio logo em seguida, acompanhado de um beijo demorado no pescoço. Tatá descansou a cabeça em meu ombro, mantendo o rosto escondido onde seus lábios ainda repousavam vez ou outra, e eu acariciei suas costas, aos poucos retornando do estado de graça ao qual ela havia me elevado. - Quanto mais o tempo passa, mais você melhora nas suas chaves de coxas. - ofeguei quando fui capaz de raciocinar claramente outra vez, após beijar seu ombro.
- Somos loucos. - ela riu, com a voz serena. - Sempre na cozinha. - sorri ao ouvir seu comentário, aliviado por poder finalmente revisitar nossas memórias sem ser instantaneamente esmagado por toda a culpa e sensação de desmerecimento.
Meu amor por ela vinha sendo grande parte de mim há alguns anos, e ainda que um dia ele deixasse de existir, eu simplesmente não conseguia me ver desligado de sua vida. Ainda que no futuro eu deixasse de amá-la, por qualquer motivo que fosse, eu sentia em meus ossos que continuaria fazendo o que me fosse possível por ela. Não podia deixá-la livre para outro assim. Ela era minha menina. Minha.
Como prometi, outro hoje. Parece que eles não resistiram. Tatá sempre odiou traição e acabou de cometer uma. E agora, Brasil? Vocês só vão descobrir no 6, sabiam? E... Será postado com 20 comentários! Não sei se vou postar outro daqui pro natal, então, feliz natal pra vocês meninas! Cheio de paz e felicidades... ✨❤️
Eu estou morta, murrida, no chão com esse capítulo. Tanara o que foi isso, meu Deus, como respira? Estou tontinha, caramba... palavras fugiram agora, isso com certeza devia mesmo ter acontecido, não havia hora melhor. Só assim a Tatá termina com o Felipe, porque mesmo que eu não goste dele, ele não merece passar o resto da vida sem saber que foi traido, então é melhor terminar e eu falo é mesmo.
ResponderExcluirAinda bem que a Laurinha gostou da Tatá viu?! Essa menina é uma graça ri horrores aqui kkkkkk
Cont logo Tatah. #LunaraBrilha
Ps: Feliz Natal para você viu amre. Tudo de bom sempre ♥♡
Meu amor por ela vinha sendo grande parte de mim há alguns anos, e ainda que um dia ele deixasse de existir, eu simplesmente não conseguia me ver desligado de sua vida. Ainda que no futuro eu deixasse de amá-la, por qualquer motivo que fosse, eu sentia em meus ossos que continuaria fazendo o que me fosse possível por ela. Não podia deixá-la livre para outro assim. Ela era minha menina. Minha.
ResponderExcluir❤❤❤😭
ARRASOU! Não esperava, mesmo!
ResponderExcluirEles são lindos. Também não concordo com traição. Mas esse amor é antigo. Vai ser foda é se ela continuar com o Felipe. E vai ser difícil também pra ela se voltar com o Luan. Isso de namorar com amigo do ex, é complicado. Tenho uma história parecida. Que só quem entende tudo e entende o que é gostar de alguém de verdade, consegue respeitar. A maioria julga de forma errônea.
Se quiser relatos, estamos aqui.
Mas eu sei que já tá encaminhado o que vai acontecer.
Enfim, como eu disse no grupo, adoro sua fic! Você arrasa e escreve muito bem. Devo ressaltar que tem muita paciência porque é tudo bem grafado e acentuado, além de não ser tão curto.
Parabéns mesmo e continue logo!
Segura esse forninho kkk
ResponderExcluirHuuum rolou um flashback
Meu Deus oq foi isso ! Q lindo cara meu casal juntos dpois d tanto tempo !!! Mas esse final me deixou intrigada Tatá pf ñ deixa esse anor acabar nunca pf !! Feliz natal amor q Deus cont t abençoando smp e ainda mais esse seu dom lindo d escrever, de criar enfim TUDO de bom pra vc!!!
ResponderExcluirEU TO É MOOOOOOOOOORTA! MEU CASAL, UHUUUUUUL, MEU CASAAAAAAL... BRILHA LUNARA, <3 Tata posta outro antes do natal por favorzinho, gente, comassim, muita emoção num capítulo. Ai como eu amo a Laurinha *-* socorro, essa criança é uma mini tata kkkkkkkkkkk, fenara nadinha, luan faça tuuuuudo e volte com a maravilhosa, a cada dia me apaixono mais por essa fic, na boa tatá, você brilha. Que Deus te abençoe sempre, feliz natal, que Cristo ressurga todos os dias na sua vida, muita paz, amor. Beijinho.
ResponderExcluirIncrivelmente incrível!
ResponderExcluir1- Laurinha que exxxxperta, que fofa, que linda!
2- Miga sua loca, quer me matar com essa recaída? Não, to acabada com tanto amor.
3- Não sei nem o que esperar mais. Nada nunca é clichê. Nunca.
Continuaaaa!
Me enganou
ResponderExcluirEu realmente acreditei que a Laura não ia gostar da Tatah
Mas ela amou ❤️ Laurinha sua linda, ame mesmo sua futura madrasta
Awn gente achei tão fofo as duas
E falando em fofo...Luan cuidando do machucado da Tatah, não posso com esses dois
Amo esse casal 😍
Agora...
SOCORROOOOOOOOOOOO BRASELLLL
A recaída aconteceu 🎊🎊🎊
#LunataHoje #LunaraAmanha #LunaraPraSempreeeee
Os dois traíram né, Pq o Luan tbm traiu o amigo
Ansiosa pra saber o que vai acontecer agora
Ass:Mona
Só te digo uma coisa: LUNARA BRILHA PORRA *-* E o primeiro hot da gata na 2° temp já começa P-O-D-E-R-O-S-O, tomara que esse fê desapareça loga e haja encontro entre tia mari e Tanara haha continuaaaa
ResponderExcluirSerá que esse clima vai continuar ou tanara vai se arrepender depois? Se arrepende não,Felipe não faz bem assim como o Luan hahaha
ResponderExcluirContinue logoooo! E vc é do Ceará?
ResponderExcluirSocorroooooooooo!!!! Quero mais!
ResponderExcluirMeu amoooor lacrando como sempre! Eu que desejo um feliz natal pra VC com muita paz e felicidade 😻 Eduarda aqui bjs
ResponderExcluirTudo que eu queria aconteceu nesse capítulo: Momento Laurinha e Tanara, super fofas ❤❤ RECAÍDA LUNARA,Maravilhoso ❤❤ espero que a Tata não se arrependa. E QUE VENHA MAIS RECAÍDAS BRASEEL. Tanara lacrando de novo pra variar né!? Continua Tata ❤❤❤❤❤
ResponderExcluirSOCORRO!!!!
ResponderExcluirEu achei que a Laura ia aparecer e estragar tudo kkkkkkkkk ainda bem que isso não aconteceu!
Pula pra parte que a Tatá termina com esse Felipe aí e fica tudo bem, obrigada 😌
Ai que tudo, estou bem feliz com esse capítulo! Feliz natal pra você também! 😍
Feliz natal, que esse natal lhe traga mta saúde paz e amor tão forte igual desses dois. Ain amei o cap ñ veko a hr deles voltarem Luan ñ quer desisitir tão cedo da nossa anãzinha
ResponderExcluirai q cap M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O vc lacra mulher q cap aewwww lunara pra sempre e q fofa a laurinha amei essa menina vai fazer juntar o nosso casal ai eu dou valor kkk cont
ResponderExcluirPERFEITOO esse capitulo ❤❤❤ .. Lunara é vidaaa .. Bem que a Tatá poderia engravidar logo dessa vez né?? Kkkkk quero maaaaais.
ResponderExcluirFeliz Natal nega 🎅
Feliz natal sua linda
ResponderExcluirQue capítulo mais perfeito, até que enfim eles ficaram juntos depois de tanto tempo
Quando eu penso que não posso me surpreender mais, dona Tanara vai lá e me lança uma recaidaaaaaa.... (':
ResponderExcluirLunara é reaaaal Brasil!!! Sempre foi!!! Não aceito Fenara
Posso morrer com esse cap ne? Que cap perfeito. Estou em êxtase com ele. Tatah conquista todos ne? Laurinha ja ama Tatah. E ela é tão esperta gente. E so acho que ela vau juntar nosso casal de novo. E acredito que ela não vai ser influenciada por Bruna não, pq ela é bastante esperta. E esse Hot Brasiilll? Esses dois tem uma química e tanto viu? Pq o que BRILHA É LUNARA. E si pra constar FELIPE É CORNO.KKKKKKKK
ResponderExcluirE eu amo isso sabe? Hahahaha
Pq não gosto dele mesmo, então pra mim tanto faz. Tao fofos Brasil meu casal.
#VOLTALUNARA
#CASALMAISQUEPERFEITO
#LUNARABRILHA
#FENARANAOCOMBINA
#SOQUEROMEUCASAL
#JAPODEMVOLTARQUERIDOS
QUERO MAIS!! BEIJOSS!
Que capítulo foi esse? Jesus Amado, estou rindo à toa.Li e reli e se deixar leio mais uma vez, porque sou dessas.Teve tudo o que queria: Laurinha com Tatá, Laurinha gostando de Tatá, Laurinha fazendo nosso casal se aproximar, Lunara tendo RECAÍDA. Meu Pai Recaída por*a, aqui é Lunara. Nada de Fenara. Espero que fique bem, pois agora sim teve traição, de ambas as partes, e Tanara nunca gostou disso. Quero a continuação viu.
ResponderExcluirP.S.: Feliz Natal para você também. Muita Luz, Saúde, Bençãos, Paz e muitas Felicidades. Beijão Lindona!!!
Miga sua louca que capítulo ❤❤❤❤ meu q saudade de Lunara 🔥 . Agora to com dó do Felipe magia kkkkkk muito lindo pra ser corno. Natal mais q feliz com esse capítulo . continua
ResponderExcluirVocê arrasa queridaaaa!!! Continue! Tô comentando agora, mas já acompanho a mtooo tempo. Desde que tu divulgou lá no grupo da Bia ( fanfic o destino) Beijoooo!
ResponderExcluirna boa nem sei o q comentar viu!!!! continuuuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa muie
ResponderExcluirto no Chão com Esse capítulo Me surpreendi com o cap Uauuuu!!! Ameiiii , continuaaaa
ResponderExcluir♥
Mais esse cap foi muito foda mesmo. Muito amor entre os dois e já podem ser assim ora sempre os dois. Eu amo demais eles dois assim nesse clima de paz. Tao perfeitos juntos sabe? Mds! Que eu fico abismada e sinto ate o amor deles. E espero que continue esse clima de paz entre os dois. Necessito de mais caps. Beijos! #LunaraDeVolta #BrilhaLunara #LunaraeVida #engravidatata #Lunararecaida #Lunaracasal20.
Genteeeeeeney :o
ResponderExcluirA Tatá traiu :o
Mas gente?
E agora??!?
#LUNARADEVOLTA
#CONTINUAAAAAAAA
Cara, eu estou completamente envolvida nessa história, mesmo sem ter lido a primeira parte dela. As vezes fico um pouco perdida na história, mais logo passa e eu me entrego completamente a ela de novo.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem. Bem que podia me dar umas aulinhas pra eu escrever melhor as minhas!!
Bom, continua logo que to ansiosa..
E parabéns, acabou de ganhar mais um comentário fixo!! Sinta-se uma boa escritora, pq eu só comento as fic's que eu realmente amo, apesar de todas que eu leio serem boas.