Capítulo 2

Luan's POV. 

Estava finalmente voltando para casa. Depois de um bom tempo fazendo shows sem pausa, sem folga. Meu corpo estava entregue ao cansaço e eu só queria dormir. Marina deveria estar em casa e torcia para ela ter preparado algo para mim. Estava com fome, também. Marina era minha empregada. Muita coisa mudou com a entrada de 2016! Eu saí de casa, devido ao clima que Bruna causou entre nós dois. Morava em um apartamento, em um residencial bem discreto e seguro. De alto padrão e próximo à minha antiga casa. Mesmo saindo de casa, eu passava mais tempo lá. Recebendo os cuidados da minha mãe, ouvindo os frequentes conselhos do meu pai. Entrei em casa e chamei por Marina, não tendo resposta. Será que ela não foi hoje? Talvez achasse que eu só chegaria amanhã. Bufei. Teria que me virar na cozinha. Meu celular tocou e eu joguei as malas, para atende-lo. 

- Diz, boi. - atendi meu celular, entrando em casa. 

- Fala, cara! Já chegou em casa? - era Felipe, meu amigo. 

- Cheguei, sim! O que você quer, filha da puta? 

- A moça está estressadinha? - zoou, me fazendo rir.

- Tô cansadão, cara. Cheguei em casa agora! - sentei no sofá. 

- Quero te chamar pra um churrasco hoje, aqui em casa. Meu pai tá fazendo aniversário.

- Diz que eu mandei parabéns, mas não dá. Quero dormir! 

- Descansa um pouco e vem, cara. Deixa de ser fraco!

- Fraco um caralho, vei. Deixa pra próxima!

- Luan, eu preciso te contar algo sério. Por favor cara, vem. 

- A Laura vem pra cá amanhã, não quero estar de ressaca.

- É só não beber muito. Vai pra Dona Marizete com ela, ela nem vai perceber. 

- O que você tem pra falar é muito sério? Fala agora!

- Não posso, parceiro. É delicado. 

- Se meteu em alguma encrenca? Mulher?

- Não sou você! Mas tem a ver com mulher, sim.

- Ih, já vi tudo. 

- Cara, descansa e vem! Não fura, falou? 

- Falou, cara. Pode deixar. - desliguei, suspirando cansado. Não me importei com o que ele me contaria, com certeza não era nada demais. Felipe era um grande amigo meu. De velhos tempos! O conheci em 2008, quando ainda estava começando a fazer sucesso. Viajou para Nova Iorque no início de 2013 e acabamos perdendo o contato. Mas, nos reencontramos em janeiro de 2016 e viramos grandes parceiros. Agora ele era como Marquinhos, Rober, Dudu. Fiquei bem feliz em reconstituir nossa amizade. 

Janeiro. Sim. Justo na época que eu estava sofrendo pela Tanara. Mas eu não dividia isso com ninguém e ele até hoje, não deve saber da minha história com ela ou ao menos conhecê-la. Depois do fora que eu levei em Fortaleza, eu tentei contato com ela. Eu prometi que não, eu sei. Mas foi mais forte que eu. A enviei três e-mails, já desesperançoso com a sua resposta. Mas ela respondeu. E na sua resposta não parecia fria e nem seca, até gostou da ideia. Minha vida estava muito corrida e eu sempre estava atrás de respondê-la. Acabávamos demorando. Os dois. Respostas quase impossíveis. E então, depois que eu contei de Laura, Tanara pôs um fim até naquele meio de comunicação. Senti falta da aceleração do meu coração quando via que ela havia respondido. O seu jeitinho... 

Mas, ela quis assim. Mais uma vez. Queria que ela fosse a primeira a saber de Laura e ela me ajuda me dando outro fora. É, bem feito pra você, seu otário! 

Nessa época eu estava confuso com tudo que estava acontecendo na minha vida. Laura apareceu. De repente, uma filha. Uma filha! Aos 25 anos, uma filha de 4 anos. O que eu faria de agora em diante? Não sabia, estava atordoado. Laura era fruto de um envolvimento meu, uma noite qualquer aos meus 21 anos. Eu namorava a Jade e nem sequer conhecia Tanara. Como todos sabem, eu traia Jade e numa dessas noites, falhei nos cuidados com Isabel. Sim, Isabel. Mãe de Laura. Ela apareceu com Laura, afirmando ter escondido por tanto tempo por medo. Medo de mim, da mídia, do que pensariam. Não se intimidou quando meu pai pediu exame de DNA e preservou Laura do nosso conhecimento até sair o resultado. Sim, Laura era mesmo minha filha. E então eu a conheci. Contei para Tanara. Levei um fora. 

Não entendia ela. Uma hora aceitava conversar comigo, outra hora me pedia para não respondê-la. Eu ainda sofria muito por ela e Laura foi uma enorme ajuda. Estava me acostumando com a ideia de ser pai e já sentia um imenso carinho por ela. Me distraía, me ensinava. Mas ao mesmo tempo que me ajudava a esquecer Tanara, me ajudava a lembrar. Laura mais parecia ser filha da própria. Era exibida como ela. Engraçada. Simpática. Cheia de palavras e manias. Tanara amaria conhecê-la. Duas meninas iguais seria demais pra mim. Eu ria dessas coincidências. Agora Laura já tinha 5 anos, estávamos em agosto de 2017. O tempo passa rápido, não é?! Passa sim. Hoje em dia eu não sofro por Tanara como antigamente. Mas sofri muito. Bebia demais, chorava, emagreci. Minha mãe se preocupou e Bruna fingia indiferença, o que me causava mais raiva. Desde então, não me envolvi com mais ninguém. Eu só curtia minha vida de solteiro. Apesar de sempre estar cheio de pretendentes, loucas para preencher meu coração. Chego a pensar que Tanara destruiu o coitado. Depois dela, não o sentia mais. Aliás, sentia. Apenas com minhas fãs, com minha filha. Nenhuma outra mulher.  Isabel, mãe de Laurinha, era uma dessas pretendentes. Gostava de mim e não tratava de esconder, já que chegava a usar a filha. Eu achava ridículo sua atitude. Isabel era loira, alta, bonita; e eu só conseguia olhá-la como a mãe da minha filha. Mas também não vou ser hipócrita. Sou homem, não penso muito com a cabeça de cima. E nesse pensamento, transamos umas três vezes e ela achou que formaríamos uma família. Eu ri dela e fiz questão de ser sincero. Não havia passado de uma curtição! Até hoje, ela ainda me odeia por isso. Ou ama. Já que sempre dá um jeito de ficar próxima a mim. Meu pai até gostava dela e me pedia para tomar juízo e tentar realmente uma família com ela. Minha mãe não, minha mãe apenas suportava-a e a hesitava como nora. Absorveram todas as informações? Minha vida definitivamente mudou da água pro vinho. 

Fui até a geladeira e bebi um suco que estava ali. Depois disso, caí na cama e só acordei com uma ligação de Felipe, me lembrando meu compromisso. Viado! Fui tomar banho bastante mau humorado, como ele me acorda assim? Me arrumei rapidamente e fui para a casa dos seus pais. 

- O que era tão importante que você tinha que me falar pessoalmente? - perguntei, saboreando minha cerveja.

- Você lembra quando eu viajei para Nova Iorque?

- 2013?

- Não, em 2016. Voltei lá, não lembra?

- Lembro, lembro. Você comentou comigo. 

- Então cara, eu conheci uma mulher...

- Ih, se apaixonou por uma americana? 

- Não, por sorte ela é brasileira. 

- Isso faz tanto tempo, por que veio me contar dela agora? 

- Nós trocamos contatos e nos encontramos algumas vezes aqui no Brasil e há 5 meses começamos a namorar. 

- Você, namorar? Oi? - me assustei. Felipe não era bem o cara que se apegava às mulheres. 

- Eu escondi de todo mundo, cara. Foi melhor assim.

- Por isso eu não te via mais pegando ninguém... Vei, que loucura. Por que isso?

- Eu me apaixonei, cara. Eu tô louco por ela!

- E quando eu vou conhecer a americana? 

- É brasileira, cara. Já falei! E em breve, já que nós...

- Vocês...

- Eu pedi ela em casamento. - falou e eu quase cuspi minha cerveja.

- Você tá louco, cara? Casar? Com 5 meses de namoro?

- Eu amo ela, cara. Ela me prendeu como nenhuma outra! 

- Isso é cilada, sai dessa.

- Você fala isso porque você não tem coração, não achou alguém ainda que te faça amar. 

- Que papo melancólico, Felipe. Deixa de ser gay!

- Eu tô apaixonado. - suspirou. 

- Qual o nome dela?

- É segredo! 

- Que mulher misteriosa, hein?!

- Escondo pra ninguém se interessar. 

- Deve ser feia.

- Ela é linda! Você vai ver.

- E vão casar quando? 

- Em breve. Logo logo você vai conhecer ela! 

- Não acredito que perdi meu amigo de farra.

- Perdeu há 5 meses.

- Vai se foder, cara. Que porra de casar o quê.

- Tá com ciúmes? - riu. - Você um dia vai encontrar a mulher certa e vai sossegar também. 

- Deus me livre. Já desisti.

- Vai morrer assim, sozinho?

- De mulher já basta as que eu tenho. Laura, Marizete e Bruna. Já dão trabalho suficiente.

- Por que você não dá uma chance pra Natacha, cara? Ela te ama, você sabe disso.

- Não consigo sentir nada pela Natacha. Só tesão. Não consigo passar de sexo. 

- Você tá novo, ainda. Vai encontrar alguém!

- Você também é novo, cara. É treta! 

- Me deixa, Luan. Você vai ser meu padrinho!

- Coitada dessa mulher. Vai levar chifre que nem uma égua véa.

- Eu mudei. Mudei por ela.

- Abduziram meu amigo, minha nossa senhora. - brinquei, fazendo-o rir. Ele estava diferente. Talvez estivesse mesmo apaixonado. Paixão. Há um bom tempo não sei o que é isso! 

Tanara's POV.

Depois que proibi Luan de responder meu e-mail e acabei com aquilo, as coisas mudaram bastante. Fiz aquilo por desespero. Era perceptível minha dificuldade em esquecê-lo, ele arranjar outra mulher tão rapidamente foi a gota d'água. Laura. Ele não me amava? Ainda a comparou comigo, cara de pau! Só que, uns dias depois, percebi o quanto fui idiota. Fiquei boquiaberta. Laura era filha do Luan. Concedida numa noite em que eu nem o conhecia, veio à tona só 4 anos depois. A história começou a passar em todos os programas de tevê e estava numa repercussão enorme da internet. Me senti rídicula. Mas aquele engano tinha sido bom para eu acabar com qualquer vínculo possível com ele. A doença da minha avó atacou de novo e eu fiquei preocupada, apesar dela ter cuidados o suficiente. Fomos em médicos, consultas... fizemos exames, tratamentos... Tudo isso em um recorde de tempo, só por medo que algo a acontecesse. E graças a Deus, o quadro estava estabilizado. Depois disso, me permiti mudar de ares por um curto tempo. Nas férias da faculdade, eu viajei para vários lugares. E um deles foi Nova Iorque! Foi bom, sempre era bom conhecer coisas novas. E para melhorar tudo, conheci um cara. Felipe. Sabe aquela coisa de olhares? Tenho quase certeza que ele sentiu a mesma coisa. Senti algo diferente, talvez aquela hora fosse finalmente o ponto inicial do "seguir em frente", que eu tanto queria. E não deu em outra. Ele era brasileiro, para a minha sorte. Trocamos contatos e até então, marcamos de nos vermos. Era ele. Com certeza era ele. E depois de meses nos encontrando, começamos a namorar. Mais precisamente em março. Só quem soube foram os mais íntimos. Não postávamos fotos nossas, éramos bem discretos. Pouquíssimas pessoas realmente sabiam da gente. E depois de apenas 5 meses, Felipe me pediu em casamento. Eu sei, era muito cedo. Mas ele foi o único que me fez bem depois do Luan. Acendeu em mim uma paixão que até então eu não mais conhecia por nenhum outro homem. Eu já tinha 22 anos, já tinha meu próprio dinheiro. Será que não era a hora? Aceitei. Não podia lhe dizer um não. Eu não tinha essa coragem. Só que Felipe parecia apressado, já que queria tudo para logo! Eu não o repreendi, eu só concordava. Ele era incrível. Me tratava tão bem, me mimava, me dava presentes... Minhas amigas até zoavam dizendo ter inveja da minha sorte com namorados. Realmente, os três namorados da minha vida foram ótimos. Minha família achou tudo precipitado demais. Minha avó não aceitava a ideia que depois de casar, eu me mudaria para a minha própria casa. Minha mãe também não. Ela ainda me via como uma menina. Confesso que também não me via casada, mas, não podia desperdiçar essa chance da vida. Se a sorte me sorriu, não vou deixar de sorrir de volta por medo, por fantasmas do passado. 

Estava falando no celular com minha mãe, ao lado de minha avó, contando sobre a ideia de Felipe, de fazer o casamento em São Paulo, quando meus olhos pararam num outdoor. Era dele. Era anunciando mais um show... Já fazia um bom tempo que eu não via essas divulgações, que eu não ia em um show seu, que eu nem olhava-o... 

Eu simplesmente deixei minha mãe falando sozinha, enquanto meus olhos não conseguiam sair do maldito outdoor. Para o meu azar, eu só consegui voltar para o planeta terra, quando senti um forte impacto. Acho que hoje não era meu dia de sorte! Fui empurrada contra o volante e devido à pancada, meu celular caiu da minha mão. Levei as mãos para o meu cabelo e arregalei os olhos, percebendo que eu acabara de bater em uma van. 

- O que eu fiz...- sussurrei, encarando a van, que já tinha seu motorista saindo para ver o estrago que eu causei. - Minha mãe! - falei sozinha, procurando meu celular entre meus pés. - Oi, mãe. Oi. Olha, eu acabei de bater em um carro... Eu preciso ver como ficou! Depois eu falo com a senhora, pode ser? Tchau. - falei, sem ouvir nada como resposta. Pelo menos nada que eu tivesse prestado atenção. Mas tenho certeza que ela estaria me xingando (de lerda). Minha vó também falava algumas coisas e também ignorei. Saí, vendo a van mais prejudicada que meu carro. Um alívio, ou não. Já que o motorista mal me esperou descer para distribuir palavrões e claro, me culpar, sem nenhuma delicadeza. Tentei me defender, mas ele estava uma fera. Exclamava que tinha compromissos, não podia atrasar e não podia ficar com a traseira prejudicada. 

- O que aconteceu aí, cara? - ouvi uma voz diferente, enquanto olhava os detalhes do desastre que eu causei na van do homem. Eu conhecia aquela voz. Conhecia? É, eu conhecia sim. Virei rapidamente e como esperava, dei de cara com uma pessoa não conhecida, mas muito conhecida por mim. 

- Rober? - sorri sem jeito, vendo Roberval. Secretário e amigo do meu ex namorado. Enfim, meu amigo também. Que junto de Luan, eu havia me afastado. 

- Tatá! Você? - sorriu, vindo para perto de mim. Nos abraçamos e eu nem preciso dizer que estava estática, né?! Ver ele numa batida, era quase inacreditável e me fazia lembrar como eu conheci Luan. Era inevitável não ligar à ele. 

- De novo batendo na van, dona Tanara? - brincou, enquanto o motorista ainda me olhava feio. 

- Ah, Rober, eu nem sei como aconteceu. Eu estava desligada... Mas olha, eu vou pagar o conserto. Sou um desastre! O quê você está fazendo em Fortaleza, hein?!

- Trabalhando, ué. - falou e meu sorriso foi se desfazendo... Se ele estava trabalhando, tinha outro alguém conhecido por mim naquela van. - Luan tem show aqui hoje, esqueceu? 

- Nossa, é verdade. - sorri sem graça, lembrando do motivo do meu desligamento. - Eu preciso ir. Como eu faço pra enviar o dinheiro?

- Não, espera um pouco aqui. Vou tentar convencer o cara a não te fazer pagar. Acho que ele está um pouco bravo com você! - sussurrou próximo ao meu ouvido e eu ri.

- Tá certo, se você conseguir eu agradeço. - sorri novamente e ele saiu, chamando o motorista. Fui até a minha avó, que parecia aflita.

- Relaxa, vó. Não foi nada demais... 

- Você tem que tomar mais cuidado, menina! Não pode ser assim. 

- Eu me distraí, só isso. E eu vou pagar. 

- Sua mãe ligou de novo, perguntando o que aconteceu.

- Você falou? - perguntei, entortando a boca. 

- Falei. - sorriu sem jeito e eu revirei os olhos. 

- Sabe de quem é essa van? - mudei de assunto. 

- Acho que sei sim. - sorriu diferente e eu não entendi. - Olha ali, minha filha! - apontou para a van, com um sorriso largo e eu, sem entender, virei-me, na tentativa de descobrir o que lhe causou aquele sorriso. Não era possível. Não podia. Sim, Luan estava ali, com as mãos no bolso, olhando para a parte da van que eu havia destruído. Oh, meu Deus. São surpresas demais para um dia só! Eu simplesmente travei, novamente. Minha boca entreaberta e meus olhos arregalados, o encarando. Ele ria de algo que falavam entre si e eu não conseguia nem me mexer. Tanto tempo longe dele... Vê-lo depois de tudo que aconteceu em nossas vidas, era uma sensação tão estranha. Chegava a sentir as mesmas sensações de quando era fã e o via. Mas ainda pior. Vivemos tantas coisas, passamos por tantas coisas... Sorri, chorei, sofri tanto por ele. Eu não sabia explicar o que eu estava sentindo! Mas piorou, quando ele se virou, e com seu sorriso lindo me encarou. Como o tempo foi bom para ele... 

- Menina, se mexe! - minha vó me cutucou e eu acordei do transe. Mas as sensações não mudaram. Eu apenas me recompus e fiquei o encarando, que nem uma idiota. Sorria, mexia no meu anel de noivado, passava a mão no cabelo... Até que ele foi se aproximando. 

- De novo batendo na minha van, muié? Tô achando que isso é coisa do destino, hein?! - falou brincalhão, com um sorriso de me tirar todo o ar dos pulmões. 

- Oi, Luan. - acabei rindo do que ele falou. - Desculpa, de novo?! - entortei a boca, levando uma de minhas mãos para a testa, envergonhada. Ele só sorriu de novo, como se eu estivesse perdoada...?! 

- Luan! - minha vó abriu a porta, ainda com um sorriso de orelha a orelha. - Meu filho, quanto tempo! - correu para o abraçar. Ele a abraçou com carinho e os dois mantinham o sorriso. Foi inevitável não sorrir também. Eles se gostavam tanto... E acabaram sendo afastados também, depois da nossa separação.

- Como você tá? - perguntou, alisando seu rosto. 

- Eu tô ótimo, e a senhora? 

- Levando, meu filho. Como você tá bonito... Mais ainda do que na tevê. - o elogiou e eu ri, negando. 

- E a senhora ainda me assiste na tevê?

- Ah, eu continuo sendo sua fã, rapaz... Aonde você vai parar, hein menino? Sempre inovando, mais famoso do que nunca... Não pode esquecer dos pobres! - falou com seu jeito único e ele soltou uma gargalhada.

- Vó! - a repreendi e ele me lançou um olhar novamente. Eu não vou mentir, me vi encantada naquele olhar que já foi meu. 

- Uai, eu não esqueci da senhora! É só o tempo. Tá corrido demais! - fez uma careta e ela riu. 

- Eu entendo! Se naquela época já era aquela loucura, imagino ter multiplicado tudo, né?! 

- Multiplicou, multiplicou. Mas graças a Deus, né Dona Fátima?! - ajeitou a touca.

- Eu não sabia que você ia ter show hoje! Acabamos atrapalhando, né?! Olha o estrago que essa desastrada fez. - me acusou e eu a olhei desacreditada. Ele só riu, como sempre.

- Atrapalhou em nada, Dona Fátima. Ela já até perdoada, por ser tão desastrada. - me olhou profundamente e eu confesso ter me perdido, para variar. Por que ele fazia aquilo? Não devíamos estar trocando aqueles olhares, aqueles sorrisos... Não passamos de simples ex namorados. 

- Está mesmo, Luan? Mas olha menino, ela vai pagar todo o estrago...

- Não precisa se preocupar, tá bom? Pode deixar o conserto por minha conta. - falou atencioso e eu arregalei os olhos.

- Ei, ei! Eu tô aqui, ok? - me aproximei dos dois. - Para de falar como se eu fosse criança, vó! Não é que eu seja desastrada, apenas foi um descuido... - dei de ombros e ela semi-cerrou os olhos em mim. - Não precisa assumir essa responsabilidade, Luan. Eu vou pagar. - sorri sem mostrar os dentes e ele levou as mãos para o bolso novamente, erguendo as sobrancelhas. 

- Você está muito atrasado, meu filho? 

- Na verdade eu estava indo para o hotel, somente para descansar para hoje à noite... 

- Ah, então você poderia ir almoçar conosco! O que acha? 

- Vó! - a repreendi novamente. Hoje ela estava impossível! Ela não percebe que o nosso reencontro já estava sendo assustador demais? Encontrar-me com ele, como em 2013, era coincidência demais. A história inventa de se repetir logo agora, 4 anos depois da primeira versão? Isso me parecia coisas do destino. E eu não queria, não podia e não aceitava. Luan podia entrar na van e ir fazer o show, bem longe de mim... Como estava sendo nesse tempo todo! Estava tudo tão calmo, tão bom... Por que isso agora, meu Deus?

- Ah, eu aceito sim. Matar a saudade da comida da senhora vai ser maravilhoso! - E ele aceitou, sem se importar com meu nervosismo, com o que eu achava, com as sensações que ele me causava... 

Eles não se tocavam que esbarrar nele, depois de muito tempo, não era normal? Me perturbava? 

- Então vamos! Deixa seu motorista levar a van pra ajeitar e você vai no carro com a gente. - sorriu certa e adentrou no carro, só que no banco de trás. O que ela estava fazendo? 

- Ér... - pus as mãos na cintura. - Vamos né?! - sorri sem graça e ele continuava me encarando diferente. 

- Você não parece ter gostado muito da ideia da sua vó. Se quiser desfazer o convite, não tem problema... - alfinetou, com sua sinceridade. As caras que eu fazia talvez não estivessem transparecendo que eu gostei da ideia. Mas eu não gostei mesmo! Mas também não podia ser mal educada e nem podia contrariar minha vó. Ainda mais com o Luan! Lembro-me muito bem das diversas coisas que ele já fez por mim. 

- Impressão sua! Amei a ideia, fazia tempo que eu não te via. Mas assim, só tô preocupada com o estrago... Seu motorista só não me chamou de santa. 

- Não precisa se preocupar. Já falei que vou arcar com tudo, não já?! Então, não ligue para ele.

- Depois resolvemos isso, pode ser? - sorri, mais aliviada. - Tem coragem de ir comigo? - falei me aproximando da minha porta.

- Olha, coragem eu tenho... Mas cê tem que tomar cuidado porque eu tenho um show, né?! Os contratantes e minhas fãs não vão ficar muito felizes com você e dessa vez não vou ter como te defender! - abriu a porta da carona. É, minha vó nos deixou na frente. Ele iria ao meu lado.

- Relaxa! - falei, me sentando e dando partida. Atordoada e bastante nervosa. Puta merda.

E agora é a hora que vocês me matam e riam de si mesmas, por terem achado que Laura era uma namorada de Luan. As surpresas só começaram! E agora, hein? Teve o reencontro, teve revelações, teve de tudo... Mereço muitos comentários! Mas então, eu queria falar uma coisa com vocês. Quero desabilitar o anônimo dos comentários. Creio que todas tenham uma conta do Google, não é muito esforço entrar para comentar, né?! O que vocês acham? E sim, eu sei que o trailer está dando indisponível. Só dá para vê-lo pelo computador, vou ajeitar isso ainda. Comentem pra mim? Não demoro! Beijos, beijos...